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AMÉRICA PORTUGUESA
Administração
O território foi dividido em capitanias hereditárias que eram demarcadas de acordo com
os acidentes geográficos do litoral. O protagonista desse sistema era o donatário. A ideia era
distribuir a terra entre os principais nobres de Portugal e a eles caberia o ônus da colonização;
todavia, os grandes nobres rejeitaram a proposta. Então, a terra foi dada aos fidalgos de segunda
escala e aos militares.
A Carta de Doação vinha acompanhada do primeiro documento jurídico brasileiro, o
Foral, que previa todos os direitos e deveres os donatários.
As sesmarias eram uma subdivisão das capitanias hereditárias (mediam seis léguas por
seis léguas). Para muitos, a partir daí iniciou-se o processo de concentração fundiária no Brasil.
O sistema de capitanias hereditárias foi um fracasso na maioria dos casos. Dentre os
motivos, podemos citar:
a distância de Portugal que levou à falta de comunicação com a metrópole;
a vasta extensão das capitanias;
os ataques indígenas que prejudicaram a colonização;
a falta de interesse de muitos donatários que sequer chegaram a vir ao Brasil;
a falta de apoio da Coroa portuguesa.
Por outro lado, algumas capitanias deram certo. As capitanias de Pernambuco e São
Vicente foram bem-sucedidas, tiveram plantação de cana-de-açúcar e atraíram pessoas.
Portugal tentou recuperar as capitanias que fracassaram instituindo um governo geral.
Economia
O principal produto do Brasil colonial era o açúcar. O açúcar foi escolhido porque tinha
status de especiaria, e por isso era lucrativo; além disso, Portugal já havia tido experiências
anteriores com o cultivo da cana nas ilhas atlânticas. O solo massapê e o clima tropical também
eram favorável à tal atividade.
A principal unidade produtiva era o engenho de açúcar formado pela lavoura, casa
grande, senzala, moenda2 e casa de purgar (onde se transformava o caldo em melaço).
As propriedades eram plantations: latifúndio monocultor escravista. No primeiro
momento, a escravidão era indígena. Na América Portuguesa a quantidade de índios não era tão
grande quanto a da América Espanhola. Houve várias mortes devido ao choque bacteriológico.
Muitos índios migraram para o interior do país (eram seminômades). E muitos dos capturados
resistiam ao trabalho devido a questão cultural. A Igreja protegia os índios permitindo a
escravização apenas daqueles que resistiam à catequese - conceito de guerra justa. Durante
todo o período colonial, houve escravização indígena sendo ela permitida ou não.
A escravidão africana remonta ao século IX. Ela gerava grandes lucros à Coroa. (O tráfico
negreiro foi o que mais rendeu dinheiro a Portugal). A Igreja permitia a escravidão do negro
alegando que escravo não tinha alma; porém, alguns setores católicos discordavam como Padre
Antônio Vieira.
Sociedade
Gilberto Freyre dividia a sociedade colonial entre casa grande e senzala. Ilmar Matos
apresenta outra divisão na qual o colonizador é o agente da colonização portuguesa (ex.: bispo,
capitão, governador-geral, ouvidor-mor), os colonos são os proprietários de terra e de escravo
(o senhor de engenho), e o colonizado é o índio, o escravo, o mercador, o mascaste, os
descendentes portugueses não proprietários de terra.
1 O homem bom do Brasil colonial era aquele que não utilizava as mãos para promover seu sustento: era o grande proprietário de
terra e escravo.
2 Há duas formas para mover a moenda: com animal (chamada de trapiche) ou com água (chamada de engenho real). A moenda
era cara e, por isso, havia fazendas que não tinham moenda.