Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Monitorização cardiovascular:
» Ausculta cardíaca
» ECG
» Pressões vasculares
» Débito cardíaco
» Ecocardiografia transesofágica
2. MONITORIZAÇÃO CARDIOVASCULAR
o Precordial ou esofágica
o Sons cardíacos e respiratórios
Frequência, ritmo, intensidade
o Vantagens
Simplicidade
Confiabilidade
Baixo custo
o Desvantagens
Depende da acurácia de quem recebe e interpreta sons
Fadiga
Falta de informações (é um exame realmente simples, que pode não mostrar
alterações importantes)
o Objetivos:
Acompanhar o ritmo cardíaco
Identificar e tratar arritmias
Identificar e tratar isquemia miocárdica
Importante: para diagnóstico de isquemias, o monitor deve estar com os eletrodos
devidamente alocados!
Acompanhar ação dos anestésicos
Obs: O ECG nada mais é que identificação de diferença de potenciais: a própria contração
miocárdica vai despolarizar fibras e formar uma diferença em relação aos potenciais.
o ECG contínuo:
Como identificar as arritmias? Pela análise do
ECG!
Análise do ECG:
» O complexo QRS tem aparência normal?
» Existe onda P?
» Qual a relação entre P e QRS?
Exemplos de anormalidades ao ECG contínuo:
Obs: no ECG você vê uma despolarização. Vemos uma atividade elétrica do coração ou uma
anormalidade elétrica. Dentro dessas anormalidades estão os tipos de anormalidades de
eletrólitos (ex: hiper/hipopotassemia), que sempre devem ser suspeitadas.
Obs2: não vemos ao ECG débito cardíaco. Não é porque temos atividade elétrica preservada
que temos débito cardíaco adequado! Uma forma boa de monitorar débito é através da FC
(frequência cardíaca).
A) Pressão arterial
- FC
- Efeitos de arritmias
Obs: Damos preferência pela PAM porque ela possui menor variação ao longo do corpo. Ela
tende a aumentar perifericamente, mas bem menos que a PAS e a PAD. A PAS por exemplo,
quanto mais perto do coração, menor é o seu valor, enquanto a PAD é maior quanto mais
próximo do coração.
Átrio direito:
» Onda a representa o maior valor de
pressão dentro do AD. Ao ECG,
coincide com onda P.
Ex: paciente com fibrilação atrial não vejo
onda a!
» Onda c ocorre após contração
isovolumétrico do VD. Nesse
momento, ao ECG, temos o QRS.
Ex: paciente com insuficiência tricúspide por elevação da pressão pulmonar, vejo
onda c anormal, exagerada (porque vai ter refluxo).
Ventrículo direito:
Obs: O valor da pressão venosa central não é estático. Existem variações nas curvas de pressão
o Posição do cateter:
O cateter deve ser colocado na transição da veia cava superior ou inferior (se o acesso for
via femoral) com o AD.
o Valores normais: pode variar em mmHg (medida no monitor) ou cmH2O (coluna de água)
4-8 mmHg
6-12 cmH2O
É conectada uma coluna de soro fisiológico diretamente ao acesso central. A partir
daí pode-se medir os valores de pressão pelo tanto que desce de líquido pela coluna.
O valor zero está na linha axilar média do paciente, localizado dentro do AD.
Correspondência entre medidas: 1 mmHg = 1,3 cmH2O
o PVC:
Volemia - Pré-carga - Função ventricular direita
Indicações:
» Cirurgias de grande porte: cardiovascular, torácicas, transplantes
» Quando há possibilidade de maior perda volêmica
Obs: Com esse cateter posso avaliar especificamente reposição volêmica, contratilidade
cardíaca e pós-carga!
o Curva de pressão: você vai progredindo o cateter até chegar do lado esquerdo, podendo
monitorar pressão de enchimento de VE. Esse é o valor de pressão responsável por ejetar o
sangue para todo o organismo.
o Complicações do cateter:
o Avaliação Hemodinâmica:
o Método de Fick
o Diluição de Indicadores
Corante (Cardiogreen)
Termodiluição
o Cineangiografia
o Bioimpedância torácica
o Ecocardiografia
o Radioisótopos
o Ressonância Magnética (NMR)
o Oximetria venosa: Saturação venosa mista
Através do cateter de Swan-Ganz você colhe uma amostra de sangue que passa pela artéria
pulmonar. Do ponto de vista prático não é muito utilizado. O que é mais utilizado na prática
é fazer pequenas coletas do sangue dentro do cateter venoso central.
o SvO2
o PaO2
o Hb
o Consumo O2
o DC
Obs: você com um acesso central e gasometria simples em mãos já consegue avaliar um
paciente que está numa situação de choque.
