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RESUMO DE DIREITO

TRIBUTÁRIO
Material meramente de apoio, não substituindo estudo pela doutrina
recomendada em aula.

O Estado, como sociedade política, tem um fim geral, constituindo-


se em meio para que os indivíduos e as demais sociedades possam atingir seus respectivos
fins particulares. O fim do Estado é o bem comum, ou seja, o conjunto de todas as
condições de vida social que consintam e favoreçam o desenvolvimento integral da
personalidade humana.
Por intermédio de sua atividade financeira, o Estado desenvolve
diversas ações para obter, gerir e aplicar os meios próprios para satisfazer as necessidades
da coletividade e realizar seus fins. Assim, poderá contar com várias formas de obter
receitas financeiras, quais sejam: as receitas originárias, provenientes de doações, legados e
preços públicos (proveniente da exploração do patrimônio próprio do Estado); e as receitas
derivadas, relativas aos tributos e multas. A receita tributária (decorrente da arrecadação
de tributos) é a mais comum e eficiente.
O tributo é o instrumento básico viabilizador de qualquer sociedade
constituída. Quanto mais evoluída for a organização da sociedade, mais evoluída deverá ser
a tributação, que se iniciou por meio de imposições isoladas, sem planejamento, até chegar
aos complexos sistemas tributários atuais.
O Direito Tributário é um ramo autônomo do Direito que tem por escopo a instituição,
arrecadação e fiscalização dos tributos.

FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO

Fontes são os “modos de expressão do Direito”. Isso significa que


as fontes do Direito brasileiro são as normas jurídicas, uma vez que é por meio delas que o
direito se manifesta.

Fontes primárias
 Constituição Federal – Estabelece as competências tributárias (poder de tributar) aos
entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e seus limites. É importante
frisar que a CF não cria tributos, apenas confere competência para que as pessoas políticas
instituam, por meio de lei, as exações tributárias.
 Emendas constitucionais - Podem alterar, dentro dos limites estabelecidos pelo poder
constituinte originário (art. 60, § 4.º, CF), princípios e regras reguladoras de todo o
Sistema Tributário Nacional.
 Tratados e convenções internacionais (art. 98) – Revogam ou modificam a legislação
tributária interna, e as leis que lhes forem posteriores devem adequar-se a eles.
 Leis complementares (art. 146, CF) – Dispõem sobre conflitos de competência e
normas gerais de Direito Tributário. A lei complementar, em regra, não cria tributos,
salvo nas hipóteses de empréstimos compulsórios (art. 148, CF) e competência
residual da União (art. 154, I CF). Todos os demais tributos podem ser criados por lei
ordinária.
 Leis ordinárias – São em regra, o veículo normativo capaz de instituir, aumentar ou
extinguir tributos.
 Leis delegadas – São elaboradas pelo presidente da República sobre matérias
específicas (art. 68, CF) quando o Congresso Nacional assim autorizar. Essa espécie
normativa pode ser utilizada para criar tributos, salvo no caso dos tributos que exigem
sua criação por lei complementar.
 Medidas provisórias – Só poderão instituir impostos nos casos de urgência e de
relevante interesse nacional, dependendo, ainda, de sua conversão em lei no prazo de 60
dias.
 Decretos legislativos – São atos do Congresso Nacional que se prestam a disciplinar
matérias privativas do Congresso Nacional. Entre essas matérias devem ser citados os
tratados e convenções internacionais, os quais serão aprovados pelo Congresso
Nacional, que se pronunciará por meio de decretos legislativos, promulgados pela
presidência do Senado Federal.
 Resoluções do Senado Federal – Estabelecem as alíquotas mínimas e máximas do
ICMS nas operações internas e são utilizadas também para resolver os conflitos
específicos que envolvam interesses dos Estados membros (art. 155, § 2.º, IV e V, “a” e
“b”, CF) ou aqueles que estabeleçam as alíquotas aplicáveis às operações e prestações,
interestaduais e de prestação. Fixam também as alíquotas máximas do ITCMD (art. 155,
I, c/c § 1.º, IV, CF).

Fontes secundárias
 Decretos – São as normas editadas pelo chefe do Poder Executivo para o cumprimento
das leis tributárias. Os decretos não inovam a ordem jurídica, apenas explicitam as
normas, possibilitando sua aplicação.
 Normas complementares – Têm como objetivo explicitar (e não inovar o sistema
jurídico) as leis, os tratados e convenções internacionais e os decretos (art. 100). São os
atos normativos, decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa
(“jurisprudência administrativa”), práticas reiteradas e os convênios celebrados entre os
poderes da Federação.

PODER DE TRIBUTAR (COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA)

A Constituição Federal consagrou o princípio do federalismo


delimitando e dividindo entre os entes políticos o poder de tributar, garantindo o equilíbrio
entre a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal.

Características e modalidades da competência tributária


São características intrínsecas:
 Indelegabilidade – Não é possível ao ente político que recebeu a competência delegá-la
a outro ente ou a outra entidade (art. 7.º).
 Irrenunciabilidade – Em razão de a competência ser proveniente de uma regra
constitucional, mesmo que o ente político não a queira, ou dela não se valha, essa atitude
não lhe entrega o direito de renunciar à competência.
 Incaducabilidade – Essa característica garante ao ente político valer-se desse poder de
tributar quando desejar sem que tenha de se preocupar com seu “prazo de validade”. O
não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público
diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído (art. 8.º).

A capacidade tributária ativa não se confunde com


competência, pois a competência vem em decorrência de uma regra constitucional, já a
capacidade vem delegada em decorrência de uma lei ordinária. O CTN admite a delegação
da atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos. Ressalta-se que a atividade de
legislar não pode ser delegada e que não constitui delegação de competência o
cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo de arrecadar tributos (art. 7.º, § 3.º).

São cinco as modalidades de competência tributária:


 Competência comum – Diz respeito às taxas e contribuições de melhoria, as quais
podem ser instituídas tanto pela União quanto pelos Estados, Distrito Federal e
Municípios, respeitadas as competências materiais outorgadas pela Constituição para
cada ente político.
 Competência privativa – Refere-se à instituição de impostos. Cada ente político possui
uma competência privativa sobre determinado conteúdo econômico (propriedade, renda,
consumo, patrimônio, etc.).
 Competência especial – Refere-se à instituição das contribuições especiais e do
empréstimo compulsório.
 Competência residual – É exclusiva da União para a instituição de novos impostos
(art. 154, I, CF) e novas contribuições sociais (art. 195, § 4.º, CF), desde que essa
criação atenda às seguintes condições: instituição por lei complementar; não-
cumulatividade; fato gerador e base de cálculo diferentes dos impostos já discriminados
na Constituição.
 Competência extraordinária – Na iminência ou no caso de guerra, a União poderá
instituir o Imposto Extraordinário de Guerra, sobre conteúdos econômicos
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR

As limitações ao poder de tributar devem ser observadas sob dois


aspectos: o primeiro diz respeito aos princípios, os quais regulam, norteiam a competência
dos entes políticos; o segundo, às imunidades, regras que proíbem a tributação sobre certos
bens, pessoas ou fatos a fim de proteger determinados conteúdos axiológicos contidos na
Constituição.

