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Clube Privé - Livro III - M.S. Parker

Tradução Inicial - Anastácia Fernandez

Revisão Inicial - Carrie Jillian e Marry Elle

Revisão Final - Eva M. Carrie

Este livro é uma obra de ficção. Os nomes, personagens, lugares e


incidentes são produtos da imaginação do escritor ou foram utilizados
ficticiamente e não são para ser interpretados como reais. Qualquer
semelhança com pessoas, vivas ou mortas, eventos reais, locais ou
organizações é mera coincidência.
Sinopse

Uma filha? Seria ela o que ele estava escondendo ou será que
haveria um segredo mais obscuro para ser descoberto?

Carrie Summers sabia que o sexy e misterioso Gavin Manning estava


escondendo alguma coisa, mas não esperava a bomba que ele
lançou. Em vez de se afastar, Carrie descobre que a revelação de
Gavin, na verdade, faz com que ela se preocupe com ele, ainda mais.
Seu relacionamento está, rapidamente, se tornando mais intenso do
que havia sonhado, mas não consegue deixar de imaginar se Gavin
está escondendo mais alguma coisa.

Enquanto Gavin continua tentando convencer Carrie a sair da concha


e ensiná-la a aceitar seus desejos sexuais, sua busca pela verdade
vai revelar um segredo que poderá destruir tudo.

Não perca um só momento do terceiro livro da série erótica e


arrebatadora de M. S. Parker.
Capítulo 1

Skylar Camille. Um nome incitado por uma pergunta sobre um par de


iniciais tatuadas nas costas do homem que estava namorando - se
essa era mesmo a palavra certa para descrever nosso
relacionamento. Estava tentando processar o que Gavin tinha
acabado de me dizer, sem entrar em pânico. Como é que eu não
sabia que o homem com o qual estava envolvida tinha uma filha?
Não foi como se tivéssemos passado todo nosso tempo transando.
Nós conversávamos, também. Parecia que ele não tinha pensado
que uma criança era algo que deveria ser mencionado.

Outro pensamento começou a se infiltrar e uma mão gelada se


fechou ao redor do meu coração. "Gavin, você é casado?" Esperava
que a pergunta soasse tão calma quanto eu pretendia que fosse.
Queria uma resposta honesta. Se parecesse estar com raiva, não
sabia se ele ia mentir para tentar me acalmar.

"Não." A palavra foi firme.

Ele se sentou e eu fiz o mesmo. A tensão sexual entre nós tinha ido
embora. Não importava o que estávamos fazendo alguns minutos
atrás, ou o fato que nós dois ainda estávamos nus.

"Eu lhe contei, antes, que cresci em Connecticut, há cerca de


cinquenta quilômetros de Manhattan."

Me lembrei do almoço que tínhamos compartilhado, então.

"Bem, cresci em Stamford, e havia uma menina que morava na casa


ao lado. Ela era apenas alguns meses mais nova que eu, por isso
ficamos na mesma série na escola e, até mesmo, ficamos na mesma
sala durante todo o ano escolar. Brincamos juntos algumas vezes,
mas foi somente no Ensino Fundamental que, realmente, nos
tornamos amigos." Gavin olhava para as mãos, enquanto contava a
história. "Ela foi a primeira garota por quem tive uma queda."

O sorriso melancólico que atravessou seu rosto fez meu estômago


revirar. Quem quer que fosse essa garota, ainda tinha poder sobre
ele depois de todos esses anos, e não sabia o que isso significava
para ele e para mim.

"Quando começamos o Ensino Fundamental, ela fez parte do time


de líderes de torcida e ficou muito popular. Levei mais de dois anos
para ter coragem suficiente para convidá-la para sair. Fomos ao baile
de formatura juntos e, quando nos beijamos pela primeira vez, soube
que queria passar o resto da minha vida com ela."

Engoli em seco, tentando não vomitar. Não sabia para onde essa
história estava indo, mas sabia que, de maneira nenhuma, teve um
final feliz. Não para Gavin, e, provavelmente, nem para mim também.

"Depois que nos formamos, ela foi para a faculdade, enquanto fiquei
em Stamford. Foi difícil fazer funcionar à distância, mas
conseguimos. No dia em que ela se formou, pedi sua mão em
casamento." Fez uma pausa por um momento, e quando continuou,
sua voz estava cheia de emoção. "Tínhamos um apartamento há
poucas ruas de distância de onde havíamos crescido e começamos
a planejar nosso futuro juntos. Iríamos casar só dois anos depois,
mas então, ela ficou grávida e decidimos que não queríamos esperar
tanto tempo. Queríamos, porém, que nosso filho fizesse parte do
casamento." Passou a mão pelo cabelo, o olhar distante. "Não era
normal, nós sabíamos, mas ambos sentíamos que era importante.
Queríamos selar nosso compromisso por toda a vida, na frente da
prova do nosso amor. Isso fazia sentido para nós."

Tremi. Todo o calor acumulado sumiu na distância e o ventilador no


quarto soprava ar frio sobre toda a minha pele. EIe chegou por trás
de mim e puxou a borda da colcha em volta dos meus ombros. E nem
percebeu.

"Uma semana antes da data prevista para o nascimento, nós


estávamos caminhando para uma loja, em uma esquina, quando um
carro a atingiu por trás."

A mão em volta do meu coração se apertou.

"Não houve nada que pudessem fazer para salvá-la, mas uma
cesárea de emergência salvou nossa filha." Esticou a mão por cima
do ombro e eu soube que seus dedos estavam tocando os números
nas costas. "Treze de junho. O dia em que o amor da minha vida
morreu, e nossa filha nasceu. Eu lhe dei o nome de Skylar porque
era o nome que sua mãe queria, e Camille, porque era o nome da
sua mãe."