Ex: o mesmo paciente idoso de 70 anos, com queixa de disúria. Agora apresenta uma PA =
170x90mmHg. Esse paciente pode estar em choque? Pode! Preciso avaliar através de
marcadores de perfusão tecidual. Lactato=15. Gasometria arterial desse paciente mostra:
pH = 7,30, PaO2 = 60, PaCO2=28, HCO3=20, SaO2=92. Na saturação venosa central: pH=7,28
(variando, porque é sangue venoso, é mais baixo mesmo), PaO2=30, PaCO2=32, HCO3=19,
SvO2=60. Através do valor de SvO2 (que está menor de 70%), posso supor que ele possui
um provável estado de choque. Além disso o valor de lactato também aponta para a mesma
suspeita de choque, a despeito da alta pressão arterial que o paciente apresenta.
o Monitorização do Sistema Cardiovascular
o Objetivos:
Estrutura e motilidade valvar
Contração segmentar
Diâmetro das câmaras cardíacas
Espessura da parede
Função Ventricular Global
Fração de ejeção
Débito cardíaco (Doppler)
Avaliação:
» Tamanho da câmara
» Função valvar
» Espessura septal
» Shunts intracardíacos
» Massas intracardíacas
» Aorta torácica
» Perfusão Miocárdica
Monitorização:
» Função ventricular global
» Função ventricular regional
» Contraste intracardíaco
Obs: hoje o eco é muito utilizado principalmente em centro cirúrgico (mais em cirurgias
cardíacas de grande porte), mas em pouco tempo será utilizado em ambiente de terapia
intensiva e consequentemente de pronto socorro. O que limita sua utilização é o preço do
equipamento e quem irá interpretar os resultados.
Absoluta:
» Doenças esofágicas: estenose, varizes, escleroderma, esofagite aguda, história de
cirurgia esofágica
Relativas:
» Coagulopatias
» Anticoagulação
» Mixoma do átrio esquerdo
o Exemplos:
Ecocardiografia de aorta descendente: através do fluxo aórtico, dá para o médico saber
o quanto o paciente tem de DC!
3. OXIMETRIA DE PULSO
o Feita com o famoso oxímetro. Forma fácil, não-invasiva de monitorização.
Se captou grande quantidade de luz vermelha, significa saturação mais baixa. Daí ele
converte pro monitor o valor correspondente aquela faixa de luz.
1. CASO CLÍNICO
2. CHOQUE
o Índices Hemodinâmicos
DO2 = CaO2 x DC x 10
» DO2: do inglês “delivery” (entrega, oferta, transporte): transporte de O2 - é o
conteúdo arterial e o que leva este conteúdo, o DC.
o Se existe falência em um dos três componentes da fração (SaO2, HB, PaO2), como no caso
de anemias, hemoglobinas pouco oxigenadas, situações de baixo débito ou baixa resistência
vascular periférica, ocorrerá falência no mecanismo de transporte de oxigênio!
A perfusão tecidual estará lentificada (fluxo lento) ou com conteúdo arterial de O2 baixo.
Com isso os tecidos vão extrair muito O2 da hemoglobina, fazendo diminuir a SvO2 (ela estará
<70%). O lactato nestas condições estará elevado.
Obs: os valores geralmente são colhidos por gasometria arterial e gasometria venosa
2.2 Conceito
Existe falência ventricular, falhando o DC. Inclusive haverá represamento de retorno venoso,
porque a bomba não consegue bombear o volume sanguíneo que está recebendo.
o Misto
2.4 Fluxograma para Diagnosticar os Tipos de Choque:
Figura: Avaliação Inicial dos Estados de Choque. É mostrado um algoritmo para a avaliação inicial
de um paciente em estado de choque (Painel A), as frequências relativas dos principais tipos de
choque (Painel B) e representações esquemáticas de quatro tipos principais de choque (Painel
C). O algoritmo começa com a apresentação mais comum (ou seja, hipotensão arterial), mas às
vezes é hipotensão mínima ou inexistente. CVP denota a pressão venosa central e SvO2 a
saturação de oxigênio venoso.