Princípios
 Princípio da legalidade – A regra constitucional determina que a instituição ou
majoração de tributos deverá ser estabelecida por lei (art. 150, I, CF). Será, em regra,
lei ordinária salvo se a Constituição Federal fixar explicitamente o uso de lei
complementar (arts. 148 e 154, I, CF).
As medidas provisórias podem instituir e majorar impostos que não
sejam privativos de lei complementar. Para tanto, devem ser convertidas em lei dentro do
prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60 (art. 62, § 7.º, CF). A produção dos efeitos da
medida provisória ocorrerá no exercício financeiro seguinte, desde que seja convertida em
lei até o último dia daquele em que foi editada (art. 62, § 2.º, CF).
 Princípio da igualdade – Todos são iguais perante a lei (art. 5.º, CF), de modo que a
tributação deve alcançar todos os contribuintes. Para atingir a igualdade em matéria
tributária, os contribuintes que se encontrem em situação equivalente serão tratados
igualmente e os que estiverem em situação diferente serão tratados desigualmente, na
medida de suas desigualdades (art. 150, II, CF).
 Princípio da irretroatividade – Esse princípio ratifica a segurança jurídica, proibindo
que haja a incidência de tributos sobre fatos geradores ocorridos antes da vigência da lei.
No entanto, segundo dispõe o art. 106 do CTN, a lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I. em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, ou
II. tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente à época do
fato gerador ou da prática do ato.
 Princípio da anterioridade – A anterioridade também é corolário da segurança jurídica.
Estabelece, portanto, que os entes tributantes não podem exigir tributos no mesmo
exercício financeiro (1.º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano, conforme o art. 34 da
Lei 4.320/64) em que tenham sido publicadas as leis que os instituíram ou aumentaram
(art. 150, III, “b”, CF). São exceções, isto é, a instituição ou majoração poderá ser
exigida no mesmo exercício financeiro da data da publicação da lei:
a) os impostos reguladores – II, IE, IPI e IOF;
b) CIDE petróleo;
c) Empréstimo compulsório quando instituído em caso de despesas decorrentes de
calamidade pública, guerra externa ou sua iminência;
d) Imposto Extraordinário de Guerra;
e) Contribuições sociais, uma vez que estas estão sujeitas a um regime jurídico próprio,
denominado anterioridade mitigada ou nonagesinamal; assim, quando uma
contribuição social for instituída ou majorada, seus efeitos ficam suspensos até que
decorram 90 dias da data da lei que a publicou (art. 195, § 6.º, CF).
A anterioridade não deve ser confundida com o princípio da
anualidade, segundo o qual, para que um tributo seja criado ou majorado, é necessária
prévia autorização orçamentária de forma anual. A Constituição Federal de 1988 não
recepcionou esse princípio.
 Princípio da anterioridade mínima – Trata-se de regra constitucional introduzida pela
EC 42/03, que acrescentou a letra “c” ao art. 150, inciso III. Segundo essa nova regra,
além de observar o exercício financeiro seguinte, é necessário também observar se da
data que instituiu ou majorou o tributo já decorreram 90 dias.
Com a anterioridade mínima, o aumento na carga tributária somente produzirá efeitos no
exercício financeiro seguinte, bem como será observada a vacatio legis de 90 dias entre a
data da lei e sua exigência efetiva.
São exceções (art. 150, § 1.º, CF):
a) empréstimo compulsório motivado por calamidade pública, guerra externa ou sua
iminência;
b) II, IE, IOF e IR;
c) Impostos Extraordinário de Guerra;
d) Fixação da base de cálculo do IPVA e do IPTU.
 Princípio do não-confisco – O princípio da proibição de tributo com efeito de
confisco(art. 150, IV, CF) pode ser enunciado como a vedação à instituição de tributo
que sejam excessivamente onerosos, antieconômicos, inviabilizando o desenvolvimento
de atividades econômicas capazes de produzir riquezas.
 Princípio da liberdade de tráfego – O que se quer proteger é o direito constitucional à
livre locomoção (art. 5.º, XV). Os entes políticos não podem estabelecer limitações ao
tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais. A
exceção a esse princípio diz respeito à cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público (art. 150, V, CF).
 Princípio da uniformidade geográfica – Trata-se de regra constitucional a ser
observada pela União, impedindo-a que institua tributo que não seja uniforme em todo o
território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro. Admite-se distinção quando o
objetivo seja promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre diferentes
regiões do país, por meio da concessão de incentivos fiscais (art. 151, I, CF).
 Princípio da não- diferenciação tributária – A ser observado pelos Estados, Distrito
Federal e Municípios, esse princípio veda que exista diferença tributária em razão da
procedência ou destino dos bens ou serviços (art. 152, CF).
 Princípio da capacidade contributiva – Tem o intuito de alcançar a chamada Justiça
Fiscal. Conforme a norma constitucional, sempre que possível os impostos deverão ter
caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte (art.
145, § 1.º, CF). É instrumento deste o princípio da progressividade fiscal, segundo o
qual as alíquotas deverão ser progressivas quanto maior for a base de cálculo do tributo.
 Princípio da não-cumulatividade – Visa a evitar o famoso efeito cascata dos tributos,
compensando se for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou
prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro
Estado ou pelo Distrito Federal (art. 155, § 2.º, I, CF).
 Princípio da seletividade – Tem o condão de selecionar os bens tributários, aplicando-
lhes alíquotas diferentes de acordo com seu grau de essencialidade. Quanto mais
essencial for um produto, menor será a alíquota aplicável. O princípio é aplicado ao IPI,
obrigatoriamente (art. 153, § 3.º, I, CF), ao ICMS, facultativamente (art. 155, § 2.º, III,
CF), e ao IPVA, facultativamente (art. 155, § 6.º, II, CF).

IMUNIDADES
A imunidade tributária ocorre quando a regra constitucional impede
a incidência da regra jurídica de tributação, criando um direito subjetivo público de exigir
que o Estado se abstenha de cobrar tributos (não sofrer a tributação). Trata-se de uma não-
incidência constitucionalmente qualificada. Logo, o que é imune não pode ser tributado.

Imunidade e isenção são institutos distintos. Enquanto a


imunidade esta situada no plano constitucional, a isenção vem amparada por lei ordinária
do ente político que possui competência para a instituição de determinado tributo. Apenas
quem tem poder para instituir é quem tem poder para isentar. Quanto à imunidade, cabe
somente à Constituição estabelecê-la.