"Oh, Gavin." Todos os meus pensamentos egoístas sobre o que isso


significava para mim, desapareceram. Tudo o que conseguia pensar
era o quanto meu coração estava partido por ele. Estendi a mão para
ele, que me deixou colocar os braços ao seu redor. "Eu sinto muito."

Ele não disse nada quando se inclinou para mim, pressionando o


rosto contra o meu pescoço. Sua pele estava fria contra a minha.
Quando ele estremeceu, quebrei o silêncio. "Vamos para debaixo das
cobertas."

Ele concordou e nos enfiamos sob o lençol e a colcha sem nem uma
outra palavra. Tomei-o em meus braços novamente, nossos corpos
pressionados um contra o outro. Ele descansou a cabeça no meu
peito, os fios sedosos do seu cabelo macio contra a minha pele. Seu
braço estava em volta da minha cintura, e eu sentia a diferença entre
este gesto e o anterior. Este era para confortar, não para excitar.
Acariciei seu cabelo, deixando-o levar o tempo que precisava. Nunca
tinha experimentado uma perda assim, mas imaginava que não fosse
algo que alguém superasse facilmente.

Quando começou a falar de novo, fez isso sem qualquer incitamento


da minha parte. "A polícia nunca encontrou ele, o cara que a
atropelou. Passei seis meses ligando para cada oficina, em uma
centena de quilômetros. Fiquei obcecado e isso quase me matou. Foi
quando conheci o Howard. Ele me convenceu que se eu quisesse
ser bom para a minha filha, tinha que deixar aquilo para trás."

Deixei mais alguns minutos de silêncio se passarem, antes de fazer


uma das muitas perguntas que eu tinha. "Sua filha, ela está bem?"

Senti que ele sorriu.

"Ela é incrível." Ele mudou de posição, movendo-se para que


pudéssemos ficar cara a cara, os braços ainda em torno de mim, mas
com espaço suficiente entre os nossos corpos para que não
ficássemos excitados.

"Quantos anos ela tem? "Estava fazendo um cálculo na minha


cabeça com base nas informações, mas não tinha certeza.

"Cinco." Orgulho brilhou nos olhos de Gavin. "Ela vai começar o


jardim de infância este ano."

Não tinha certeza de como fazer a próxima pergunta sem parecer


que tivesse algum motivo oculto, mas acabei por não ter que
perguntar. Gavin a abordou primeiro.
"Depois que Camille morreu, não estava em condições de cuidar de
um bebê." Estendeu a mão e tocou alguns dos cachos em volta do
meu rosto. "Seus pais entraram em cena e, quando eu tinha
melhorado o suficiente para ser capaz de pensar com clareza, nós
conversamos. Não tinha certeza de que poderia ser tudo o que Skylar
necessitava, e ela já estava com eles fazia mais de meio ano, então
eu lhes permitir adotá-la."

Lutei para conter a surpresa no meu rosto. "Você mantém contato


com ela?"

Ele assentiu com a cabeça. "Eu a vejo sempre que posso, pelo
menos, todo fim de semana, e ela sabe quem sou. Os pais de Camille
e eu decidimos que queríamos que Skylar soubesse quem sua mãe
era, e só pareceu certo fazer o mesmo comigo. Ela os chama de
mamãe e papai, e sabe que são seus pais, mas me chama de papai,
e refere-se à Camille como mamãe. Há tantas outras crianças que
ela conhece que têm vários arranjos múltiplos de pais, que não teve
dificuldade em aceitar que esta é apenas a nossa maneira."

"Você-" Hesitei, então continuei: "Você nunca quis ter sua custódia
de volta?"

"Não." Sua voz era suave. "Mas não porque não sinto falta dela e não
gostaria de tê-la comigo o tempo todo. Sua felicidade é mais
importante do que o que eu quero. Seria cruel tirá-la da única vida
que já conheceu."

Me inclinei e rocei meus lábios contra os dele. Voltei para minha


posição anterior, para uma distância segura, antes que pudesse se
tornar algo mais. Não ia tirar vantagem do seu estado vulnerável.
"Ela é linda", disse ele com um sorriso. "Tem os meus olhos, mas
puxou todo o resto, da Camille. Cabelos loiros, um tom ou dois mais
claros do que o seu, e um sorriso capaz de iluminar um aposento."
Estendeu a mão e me puxou para ele. "Mal posso esperar para você
poder conhecê-la."

Meu coração falhou uma batida diante disso, libertando-se do último


pedaço de gelo que havia permanecido. Ele queria me apresentar à
sua filha.

"Sabe ..." Começou a deslizar os dedos para cima e para baixo na


minha espinha, quando descansei minha cabeça no seu peito. "Você
é a única pessoa, além de Howard, para quem já contei essa história,
e estava bêbado quando contei para ele, então acho que não conta."

O leve tom de humor na sua voz me aqueceu mais do que os


cobertores. Se ele conseguia sorrir, então seu coração estava se
curando.

"Obrigada", sussurrei. Deixei meus dedos passearem em seu peito.


"Sua confiança significa muito para mim."

Ele não disse nada, apenas me abraçou apertado por um momento.


Minutos se passaram, em silêncio. Não senti necessidade de falar.
Ele se abriu, e me contou algo tão pessoal sobre si mesmo, que
nunca havia compartilhado antes. E queria que eu conhecesse a
pessoa mais importante na sua vida. Teria pensado que a ideia de
encontrar a filha de um amante me aterrorizaria, mas descobri que
estava animada. Queria conhecê-la, conhecer alguém que conhecia
um outro lado de Gavin, diferente daquele que eu conhecia. Queria
me tornar parte de sua vida.
Foi essa percepção que me fez, finalmente, admitir para mim mesma
o que eu já tinha ciência. Estava caidinha pelo Gavin. Não era apenas
sexo, e não era só "ficarmos juntos". Estava me apaixonando por ele.