o Pelo painel B temos, em ordem de prevalência em terapia intensiva:
Choque distributivo séptico 62% > choque cardiogênico 16% = choque hipovolêmico 16% >
choque distributivo não-séptico 4% > choque obstrutivo 2%
2.5 Tratamento
o Objetivos:
Restaurar volemia e otimizar DO2 (transporte de O2)
Corrigir lactato
o Tipos de fluidos:
Cristaloides:
NaCl 0,9% (solução salina, chamado soro fisiológico inadequadamente)
Ringer lactato (semelhante ao NaCl, com outros eletrólitos)
Soro glicosado: glicose + água livre (SG 5% ou 10%),
Plasma-lyte (muito novo e caro)
NaCl 7,5% (“salgadão”)
Coloides: + caros
Albumina (indicação específica: paciente com hipoalbuminemia)
Gelatinas
Dextrans
Amidos (os mais importantes, falaremos deles)
Hemoderivados: concentrado de hemácias, plasma fresco, etc
o Os fluidos:
mEq/L
Fluido Na Cl K Ca Mg Buffers pH Osmolality
(tampões) (mOsm/L)
Plasma 141 103 4-5 5 2 Bicarbonato (26) 7,4 289
NaCl 0,9% 154 154 5,7 308
NaCl 7,5% 1283 1283 5,7 2567
Ringer lactato 130 109 4 3 Lactato (28) 6,4 273
Plasma-Lyte 140 98 5 3 Acetato(27) 7,4 295
Gluconato (23)
O NaCl a 0,9% (“soro fisiológico”) é extremamente ácido as custas de íon cloreto. Ele
não tem nada de fisiológico!
O ringer lactato é um pouco mais semelhante ao plasma. Mas ainda assim é ácido.
Plasma-Lyte: mais próximo do plasma, é o ideal de cristaloide, mas é muito caro.
o Proteínas sintéticas de alto peso molecular. HES é o amido mais utilizado hoje.
o HES 130 mil daltons /0,4 (alto peso molecular)
o Expansão plasmática preferencialmente IV por várias horas: a proteína será
metabolizada pelo sistema retículo endotelial (SRE), vai diminuindo seu peso molecular,
até que atinge tamanho suficiente para ser filtrada e eliminada pelos rins. Isso demora
cerca de 4-6h.
o Alto custo
o Efeitos colaterais:
Por se tratar de proteínas estranhas ao organismo, tem potencial de causar reações
alérgicas.
As proteínas têm capacidade de provocar alterações de coagulação e isso é dose-
volume-dependente. Ou seja, quanto mais volume de HES eu infundir, mais haverá
alteração de coagulação. Essas proteínas podem se ligar ao fator VIII de coagulação,
de Von Willebrand, diminuindo adesividade plaquetária.
Lesão renal: também conforme a dose que for infundida.
Obs: Em dois estudos feitos pelo New England:
- Amidos x solução salina pra ressuscitação: sem diferença na mortalidade, sendo que os amidos
aumentaram a terapia renal substitutiva (hemodiálise).
- Sepse severa: Aumentou mortalidade e aumentou hemodiálise.
O excesso de uso de proteínas de alto peso molecular sobrecarrega os túbulos contornados.
Milhões de glomérulos obstruídos podem levar a IR, principalmente em pacientes com cuidados
intensivos e sepse severa. Estes pacientes já tem uma série de fatores de agressão renal,
ocorrendo uma somação de fatores.
4. HEMOTRANSFUSÃO
O sangue é obtido a partir de um pool de sangue total. Atualmente, não temos o sangue total
porque o método é mais difícil, além de nem sempre precisarmos de todos os componentes do
sangue. Por isso, divide-se em hemocomponentes para hemoterapias diferentes.
Obs: Como o concentrado de hemácias está a 4°C, o ideal é diluir o concentrado com 100 ml
NaCl a 0,9% em temperatura morna (40°C). O Ringer lactato não é permitido porque ele possui
cálcio, podendo haver coagulação.
Obs2: Geralmente fazemos a associação que uma Hb acima de 10 raramente vai precisar de
transfusão, enquanto uma Hb abaixo de 6 frequentemente vai precisar. As dúvidas aparecem
quando há uma Hb entre 6 e 10. Neste caso, depende de outros dados do paciente, conseguidos
através da monitorização. Leva-se em conta volemia, DC, PA, SvO2, lactato e outros. Ex: um
paciente que tenha Hb de 8 e possui todos os outros exames normais, não irá precisar de
transfundir. Agora, se outro paciente com Hb de 8 possui hipotensão arterial, SvO2 baixo e
lactato aumentado, posso começar a pensar em transfundir.
Obs3: o concentrado fornece um HTC de 70%!
o Indicações:
Evidência clínica + laboratorial de coagulopatia (TP> 1,5 vezes o normal ou RNI >2,0 ou
TTPa>2 vezes o normal)
Obs: evidência clínica: sangramento microvascular de difícil controle! Não são grandes
sangramentos de grandes artérias, porque aí o tratamento consiste na ligadura do vaso.
Evidência laboratorial: exame anormal!
Evidência clínica + Hemotransfusão > uma volemia (70 ml/kg) quando não se pode obter
o TP, TTPa ou RNI em tempo hábil
o 50 a 70ml
o Temperatura ambiente: as plaquetas são frágeis, não suportam ficar
em temperaturas muito baixas. Por isso, o concentrado de plaquetas
é o que mais infecta.
o Indicações:
Evidência clínica + laboratorial de coagulopatia (plaqueta < 50
mil)
Evidência clínica + falta de tempo hábil para testes numéricos ou
de função plaquetária
Sangramento difuso + uso de anti-agregantes (AAS nem tanto porque não é muito
potente, o mais potente é o clopidogrel)
Obs: paciente que chega usando clopidogrel, considero que ele quase não tem plaqueta!
