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Justiça como equidade – uma proposta de trabalho

Título: Princípios que garantem o exercício da justiça como equidade

Autor e obra: Samuel Freeman (editor), The Cambridge companion to Rawls

Texto
Princípios que garantem o exercício da justiça como equidade

«O primeiro princípio de Rawls, o princípio de iguais liberdades básicas, está em


paralelo com o princípio da liberdade de J. S. Mill, na medida em que é concebido
como definindo os limites constitucionais de um governo democrático. Rawls vê
certas liberdades como “básicas”. Estas incluem liberdade de consciência e
liberdade de pensamento, liberdade de associação, e os direitos e liberdades que
definem a liberdade e a integridade da pessoa (incluindo liberdade de movimento,
ocupação, e escolha de carreira, e o direito à propriedade pessoal); ainda incluem,
segundo Rawls, iguais direitos políticos de participação e os direitos e liberdades
que mantêm o governo da lei. Chamar “básicas” a estas liberdades significa (em
parte) que elas são mais importantes do que outras. A maior parte das pessoas
rapidamente admitirá que é bem mais importante que as pessoas tenham liberdade
para dizer o que pensam, praticarem a sua fé ou a ausência dela, escolherem as
suas carreiras e casarem e serem amigas ou associarem-se com quem desejem do
que serem livres para assediar outras, conduzir desastrada e velozmente como bem
lhes apetece ou passearem-se nuas pelas ruas e fazerem as necessidades em
público. Poucos chamariam restrições às leis que proíbem estas últimas ações na
liberdade de uma pessoa. […]
À conta do seu papel na definição da conceção de pessoa moral, que subjaz ao
ponto de vista de Rawls, a justiça como equidade confere às liberdades básicas
estrita prioridade sobre outros bens sociais. Isto significa que as liberdades básicas
apenas podem ser limitadas se o objetivo for o de manter outras liberdades
básicas. Não podem ser comprometidas para promover maior felicidade agregada
na sociedade, para aumentar a riqueza da nação ou para promover valores
culturais perfecionistas. As liberdades básicas não podem ser limitadas mesmo que
seja para salvaguardar uma melhor realização dos propósitos do princípio da
diferença de Rawls. Que os mais carenciados desejem desistir de algumas das suas

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liberdades básicas (tais como o direito de voto) em troca de acrescidos rendimentos
suplementares não é politicamente consequente. Porque a primeira prioridade da
justiça, para Rawls, é manter igual liberdade e respeito pelas pessoas na sua
capacidade de cidadania democrática. Isto indica o modo como a justiça como
equidade está enraizada num ideal de pessoas como cidadãos livres e iguais que
exercem as suas capacidades para a justiça e para a racionalidade (os dois poderes
morais) enquanto participam no governo dos assuntos públicos e perseguem
livremente as suas conceções de vida boa. As liberdades políticas, para além de
serem necessárias para o sentido de respeito próprio da pessoa, são também
essenciais para o desenvolvimento cabal da capacidade de um sentido de justiça
que em parte define este ideal de cidadãos. É porque as liberdades básicas são
essenciais ao exercício dos poderes morais que elas são inalienáveis: não há o
direito de desistir ou de negociar as liberdades indispensáveis para definir o
estatuto do cidadão enquanto pessoa igual e livre. Este é um dos aspetos em que a
justiça como equidade difere do libertarismo. As irrestritas liberdades de contrato e
a transferência, que são características definidoras do libertarismo, não são
liberdades básicas ou mesmo liberdades protegidas, de acordo com a perspetiva
liberal de Rawls*. […]
Isto levanta a questão da relação entre o princípio da diferença e o princípio das
liberdades básicas iguais. Rawls acredita que os dois princípios de justiça não
podem ser apreciados ou justificados separando-se um do outro. Para uma
conceção ser liberal não basta reconhecer liberdades básicas e atribuir-lhes
prioridade. Uma conceção liberal de justiça também reconhece um mínimo social,
um direito social básico para disponibilizar recursos, particularmente rendimento e
riqueza. Porque, sem um mínimo social, as liberdades básicas são meras proteções
formais e pouco valor têm para as pessoas que se encontram na pobreza, sem
meios para tirar partido das suas liberdades. Por isso, Rawls defende que qualquer
perspetiva liberal tem de proporcionar algum tipo de mínimo social para garantir o
valor das liberdades básicas. O que distingue a justiça como equidade é o seu
igualitarismo: define um mínimo social em termos do princípio da diferença. Ora, o
princípio da diferença tem uma relação distinta com o princípio das liberdades
básicas iguais. Admite desigualdades em rendimento e em riqueza na medida em
que permitam maximizar o exercício efetivo das liberdades básicas iguais para os
mais desfavorecidos.»

