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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA

____VARA DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA


COMARCA DE BELÉM/PA.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, (qualificação), vem mui respeitosamente, à presença de


Vossa Excelência, por intermédio de sua advogada ao final assinada, (PROCURAÇÃO
ANEXA), com escritório profissional situado à xxxxxxxxxxxxx, CEP nº xxxxxxxxxxxxxx, local
onde poderá receber intimações ou notificações, propor a presente:

AÇÃO DE COBRANÇA

Em desfavor da PREFEITURA XXXXXXXXXXX, pessoa jurídica de direito público,


inscrita no CNPJ nº XXXXXXXXXXXX, localizada XXXXXXXXXXXXXXXXXX,
representado por sua Procuradoria Jurídica, com endereço na XXXXXXXXXXXXXXX, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas.

I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Considerando o disposto no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal, bem como o
artigo 98 do Código de Processo Civil, a pessoa natural com insuficiência de recursos para arcar
com custas judiciais tem direito à gratuidade de justiça.
Cumpre ressaltar que a requerente não possui meios de custear as despesas da presente
demanda sem o prejuízo do seu próprio sustento e de sua família, razão pela qual requer o
deferimento do respectivo benefício, ressaltando que o entendimento contrário enseja óbices ao
acesso à Justiça.

II – DA NULIDADE DO CONTRATO ADMINISTRATIVO


II.a) – Dos Fatos
A requerente foi contratada pela Administração Pública do Município de XXXXXXX
para exercer, em caráter temporário, atividades como servidora pública junto à Secretaria
Municipal de XXXXXXXXXXXXXXXX, conforme comprova declaração de vínculo expedida
pelo mencionado Órgão Municipal (Doc.1).
Consoante aduz o referido documento, a autora foi contratada em
XXXXXXXXXXXXXXX, exercendo suas atividades até ser dispensada em
XXXXXXXXXXXX (Doc.1). Entretanto, a requerente foi de fato dispensada no dia
XXXXXXXXXXX, conforme comprova informações de Relações Previdenciárias, fornecidas
pelo INSS (Doc.2).
Ocorre, contudo, que o contrato formulado pela Prefeitura Municipal de
XXXXXXXXXX nunca fora formalmente expresso, tendo sido realizado tão somente de forma
verbal e, portanto, a autora não tinha ciência de disposição de prazo de vigência do contrato,
tampouco estipulação de valores a serem percebidos pelos serviços desempenhados pela
requerente.
Ademais, a Administração Pública Municipal de XXXXXXXXXX, renovou
sucessivamente o contrato administrativo com a autora da presente ação, por quase XXXXX
anos, consoante se demonstram os documentos probatórios juntados aos autos.
II.b) – Dos Fundamentos
É cediço que a Carta Magna de 88 estabelece que a regra para contratação de pessoas
para laborar para a Administração Pública deve ser feita mediante concurso público.
Todavia, a Constituição Federal prevê em seu artigo 37, inciso IX a excepcionalidade de
contratação temporária para o serviço público.

Art. 37: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:
IX- a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
(Grifo Nosso)
Ademais, o Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de XXXXXX (Lei
Ordinária nº. XXXXXXX) prevê em seu Artigo XXXXXX a possibilidade de contratação
temporária para o serviço público municipal.
Ocorre que no caso em apreço, a requerente foi contratada para o exercício de função
temporária, porém não houve a formalização de um contrato expresso e, portanto, não foi
estipulado o prazo, tampouco valores a serem pagos pelos serviços que seriam prestados pela
autora. Além disso, sua contratação era renovada anualmente, sucedendo-se até
XXXXXXXXXXX, ferindo, inclusive, o limite legal previsto no Art. 13, §2º da Lei Ordinária nº.
7453/1989 (Regime Jurídico dos Servidor Públicos do Município de Belém). Frise-se que a
renovação se dava verbalmente, visto que não possuía documento impresso.
Nesse sentido, é pacífico na doutrina e jurisprudência que são nulos os contratos de
servidores temporários que são renovados sucessivamente, conferindo aos administrados
contratados de boa-fé os direitos sociais previstos no Artigo 7º da Constituição Federal.
A respeito do tema, segue jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que confere ao
servidor temporário os direitos sociais do citado dispositivo Constitucional.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR


PÚBLICO MUNICIPAL. AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE.
CONTRATO TEMPORÁRIO. FÉRIAS E 13º SALÁRIO. ARTIGO 37 DA
CF. APLICABILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO DESPROVIDO.
Decisão: Trata-se de recurso extraordinário, manejado com arrimo na alínea a
do permissivo constitucional, contra acórdão que assentou, in verbis:
“ Apelação Cível. Direito Administrativo. Agente de Saúde do Município de
Nossa Senhora do Socorro. Pagamento de Férias e 13º Salário Vencidos.
Obrigação decorrente da Própria Constituição Federal. Honorários
Advocatícios Majorados. Intelecção do Estatuto da Advocacia Nacional. I.
Consoante alicerçado pela jurisprudência desta Corte, independente da validade
do ato de nomeação do servidor, cabe à administração pública arcar com o
pagamento das parcelas remuneratórias decorrentes da própria Constituição
Federal. II. Em análise de processos semelhantes, a coletânea de julgados desta
Casa de Apelo construiu forte jurisprudência no sentido de arbitrar os
honorários advocatícios no importe de R$ 900,00 (novecentos reais), em
respeito ao art. 22 da Lei Federal nº. 8.906/94 e à Resolução nº 07/2011 da
Seccional Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil. III. Recurso da Autora
Provido. Apelo do Réu Conhecido e Negado Provimento. Unânime.” Não
foram opostos embargos de declaração. Nas razões do apelo extremo, sustenta
preliminar de repercussão geral e, no mérito, aponta violação aos artigos 7º,
VIII e XVII, e 37, caput e IX, da Constituição Federal. O Tribunal a quo
proferiu juízo positivo de admissibilidade. É o relatório. DECIDO. O recurso
não merece prosperar. Verifica-se que o acórdão recorrido não divergiu do
entendimento firmado por esta Corte no sentido de que os diretos sociais
previstos no artigo 7º da Constituição Federal são extensíveis ao agente público
contratado temporariamente, nos moldes do artigo 37, IX, da Carta da
Republica. Nesse sentido, destaco os seguintes julgados: “ Agravo regimental
no agravo de instrumento. Servidor temporário. Contrato prorrogado
sucessivamente. Gratificação natalina e férias. Percepção. Possibilidade.
Precedentes. 1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que é devida
a extensão dos diretos sociais previstos no art. 7º da Constituição Federal
a servidor contratado temporariamente, nos moldes do art. 37, inciso IX,
da referida Carta da Republica, notadamente quando o contrato é
sucessivamente renovado. 2. Agravo regimental não provido.” (AI 767.024-
AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 24/4/2012)“ AGRAVO
REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
DIREITOS SOCIAIS PREVISTOS NO ART. 7º DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. FÉRIAS E DÉCIMO TERCEIRO. EXTENSÃO AO
SERVIDOR CONTRATADO TEMPORARIAMENTE. POSSIBILIDADE.
PRECEDENTES. 1. Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
os servidores contratados em caráter temporário têm direito à extensão de
direitos sociais constantes do art. 7º do Magno Texto, nos moldes do inciso IX
do art. 37 da Carta Magna. 2. Agravo regimental desprovido.” (ARE 663.104-
AgR, Rel. Min. Ayres Britto, Segunda Turma, DJe 19/3/2012) Ex positis,
DESPROVEJO o recurso, com fundamento no artigo 21, § 1º, do RISTF.
Publique-se. Brasília, 28 de novembro de 2017. Ministro Luiz Fux Relator
Documento assinado digitalmente
(STF - RE: 1092224 SE - SERGIPE 0005425-90.2011.8.25.0053, Relator: Min.
LUIZ FUX, Data de Julgamento: 28/11/2017, Data de Publicação: DJe-276
01/12/2017) [Grifo Nosso]
II.c) – Do Pedido
Por todo o exposto, requer-se a nulidade do contrato de prestação de serviço temporário
firmado entre a Prefeitura Municipal de XXXXXXXXXXXXX e a Requerente, a fim de que
sejam devidos à esta os direitos sociais previstos no Artigo 7º da Constituição Federal, ante a
renovação sucessiva do contrato de trabalho temporário, em desrespeito ao Artigo 37, inciso IX,
da Carta Magna e Artigo XXXXX da Lei Ordinária nº. XXXXXXXXXXXXXXX (Regime
Jurídico dos Servidores Públicos do Município de xxxxxxxxxxxx).

III – DAS VERBAS TRABALHISTAS PREVISTAS NO ART. 7º DA CF.