4.4 Crioprecipitado
o Indicações:
Evidência clínica + laboratorial de coagulopatia (fibrinogênio < 80 a 100 mg/dl ou 0,8 a
1 g/l)
Evidência clínica + Hemotransfusão maciça quando não se pode obter as dosagens de
fibrinogênio em tempo hábil
o 1 unidade/5kg de peso
o Hemotransfusão é algo que não é tão simples. Deve ser feita apenas em casos muito
indicados, pois há muita chance de reações e efeitos colaterais.
Complicações da Hemotransfusão
Doenças infecciosas - 1:34mil Reações alérgicas - 1-3%
Reações hemolíticas - 1:10mil a 1:50mil Lesão aguda pulmonar relacionada à
transfusão (TRALI) - 1:5mil a 1:10mil
Erros transfusionais - 1:14mil a 1:38mil Aloimunização
Reações febris não hemolíticas - Entre 1-35% Imunomodulação
Sepse - 1:25mil Púrpura pós-transfusional
As doenças infecciosas eram as mais comuns, principalmente HIV, hepatite B e C, CMV.
Atualmente, os métodos de triagem tornaram essas complicações raras. Porém, ainda
assim há métodos falhos. Isso porque geralmente as triagens são feitas por método de
contagem de anticorpos (ELISA). Pra ele dar positivo (ser detectável) é necessário dar
viragem de anticorpo. O indivíduo pode estar em janela imunológica e a triagem ser
falso negativa.
Reações hemolíticas: destruição de hemácias. O mais comum é por falha de checagem
(ex: dar soro contendo anti-A em um paciente A). Sabemos que o sistema ABO possui
anticorpo constituinte. Se existe incompatibilidade entre os anticorpos existe hemólise,
que pode levar a febre, calafrio, rabdomiólise, hemoglobinúria, insuficiência renal e até
morte por coagulopatia. Esta é uma reação hemolítica imediata.
Outra complicação por reação hemolítica é a sua forma tardia. Existem outros antígenos
na hemácia, além de ABO e Rh. Eles não são mensuráveis na triagem (ex: antígeno Kidd).
Se o doador de sangue possuir incompatibilidade por antígeno Kidd com o receptor,
poderá ocorrer hemólise dias depois (5-15dias, geralmente).
Reações febris não hemolíticas: nos métodos de coleta de hemoderivados, o
concentrado de hemácia, plasma fresco ou plaquetas, possuem um pouco de leucócitos
do doador associados aos seus componentes. O leucócito no organismo do receptor
pode gerar reação antígeno-anticorpo e reação de incompatibilidade. Para reverter isso
temos as hemácias desleucotizadas, que possuem menos reação do que as leucotizadas.
O ideal seria que a transfusão fosse feita só com elas, mas isso inviabiliza o preço do
método. Ele é feito apenas em poucos casos selecionados.
Sepse: por contaminação na doação ou infusão. Normalmente é fatal. São bactérias que
se replicam em temperaturas baixas, como Yersinia enterocolitica (bastão gram -) ou
Streptococcus/Staphylococcus coagulase negativa.
Reações alérgicas: também por antígenos não mensuráveis. Pode levar a urticária,
edema, coceira, até anafilaxia.
TRALI: na última década foi a maior causa de morte relacionada a transfusão nos EUA.
Se você transfundiu um paciente e dentro de 4-6h ele evoluiu com insuficiência
respiratória aguda e na radiografia você detectou áreas difusas de hipotransparência,
muito provavelmente ele está desenvolvendo uma TRALI. O desenvolvimento de TRALI
está relacionado com os leucócitos provenientes do doador.
O receptor faz um anticorpo contra o leucócito do doador, que faz reação cruzada com
os pneumócitos do próprio receptor. É semelhante a uma doença autoimune comum.
Na TRALI, vai se formar anticorpo contra leucócito do doador que vai atacar vasculatura
do pneumócito do receptor. Isso levará a uma pneumopatia com lesão pulmonar aguda,
onde a maioria dos pacientes terão que ser ventilados em terapia intensiva podendo
haver também um grau de imunossupressão, além do suporte clínico. O tratamento é
‘esperar passar’, não há muito o que fazer.