O art. 150, inciso VI, da CF estabelece que é vedado à União, aos


Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre:
a) Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros – Conhecida como imunidade
recíproca, essa regra constitucional confirma o federalismo, pois a tributação implica
soberania. Como entes políticos são autônomos entre si, não poderia haver cobranças
tributárias entre os entes, o que fragilizaria a Federação.
Há que se destacar que o benefício imunizatório abarca também as
autarquias e fundações instituídas pelo Poder Público no que se refere ao patrimônio, à
renda e aos serviços vinculados a sua finalidades essenciais ou às delas decorrentes (art.
150, § 2.º, CF).
É importante ainda lembrar que essas regras não se aplicam ao
patrimônio, à renda e aos serviços relacionados com a exploração de atividades econômicas
regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados ou em que haja
contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exoneram o
promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel (art.
150, § 3.º, CF).
b) Templos de qualquer culto (imunidade religiosa) – Visando a garantir o disposto no
art. 5.º, inciso VI, da CF, que assegura a liberdade de consciência e de crença, a
imunidade aqui disposta abrange o patrimônio, as rendas e os serviços da entidade
religiosa, desde que estejam relacionados com as finalidades essenciais da atividade
religiosa (art. 150, § 4.º, CF).
c) Partidos políticos, entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de educação e
de assistência social – Reconhecida como imunidade condicional, a regra dispões que
os partidos políticos, inclusive suas fundações, não sofrerão incidência de impostos
sobre seu patrimônio, rendas ou serviços, desde que vinculados a suas finalidades
essenciais, o mesmo valendo para os sindicatos. Quanto às entidades de educação e de
assistência social, estas não devem ter fins lucrativos; não distribuir qualquer parcela do
patrimônio ou das rendas; aplicar os recursos institucionais no país; e manter
escrituração de suas receitas e despesas. Caso algum requisito seja descumprido, a
aplicação do benefício será suspenso (art. 14, § 1.º).
d) Livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão – A imunidade em
questão não é da editora ou da empresa que comercializa livros, jornais ou periódicos. A
imunidade é objetiva, direcionada, portanto, a esses bens. Tem o condão de proteger a
liberdade de manifestação do pensamento.
Outras imunidades

Além dessas principais imunidades, existem muitas espalhadas pelo


corpo do texto constitucional, dentre as quais podem-se destacar:
 imunidade de produtos industrializados destinados ao exterior (art. 153, § 3.º, III, CF);
 imunidade das pequenas glebas rurais (art. 153, § 4.º, CF), desde que o proprietário não
possua outro imóvel e mantenha atividade exploradora;
 imunidade do ICMS quanto a mercadorias e serviços destinados ao exterior (art. 155, §
2.º,X, “a”, CF);
 imunidade do ICMS quanto a operações que destinem a outros Estados petróleo,
inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica
(art. 155, § 2.º, X, “b”, CF);
 imunidade do ICMS sobre o ouro quando definido em lei como ativo financeiro ou
instrumento cambial (art. 155, § 2.º, “c”, CF);
 imunidade do ICMS nas operações de serviços de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita (art. 155, § 2.º, X,
“d”, CF);
 imunidade do ITBI em relação a direitos reais de garantia (art. 156, II, CF);
 imunidade do ITBI sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio
de pessoa jurídica em realização de capital (art. 156, § 2.º, I, CF);
 imunidade das Contribuições Sociais para a Seguridade Social relativas às entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS

Tributo

São características dos tributos:


 Prestação pecuniária em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: para cumprir a
obrigação de contribuinte, é necessário efetuar o pagamento do tributo em dinheiro.
 Compulsório: quando houver a ocorrência do fato gerador, aquele que o praticou será
obrigado, independentemente de sua vontade, a pagar o tributo.
 Instituído em lei: a criação ou instituição de um tributo depende de ser veiculada por
meio de lei, não se admitindo a criação de tributo por outros meios que não sejam lei.
 Não constitui sanção a ato ilícito: o que se aplica quando há a ocorrência de ato ilícito é
a pena, penalidade, a multa.
Tributo depende da prática de atividade lícita.
 Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada: para constituir um
crédito tributário e declarar a obrigação tributária ao contribuinte, o Fisco necessita
efetuar o lançamento.

É tradicional a classificação utilizando-se o fato gerador como


critério distintivo das espécies tributárias (art. 4.º); dessa forma, os tributos são vinculados
ou não-vinculados, conforme a hipótese de incidência esteja jungida ou não a uma atuação
estatal. Por outro lado, utiliza-se também a classificação extrínseca dos tributos, a qual se
relaciona com elementos externos à hipótese de incidência, a saber: a previsão da
destinação legal do tributo.
Convém notar, portanto, que os impostos são tributos não-
vinculados e as taxas e as contribuições de melhoria são vinculados. Já as contribuições
especiais e os empréstimos compulsórios não se caracterizam somente por seu fato gerador
(classificação intrínseca), mas, sobretudo e precipuamente, por sua finalidade,
exteriorizada pela atividade estatal desenvolvida e que se conecta, indiretamente, com o
sujeito passivo. Nesse caso, seria traço característico das contribuições que o produto de
sua arrecadação fosse destinado à atividade estatal, que é seu pressuposto.

Espécies tributárias

1. Imposto

É o tributo exigível independentemente de qualquer atividade


estatal específica relativa ao contribuinte (art. 145, I, CF, e art. 16, CTN).
Obs.: sua receita não deve ter destinação específica (art. 167, IV, CF).

2. Taxa

É o tributo exigível em razão do exercício do poder de polícia ou


pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados
ao contribuinte ou postos a sua disposição (art. 145, II, CF, e art. 77, CTN).
Obs.: destina-se a custear o relativo serviço público (art. 145, II, CF). Não poderá ter base
de cálculo própria de impostos.

Taxa e tarifa (ou preço público). Distinção – A taxa é


compulsória, remunera serviços públicos fundamentais, prestados diretamente pelo Estado;
já a tarifa (ou preço público) é facultativa, remunera serviços prestados indiretamente
pelo Estado.

3. Contribuição de melhoria

É o tributo exigível em decorrência de obra pública (art. 145, III,


CF) que implique valorização imobiliária. Destina-se a custear parcialmente a obra
realizada (art. 145, III, CF).
Obs.: sua cobrança deve observar dois limites:
a) individual: o valor máximo de contribuição de melhoria exigida de um proprietário não
pode ultrapassar o montante da valorização daquele imóvel;
total: somadas todas as contribuições de melhoria arrecadadas, o valor final não deve
ultrapassar o custo total da obra.

4. Contribuições especiais

 Contribuições sociais
Consistem em instrumentais gerais e para a Seguridade Social (estas últimas destinam-se
a financiar a Seguridade Social).
 Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE)
Intervenção no Domínio Econômico em razão do descompasso efetivo ou potencial do
mercado. Serve para instrumentalizar a intervenção e dar efetividade às políticas
econômicas.
 Contribuição no interesse das categorias econômicas e profissionais
Pode ser profissional, econômica ou de serviço social; contribuição compulsória
destinada às entidades privadas (sindicatos, Sesi, Senai, Sebrae, etc.).
 Contribuição para o custeio da iluminação pública
Destinada ao custeio da iluminação pública, de competência dos Municípios e do DF.
 Contribuição previdenciária dos servidores
É o tributo cobrado pelos Estados, DF e Municípios dos servidores para o custeio da
respectiva previdência social.

5. Empréstimos compulsórios

Podem ser instituídos quando motivados por:


 Despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua
iminência. Não obedecem, nesse caso, ao princípio da anterioridade (art. 158, I e art.
150, § 1.º, CF).
 Investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Obedece ao
princípio da anterioridade (art. 148, II, CF).