III.a) Dos Fatos
Durante o período em que a requerente laborou para a Prefeitura Municipal de
XXXXXXX, a Administração Pública em questão nunca forneceu contracheques à Requerente.
Dessa feita, esta não tinha conhecimento a respeito dos valores brutos por ela percebidos e dos
descontos legais efetivados em folha e, nesse sentido, a autora conhecia tão somente os valores
líquidos depositados em sua conta corrente.
Cumpre mencionar que, consoante demonstram os extratos bancários da demandante
atinentes ao período correspondente ao período de XXXXXXXXXXXXX, os quais foram
juntados à presente exordial (respectivamente Docs. 3, 4, 5 e 6), no ano de 2013 a autora percebeu
salário líquido mensal no importe de R$ 2.427,39 (dois mil quatrocentos e vinte e sete reais e
trinta e nove centavos), enquanto que no ano de 2014, passou a receber a quantia líquida mensal
de R$ XXXXXXXXXXXXXX. Todavia, em 2015, o valor líquido mensal recebido correspondia
a R$ XXXXXXXXXXXXXXXXX, valor este que se estendeu até o término do contrato com a
requerida, ocorrido em XXXXXXXXXXXXXXX, tendo o último pagamento sido repassado à
conta da requerente em XXXXXXXXXXXXXXXX.
Conforme já informado anteriormente, a Requerente foi contratada para exercer
atividades em caráter temporário, contudo o contrato em questão foi renovado sucessivamente.
Outrossim, durante o período de vigência do contrato verbal ora discutido, a autora
nunca gozou de férias e de seu Terço Constitucional, bem como não percebeu 13º Salário ou
qualquer outra verba de natureza trabalhista prevista na Constituição Federal.
III.b) Do Fundamento
Preliminarmente, em que pese o fato da requerente ter sido contratada pela Prefeitura
Municipal de XXXXXXXXXX em XXXXXXXXXX, os pedidos elencados na presente ação
não foram alcançados pela prescrição, visto que versam somente sobre verbas devidas dentro do
prazo quinquenal.
Conforme relatado anteriormente, a Carta Magna de 1988 estabelece que a regra para
contratação de servidores no âmbito da administração pública é mediante concurso público,
ressalvada a excepcional necessidade do interesse público, ocasião em que se fará
temporariamente.
Por conseguinte, consoante já demonstrado ao norte, o Egrégio Supremo Tribunal
Federal já pacificou o entendimento de que são nulos os contratos de prestação de serviços em
caráter temporário, sucessivamente renovados, pois violam a regra constitucional prevista no Art.
37, inciso IX, CF, conferindo aos servidores temporários todos os direitos sociais previstos no
Art. 7º, CF.
Destarte, em decorrência da nulidade do contrato administrativo ora discutido, a
Requerente faz jus às verbas trabalhistas previstas no artigo 7º da Carta Magna.
Com o intuito de reforçar o posicionamento do STF a respeito do tema, segue
jurisprudência que versa sobre a nulidade dos contratos de servidores temporários,
reiteradamente renovados e a extensão dos direitos sociais.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO.


CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA PRORROGADA
SUCESSIVAMENTE. DIREITO AO FGTS. PRECEDENTES.
RECURSO AO QUAL SE DÁ PROVIMENTO.Relatório 1. Recurso
extraordinário interposto com base no art. 102, inc. III, al. a, da Constituição
da República contra o seguinte julgado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais:
“ APELAÇÃO - AÇÃO DE COBRANÇA - PAGAMENTO DE FGTS -
SERVIDOR PÚBLICO - REGIME ESTATUTÁRIO – NORMAS DA CLT
- INAPLICABILIDADE - DIREITOS TRABALHISTAS - SENTENÇA
MANTIDA. Em se tratando de servidor público, ainda que não concursado,
submetido, contudo,ao regime jurídico estatutário, não há falar em
aplicabilidade de normas previstas pela Consolidação das Leis do Trabalho -
CLT, uma vez que, á luz do disposto no artigo 39, § 3o, da Constituição da
República, aos servidores ocupantes de cargo público são garantidos somente
alguns dos direitos arrolados no artigo 7º” . Os embargos de declaração
opostos foram rejeitados. 2. A Recorrente assevera contrariedade ao art. 37,
inc. II, § 2º, da Constituição da República. Argumenta que “ o contrato
temporário firmado entre as partes não atendeu aos requisitos necessários
exigidos para a contratação temporária, na medida em que não foram atendidos
os requisitos previstos na Lei Municipal e na Constituição da República” .
Alega ter exercido “ a função pública por 12 (doze) anos consecutivos,
mediante a assinatura de 3 (três) também consecutivos contratos por prazo
determinado” . Apreciada a matéria trazida na espécie, DECIDO. 3. Razão
jurídica assiste à Recorrente. 4. Consta do voto vencido no acórdão recorrido:
“ O cerne da controvérsia consiste em verificar se devido à autora o
recebimento de diversas verbas trabalhistas e do FGTS, atinentes ao período
em que trabalhou para o Município, mediante contratos temporários, de
08/07/2002 a 14/06/2012 (fls. 15). Sabe-se que o art. 37, IX, da
Constituição Federal de 1988, permite a contratação por tempo
determinado, desde que para atender necessidade temporária de
excepcional interesse público. Não há dúvida de que os contratos
renovados sucessivamente são nulos e, por esta razão, não produziram
qualquer efeito legal, ou seja, não foram capazes de gerar qualquer
vínculo de caráter jurídico-administrativo. Ausente qualquer vínculo
administrativo ou estatutário entre as partes, em razão da nulidade da
contratação, a autora não pode ser considerada servidora pública e, por
isso, não se lhes aplicam os ditames do § 3º, do artigo 39, da Constituição
Federal” . 5. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem
garantido aos servidores contratados temporariamente por sucessivas
vezes os direitos previstos no art. 7º da Constituição da República: “
RECURSO EXTRAORDINÁRIO – SERVIÇO PÚBLICO –
CONTRATAÇÃO EM CARÁTER TEMPORÁRIO – RENOVAÇÕES
SUCESSIVAS DO CONTRATO – EXTENSÃO DOS DIREITOS
SOCIAIS PREVISTOS NO ART. 7º DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA – DIREITO AO DEPÓSITO DO FGTS
– ORIENTAÇÃO QUE PREVALECE NO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL EM RAZÃO DE JULGAMENTO FINAL, COM
REPERCUSSÃO GERAL, DO RE 596.478/RR – RECURSO DE
AGRAVO IMPROVIDO” (RE 752.206-AgR/MG, Relator o Ministro Celso
de Mello, Segunda Turma, DJ 12.12.2013). “ Agravo regimental em recurso
extraordinário com agravo. 2. Direito Administrativo. 2. Servidor público
contratado em caráter temporário. Renovações sucessivas do contrato.
Aplicabilidade dos direitos sociais previstos no art. 7º da CF, nos termos
do art. 37, IX, da CF. Direito ao décimo-terceiro salário e ao adicional de
férias. 3. Discussão acerca do pagamento dobrado das férias. Questão de índole
infraconstitucional. 4. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão
agravada. 5. Agravo regimental a que se nega provimento” (ARE 681.356-
AgR/MG, Relator o Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJ 17.9.2012).
“ EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONSTITUCIONAL. DIREITOS
SOCIAIS. DÉCIMO TERCEIRO E TERÇO DE FÉRIAS.
APLICABILIDADE A CONTRATOS TEMPORÁRIOS
SUCESSIVAMENTE PRORROGADOS. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO” (ARE 649.393-
AgR/MG, de minha relatoria, Primeira Turma, DJ 14.12.2011). 6. Pelo
exposto, dou provimento ao recurso extraordinário (art. 557, § 1º-A, do Código
de Processo Civil e art. 21, § 2º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal). Publique-se. Brasília, 26 de novembro de 2014.Ministra CÁRMEN
LÚCIARelatora
(STF - RE: 850970 MG, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento:
26/11/2014, Data de Publicação: DJe-237 DIVULG 02/12/2014 PUBLIC
03/12/2014) [Grifo Nosso]
III.c) Do pedido
Ante todo o exposto, considerando que se trata de nulidade de contrato administrativo
sobre prestação de serviços públicos de caráter temporário, face clara ofensa a preceito
Constitucional e à própria Legislação Municipal que rege sobre servidores públicos no âmbito do
Município de Belém e, considerando o entendimento pacífico do STF a respeito do tema, requer-
se à autora a extensão de todos os direitos civis previstos no Art.7º da CF, a fim de condenar a
Prefeitura Municipal de XXXXXXXXXXXX ao pagamento de verbas devidas dos últimos cinco
anos, descritas a seguir:
i) Aviso Prévio relativo ao tempo de serviço despenhado no período de XXXXXX
a XXXXXXXXXXX, correspondendo a XXXX dias devidos, com valor total de
R$ XXXXXXXXXXXXXXXXXXX;
ii) Terço Constitucional de Férias Integrais em dobro referentes aos anos de
XXXXXXXXX, que nunca foram pagas, tampouco gozadas, correspondendo ao
total de R$ XXXXXXXXXXXXXXXX;
iii) Terço Constitucional de Férias Proporcionais na razão de XXX/12 avos, afeto ao
ano de XXXXXXXXXXX, já considerados os dias de aviso prévio, visto que não
foram gozadas, nem recebidas pela autora no período trabalhado,
correspondendo ao montante de R$ XXXXXXXXXXXXXXX;
iv) Décimo terceiro salário integral relativo aos anos de XXXXXXXXXXXX, no
total de R$ XXXXXXXXXXXXXXXXX;
v) Décimo terceiro salário proporcional, atinente ao ano de XXXXXXXX,
considerando que seriam devidos XX dias de aviso prévio e, portanto, o contrato
de trabalho deveria se estender até o dia XXXXXXXXX, correspondendo ao total
de R$ XXXXXXXXXXXX;
vi) Saque e Multa de 40% sobre o FGTS, relativo ao aviso prévio devido e não
indenizado; às férias integrais e proporcionais; e às verbas de 13º salário integrais
e proporcionais.