Aloimunização: é a formação de anticorpos quando há a ocorrência de exposição do
indivíduo a antígenos não próprios, como ocorre, por exemplo, na transfusão de sangue
incompatível e nas gestantes, cujos fetos expressam em suas células sanguíneas
antígenos exclusivamente de origem paterna, os quais podem chegar à circulação
materna durante a gestação ou no parto. Assim, a mãe pode destruir as células
sanguíneas do filho e dar a anemia hemolítica do RN. Por isso, é imprescindível evitar
transfundir sangue Rh+ em mulher jovem, idade fértil, com Rh -.
Imunomodulação: relacionado ao leucócito do doador. Os leucócitos vão produzir uma
reação inflamatória de imunossupressão no receptor, levando o paciente a
susceptibilidade a infecções e sepse no pós-operatório.
Púrpura pós-transfusional: muito rara.
B: Fratura de bacia
C: TCE
Esses pacientes morrem disso, falência da coagulação auxiliada pela acidose + hipotermia.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
o Diagnóstico do choque
o Reposição adequada
o Otimizar DO2
o Melhora do desfecho clinico
AULA 3 – DROGAS VASOATIVAS
Professor Leandro Fellet
Bia de Castro Villas Boas – MED 100
1. INTRODUÇÃO
o Objetivo do uso:
Manutenção da homeostase: manter PA
e pressão de perfusão adequadas
Função cardíaca
DO2: transporte de O2
o Modos de infusão:
Bolus venosos: utilização mais simples; pego uma seringa e faço bolus de tempos em
tempos, quando temos uma droga de meia-vida um pouco mais longa. Posso fazer o
bolus, aguardar passar o tempo da droga e repetir o bolus. Se não fez o efeito que eu
queria, aumento a dose e aplico outro bolus.
Infusões contínuas em bombas de infusão: são mais usadas; são bombas de seringa ou
de rolete, onde programamos dose/kg com a velocidade que queremos.
o Fenilalanina: aminoácido que está presente no fígado. Esta 1ª reação ocorre basicamente
no fígado.
o Há um transporte da tirosina até os neurônios.
o De dopa pra frente há armazenamento em vesículas sinápticas.
o Dopamina: NT natural, endógeno, do organismo. Utilizamos em formulações de ampolas
exógenas.
o Noradrenalina = norepinefrina
o A última reação ocorre na medula da suprarrenal. A enzima transforma noradrenalina em
adrenalina (= epinefrina).
o O principal neurotransmissor de órgãos efetores do Sistema Nervoso Simpático é a
noradrenalina. Mas temos algumas exceções.
Norepinefrina
Acetilcolina
Dopamina
Adrenalina
Indicações:
Efeitos indesejados:
o A adrenalina tem ação principal de β-1. Sua ação está mais no coração, com inotropismo,
cronotropismo e dromotropismo.
A adrenalina, quando em baixas e médias doses, tem predomínio de ações β. Já em altas
doses, tem predomínio de ação α, semelhante a noradrenalina.
Indicações:
Choque, anafilaxia, PCR. Porém, no caso de PCR a administração é feita em bolus, isso
porque o objetivo é reanimar o paciente, provocar um efeito rápido.
Efeitos indesejados:
o Dopamina: mais comum, mais usada das três (porém hoje em dia, tem diminuído muito seu
uso).
Ação em todos os receptores, principalmente nos dopaminérgicos, fazendo vasodilatação
esplâncnica e mesentérica. Também possui ação α e β de potências semelhantes, tendo por
isso uma ação extremamente variável.
Ela tende a: aumentar FC, PAM, DC e RVP, além de aumentar bastante o fluxo renal.
Devido ao alto fluxo renal que ela proporciona, antigamente achávamos que a dopamina
era protetora renal e a utilizávamos mais que noradrenalina e adrenalina quando o objetivo
era aumentar PAM, DC. Mas hoje sabemos que ela não é protetora renal.
Em doses baixas, era comum falar que estávamos usando a dose de “dopa-dopa”, que
significa dopamina em dose baixa, que melhora a perfusão renal, levando a proteção.
Porém, os estudos mostram que isso não é verdade e a dopamina vem diminuindo muito
sua indicação e utilização.
É uma droga intermediária, começou a ser usada nos anos 90 e atualmente é pouco
disponível para uso clínico.
o Fenoldopam: é uma droga promissora, que ainda não temos disponível no Brasil.
Tem ação estritamente dopaminérgica, é basicamente hipotensivo, provocando
vasodilatação com aumento do fluxo intestinal e renal, sem provocar efeitos indesejados
nos outros receptores.
Ela pode aumentar a FC por reflexo barorreceptor, porque a PAM vai cair. O DC pode
aumentar ou diminuir. A RVP cai porque ela é vasodilatadora.