CARACTERÍSTICA DOS IMPOSTOS PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO

IMPOSTOS DA UNIÃO

Imposto de Importação (II)


Art. 153, I
Aspecto material – Importar produtos estrangeiros.
Características – Exceção ao princípio da anterioridade e anterioridade mínima (art. 150, §
1.º); suas alíquotas podem ser alteradas pelo Poder Executivo (presidente da República –
art. 76), por meio de decreto, desde que obedecidos os limites da lei (art. 153, §1.º) –
função extrafiscal.

Imposto de Exportação (IE)


Art. 153, II
Aspecto material – Exportar produtos nacionais ou nacionalizados.
Características – Iguais às do II.

Imposto de Renda (IR)


Art. 153, III
Aspecto material – Auferir renda e proventos de qualquer natureza.
Características – Exceção ao princípio da anterioridade mínima, disposto no art. 150 III,
“c” (ver art. 150, § 1.º). Renda é o produto do capital, do trabalho ou da combinação de
ambos; proventos são os acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito de renda.
Sempre deve existir majoração patrimonial. Será informado pelos seguintes critérios:
a) generalidade: o imposto deve incidir sobre todas as espécies de rendas (todo acréscimo
patrimonial deve ser submetido ao mesmo tratamento);
b) universalidade: isonomia tributária (a renda obtida por toda pessoa fica sujeita à
incidência do imposto);
c) progressividade: as alíquotas devem ser tanto maiores quanto maior for a renda passível
de tributação (para atender à capacidade contributiva).

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)


Art. 153, IV
Aspecto material – Industrializar produtos e importar produtos industrializados.
Considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que
lhe modifique a natureza ou a finalidade ou o aperfeiçoe para o consumo.
Características – Exceção ao princípio da anterioridade, disposto no art. 150, III, “b” (ver
art. 150, § 1.º). Apresenta dois fatos geradores: importar produtos industrializados e
industrializar produtos. Será seletivo, com alíquotas diferenciadas em função da
essencialidade do produto; será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em
cada operação com o montante cobrado nas anteriores. As operações de aquisição de bens
sujeitos ao IPI geram créditos ao contribuinte, enquanto os produtos industrializados pelo
contribuinte geram débitos do IPI. Ou seja, há a compensação entre os débitos do IPI
decorrentes da industrialização de produtos ou importação de produtos industrializados,
com crédito de IPI pagos nas operações anteriores de aquisição de bens sujeitos ao IPI.
Imunidade tributária – Não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao
exterior.

Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)


Art. 153, V
Aspecto material – Realizar operações de crédito, de câmbio e de seguro ou relativas a
títulos ou valores mobiliários.
Características – Exceção ao princípio da anterioridade (art. 150, § 1.º). Apresenta quatro
fatos geradores: realizar operação de crédito; operação de câmbio; operação de seguro; e
operação de títulos ou valores mobiliários (que são todos os investimentos com intuito de
lucro ofertados ao público). O imposto incide sobre operações, isto é, negócios jurídicos
que tenham esses bens como objeto.
O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou
instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do IOF devido na operação de
origem; a alíquota máxima será de 1% (ver arts. 153, § 5.º, e 155, § 2.º, X, “c”).

Imposto Territorial Rural (ITR)


Art. 153, VI
Aspecto material – Ser proprietário de imóvel territorial rural.
Características – De acordo com o art. 153, § 4.º, I, da CF, o ITR será progressivo
(progressividade fiscal) e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção
de propriedade improdutivas (progressividade extrafiscal). O inciso II do § 4.º trata da
imunidade tributária, determinando a não-incidência do imposto sobre pequenas glebas
rurais exploradas pelo proprietário que não possua outro imóvel. Já o inciso III do mesmo
parágrafo trata da parafiscalidade o ITR e dispõe que o imposto será fiscalizado e cobrado
pelos Municípios que assim optarem, desde que não implique redução do imposto ou
qualquer outra forma de renúncia fiscal.

Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF)


Art. 153, VII
Aspecto material – Possuir grandes fortunas.
Características – Lei complementar deve definir o que são “grandes fortunas”, para fins
de incidência.

Impostos Residuais (ou Competência Residual)


Art. 154, I
Aspecto material – Podem ser instituídos desde que não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios dos discriminados na CF.
Características – Devem ser não-cumulativos. Devem ser instituídos por meio de lei
complementar.

Imposto Extraordinário
Art. 154, II
Aspecto material – Pode ser instituído na iminência ou no caso de guerra externa.
Características – Exceção à competência privativa dos Estados, Municípios e Distrito
Federal para instituir impostos. Não está sujeito ao princípio da anterioridade (art. 150, §
1.º).
O imposto será suprimido gradativamente, cessadas as causas de
sua criação.

IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL

Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD)


Art. 155, I
Aspecto material – Transmitir causa mortis bens e direitos e realizar doações de quaisquer
bens ou direitos.
Características:
a) relativamente a bens imóveis e respectivos direitos: o imposto compete ao Estado da
situação do bem ou ao Distrito Federal;
b) relativamente a bens móveis, títulos e créditos: o imposto compete ao Estado onde se
processar o inventário ou arrolamento ou tiver domicílio o doador ou ao Distrito
Federal.
A competência para sua instituição será regulada por lei
complementar quando: 1. o doador tiver domicílio ou residência no exterior; 2. o de cujus
possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve seu inventário processado no exterior.

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)


Art. 155, II
Aspecto material – Realizar operação de circulação de mercadorias; prestação de serviços
de transporte interestadual e intermunicipal; e serviços de comunicação.
Características – Incide sobre:

 as operações de circulação de mercadorias (obrigações de dar); mercadorias são as


coisas móveis destinadas ao comércio (bens de consumo ou bens adquiridos para
integrar o ativo fixo do estabelecimento não são considerados mercadorias);
 a prestação de serviços (obrigação de fazer) de transporte e comunicação, de caráter
oneroso;
 a produção, importação, circulação, distribuição e consumo de lubrificantes e
combustíveis líquidos e gasosos e de energia elétrica;
 as operações de extração, circulação, distribuição e consumo de minerais;
 a entrada de bem ou mercadoria importados por pessoa física ou jurídica, ainda que
não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja sua finalidade, assim como
o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o
domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço (art. 155,
§ 2.º, IX, “a”).
Imunidades tributárias (art. 155, § 2.º, X da CF):
a) não incide ICMS sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem
sobre serviços a destinatários no exterior, assegurados a manutenção e o
aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações
anteriores;
b) não incide ICMS sobre operações que destinem a outro Estado petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
c) não incide ICMS sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5.º;
d) não incide ICMS nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita.
Será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada
operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante
cobrado nas anteriores; poderá ser seletivo em função da essencialidade das mercadorias ou
produtos (ver IPI).
O Senado tem competência para estabelecer as alíquotas
aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação, por meio de resolução.
É facultado ao Senado estabelecer, nas operações internas, as
alíquotas mínimas e máximas para resolver conflito específico que envolva interesse de
Estados.
Cabe a lei complementar: definir seus contribuintes; dispor sobre
substituição tributária; disciplinar o regime de compensação do imposto (princípio da não-
cumulatividade).
Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)
Art. 155, III
Aspecto material – Ser proprietário de veículo automotor.
Características – De acordo com o art. 155, § 6.º: I – o IPVA terá alíquotas mínimas
fixadas pelo Senado Federal; II – poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e
utilização.

IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS E DOS DISTRITO FEDERAL

Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)


Art. 156, I
Aspecto material – Ser proprietário de imóvel territorial urbano.
Características – O IPTU poderá ser progressivo, nos termos de lei municipal, de forma a
assegurar o cumprimento da função social da propriedade (art. 156, § 1.º, c/c art. 182); é a
progressividade extrafiscal. Também poderá ter alíquotas diferentes em razão da
localização e uso do imóvel (art. 156, § 1.º, II). A progressividade também poderá ser
fiscal (art. 156, I, § 1.º), pois as alíquotas poderão variar de acordo com o valor do imóvel.
O CTN dispõe no art. 32, § 1.º, que, para efeitos do IPTU, entende-
se como zona urbana a definida em lei municipal, observado o requisito mínimo da
existência de melhoramentos construídos e mantidos pelo Poder Público: meio-fio ou
calçamento, com canalização de águas pluviais; abastecimento de água; sistema de esgotos;
rede de iluminação pública; escola primária ou posto de saúde. O § 2.º reza que a lei
municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana,
constantes de loteamentos destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que
localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.

Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI)


Art. 156, II
Aspecto material – Transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de
garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição.
Características – Bem imóvel por natureza (art. 43, I, CC); o solo com a sua superfície,
seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o
espaço aéreo e o subsolo; bem imóvel por acessão física (art. 43, II, CC); tudo quanto o
homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e
construções, de modo que se não possa retirar sem destruição, modificação, fratura ou
dano.
Direitos reais sobre os imóveis (arts. 695, 713, 742, 746 e 749, CC):
servidões prediais, usufruto, uso, habitação e rendas constituídas sobre imóveis.
O imposto não incide sobre:
 os direitos reais de garantia (anticrese e hipoteca);
 a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio da pessoa jurídica em
realização de capital;
 a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou extinção
de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a
compra e venda desses bens ou direitos, locação bens imóveis ou arrendamento
mercantil.
Compete ao Município da situação do bem a instituição e
arrecadação do imposto.
Cabe a lei complementar fixar sua alíquotas máximas e mínimas.

Imposto sobre Serviços (ISS)


Art. 156 III
Aspecto material – Prestar serviços de qualquer natureza não compreendidos no ICMS,
definidos em lei complementar.
Características – De acordo com o art. 1.º, § 1.º da LC 116/03, o imposto incide também
sobre o serviço proveniente do exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior.
Nos termos do art. 3.º da LC 116/03, considera-se o imposto devido
no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio
do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o imposto será
devido no local da prestação.
Cabe a lei complementar (art. 156, § 3.º, CF): fixar suas alíquotas
máximas; excluir da incidência do ISS as exportações de serviços para o exterior; regular a
forma e condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e
revogados.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
É vínculo que se estabelece entre o Estado (credor – sujeito ativo –
Fisco) e o particular (devedor – sujeito passivo – contribuinte) em função de uma prestação
de cunho patrimonial, prevista na legislação tributária, traduzida em pagar tributo ou
penalidade ou em fazer alguma coisa no interesse do Fisco ou ainda deixar de praticar
determinado ato de acordo com a lei (art. 113).

 Obrigação principal – Surge com a ocorrência do fato gerador previsto em lei e tem
por objeto uma obrigação de dar (dar dinheiro – pagar). Ex.: efetuar o pagamento do
tributo ou da penalidade pecuniária (multa).
 Obrigação acessória – Decorre da legislação tributária e tem por objeto deveres
instrumentais (obrigação de fazer ou não fazer) previstos em favor da arrecadação ou da
fiscalização de tributos. Ex.: emitir notas fiscais; não receber mercadorias
desacompanhadas da documentação legalmente exigida.

A obrigação acessória não cumprida converte-se em principal no


que se refere ao pagamento da penalidade pecuniária.
A dispensa de pagamento do tributo não desobriga o contribuinte do
cumprimento da obrigação acessória prevista na lei.

FATO GERADOR
Fato gerador é a situação prevista em lei como necessária e
suficiente a sua ocorrência (art. 114).
Hipótese de incidência é a descrição legal de um fato de forma
hipotética, prévia e genérica, a qual, uma vez concretizada, enseja o nascimento da
obrigação principal (fato gerador).

Efeitos
De acordo com o art. 116 do CTN, considera-se ocorrido o fato
gerador e existentes seus efeitos:
 Tratando-se de situação de fato, surge a obrigação tão logo ocorram as circunstâncias
materiais necessárias;
 Tratando-se de situação jurídica, considera-se ocorrido o fato gerador tão logo tais
situações estejam definitivamente constituídas de acordo com as normas do direito
privado.
Pretendendo inibir a evasão fiscal, a LC 104/01 inseriu o parágrafo
único no art.. 116 do CTN, o qual autoriza que a autoridade administrativa desconsidere
atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato
gerador, regra que deverá ser regulamentada por meio de lei ordinária.
O art. 117 do CTN dispõe acerca das condições suspensivas e
resolutórias no que aos atos ou negócios jurídicos:
 Na condição suspensiva, a aquisição do direito fica na dependência de um evento ou
condição futura e incerta que deixa em suspenso a eficácia do ato.
 Na condição resolutória, o direito adquirido se desfaz quando ocorre determinado
evento. Referido evento tem o condão de “resolver”, ou seja, extinguir o ato jurídico.
A definição legal do fato gerador independe de (art. 118):
 validade jurídica, natureza ou efeitos dos atos praticados; e
 efeitos dos fatos ocorridos.

Sujeito ativo – capacidade tributária ativa


De acordo com o disposto no art. 119 do CTN, o sujeito ativo da
obrigação tributária da competência para exigir seu cumprimento.
O sujeito ativo é o titular do direito subjetivo de exigir a prestação
pecuniária, podendo ser a pessoa jurídica pública ou privada no Direito brasileiro. A
delegação ou transferência, por meio de lei, da capacidade tributária ativa não se confunde
com a competência tributária.

Sujeito passivo – capacidade tributária passiva


No que se refere ao sujeito passivo da obrigação principal, o art.
121 do CTN o define como contribuinte – sujeito passivo direto (aquele que possui uma
relação direta e pessoal com o fato gerador da obrigação) e responsável – sujeito passivo
indireto (aquele que, não sendo contribuinte e, portanto, não possuindo uma relação direta
e pessoal com o fato gerador, tem a obrigação de pagar o tributo em virtude de uma
imposição legal).
No que tange ao sujeito passivo da obrigação acessória, o
legislador deverá indicar as pessoas que serão responsáveis pelo cumprimento das
obrigações acessórias, conforme os interesses da arrecadação ou da fiscalização.

Convenções particulares
O art. 123 do CTN estabelece que, se não houver disposição de lei
em contrário, os contratos particulares não podem alterar a definição do sujeito passivo da
obrigação tributária. Ex.: no contrato de locação, a obrigação de pagar o IPTU pode ser
atribuída ao locatário; no entanto, tal convenção não poderá ser oposta contra o Fisco, que
exigirá o pagamento do imposto do sujeito passivo eleito pela lei, ou seja, o proprietário
(locador).