Samuel Freeman (editor), The Cambridge companion to Rawls, Cambridge University Press, Cambridge,
Inglaterra, 2003, pp. 4-6 [trad. de A. Maia Gaspar]

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* Nota da tradução: A referência a “liberdades irrestritas” e a “transferência” prende-se com
o facto de a crítica à Teoria do Contrato insistir no princípio de que, apenas porque as partes
entram em acordo, isso não legitima o contrato; há condições contratuais que têm de ser
acauteladas e uma das partes não pode transferir para a outra, mesmo por acordo, direitos
inalienáveis.

Conteúdo
Neste texto, apresentam-se os pressupostos fundamentais para o exercício da
justiça como equidade defendido por John Rawls; estes são o princípio das
liberdades básicas iguais – princípio da liberdade – e o princípio da diferença.
O princípio da liberdade visa garantir a todos o acesso a liberdades fundamentais
para a própria identidade da pessoa e para o exercício da cidadania e por isso essas
liberdades são inalienáveis e inegociáveis, não são objeto de contrato; os mais
desfavorecidos não podem prescindir delas a troco de benefícios de rendimento.
Mas, para que essas liberdades tenham substância e não sejam meras
formalidades, é preciso garantir um mínimo social de recursos, é preciso garantir
esse exercício efetivo e aqui entra o princípio da diferença que reconhece a
existência de diferenças de rendimento, mas apenas se essas diferenças
redundarem no benefício de todos e não apenas de alguns.
A conceção de Rawls é uma conceção liberal de justiça mas é diferente do
libertarismo e essa diferença reside sobretudo no reconhecimento da importância
do princípio da diferença e na insistência de Rawls em não considerar
separadamente os dois princípios.

Interesse do texto

Permite compreender o conteúdo e a importância do princípio das iguais liberdades


básicas e do princípio da diferença enquanto alicerces do exercício de uma justiça
entendida como equidade.

Estrutura do texto
O texto apresenta uma estrutura descritivo-argumentativa, visível nos exemplos
dados, nas características apresentadas e nas justificações propostas.

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Proposta de exploração

Reorganização da informação através do preenchimento do quadro.

Princípios que garantem o exercício da justiça como


equidade

Exemplos de liberdades
básicas

Limitações ao exercício das


liberdades básicas

Razões por que as liberdades


básicas são inalienáveis e
inegociáveis

Diferenças entre a justiça


como equidade e o
libertarismo

Papel do princípio da
diferença no exercício da
justiça como equidade

Pressupostos de uma
conceção liberal de justiça =
justiça como equidade

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Quadro preenchido

Princípios que garantem o exercício da justiça como


equidade
“Liberdade de consciência e liberdade de pensamento,
Exemplos de liberdades
liberdade de associação, e os direitos e liberdades que
básicas
definem a liberdade e a integridade da pessoa.”

Limitações ao exercício das “Apenas podem ser limitadas se o objetivo for o de


liberdades básicas manter outras liberdades básicas.”

“As liberdades básicas são essenciais ao exercício dos


Razões por que as liberdades
poderes morais […] não há o direito de desistir ou de
básicas são inalienáveis e
negociar as liberdades indispensáveis para definir o
inegociáveis
estatuto do cidadão enquanto pessoa igual e livre.”

Diferenças entre a justiça “As irrestritas liberdades de contrato e a transferência


como equidade e o que são características definidoras do libertarismo não
libertarismo são liberdades básicas ou mesmo liberdades protegidas.”

“Admite desigualdades em rendimento e em riqueza na


Papel do princípio da
medida em que permitam maximizar o exercício efetivo
diferença no exercício da
das liberdades básicas iguais para os mais desfavore-
justiça como equidade
cidos.“

“Para uma conceção ser liberal não basta reconhecer


Pressupostos de uma liberdades básicas e atribuir-lhes prioridade. Uma conce-
conceção liberal de justiça = ção liberal de justiça também reconhece um mínimo
justiça como equidade social, um direito social básico para disponibilizar recur-
sos, particularmente rendimento e riqueza.”

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