Obs: na circulação extracorpórea, o coração para de bater pro cirurgião operar e o fluxo
de aorta e de cava é desviado pra uma máquina, sendo esse fluxo não pulsátil. Um dos
órgãos que mais sofre por baixa perfusão na circulação extracorpórea são os rins. O
Fenoldopam tem se mostrado promissor em relação a melhora de função renal em pós-
operatório de cirurgia cardíaca. Os pacientes apresentam melhor clearence de
creatinina plasmática.
o Efedrina: tem ação tanto α quanto β, mas predominante β! É semelhante a adrenalina, mas
menos potente.
Aumenta a FC e PAM. Aumenta o DC e RVP (pelo α-1). O fluxo renal diminui mas não tanto,
porque ela não é vasoconstritora potente.
De todas as drogas que falamos até aqui, é a primeira vez que vemos uma droga de ação
mista! Isso significa que a efedrina tem uma ação direta e uma indireta. Na ação direta, a
droga atua diretamente no receptor, exercendo sua ação.
Já na ação indireta, a efedrina atua inibindo a recaptação das catecolaminas (que é o
principal mecanismo responsável pelo término da ação das catecolaminas). Portanto, de
forma indireta, ela aumenta a disponibilidade da catecolamina para exercer ação no
receptor, além de liberar estoque endógeno, promovendo ação de adrenalina e
noradrenalina mas de forma indireta, porque ela fez sua liberação!!!
Por ela ter ação mista, a efedrina pode gerar taquifilaxia, que é a necessidade do aumento
progressivo das doses para obtenção do efeito previamente desejado. Ou seja, a efedrina
vai esgotando os estoques endógenos de noradrenalina e adrenalina. Sem o estoque, ela vai
deixando de exercer seu efeito indireto, provocando taquifilaxia.
3.5 Agentes α-2 agonistas
Os agentes α-2 diminuem a função através da diminuição do cálcio intracelular, gerando
vasodilatação. Ambas as drogas possuem um pouco de efeito α-1 também. Ambas podem ser
usadas por veia periférica.
o Dexmedetomidina: mesmas ações, mas é mais potente que a clonidina. Possui meia-vida
curta, por isso usamos mais em infusão contínua.
Ação anti-sialogoga: seca o estímulo de glândulas salivares.
o Ação: o ideal seria utilizarmos β-bloqueador seletivo β-1 (Atenolol, Esmolol, Metoprolol)
para agirmos somente no coração, poupando por exemplo o pulmão.
Labetalol: bloqueador β -1 e α-1 também
Propranolol: bloqueador β-1 e β-2 (não seletivo: pode levar a broncoconstrição)
o Metabolismo:
O Atenolol tem metabolismo mínimo, isso quer dizer que ele é eliminado de forma
inalterada pela urina.
O Esmolol é um agente metabolizado por esterases presentes no plasma, hemácias,
tecidos, traduzindo uma meia-vida ultra-curta, bem diferente dos demais β-
bloqueadores. Por isso, ele deve ser usado em infusão contínua. Isso representa uma
vantagem do Esmolol. O principal efeito colateral que um β-bloqueador pode
apresentar é a bradicardia. Com essa propriedade do Esmolol, basta diminuir ou parar
a infusão que tenho o término do efeito colateral. A desvantagem é o preço.
Obs: o metabolismo do Esmolol é idêntico ao Remifentanil
Labetalol, Metoprolol, Propanolol: metabolismo hepático, com meias-vidas longas.
Posso fazer um bolus e repeti-lo daí 4, 6 horas depois.
Esses pacientes são coronariopatas, com risco cardiovascular, que possuem placas de
ateroma, onde o ideal é equilibrar a balança de oferta e consumo de O2.
4.1 Nitratos
Droga Particularidades
Nitroprussiato de sódio - Metabolismo ultra-curto em óxido nítrico (NO) » ↓ Ca da ML vascular
» VASODILATAÇÃO pp arteriolar (↓ pré e pós-carga)
- Pode levar à taquifilaxia e taquicardia
- Metabolizado em cianeto (altas doses): acidose metabólica e arritmias
- Emergências hipertensivas, hipotensão induzida em anestesia
Nitroglicerina - Metabolismo ultra-curto em óxido nítrico (NO) » ↓ Ca da ML vascular
» VASODILATAÇÃO pp venosa (↓ pré-carga)
- Não é metabolizada em cianeto
- Emergências hipertensivas (pp isquemia miocárdica), hipotensão
induzida em anestesia
o Mecanismo de ação de ambas as drogas são muito semelhantes. São drogas de metabolismo
ultra-curto (5-10min), devem ser feitas em bombas de infusão contínuas. São metabolizados
em NO, que é vasodilatador, ou seja, diminui o Ca intracelular.
O Nitroprussiato é mais potente em nível arteriolar, enquanto a nitroglicerina é mais
potente em território venoso.
o Nitroprussiato pode levar a taquicardia, devido a vasodilatação arteriolar que ele provoca,
que pode gerar uma diminuição da pressão na raiz da aorta, que irá refletir nos
barorreceptores. Além disso, comumente causa taquifilaxia.
