Uma carne viva, uma vida morta. Vivo em um corpo vivo sempre ansiando por coisas, coisas que já nascem mortas, abortos sorridentes embalados pela canção da cegueira infinita bailando sobre os corpos dos prazeres em cópula com todas as dores enquanto abrem o meu peito e lambem sugando o sangue do meu coração, do meu trêmulo coração sem vontade.
A cada desejo, a mentira da vida...
Tão suculento, coxas úmidas, lábios e línguas… Fantasmas com máscaras de Vênus e os louros de Apolo, sendo tudo mas nunca sem polos. Sou corrompido pelas alturas, violentado pelos de baixo. Se olho pra cima e grito: Salve-me! O decote do mundo desvia o meu olhar. Quando dou por mim estou no quarto escuro entre os lábios de Babilônia... Mundo atrás dos meus olhos, esperança de prazeres eternos como núvens. Eu me embriago com o seu perfume, fazendo juras de amor, achando que eu a penetro, quando sou penetrado de todas as formas e grito:
Mais!
Ela se aproxima da minha face,
seu hálito doce, seus cabelos serpenteantes, e nos seus olhos frios, sem vida como um espelho, vejo refletido a mim mesmo e com horror percebo que não existo, sou apenas ela que olha para o vazio dançando sobre os cadáveres da vida, sem vida, sonhando tudo. Cl areses