Solidariedade
A solidariedade passiva em matéria tributária caracteriza-se toda
vez que duas ou mais pessoas são simultaneamente obrigadas a pagar o tributo, de acordo
com os casos previstos em lei (art. 124).
Na solidariedade não existe benefício de ordem, não existe a figura
do devedor principal. Sendo assim, o Fisco poderá cobrar o tributo de qualquer um dos
devedores solidários.
O próprio art. 124 do CTN indica quais as hipóteses em que
configurará a solidariedade passiva, a saber:
 quando os solidários têm interesse comum na situação que constitua o fato gerador. Ex.:
condomínio – a Prefeitura pode exigir o IPTU de qualquer um dos proprietários, a sua
escolha;
 quando ocorre por determinação prevista em lei, independentemente da existência de
interesse comum entre os solidários. Ex.: construção civil – o empreiteiro e o
proprietário são responsáveis solidários pelos débitos previdenciários decorrentes da
obra.
São efeitos da solidariedade (art. 125):
 o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;
 a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada
pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais
pelo saldo;
 a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica
os demais.

A capacidade tributária passiva independe (art. 126):


 da capacidade civil das pessoas naturais;
 de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do
exercício das atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de
seus bens ou negócios;
 de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade
econômica ou profissional.

Domicílio tributário do sujeito passivo (art. 127)


Em regra, o sujeito passivo possui o direito de escolher seu próprio
domicílio tributário. Não obstante, a autoridade administrativa poderá recusar o domicílio
eleito quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo. Nesse
caso, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da
situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

A lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo


crédito tributário a terceira pessoa vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação,
excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do
cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

Responsabilidade dos sucessores


São pessoalmente responsáveis (art. 131):
I – o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos
(remitente é aquele que praticou a remição, que é o ato de o devedor pagar dívida e
resgatar o bem);
II – o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus
até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do
quinhão, do legado ou da meação (sucessor a qualquer título é aquele que passa a ser
proprietário em virtude do falecimento do proprietário anterior. Como a meação não é
herança, o CTN se refere ao sucessor e ao meeiro, que é o cônjuge sobrevivente ao seu
consorte);
II – o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão
(espólio é o patrimônio de uma pessoa depois de sua morte e antes de concluído o
respectivo inventário).
Nos créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a
propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, assim como os créditos tributários
relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens ou a contribuições de
melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo se no título de
transferência do direito conste prova de sua quitação (art. 130).
Se o bem imóvel é arrematado em hasta pública, os créditos
tributários referentes ao imóvel sub-rogam-se sobre o respectivo preço.

Sucessão de empresas
A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão,
transformação ou incorporação ou cisão de outra ou em outra é responsável pelos tributos
devidos até a data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas,
transformadas ou incorporadas (art. 132).
A mesma regra se aplica aos casos de extinção de pessoas
jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada
por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social ou sob
firma individual.
A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de
outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou
profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob
firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento
adquirido, devidos até a data do ato (art. 133):
I – integralmente (responde sozinho), se o alienante cessar a exploração do comércio,
indústria ou atividade;
II – subsidiariamente com o alienante (primeiro responde o alienante; se este não tiver
como pagar, será cobrada do adquirente), se este prosseguir na exploração ou iniciar
dentro de seis meses, a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em
outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

Responsabilidade por substituição ou substituição tributária


A lei pode atribuir a responsabilidade tributária (sujeito passivo da
obrigação tributária) a uma pessoa qualquer, diversa daquela que possui relação direta com
o ato, fato ou negócio tributado. Ex.: Imposto de Renda retido na fonte, em que o
contribuinte é o empregado (substituído), mas o responsável pelo recolhimento é o
empregador (substituto).
A lei poderá atribuir a sujeito passivo a condição de responsável
pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente,
assegurada a imediata restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador
presumido (substituição tributária para frente).

Responsabilidade de terceiros
Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da
obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente (subsidiariamente
conforme jurisprudência dominante) com este nos atos em que intervierem ou pelas
omissões de que forem responsáveis (arts. 134 e 135):
I – pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
II – tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados e curatelados;
III – administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;
IV – o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
V – o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida e pelo concordatário;
VI – os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre
os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão de seu ofício;
VII – os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
A responsabilidade de terceiros só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter
moratório.

Responsabilidade de terceiros pessoal e solidária


São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a
obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de
lei, contrato social ou estatutos (art. 135):
I – as pessoas referidas no art. 134;
II – os mandatários, prepostos e empregados;
III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

Responsabilidade por infrações


Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por
infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável
(responsabilidade objetiva)e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art.
136).
Respondem pessoalmente os agentes (responsabilidade subjetiva)
nos seguintes casos (art. 137):
 quando a infração for conceituada como crime ou contravenção penal, salvo se o ilícito
for cometido no exercício regular de suas atribuições;
 quando a infração tiver como circunstância elementar o dolo específico do agente;
 quando as infrações decorram direta e exclusivamente de dolo específico.

Denúncia espontânea
A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da
infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora
ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante
do tributo dependa de apuração (art. 138).

A denúncia espontânea afasta a cobrança da multa.

Não configura denúncia espontânea a denúncia efetuada quando já


iniciado algum procedimento administrativo relacionado com a infração, tampouco
descumprimento da obrigação acessória.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Preceitua o art. 139 do CTN que o crédito tributário decorre da


obrigação principal e tem a mesma natureza desta.
A obrigação principal é a de pagar o tributo ou pena pecuniária. O
crédito tributário, constituído pelo lançamento tributário, converte essa obrigação ilíquida
em líquida e certa, exigível na data ou no prazo da lei.

LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO

Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o


crédito tributário por meio do lançamento, assim entendido o procedimento administrativo
tendente a verificar a ocorrência do fato gerador, determinar a matéria tributável, calcular o
montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor aplicação
de penalidade (art. 142).
A atividade administrativa é plenamente vinculada e obrigatória,
sob pena de responsabilidade funcional.

Modalidades de lançamento
O lançamento pode ser classificado de acordo com o grau de
colaboração do contribuinte ou responsável.
 Lançamento de ofício ou direto (art. 149) – O sujeito passivo não tem deveres de
colaboração com a administração; o sujeito ativo possui todos os dados necessários para
efetuar o lançamento. Ex.: IPTU; auto de infração.
 Lançamento por declaração ou misto (arts. 147 e 148) – O sujeito passivo presta a
declaração ou informação e a Fazenda Pública efetua o lançamento, e só então o sujeito
passivo efetua o pagamento ou tenta impugnação caso não concorde com a exigência.
Ex.: quando o passageiro chega de um vôo internacional, faz uma declaração de
bagagens (mercadorias importadas) para que o fiscal possa efetuar o lançamento.
 Lançamento por homologação (art. 150) – A legislação transfere ao sujeito passivo as
funções de apurar e antecipar o montante devido sem prévio exame da autoridade
administrativa. É uma forma de pagamento antecipado sujeito à condição posterior da
homologação, que poderá ocorrer de forma expressa ou tácita (a homologação tácita
ocorre depois de transcorrido o prazo de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador). Ex.: IPI; ICMS; IR.

