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METABÓLICAS 1
Introdução
A obesidade pode ser hoje considerada uma das principais condições patológicas
observadas em cães e gatos. Por definição, se caracteriza por um acúmulo excessivo de tecido
adiposo branco, sabidamente um órgão hormonalmente ativo, responsável pela mediação de
uma série de reações metabólicas. Podendo ser classificado como um estado inflamatório
incialmente de baixa intensidade, o excesso de gordura corpórea expõe o paciente obeso a um
maior risco de distúrbios cardiorrespiratórios, osteomusculares, diabetes mellitus, disfunções do
trato hepatobiliar, urogenital e predisposição a tumores e alterações na qualidade do tegumento,
visão, sistema imunológico e redução significativa na expectativa de vida.
Etiologia
Estima-se que entre 25 a 40% da população canina e felina que recebe atendimento
veterinário hoje se encontra acima do peso ou é obesa, dependendo do centro de referência. É
válido ressaltar que a opinião veterinária geralmente diverge da concepção pessoal do
proprietário do animal, por se tratar de uma avaliação por vezes subjetiva e assim muito sujeita
ao viés do observador. Podemos classificar a obesidade quanto a sua origem como primária ou
secundária a alguma co-morbidade, geralmente de caráter hormonal ou farmacológico.
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CARVALHO, G. L.C. Obesidade em cães e gatos: complicações metabólicas. Seminário apresentado na
disciplina Transtornos Metabólicos dos Animais Domésticos, Programa de Pós-Graduação em Ciências
Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014. 6 p.
a quantidade diária recomendada de ingestão de alimentos. Pessoas que não tem hábitos de
exercícios regulares ou reservam algum período do seu tempo para tal, tampouco o fazem com
seus animais. Existem ainda raças com predisposição genética a obesidade, como é o caso do
Beagle e dos Retriever.
Diagnóstico
Existem ainda medidas morfométricas que podem ser úteis para avaliar o percentual de
gordura corpórea, sendo as mais utilizadas a relação entre gradil costal e distância da patela a
tuberosidade calcânea (índice de massa corpórea felina) e relação entre cintura pélvica e
distância do tarso ao joelho em cães.
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Complicações metabólicas
Além destes e outros hormônios, os adipócitos também são responsáveis pela produção
de citocinas pró-inflamatórias como o TNFα e IL-6, responsáveis por ativação do sistema
imunológico em resposta a processos infecciosos ou neoplásicos. Na situação de obesidade, há
um excesso de infiltrado de macrófagos no tecido adiposo, deflagrando um aumento na
produção e expressão dessas substâncias associado ao aumento do tecido adiposo.
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expressão de leptina no líquido sinovial, estando esta relacionada a um aumento de produção de
citocinas inflamatórias nos condrócitos. O paciente obeso é mais predisposto à ruptura do
ligamento cruzado cranial, luxação de patela, doença degenerativa articular e doença do disco
intervertebral.
As neoplasias também parecem ter correlação com o excesso de leptina, sendo esta
responsável por uma estimulação de IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina-1) e
outros secretagogos do hormônio do crescimento, afetando assim os processos de
divisão/diferenciação celular e angiogênese. A frequência de tumores de bexiga, pele e mama
está aumentada em animais obesos. A injúria pancreática crônica decorrente da dislipidemia
parece também ter relação com o desenvolvimento de adenocarcinomas neste órgão.
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Tratamento
O tratamento da obesidade passa por uma mudança no estilo de vida do animal, e por
conseguinte, do proprietário. As maneiras de se intervir no desbalanço energético estão
relacionadas a uma menor ingestão calórica ou a um maior gasto, geralmente tendo sucesso uma
combinação entre as duas abordagens. Torna-se desafiadora ao médico veterinário esta
intervenção quando o proprietário também é obeso, associação bastante observada. A
administração de alimentos aumenta a sensação de prazer do observador e é vista como sinal de
saúde, enquanto a redução nesta ingestão é interpretada como uma preocupação.
Considerações finais
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Referências