Em altas doses pode ser metabolizado em cianeto: veneno capaz de impedir a fosforilação
oxidativa na célula, ou seja, impede mecanismo de utilização de O2 pela célula. Com isso,
pode gerar acidose e arritmias potencialmente fatais.
Não é tão usado em isquemias miocárdicas justamente devido a taquicardia que ele
provoca.
o Nitroglicerina: em altas doses não gera intoxicação pelo cianeto.
Tem ação muito específica em leito coronariano, provocando vasodilatação de coronária e
permitindo melhor oferta de O2 pelo miocárdio.
o As indicações de ambas são muito semelhantes: emergências hipertensivas. Isso quer dizer
que o aumento de pressão (principalmente por vasoconstrição) está provocando lesão de
órgão-alvo. Exs: edema agudo de pulmão, encefalopatia hipertensiva, retinopatia
hipertensiva, isquemia miocárdica hipertensiva.
Obs: Os nitratos são muito fotossensíveis, devemos protege-los da luz, pois eles degradam na
própria bolsa de administração.
Obs2: a Nitroglicerina diminui mais pré-carga e vasodilata mais leito coronariano. Ela diminui
retorno venoso e tônus coronariano, melhorando sua perfusão. É importante em paciente com
edema agudo de pulmão diminuir pré-carga, porque assim diminui a quantidade de líquido que
chega no coração, diminuindo a quantidade de líquido que vai para os pulmões. Em paciente
coronariopata diminuir pré-carga também é importante porque o excesso de volume que volta
ao coração isquêmico irá gerar alta pressão na câmara cardíaca, provocando diminuição da
perfusão do subendocárdico, região altamente susceptível a sobrecarga de pressão de
enchimento, podendo gerar uma área de isquemia.
4.2 Inodilatadores
São inotrópicos e vasodilatadores! Eles aumentam o cálcio do coração mas diminuem na
musculatura lisa vascular.
Droga Particularidades
Inodilatadores - ↑ Ca no coração e ↓ na musculatura lisa vascular
(inibidores da - Independente de receptores adrenérgicos
fosfodiesterase) - ↑DC e ↓RVS e RVP sem grandes alterações na FC
- Indicações: insuficiência cardíaca por disfunção ventricular, hipertensão
arterial pulmonar
- Podem ser associados aos inotrópicos β-agonistas
- Amrinone, Milrinone
o Eles não dependem de receptores adrenérgicos, porque atuam de outra forma, inibindo a
fosfodiesterase.
Não altera a FC, porque não possui ação β!
o Indicação: como ele é inotrópico, indica-se em falência de bomba (ex: ICC); indica-se
também na hipertensão arterial pulmonar, seja idiopática, seja pós-cirurgia cardíaca. Se tem
hipertensão pulmonar, é importante lançar mão dessas drogas, que vão proporcionar
melhora do débito e diminuir PA.
o Podem ser associados às drogas inotrópicas β-agonistas, como no caso de choque
cardiogênico refratário (sem responsividade de receptores β).
5. CASOS CLÍNICOS
Caso Clínico 1
o Idoso com obstrução intestinal + sepse
o PA=80x50 mmHg, FC=125 bpm
o Hb= 7,6 mg/dL, HTC=22%, plaquetas 250mil,
lactato elevado
o TP,TTPa e AP próximos da normalidade
o Laparotomia exploradora sob anestesia geral
o Anestesia geral com intubação traqueal
o Tumor de reto com obstrução e sangramento
o Reposição volêmica: Cristalóides, Colóides
NÃO! e concentrado de hemácias
o Choque misto: distributivo + hipovolêmico
o Qual droga vasoativa devo usar neste paciente?
Choque séptico: distributivo – sua base é a vasodilatação, mas também há citocinas
inflamatórias que podem levar a diminuição da função cardíaca (choque misto)
Usar noradrenalina (principal)
Dá para usar outro: dobutamina ou adrenalina (ação beta)
Caso Clínico 2
o Gestante 39 semanas
o Cesariana - Raquianestesia L2-L3
Lembrando que a raquianestesia provoca
bloqueio simpático, com vasodilatação e
consequentemente hipotensão, necessitando
de droga vasoativa para evitar o sofrimento do
feto.
o Acesso periférico
o PA = 86x55 mmHg e FC=98 bpm
o Droga(s) vasoativa(s)?
Fenilefrina - porque a FC tá elevada e a PA tá baixa!
Caso Clínico 3
o Paciente ASA 1, cirurgia de joelho
o Acesso periférico
o Peridural simples L2 - L3
o PA = 86 X 55 mmHg e FC = 52 bpm
o Droga(s) vasoativa(s)?
