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Sou da opinião de que o autor não buscou trazer o homem para o centro da letra,
e sim expressou quem o crente é, uma vez que Cristo o salvou. Confesso,
porém, que não posso me certificar de que esta é a opinião do autor e por isso
falaremos a partir desta perspectiva. Mas ainda que não tenha certeza, o teor da
música, especialmente do “Espírito Santo se move em você”, parece confirmar
que é uma letra dirigida aos crentes genuínos. Vamos à análise.
A Escritura nos diz que o homem descrente é inimigo de Deus. É assim que
apóstolo escreve: “Em que noutro tempo andastes […] e éramos por natureza
filhos da ira, como os outros também”. O crente precisa entender que para o
Senhor, ele é importante. Não porque tenha algo que possa oferecer, mas
porque Cristo deu a Sua vida por aqueles que o Pai lhe enviou (Jo 10.15). E
como o Pai ama o Filho, também ama aqueles que n’Ele foram adotados (Ef 1.5).
Quando o crente relembra e coloca estas coisas em seu coração, ainda que a
vida lhe seja dura e pesada (como é para todos), consegue encontrar alívio,
segurança e novo ânimo no Senhor.
Esta parte da música também pode ser entendida a partir do versículo: “O vento
assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para
onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3.8). Todo o que é
guiado por Deus, muitas vezes não sabe para onde vai nem o que o Senhor tem
guardado para o dia de amanhã. Todavia, de uma coisa todos os crentes podem
estar certos: de que Seus planos são melhores do que os nossos, como lemos:
“Do homem são as preparações do coração, mas do SENHOR a resposta da
língua” (Pv 16.1).
Algumas pessoas pensam que o crente não deveria ser agradecido pelo que o
Senhor fez por ele. Em vez disso, deveria se alegrar, somente, por quem Deus
é em si mesmo. Entretanto, não é este o padrão das Escrituras. Não é errado se
alegrar no Senhor pelo que Ele fez por nós, pois assim nos foi registrado: “Nós
o amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19). A razão de amarmos
a Deus é porque Ele se mostrou favorável a nós, quando ainda éramos Seus
inimigos e isto se confirma em vários lugares, especialmente na parábola do
senhor que perdoa as dívidas de seus servos (Mt 18).
É verdade que esta estrofe poderia ser melhorada, sendo a parte “você tem
valor”, acrescida ou trocada por “servo inútil e sem valor, mas que pertence ao
meu Senhor”, como sugeriu, certa vez, o Rev. Josafá Vasconcelos, da Igreja
Presbiteriana da Herança Reformada. Seja como for, se entendida dentro do
aspecto que temos tratado, não há problema em ficar como está.
Encerro esta análise, observando que mesmo sendo uma letra muito bíblica, o
seu teor não tem a finalidade de, diretamente, render glórias a Deus por quem
Ele é. É uma música mais para se ouvir em casa ou em algum momento diferente
do culto, do que propriamente na reunião dos santos. Conheço igrejas que
cantam esta música e é comum ela ser utilizada para o “momento dos abraços”,
onde todos da congregação são convidados a se abraçar – o que não é
inerentemente errado, mas não leva a um sentido direto de adoração ao Senhor
e não é o propósito maior do culto. Ainda outros utilizam esta música para fazer
“evangelismos”, mas como visto, seu conteúdo remete aos crentes, sendo
incorreto usar para este fim.