IV – DO DANO MORAL
IV.a) Dos Fatos
A requerente, durante todo o tempo em que desempenhou suas atividades laborais para
a Prefeitura Municipal de XXXXXXXX, jamais gozou ou recebeu o terço constitucional de
férias.
Nesse contexto, tal situação promovia grande fadiga e abalo psicológico à autora da
presente demanda, visto que tal circunstância a privava de um convívio maior com a família, bem
como não a permitia usufruir do repouso que seria proporcionado pelas férias anuais durante os
XXX anos que prestou serviços à requerida.

IV.b) Dos Fundamentos


Consoante aponta Artigo 1º, inciso III e IV da Constituição Federal Brasileira de 1988,
o Estado Democrático de Direito é fundado na dignidade da pessoa humana e nos valores sociais
do trabalho e da livre iniciativa.
Por esse prisma, verifica-se que dentre os direitos sociais insculpidos no artigo 7º da
Carta Magna de 1988 estão previstos os de ordem trabalhista, garantindo aos obreiros básicas
condições dignas de labor.
Ora, Excelência, os direitos atinentes ao descanso do trabalhador são intrínsecos à saúde
física e mental deste. Para tanto, a legislação estabelece o direito a férias como forma de garantir
o devido descanso anual das atividades laborativas, a fim de recompor o desgaste físico e mental.
Nesse sentido, a ausência de férias por período prolongado pode promover profundo
abalo psíquico e físico, configurando-se trabalho degradante, passível de reparação por dano
moral.
Frise-se que o Código Civil Brasileiro prevê reparação aos danos morais sofridos,
mediante indenização, senão, vejamos:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo Único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa, nos casos especificados em lei, quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem

Por sua vez, a reparação pelos danos morais sofridos não pode se confundir com
enriquecimento ilícito, visto que possui caráter pedagógico, como assim ensina Washington de
Barros Monteiro:

[...] esta indenização não objetiva pagar a dor ou compensar o abalo moral;
cuida-se apenas de impor um castigo ao ofensor e esse castigo ele só terá, se
for também compelido a desembolsar certa soma, o que não deixa de
representar consolo para o ofendido, que se capacita assim de que impune não
ficou o ato ofensivo. (curso de dir. civil - 19a ed. , v. 5, pág. 414)

O entendimento jurisprudencial é pela aplicação da indenização por dano moral em


função de férias devidas e não concedidas ao longo do contrato de trabalho, senão vejamos:
DANO MORAL - INDENIZAÇÃO - FÉRIAS NÃO USUFRUÍDAS AO
LONGO DO CONTRATO DE TRABALHO. É incontestável o dano à
saúde física e mental do trabalhador que, durante os catorze anos de
relação de emprego, laborando em serviços pesados (cortador de pedras), não
gozou férias. Tamanha negligência por parte do empregador,
impossibilitando o empregado de se recuperar física e mentalmente no
decorrer de um ano de trabalho e, ainda, privando-o de um maior tempo
para o convívio social e familiar, acarreta o dever de indenizar, não só pelo
aspecto reparatório, mas também para desencorajar o ofensor à nova
violação.

(TRT-3 - RO: 00411200814403007 0041100-04.2008.5.03.0144, Relator:


Deoclecia Amorelli Dias, Decima Turma, Data de Publicação:
11/03/2009,10/03/2009. DEJT. Página 115. Boletim: Sim.) (GRIFO
NOSSO)

**********************************************************************

DANO MORAL. NÃO CONCESSÃO DAS FÉRIAS. O empregado que é


privado do período de descanso das férias sofre, indubitavelmente, lesão à sua
dignidade.