Esse pensamento me manteve acordada até mesmo quando Gavin


adormeceu ao meu lado, e ainda estava correndo pela minha mente
quase uma hora mais tarde, quando, finalmente, adormeci.
Capítulo 2

Quando acordei, demorei um momento para perceber por que razão


meu quarto parecia tão estranho. A luz que vinha através da cortina
estava em um ângulo errado. Era mais tarde do que costumava
acordar. Olhei para o despertador e vi que eram onze e meia. Fiquei
surpresa. Devia estar mais cansada do que pensava. Então, mais
uma vez, calor se espalhou através de mim; Tinha sido muito ... ativa,
ontem.

Esse pensamento me fez lembrar da pessoa que compartilhou minha


cama, e me virei. Vazia. Antes que pudesse surtar por meu amante
ter ido embora enquanto ainda estava dormindo, vi um pedaço de
papel sobre o travesseiro que ele tinha usado. Estava dobrado ao
meio, sem nome. Eu o abri e li.

Mesmo enquanto estou escrevendo isso, continuo sendo distraído


por você. Em quão pacífico fica o seu rosto quando você dorme. A
curva do seu quadril e da bunda debaixo do cobertor. A ponta dos
seus seios, que espreita para fora das cobertas. Não queria deixá-la.
Acredite em mim, seria muito melhor acordá-la beijando cada
centímetro do seu corpo, mostrando-lhe o quanto sou grato por sua
companhia na noite passada. Não acho que conseguiria ter lidado
com o que falei, sem os seus braços ao meu redor. Infelizmente,
tenho que ir. Só sei que preferia estar na cama com você, do que
trabalhando na boate, mas algumas coisas têm que ser feitas a
tempo. Te ligo mais tarde. Saiba que estarei pensando em você e em
todas as coisas que quero fazer com você. – G.
Meu corpo inteiro ficou quente quando terminei de ler o bilhete. Rolei
de costas e li a carta novamente. Mal acreditava no quão eloquente
ele era. Havia um monte de homens que conseguia arrancar as
calças de uma mulher com o que dizia, mas muito poucos eram
igualmente articulados na forma escrita.

Uma batida na porta me assustou, enquanto lia pela terceira vez.

"Acorda, Carrie. Hora de comer." A porta se abriu e Krissy enfiou a


cabeça no vão.

Olhei para ela, segurando a folha contra os meus seios. Odiava


quando ela fazia isso. Podia não se preocupar por vagar pelo
apartamento nua, mas eu não ficava tão à vontade.

"Eu vi o Gavin saindo de fininho, quando me levantei." Sorriu para


mim. "Suponho que o seu encontro foi muito bom."

"Olha, Krissy, não é-"

Ela levantou a mão. "Conta enquanto comemos. Estou morrendo de


fome."

"Tudo bem", falei. Esperei e quando ela não saiu, fiz uma careta.
"Gostaria de colocar algumas roupas, em primeiro lugar."

Krissy revirou os olhos. "Puritana", falou enquanto fechava a porta


atrás dela.

"Você vai ter que retirar isso, depois que eu contar sobre a minha
noite", gritei, enquanto levantava da cama. Vesti um short e uma
regata, em seguida, fui para o banheiro. Não tinha tempo para tomar
banho, mas precisava, pelo menos, me limpar um pouco. Como já
disse antes, tive uma noite movimentada.
No momento em que saí para a cozinha, Krissy já estava na mesa.
Ela tinha feito café da manhã, de verdade. Bem, acho, mais
precisamente, um brunch. Tinha panquecas, morangos picados,
calda, blueberries, manteiga e, até mesmo, um pouco de chantilly.
Também fez uma pequena porção de bacon e, agora mesmo, estava
de olho nela.

"Isso está incrível", falei, enquanto sentava no meu lugar de costume.

"Bem, pensei que se você tivesse uma noite ruim, isso serviria para
confortar, e se tudo corresse bem, poderia ser uma celebração."
Krissy sorriu para mim quando jogou um blueberry na boca. "Além
disso, sabe como fico entediada quando acordo antes de você."

Isso era verdade. Era raro, mas quando acontecia, geralmente


acordava com Krissy fazendo alguma coisa, como tentando fazer
novas cortinas para o apartamento ou polindo todos os seus sapatos.
Infelizmente, sua energia induzida pelo tédio, raramente, se
canalizava para a limpeza do apartamento. Não queria nem ver
quanta bagunça ela tinha feito para cozinhar. Ainda assim, apreciei o
gesto.

"Agora que você está aqui", continuou, "vamos nos aprofundar."


Pegou metade do bacon antes que eu pudesse responder.

Ri e comecei a encher o meu próprio prato.

"E aí?" Perguntou, enquanto mastigava seu bacon.

"Por onde começar?" Pensei, enquanto comia um pedaço de bacon.


Estava perfeito, crocante sem estar torrado. Estava me sentindo um
pouco travessa, brincando com ela. "Fazendo sexo no carro?
Acariciando seu pau debaixo da mesa, durante o jantar de gala?"
Os olhos de Krissy, praticamente, saltaram para fora da sua cabeça,
e tudo que eu podia fazer era me segurar para não explodir em
gargalhadas.

"Quase transar no banheiro ou, na verdade, transar em uma sala de


conferência vazia? Ou devo, apenas, pular para quando voltamos
para cá?"

"Acho que ouvi o suficiente." Krissy sorriu. "As paredes são finas."

"Que hora para você descobrir isso", rebati. Podia sentir o calor
subindo para o meu rosto.