Aplicação da legislação tributária ao lançamento (art. 144)


O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador e
rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente revogada ou modificada. Quanto à
parte procedimental relacionada à apuração e fiscalização, deverá ser observada a
legislação vigente na data do lançamento.
A lei tributária somente retroagirá nas hipóteses previstas no art.
106.

Alteração do lançamento tributário (art. 145)


O lançamento devidamente notificado ao sujeito passivo poderá ser
modificado por:

 Impugnação do sujeito passivo;


 Recurso de ofício;
 Iniciativa da própria autoridade administrativa, nos casos previstos no art. 149.

A revisão do lançamento, conforme preceitua o art. 149, só pode ser


iniciada enquanto não estiver extinto o direito da Fazenda Pública de efetuar o lançamento.

SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

São causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário


(art. 151), isto é, que impedem o Fisco de ajuizar a execução fiscal:
Moratória (arts. 152 a 155) – É a dilação do prazo de pagamento da dívida concedida pelo
credor ao devedor. Sua concessão depende de lei e poderá ser concedida em caráter geral ou
individual. A moratória abrange somente os créditos definitivamente constituídos, porém
não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em
benefício daquele.

Depósito no valor do montante integral – Faculdade que tem o contribuinte ou


responsável de efetuar um depósito no valor integral da dívida no procedimento
administrativo ou judicial. Caso o depositante perca a demanda, o valor depositado será
convertido em renda ao sujeito ativo; por outro lado, se o depositante ganhar, poderá
levantar integralmente o valor depositado. O depósito no valor do montante integral evita a
correção monetária do débito, bem como a fluência de juros de mora.

Recursos administrativos – De acordo com a legislação reguladora do processo


administrativo relativo a cada tributo, o sujeito passivo tem o direito de contestar
lançamento que considere irregular ou abusivo. Se a decisão for favorável ao reclamante, a
exigência fiscal se extingue; caso seja desfavorável, restabelece-se a exigibilidade. Em
regra, o sujeito passivo terá um prazo para satisfazer a obrigação, sob pena de o Fisco
efetuar a cobrança judicial.

Liminar em mandado de segurança – Preenchidos os requisitos do art. 7.º, inciso II, da


Lei 1.533/51 (fumus boni iuris e periculum in mora), o juiz poderá determinar a suspensão
do ato que deu motivo ao pedido.

Liminar ou tutela antecipada em outras espécies de ação judicial – Acrescentado pela


LC 104/01, este inciso vem corrigir um omissão do CTN, uma vez que a tutela antecipada
ou medida liminar concedida em qualquer ação judicial tem a mesma intenção, como no
caso do mandado de segurança, de evitar o ônus tributário par ao sujeito passivo antes que
seja apreciado o mérito da lide judicial.

Parcelamento – Espécie de moratória cuja concessão depende do preenchimento do


requisitos definidos me lei.

EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

São modalidades de extinção do crédito tributário (art. 156):

Pagamento – É a forma mais comum; visa à satisfação da obrigação tributária.

Compensação – Quando o sujeito passivo for ao mesmo tempo credor e devedor do sujeito
ativo, as obrigações se extinguem até onde se compensarem. A compensação deve estar
prevista em lei e somente poderá ser realizada com créditos líquidos, certos e fungíveis,
vencidos ou vincendos. A compensação decorrente de processo judicial depende do efetivo
trânsito em julgado da sentença.
Transação – Presume concessões mútuas dos sujeitos ativo e passivo da obrigação. A
transação em matéria tributária deve ser autorizada por lei, a qual indicará a autoridade
administrativa que pode celebrar a transação e os limites admitidos.

Remissão – Significa o perdão total ou parcial da dívida, depois de constituído o crédito


tributário. O ato de remitir, de perdoar a dívida, é formalizado pela autoridade
administrativa após a autorização de lei que tenha por fundamento uma das hipóteses do
art. 172.

Decadência – É o perecimento do dever-poder da Administração de efetuar o lançamento


tributário devido ao decurso de certo lapso temporal. O direito de constituir o crédito por
intermédio do lançamento se extingue após cinco anos, contados (art. 173):
a) do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
b) da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o
lançamento anteriormente efetuado.
Quanto aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o
prazo será de cinco anos contados da data da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4.º).

Prescrição – É a perda do direito à ação de cobrança do crédito tributário. A prescrição do


direito do Fisco corresponde à perda do direito de o Fisco ingressar com a ação de execução
fiscal. O Fisco tem cinco anos contados da data da constituição definitiva do crédito
tributário para cobrar judicialmente a dívida tributária (art. 174). O prazo prescricional
admite hipóteses de interrupção (art. 174, parágrafo único) e hipóteses de suspensão (art.
151, CTN, e art. 2.º, § 3.º, Lei 6.830/80).

Conversão do depósito em renda – Após decisão definitiva administrativa ou judicial


favorável ao sujeito ativo, o depósito integral efetuado nos autos é convertido em renda a
favor deste.

Pagamento antecipado e homologação do lançamento – Nos tributos sujeitos ao


lançamento por homologação, o sujeito passivo antecipa o pagamento com base em
apuração realizada por ele próprio sem prévio exame da autoridade administrativa. Nesses
casos, a extinção do crédito não se verifica com o pagamento, mas com a soa deste com a
homologação do lançamento (art. 150, § 4.º).

Consignação em pagamento – Ação judicial utilizada nos casos taxativos do art. 164. Se o
autor for vitorioso, a importância é convertida em renda; se perder a ação, o crédito
tributário será cobrado com juros de mora, sem prejuízo das penalidade cabíveis (art. 164, §
2.º).

Decisão administrativa ou judicial transitada em julgado – A decisão definitiva em


favor do sujeito passivo, em processo administrativo ou judicial, extinguirá o crédito
tributário.
Dação em pagamento em bens imóveis – Somente serão aceitos na forma e condições
previstas na lei (hipótese acrescentada pela LC 104/01).

EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

São modalidades de exclusão do crédito tributário (art. 175):

Isenção – É a dispensa do pagamento de tributo, concedido de forma geral ou específica,


por meio de lei. A lei isentiva poderá estipular prazo e condições para sua concessão. As
isenções poderão ser revogadas a qualquer tempo, salvo aquelas concedidas por prazo certo
e em função de determinadas condições (art. 178).

Anistia – Consiste no perdão das penalidades pecuniárias antes da constituição do crédito


tributário. A anistia só atinge as infrações cometidas antes da lei que a concede e:
a) pode ser geral ou limitada;
b) o sujeito passivo continua obrigado a pagar o tributo;
c) não alcança os atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e atos praticados
com dolo, fraude ou simulação (art. 180);
d) não gera direito adquirido (art. 182).

GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (arts. 183 a 193)

A enumeração das garantias previstas no CTN é exemplificativa e


não taxativa, pois, observadas as regras gerais da Constituição e do próprio Código, a lei
pode estabelecer outras garantias.
Responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos
bens e rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, de seu espólio ou sua
massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou
impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados
unicamente os bens absolutamente impenhoráveis (art. 184).