Efedrina – porque a FC está baixa
Caso Clínico 4
o ASA 1, cirurgia de coluna (correção de escoliose)
É uma cirurgia que sangra muito e dói muito
também no pós-operatório.
o Acesso periférico e central
o Anestesia geral
o PA = 130x95 mmHg e FC=90 bpm + sangramento
Note que a PA e FC estão aumentando e
provavelmente o paciente está sangrando mais
por causa desses níveis tensionais elevados.
o Droga(s) vasoativa(s)?
α-2 agonista: clonidina, dexmedetomidina – diminui FC, PA e promove analgesia.
Obs: Neste caso, o α-2 agonista é melhor que os vasodilatadores não-adrenérgicos (ex:
nitroglicerina), mas nesse caso não se trata de uma urgência hipertensiva, e o paciente
pode fazer bradicardia rapidamente.
Caso Clínico 5
o ASA 3, passado de IAM
o Monitor:
FC = 97 bpm; PA = 167x71 mmHg; PAM = 103 mmHg
o Retossigmoidectomia
o Acesso central
o Anestesia geral
o Desnivelamento de ST (supra)
o Droga(s) vasoativa(s)?
β-bloqueador endovenoso (esmolol, metoprolol)
Caso Clínico 6
o ASA 3, passado de IAM
o Monitor:
FC=141 bpm, PA=81x44 mmHg
Provavelmente está tendo desnivelamento de ST
por desequilíbrio oferta/demanda
o Retossigmoidectomia
o Acesso central
o Anestesia geral
o Desnivelamento de ST: desequilíbrio oferta/demanda
o Droga(s) vasoativa(s)?
Noradrenalina: TENHO que usar! A PA tá muito baixa e FC muito alta! Preciso aumentar
a pressão na raiz da aorta, aumentando PA e diminuindo FC
Posso associar: β-bloqueador
Fenilefrina seria outra opção, porque ela é α agonista, age na cabeça de PA e
naturalmente diminui a FC.
Obs: usar nitroglicerina aqui seria deletério! Preciso aumentar a PA, podendo lançar
mão de β-bloqueador também se eu quiser.
Caso Clínico 7
o Idoso, ASA 2 (apenas HAS)
o RTU de próstata
o Acesso periférico
o Raquianestesia L3-L4 (procedimento baixo)
o Pós-operatório imediato: dispneia, estertores
crepitantes, PA = 190 x 100 mmHg e FC = 65 bpm
Paciente apresentando provável edema agudo
de pulmão, em função de sobrecarga líquida absorvida pelo leito de irrigação. O edema
agudo de pulmão é uma emergência hipertensiva.
Lembrar que qualquer paciente idoso, mesmo se mostrando no pré-operatório um
ASA 2, ele pode possuir certa disfunção ventricular. Aí quando ele tem sobrecarga
hídrica durante o procedimento, mostra que o seu coração é fraco.
o Droga(s) vasoativa(s)?
Nitrato: preciso vasodilatar, diminuir pressão arterial pulmonar e pré-carga. Preferível
usar Nitroglicerina, mas não está errado usar Nitroprussiato de sódio.
Obs: Poderia usar até um inodilatador, mas apenas se eu souber função cardíaca deste
paciente e ela estiver preservada!
Caso Clínico 8
o Idosa, ASA 3, disfunção ventricular esquerda
o Revascularização do miocárdio na saída de
circulação extracorpórea.
Serra o esterno e afasta o tórax, expondo o
coração para o cirurgião operar. Na maioria das
vezes esse coração deve ficar parado, sendo necessária uma equipe especializada
(Equipe de Perfusão) para realizar o desvio de fluxo de aorta e cava para a máquina de
circulação extracorpórea. O fluxo sanguíneo deixa de ser pulsátil e é oxigenado na
máquina, não mais no pulmão. Isso tende a deformar hemácias, provocando sofrimento
de vários órgãos.
Foi feita uma ponte mamária e a revascularização foi um sucesso. Agora, é necessário
fazer com que a paciente recupere, saia de circulação extracorpórea. Para isso, seu
coração deve voltar a bater (normalmente, são usadas soluções cardioplégicas a base
de potássio para que ele pare de bater). Devo estimular esse coração!
o Acesso central, anestesia geral
o PA=76 x 55 mmHg e FC=80 bpm no início da recuperação
o Droga(s) vasoativa(s)? – para estimular esse coração
Inotrópico positivo (Dobutamina)
Obs: E assim que for restabelecido níveis normais ou elevados de PA, podemos tentar
usar o Fenoldopam ou um inodilatador (Amrinone, Milrinone). Mas no início não, pois
a PA cairia.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Farmacologia:
Vasodilatação: vasoconstritores
Vasoconstrição: vasodilatadores