"Oh, definitivamente, entendo, agora", falou. Começou a suspirar e


gemer. " 'Gavin! Oh, Gavin! Sim! Sim!' "

"Cala a boca!" Joguei um morango nela.

Ela riu enquanto desviava o rosto. "Oh, querida, se ele é tão bom
assim, quero todos os detalhes." Piscou. "Acho que é justo, uma vez
que fui agraciada com a trilha sonora."

Revirei os olhos, mas não estava irritada, de verdade, com ela.


Queria contar tudo. Krissy sempre foi a única a ter sexo selvagem e
namorados quentes. Mesmo quando tive namorados, antes, nosso
sexo não tinha sido, verdadeiramente, excitante. Tinha sido bom,
mas nunca, nada parecido com o que tinha ouvido vindo do quarto
da Krissy. Não até Gavin.

"Tudo bem", falei. "Então, acho que devo começar desde o início."

Comecei do ponto em que ela nos viu pela última vez, e lhe dei um
resumo completo, incluindo a paquera de Howard comigo, e as
mulheres peitudas dando em cima de Gavin. Fez todos os
comentários apropriados e sons em todos os momentos certos, rindo
quando contei da idosa no banheiro, e se abanando quando descrevi
como Gavin tinha me impedido de me tocar, declarando que queria
ser o único a me fazer gozar. Quando, finalmente, cheguei ao
encontro no meu quarto, ela parou de tentar comer. A única coisa
que não lhe disse, foi sobre a filha e a noiva de Gavin. Se ele tinha
contado apenas para o Howard e para mim, não poderia quebrar sua
confiança e contar para Krissy, mesmo que ela fosse minha melhor
amiga. Não era um direito meu. Esperaria até que ele me dissesse
que estava tudo bem, antes que dissesse a ela algo sobre isso.

Quando terminei com um resumo vago do seu bilhete, ela soltou um


assobio. "Merda, Carrie, de onde diabos esse cara vem, e será que
tem mais como ele, lá?"

Balancei os ombros e dei uma mordida na minha panqueca. Ela tinha


esfriado durante a minha narração, mas ainda estava deliciosa.
Krissy e eu passamos alguns minutos comendo em silêncio, antes
que eu trouxesse uma coisa que estava pairando no fundo da minha
mente, desde a noite passada.

"Estou pensando em tomar pílula."

Krissy quase cuspiu, a boca cheia de panqueca.

Sentia o meu rosto queimar, mas me lembrei do que Krissy e Gavin


tinham me falado tanto. Era adulta. Não havia nada de errado com o
que estava fazendo ou com o que eu queria. E queria saber como
seria a sensação de tê-lo dentro de mim, sem nada entre nós. Pele
contra pele. Como me sentiria quando ele me penetrasse, me
preenchendo.

Balancei a cabeça e limpei minha garganta. Não ia contar nada disso


para Krissy, é claro. Tinha uma outra explicação, que fazia parte do
meu raciocínio, mas não era a razão principal. "Quando estávamos
indo para o banheiro, me lembro de pensar que tive a esperança que
ele tivesse um preservativo, porque ia ficar chateada se não tivesse.
Então, quando ele veio para cá, percebi que aqueles para
'emergências' não caberiam nele."

Não percebi o que tinha falado, até Krissy começar a tossir e ter que
tomar um gole de chá gelado. Cruzei os braços sobre o peito e tentei
aparentar que não tinha acabado de dizer algo um pouco mais
detalhado do que tinha planejado.

"Ok, desembucha." A voz de Krissy estava rouca, mas exigente."


Estamos falando de você só ter do tamanho médio e ele ser grande,
ou ..."

Suspirei. Sabia que ela nunca ia deixar isso pra lá, se eu não lhe
contasse, e ela podia, até, considerar dizer algo na frente de Gavin,
apenas para satisfazer sua curiosidade. "Sabe aquelas com as quais
sempre brincamos na sex-shop? Aquelas que dizemos que só estão
lá para propaganda enganosa?"

Krissy balançou a cabeça. "Você está brincando comigo, certo?"

Dei um sorriso um pouco envergonhado para ela. "Não."

”Uau." Me olhou de cima a baixo. "Como é que você está


conseguindo andar direito?"

"Krissy!" Praticamente gritei o nome dela, completamente


mortificada.

Lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto ela se dobrava de tanto


rir. Me recostei na cadeira, encarando-a, enquanto ela gargalhava.
Não ia lhe dar mais nenhuma satisfação ou qualquer outro tipo de
resposta. Em vez disso, decidi que ligar para o meu ginecologista
seria a primeira coisa a fazer segunda feira de manhã, e tentaria
marcar uma consulta naquele mesmo dia. A ideia de ser capaz de
dizer a Gavin que ele não precisava estar preparado, que poderia,
simplesmente, deslizar dentro de mim sempre que ... estremeci.

Finalmente, Krissy se acalmou e enxugou os olhos. "Sinto muito",


disse ela. Sua voz era sincera. "Eu nunca ... quer dizer ..."

Levantei a mão e balancei a cabeça. "Basta parar. Não quero falar


sobre isso. Vamos mudar de assunto."

"Concordo." Krissy tomou um gole do seu chá. "Você descobriu mais


alguma coisa sobre o clube?"

Dei de ombros. "Não muito." Tomei um gole do meu café. Ahh,


cafeína. "Nem cheguei perto de perguntar a ele sobre isso, então só
o que sei, foi o que ele falou antes. Duas vezes por semana, o clube
está fechado ao público e apenas membros têm acesso nesses dias.
Os mesmos membros que podem usar o quarto no andar de cima."
Corei, enquanto me lembrava do meu encontro naquele quarto. "Não
tenho ideia de quantos membros existem. Não perguntei."