Presunção de fraude (art. 185)


Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens e rendas,
ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito
tributário regularmente inscrito como dívida ativa em fase de execução.
Não se aplica o disposto acima se o devedor reservar bens ou rendas
suficientes para o total pagamento da dívida fiscal em fase de execução.

Concurso de preferência (art. 186)


O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a
natureza ou o tempo da constituição deste, ressalvados os créditos decorrentes de legislação
trabalhista.

Concurso de credores (art. 187)


A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de
credores ou habitação em falência, concordata, inventário ou arrolamento.
O concurso de preferência somente se verifica entre as pessoas
jurídicas de direito público, na seguinte ordem:
1. União;
2. Estados e Distrito Federal;
3. Municípios.

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

Dívida ativa tributária


De acordo com o art. 201 do CTN, constitui dívida ativa tributária a
proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa
competente, depois de esgotado o prazo fixado para pagamento pela lei ou por decisão final
proferida em processo regular.
A certidão de dívida ativa poderá ser substituída ou emendada até
decisão de primeira instância, devolvido ao sujeito passivo o prazo para defesa, que
somente poderá versar sobre a parte modificada (art. 203).
A dívida ativa regularmente constituída goza de presunção relativa de certeza e liquidez
e tem o efeito de prova pré-constituída. Cabe ao sujeito passivo ilidir a presunção com a
apresentação de prova inequívoca (art. 204).

Certidões negativas
O art. 205 prevê que a lei poderá exigir que a prova da quitação de
determinado tributo, quando exigível (concordata, concorrência pública, etc.), seja feita por
certidão negativa. Entretanto, tem os mesmos efeitos da certidão a certidão positiva
expedida de que conste (art. 206):
a) a existência de crédito não vencido;
b) a existência de crédito em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a
penhora;
c) a existência de crédito cuja exigibilidade esteja suspensa.

PROCESSO JUDICIAL
TRIBUTÁRIO

É objetivo do processo judicial tributário tornar clara e precisa a


vontade da lei incidente em cada caso concreto de Direito Tributário submetido à Justiça.
Tanto o Fisco como o contribuinte têm esse direito em face do
princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional (art. 5.º, XXXV, CF).
A atividade jurisdicional é uma verdadeira resposta à ação, dando-
se pela respectiva procedência, se baseada no ordenamento jurídico, ou por sua
improcedência, se não contemplada por este.
Posto isso, as ações tributárias existentes para dirimir os conflitos
entre o Fisco e o contribuinte no tocante à cobrança dos tributos são expostas a seguir.
MEDIDAS PROPOSTAS PELO SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO
TRIBUTÁRIA

Ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária


Por meio dessa ação, o sujeito passivo da obrigação tributária visa a
estabelecer em seu favor uma decisão judicial aplicável a casos futuros e a novas
demandas, decisão esta que lhe declare a inexistência da obrigação tributária em casos
concretos.
A ação declaratória tem por objetivo o pronunciamento da Justiça
(declaração por sentença), no sentido da existência ou não de relação jurídica, esclarecendo
se o autor tem certo direito ou não. Essa ação deverá ser proposta quando o tributo ainda
não tiver sido pago, pois a sentença favorável ao autor não o habilita a haver repetição de
indébito pago.
Ademais, poderá ser utilizada nos mais diversos casos: para
declaração de inexistência de obrigação tributária; para fixação da obrigação tributária em
quantia menor; para declaração de não-incidência tributária; para declaração de imunidade
ou isenção fiscal, etc.

Poderá, ainda, ser realizado no bojo da ação o pedido de concessão


da tutela antecipada, nos termos do art. 273 do CPC, a fim de suspender a exigibilidade do
crédito tributário.

Ação anulatória de débito fiscal


É uma das medidas possíveis de o contribuinte adotar na defesa de
seus direitos, assim como uma das mais utilizadas como remédio judicial para anular
lançamentos tributários ou decisões administrativas.
Nessa ação, o sujeito passivo da obrigação tributária busca invalidar
o lançamento efetuado conta ele ou a decisão administrativa que não acolheu suas razões de
impugnação da pretensão da Fazenda Pública.
A ação anulatória poderá ser proposta para diversos fins: anular
lançamento tributário ou auto de infração, por irregularidade formal; anular débito fiscal
indevido em razão de não-incidência do tributo ou não-ocorrência de fato gerador da
respectiva obrigação tributária; anular débito fiscal indevido em razão de isenção tributária,
base de cálculo incorreta ou falta de lei anterior, etc.
Poderá, ainda, ser realizado no bojo da ação o pedido de concessão
da tutela antecipada, nos termos do art. 273 do CPC, a fim de suspender a exigibilidade do
crédito tributário.

Ação de repetição de indébito


É medida cabível nos casos de o contribuinte efetuar o pagamento
indevidamente do tributo, de acordo com o art. 165 do CTN.
O pedido do contribuinte será para declarar o pagamento indevido e
condenar a ré (Fazenda Pública) a restituir o indébito.
A ação deve ser instruída com a documentação que convença da
legitimidade do pagamento contra o qual se volta e proposta no prazo de cinco anos, a
contar do pagamento (art. 168).
A ação de repetição de indébito é admitida em três hipóteses:
1. no caso de cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior do que o
devido;
2. no caso de erro na identificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota
aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração de documento relativo ao
pagamento.
3. nos casos de reforma, revogação ou rescisão de sentença condenativa.

Ação de consignação em pagamento


Proposta somente nos casos taxativos do art. 164 do CTN, a saber:
a) recusa de recebimento ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de
penalidade ou a cumprimento de obrigação acessória/
b) subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem
fundamento legal;
c) exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre o
mesmo fato gerador.

Mandado de segurança individual


Trata-se de garantia constitucional que visa a proteger direito
líquido e certo do contribuinte, insurgindo-se, assim, contra atos ilegais ou praticados com
abuso de poder por autoridade fiscais.
A prova é pré-constituída, ou seja, não há fase probatória.
O impetrante terá o prazo de 120 dias, a contar da ciência do ato
coator, para impetrar o competente mandado de segurança repressivo.
Não há prazo para o preventivo. A concessão de medida liminar tem
a função de suspender a exigibilidade do crédito tributário.

Embargos à execução fiscal


É medida cabível para o executado se defender de uma execução
fiscal.
No prazo dos embargos (30 dias), o executado deverá alegar toda
matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos os documentos e rol de testemunhas
até três ou, a critério do juiz, até o dobro desse limite.

Ação cautelar inominada


Tem a finalidade de garantir a eficácia da tutela jurisdicional de
conhecimento ou de execução, objetivando sempre a garantia do processo principal com o
qual guarda certa pertinência.

MEDIDAS PROPOSTAS PELO SUJEITO ATIVO

Execução fiscal (Lei 6.830/80)


Proposta pela Fazenda Pública com o objetivo cobrar a dívida ativa
(tributária ou não).

Cautelar fiscal (Lei 8.397/92)


Tem por fim tornar indisponíveis os bens do contribuinte, sendo
cabível, nas hipóteses indicadas pela lei, antes da propositura da execução fiscal ou no
curso desta, podendo ser intentada contra sujeito passivo de crédito tributário ou não-
tributário, regularmente constituído em procedimento administrativo.

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