(TRT-1 - RO: 00027319320135010281 RJ, Relator: Claudia Regina Vianna


Marques Barrozo, Data de Julgamento: 10/06/2015, Sétima Turma, Data de
Publicação: 23/06/2015) (GRIFO NOSSO)

Portanto, verifica-se no presente caso que estão presentes os requisitos necessários à


obrigação de indenizar, quais sejam: a) ato ilícito, demonstrado pela exposição da requerente a
trabalho degradante em função de não conceder férias durante o período de XXX anos em que
laborou para a requerida; b) dano, configurado pela fadiga mental e física em função do exaustivo
labor, sem o devido repouso anual durante o período trabalhado, privando-a de um maior
convívio familiar; c) e o nexo causal evidente entre o trabalho degradante pela ausência de férias
por sete anos e a fadiga corporal e psíquica sofrida pela demandante.
IV.c) Do Pedido
Depreende-se que a Indenização pelo Dano Moral sofrido pela requerente se faz justo
e necessário, devido seu caráter pedagógico, de forma que venha coibir a perpetuação de
situações desta natureza em nossa sociedade, e que obriguem, ou ao menos incentivem, a
Administração Pública a tratar seus servidores ou prestadores de serviço com respeito e
dignidade, não subestimando ou se aproveitando da posição menos privilegiada destes.
Por todo o exposto, requer-se o “quantum” indenizatório no valor de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais) a serem pagos, pela Requerida, à título de Dano Moral.
V – DOS REQUERIMENTOS FINAIS
Por todo o exposto, requer:
A) a citação da requerida, na pessoa de seu representante legal, a fim de apresentar
contestação no prazo legal e sob pena de revelia;
B) a concessão da justiça gratuita à autora da presente ação;
C) no mérito, seja julgada a ação TOTALMENTE PROCEDENTE, visando o
reconhecimento da nulidade do contrato administrativo de prestação de serviços temporários
entre a requerente e a requerida, por ofensa a preceito Constitucional e à Legislação Municipal
que rege a matéria alusiva a servidores públicos de Belém, com o fim de garantir todos os direitos
civis elencados no Art. 7º da Constituição Federal, além da condenação da Prefeitura Municipal
de Belém ao pagamento de verbas devidas dos últimos cinco anos, descritas a seguir:
1. Aviso Prévio relativo ao tempo de serviço despenhado no período de XXXXXX
a XXXXXXXXXXXX, correspondendo a XX dias devidos, com valor total de
R$ XXXXXX;
2. Terço Constitucional de Férias Integrais em dobro referentes aos anos de
XXXXXXX, que nunca foram pagas, tampouco gozadas, correspondendo ao
total de R$ XXXXXXX;
3. Terço Constitucional de Férias Proporcionais na razão de X/12 avos, afeto
ao ano de XXXX, já considerados os dias de aviso prévio, visto que não foram
gozadas, nem recebidas pela autora no período trabalhado, correspondendo ao
montante de R$ XXXXXXXXXXXXXX;
4. Décimo terceiro salário integral relativo aos anos de XXXXX, no total de R$
XXXXXXXXXXX;
5. Décimo terceiro salário proporcional, atinente ao ano de XXXX, considerando
os XX dias de aviso prévio devidos, estendendo-se, portanto, o contrato de
trabalho até o dia XXXXXX, correspondendo ao total de R$ XXXXX;
6. Saque e Multa de 40% sobre o FGTS, relativo a todas as verbas devidas à
requerente, em especial ao aviso prévio, às férias integrais e proporcionais e ao
13º salário integral e proporcional dos últimos cinco anos trabalhados.
D) seja a demandada condenada ao pagamento de R$ XXXXXXXX, a título de
ressarcimento por dano moral, nos termos dos Artigos 186 e 927, ambos do Código Civil;
E) a condenação da ré em custas processuais e honorários advocatícios, estes à razão de
20% sobre o valor atualizado da causa;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,
notadamente pela produção de prova documental, inclusive com o depoimento pessoal do
representante legal da requerida.
Dá-se à causa o valor de R$ XXXXXXXXXXX, com fins meramente fiscais.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Belém (PA), XXXXXXXXXXX.

XXXXXXXXXXXXXXXX
ADVOGADA
OAB XXXXXXXXX

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