Krissy riu. "Oh, você quer dizer que estava muito ocupada, na
verdade, tendo relações sexuais para procurar saber mais sobre
isso."

Revirei os olhos, mas não estava, realmente, tão irritada. Krissy


sempre implicava comigo sobre sexo. Só que, pelo menos desta vez,
não era sobre a falta dele.

"Então", se inclinou para a frente, uma expressão ansiosa no rosto.


"Estávamos um pouco distraídas, quando falamos sobre esse quarto.
Você nem conseguiu me contar muito sobre ele."
Peguei um pedaço de bacon enquanto respondia. "O que você quer
saber? Se tem amarras na cama tamanho orgia? Ou sobre o vibrador
incrivelmente grande que encontrei em um dos baús?"

Os olhos de Krissy se arregalaram. "Então, este não é um lugar


apenas para fazer sexo baunilha." Foi uma declaração, em vez de
uma pergunta.

Balancei a cabeça. "Oh, não. Nem chega perto disso." Sorri ao ver a
expressão de surpresa no rosto de Krissy. Sabia que ela não estava
assustada, exatamente, mas me ouvir falar sobre um clube de sexo,
tão naturalmente, era algo novo. Adicionar algo mais picante à
mistura, deixaria ainda mais divertido. "Abri um dos baús e tinha
grampos para mamilos e mordaças com bolas." Me esforcei para não
corar enquanto listava as coisas que procurei na Internet, semana
passada, apenas para que pudesse saber os nomes do que eu tinha
visto. "Tinham, também, capas penianas, braçadeiras para ... outras
partes do corpo, e correntes para conectar diferentes grampos. Tudo
isso, em um lado do baú. Do outro lado, tinham pênis de borracha,
cintas com pênis e vibradores com mais tamanhos, formas e cores
do que imaginei que existia."

"Uh-huh." Krissy estava me encarando. "E sobre os outros baús?"

Balancei os ombros. "Não sei, mas se a pesquisa que eu fiz for uma
indicação, encontrei coisas de dominadores."

"Pesquisa?" Começou a sacudir a cabeça, como se não pudesse


acreditar no que estava ouvindo. "Você está me dizendo que ...?" A
voz dela sumiu.

Assenti. "Você me conhece. Quando não sei nada sobre alguma


coisa, eu pesquiso."
"Então, o que você acha?" Puxou uma perna para cima, de modo que
seu pé ficou no assento e seu joelho, contra o peito.

"Eu não sei", respondi honestamente.

"E se - se Gavin estiver envolvido com essa coisa de BDSM?"

Olhei nos olhos dela. Essa era uma das coisas que estavam pairando
no fundo dos meus pensamentos, desde que encontrei aqueles
brinquedos.

"Você disse que ele segurou suas mãos acima da cabeça", Krissy
apontou. "E se ele quiser amarrá-la? Ou algo ainda mais pervertido?"
Ela mastigou o último pedaço de bacon. "Quer dizer, você não vai vir
com essa coisa toda de couro e chicotes pra cima de mim, não é?"

Eu ri, deixando a questão de lado, enquanto alcançava meu café. Ia


tomar minha bebida quente, e ter esperança de evitar a pergunta.
Não que eu tivesse algum problema em compartilhá-la com a Krissy,
pelo contrário, mas não sabia a resposta. Se alguém tivesse me
perguntado, há algumas semanas, se eu já havia considerado
qualquer coisa remotamente pervertida, teria rido para esse alguém,
mas agora, não tinha tanta certeza. Gavin já tinha feito eu ir além de
qualquer coisa que pensei que nunca faria. Do jeito que me sentia
sobre ele, o modo como meu corpo respondia a ele, não tinha certeza
do quão longe ele poderia me convencer a ir.
Capítulo 3

Passei todo do domingo trabalhando na minha papelada da


faculdade. Não estava mentindo para Howard quando disse que
precisava deixá-la pronta. Normalmente, era só colocar os fones de
ouvido para ter um foco preciso como o do laser, passear através da
jurisprudência e aplicá-la na minha tese, mas estava distraída,
ultimamente. Bem, ok, distraída desde o meio-dia, quando comecei
a pensar sobre quando Gavin me ligaria. Agora era noite e ele ainda
não tinha ligado.

Disse a mim mesma para manter o foco no trabalho escolar, e,


durante uma boa parte do tempo, consegui fazer exatamente isso.
Infelizmente, não conseguia impedir os pensamentos de avançarem
na minha cabeça de vez em quando, imaginando o que Gavin estava
fazendo, por que não tinha ligado. Eu os barrava, logo que
chegavam. Nunca fui uma dessas mulheres que desejavam atenção
vinte e quatro horas. Tinha tudo a ver comigo apenas querer ficar
com ele, e nada a ver comigo pensar que meu namorado tinha que
estar em contato constantemente.

Isso fez com que eu desse uma pausa. Namorado? De onde isso
tinha saído? Gavin se referiu a nós como estando juntos, mas não
tinha dito nada sobre qualquer tipo de compromisso. E, embora
mencionasse me apresentar sua filha, havia sempre uma chance de
que ele tenha dito aquilo, só porque foi apanhado na emoção do
momento. Pelo que eu sabia, sua definição de "juntos" podia
significar um caso por algumas semanas, ou talvez, até mesmo,
alguns meses. Não significava, necessariamente, a mesma coisa
para ele, que significava para mim. Não que eu soubesse, realmente,
o que isso significava para mim.

Olhei para o meu telefone, pelo que parecia ser a centésima vez.
Mesmo que mal tenha ficado longe dele e tenha verificado cada vez
que retornava, ainda apertava o botão para tirar a proteção de tela.
Nenhuma chamada. Nenhuma mensagem.

Fiz uma careta. Deveria ligar?

Absolutamente, inferno, de nenhuma maneira. Ouvi a voz de Krissy


na minha cabeça.

Suspirei. Claro que não. Me levantei e peguei meu copo vazio.


Precisava de mais chá gelado. Fui para a cozinha, me deslocando
através da escuridão com facilidade. Quando Krissy não estava aqui,
raramente, ligava as luzes, enquanto me movia em torno do
apartamento. Contanto que eu tivesse limpado e soubesse que não
havia nada no chão para me derrubar, conseguia percorrer o
caminho através de todo o espaço, sem nenhum problema. A luz da
geladeira era mais do que suficiente para encher o copo.

O silêncio era quase ensurdecedor. Os vizinhos tinham saído de


manhã cedo e Krissy tinha ido ao cinema com Leslie, então os únicos
sons que podia ouvir, eram os ruídos do tráfego abaixo e as vozes
abafadas daqueles que estavam acima e abaixo. As paredes podiam
ser finas, mas o teto e o piso tinham um bom isolamento. Tudo isso
estava em segundo plano, o tipo de ruído de fundo com o qual as
pessoas ficam tão acostumadas que, raramente, pensam nisso.

Então, um som cortou o ar. Uma música. Um toque de celular. Merda.


Meu celular estava tocando. Quase deixei o copo cair, na pressa de
voltar para o quarto. Dessa maneira, o chá gelado derramou todo na
minha frente e no meu braço, encharcando minha camiseta. Quando
vi o seu nome na tela, até esqueci que estava molhada.

"Oi." Soei ofegante e esperei que ele não tivesse percebido que corri
para atender ao celular.

"Olá." Ele parecia divertido. "Sinto muito, de verdade, não ter ligado
mais cedo. Fui inundado com trabalho."

Me sentei e olhei para a tela do meu laptop. "Tudo bem. Eu,


realmente, tive que trabalhar na papelada da faculdade." Não
mencionei que não tinha sido um trabalho dos mais bem feitos, como
tinha planejado.

"Tenho que sair da cidade por alguns dias, a negócios", disse ele.

Uma pontada de decepção passou por mim. Se dissesse que não


estava esperando que ele me convidasse para sair hoje à noite,
estaria mentindo.

"Esperava que pudesse vê-la na quarta-feira."

Sorri. "Isso seria ótimo." Minha voz pareceu muito mais indiferente do
que eu me sentia. "Você pode vir no clube depois do trabalho, mais
ou menos, às cinco? Gostaria de lhe oferecer uma excursão oficial
pela boate."

"Oh." De repente, não sabia o que dizer. Queria vê-lo, muito. Meu
corpo inteiro estava vibrando, apenas com a ideia. Mas, não tinha
certeza de como me sentiria ao voltar à boate. Imagens brilharam,
atravessando, velozes, a minha mente.

Gavin aparecendo, fingindo ser meu namorado.

A maneira como olhou para mim quando eu estava dançando com a


Krissy.
Beijando-o pela primeira vez.

Entrando naquele quarto, sabendo que faria sexo.

Um orgasmo alucinante, atrás do outro.

"Carrie?" Sua voz interrompeu minhas memórias. "Você está bem?"

"Sim", respondi automaticamente. Antes que pudesse me convencer


do contrário, falei em seguida. "E, sim, vou passar por aí, depois do
trabalho."

"Ótimo!"

Quase conseguia vê-lo sorrindo, e sabia como seus olhos estavam


se iluminando. Calor se espalhou pelo meu estômago.

"Vá para a porta lateral e toque a campainha para que eu possa


deixá-la entrar. Tenho uma coisa para você."

Fiz uma careta. "Sem mais presentes, por favor." Ele não tinha
pedido o colar de volta, ainda, e eu estava tentando descobrir uma
maneira de falar sobre isso com muito tato. De maneira nenhuma,
ele podia ter me dado o colar como um presente. Ou podia?

"Não é um presente. Não exatamente", me assegurou. "Mas vai


agradá-la."

O calor se transformou em chamas e eu me mexi no assento. A


maneira como ele disse a palavra "agradá-la" me fez pensar que não
estava falando sobre um pequeno gesto. Seu tom de voz insinuava
algo mais profundo e, talvez, mais sombrio, algo que falava de uma
natureza primitiva, que não sabia da existência, até que o conheci.
Mas, novamente, podia ser, apenas, uma ilusão da minha parte.
"Eu tenho que ir, mas vou ficar pensando em você e no nosso
próximo encontro."

Desligou antes que eu pudesse responder.

"Oh, merda." Apoiei a cabeça na mesa. "Onde eu fui me meter?"

Tentei trabalhar na papelada da faculdade depois disso, mas não


conseguia pensar em mais nada, além do que Gavin podia estar
reservando para mim. Finalmente, às dez horas, desisti. Tomei um
banho e fui para a cama, com a intenção de ler até adormecer. Em
vez disso, olhava para a mesma página por uma meia hora, minha
imaginação correndo selvagem.

Gavin tirando minhas roupas lentamente, então as suas, antes de


pularmos na piscina.

Me deitando de costas no bar e enterrando a cabeça entre as minhas


pernas até eu gritar.

Outra viagem até o quarto no andar de cima, onde ele me amarrava


à cama e me excitava impiedosamente.

Explorando os vários baús e brinquedos, enquanto me ensinava os


usos de cada um.

Ainda estava fantasiando sobre todas as coisas que ele poderia fazer
comigo quando caí no sono, e os meus desejos me seguiram até
meus sonhos.
Capítulo 4

Não era triste, que a parte mais emocionante da minha semana antes
da quarta-feira, foi quando consegui uma consulta com meu
ginecologista na segunda, na hora do almoço? Não que a consulta
em si, fosse emocionante, apenas o que ela prometia. Peguei minha
receita e comecei a tomar a pílula imediatamente. Mesmo que, nesse
exato momento, estivesse protegida, ia esperar uma semana, só
para o caso de dúvida. Ainda assim, saber que seria capaz de dizer
a Gavin que ele não teria que usar qualquer coisa era inebriante.
Pensei em ligar para ele, mas isso parecia um pouco avançado.
Então, pensei em contar para ele na quarta-feira, mas fui contra. Em
primeiro lugar, gostaria de sugerir que fizéssemos alguns exames,
para me assegurar que não havia outra razão, além da gravidez, que
significasse que seria necessário manter o uso de preservativos.
Então, marcaria uma noite na semana que vem para nos
encontrarmos e dizer que eu queria que ele me penetrasse, sem
proteção. Só podia imaginar o olhar em seu rosto. Na verdade,
imaginei isso durante a consulta inteira e, em seguida, no caminho
do trabalho para casa, naquela noite. A única razão pela qual não
fiquei pensando sobre isso no intervalo entre eles, foi que eu tinha
um trabalho a fazer.

Demorou um pouco, mas finalmente aprendi a me concentrar quando


os pensamentos amorosos queriam aflorar. A cada hora, me permitia
cinco minutos para as minhas fantasias. Eu pensava em Gavin e em
como seu corpo ficava contra o meu. Às vezes, eram memórias;
outras vezes, pensava em algo novo. Uma vez que esses cinco
minutos acabavam, eu voltava para a tarefa em questão.
Essa tarefa, nos últimos dois dias, era fazer mais pesquisas sobre
Howard. Mimi tinha me instruído a descobrir o máximo que pudesse
sobre as mulheres com as quais Howard tinha sido visto durante o
último ano, antes da sua separação. Se alguma delas fosse capaz de
testemunhar que havia feito sexo com Howard, enquanto ele ainda
estava vivendo com sua esposa, seu caso estaria seriamente
danificado.

Fui capaz de dizer, quando ela me chamou no seu escritório na


segunda-feira de manhã, que as coisas não estavam indo do jeito
que ela queria. Assim que ela me disse o que tinha descoberto,
entendi o porquê. Ela conseguiu o acordo pré-nupcial, finalmente, e
tinha passado o fim de semana lendo-o. Parecia muito ruim para o
Howard.

Pouco antes de se casarem, Howard tinha estado perto da falência.


Seu negócio havia falhado e ninguém iria lhe dar um empréstimo para
salvá-lo. Então, um grande investidor apareceu e deu a ele o que
precisava para passar por essa fase difícil. O investidor era da família
da esposa de Howard. Um dia após o casamento, a empresa de
Howard tinha sido salva, mas para proteger o investimento da família,
o advogado tinha escrito no acordo pré-nupcial que cinquenta por
cento da empresa pertenceria à família. Os outros cinquenta por
cento seriam divididos entre Howard e sua esposa - exceto no caso
de infidelidade. Se Howard tivesse sido infiel, sua esposa ia ficar com
tudo e Howard perderia sua empresa. Minha missão era descobrir se
Howard, realmente, teve um caso. O que significava que gastaria,
sabe-se lá quanto tempo, descobrindo o máximo que podia sobre
todas as mulheres que foram vistas com Howard, até seis meses
atrás.
As celebridades eram fáceis. Se não as conhecesse, uma busca
rápida me fornecia seus nomes. Uma vez que tinha procurado por
artigos ligando Howard a cada uma dessas mulheres e não encontrei
nada, fiquei convencida que não tinha necessidade de ir mais fundo
com elas. Se tivesse havido qualquer sujeira, as revistas de fofocas
encontrariam. Não, tinha que me preocupar era com as mulheres que
não eram celebridades.

Eram todas muito bonitas - duvidava que Howard alguma vez se


dignou a ser visto com ninguém menos do que atraente - mas não
eram atrizes, modelos, cantoras, ou mesmo aquelas celebridades
que são famosas por nada, apenas famosas.

Na quarta-feira de manhã, tinha esgotado todos os recursos à minha


disposição. Todos, com exceção de dois, e realmente não queria
precisar do último. Depois que sentei à minha mesa, fiz a primeira –
e, esperava que fosse a última - chamada. A assistente pessoal de
Howard, Annie, atendeu no segundo toque.

"Olá, aqui é a Carrie Summers da Webster e Steinberg." Mantive


minha voz leve e profissional. Soava falsa para mim, mas estava me
esforçando para torná-la melhor. "Minha chefe, a Srta. Styles, me
pediu para buscar informações básicas sobre as mulheres que
participaram de vários eventos com o Sr. Weiss."

Não sabia se Annie entendeu a implicação do que eu estava pedindo,


mas esperava que não. Saber que alguém estava verificando a vida
sexual do seu chefe podia deixar as coisas muito estranhas.

"Sinto muito, Srta. Summers, mas não tenho acesso a essas


informações." Annie parecia quase entediada. "O Senhor Weiss não
me fornece os nomes das suas acompanhantes, só me instrui a
confirmar reservas, seja para ele, apenas, ou com uma
acompanhante."

"Ok." Fiquei desapontada. "Obrigada, de qualquer maneira."

"Tenha um bom dia."

Fiz uma careta quando desliguei. Parecia que a única maneira que
eu conseguiria obter os nomes dessas mulheres seria pedir ao
próprio Howard. Não queria ter essa conversa. Afora o fato de que
seria desconfortável perguntar sobre suas acompanhantes, quando
eu sabia que ele ia entender exatamente por que estava pedindo
isso, provavelmente iria deixar todas as futuras conversas estranhas
e, já que eu estava com Gavin, tinha a sensação que iria me
encontrar muitas vezes com Howard.

Então, também havia aquela coisa toda da paquera. Não tinha


certeza de como ele ia encarar as perguntas sobre essas mulheres.
E se ele pensasse que estava perguntando porque tinha motivos
pessoais? Podia vê-lo imaginando que estava tentando descobrir
sobre alguma concorrente. Gavin podia acreditar que Howard era
apenas um sedutor que se comportava dessa maneira em relação a
todas as mulheres, mas não foi o que eu percebi de Howard. Não
podia acusá-lo ou fornecer qualquer tipo de prova ou evidência,
motivo pelo qual não tinha dito nada para o Gavin, mas algo sobre
Howard, simplesmente, não parecia bom para mim. Continuava
tendo a sensação de que havia algo abaixo da camada superficial,
que era muito menos atraente.

Decidi adiar a ligação para o Howard. Havia um punhado de outros


lugares nos quais poderia procurar informações. Não eram
exatamente confiáveis, mas me dariam uma desculpa para não fazer
essa chamada. Além disso, quem sabe o que eu poderia encontrar?
Se nada mais, talvez pudessem me levar a outra pista.

Cerca de duas horas depois, estava começando a ficar vesga por


causa das letras minúsculas que estava lendo no computador e
quase perdi isso: um artigo que mencionava Howard Weiss. Não foi
até que cliquei nele e comecei a ler, que percebi que não era uma
peça de entretenimento. Em vez disso, era um artigo biográfico, onde
a história da família de Howard tinha sido traçada. Mesmo que não
tivesse nada a ver com o que estava procurando, continuei lendo. Se
tivesse que ligar para ele, pelo menos teria um pouco mais de
informação básica.

Quanto mais eu lia, maiores os meus olhos ficavam. As raízes de


Howard em Nova York eram mais profundas do que eu tinha
imaginado. Sua família morava na cidade desde antes da virada do
século, e não estava me referindo ao mais recente. As coisas eram
bastante normais até os anos vinte, quando o bisavô do Howard,
Josiah, tomou o poder na máfia judaica. Haviam links para Josiah
Weiss, então os segui. Ele tinha sido cruel, frio e calculista. Uma
dúzia de assassinatos foram atribuídos a ele diretamente, mas
nenhum, nunca, foi levado a julgamento, porque as testemunhas
tinham desparecido. Em alguns casos, tinha uma lista com mais de
cinquenta ou sessenta baleados por ordem dele. Três eram juízes e
mais de uma dúzia eram policiais. Em seguida, todos os negócios
obscuros. É claro que, com a Lei Seca e tudo, tinha feito uma fortuna
com bebidas, mas não parou por ali. Josiah tinha os dedos em tudo.
Corrupção policial. Extorsão de empresários. Prostituição. Parecia
que a única coisa que ele não fez, foi vender drogas.
Quando terminei, me recostei na cadeira, tentando absorver tudo o
que tinha acabado de ler. Não devia fazer diferença, eu sabia. A
máfia judaica foi completamente extinta, e só porque Josiah Weiss
tinha feito parte dela, não queria dizer que Howard tinha alguma coisa
a ver com essa parte da sua história familiar. Então, novamente, um
monte desses tipos da máfia tinha aquela mentalidade de "é um
negócio de família e o sangue fala mais forte". Se as práticas do
negócio tinham sido passadas de geração em geração, não havia
como dizer o que Howard tinha feito para adquirir sua fortuna. Ou até
que ponto ele estaria disposto a ir para mantê-la.
Capítulo 5

Quando voltei do almoço, um pacote estava esperando na minha


mesa, e em cima dele, uma única rosa vermelha. Não ia jogar essa
fora. Sorri quando peguei a flor. Levei-a até o nariz e respirei o aroma
único. Não importa o quão perto os cientistas estavam perto de
duplicar o cheiro das rosas, sempre haveria algo diferente sobre a
coisa real.

"É do Gavin?"

Olhei para cima e vi Leslie sorrindo para mim. Graciosa e linda de


morrer, Leslie tinha pego o número de Gavin quando tentei jogá-lo
fora. Ela nunca me disse se tentou ligar para ele.

"Vou vê-lo hoje à noite." Guardei a flor e peguei o cartão.

Leslie sorriu para mim, os brilhantes olhos verdes, reluzindo. Sabia


que ela não iria me invejar por estar com Gavin, mesmo que eu tenha
dito, originalmente, que não queria nada com ele. Leslie nunca teve
carência de atenção masculina. Entre os cachos vermelhos
brilhantes e o corpo cheio de curvas, ela e Krissy rivalizavam, uma
com a outra, com a quantidade de homens que tiveram ao longo dos
anos.

"O que tem na caixa?" Perguntou ela.

Não sabia, mas tinha uma boa ideia. A última vez que tinha recebido
uma caixa como esta, continha o mais belo vestido Prada que já vi.
Abri o cartão e li em silêncio.

Por favor, use isso quando eu encontrá-la, hoje, e não, este não é o
seu presente. – G
Com a curiosidade aguçada, deixei o cartão de lado e abri a caixa.
Quando levantei o papel de seda, meu queixo caiu. Haviam roupas
na caixa, mesmo, mas nem chegava perto do que esperava. Era
lingerie.

Leslie assobiou. "Caramba. Ele tem bom gosto."

Nem consegui concordar. Minhas bochechas estavam queimando.


Era absolutamente maravilhosa. Nunca tinha usado nada parecido,
e não apenas porque, provavelmente, custava mais do que eu
gastava em todo o meu guarda-roupa, em um mês. Gosto bastante
de lingerie, mas sempre as mantive simples. Minhas peças mais
extravagantes eram de renda preta. Nada tão fino ou transparente,
ou qualquer coisa assim. Nunca achei que fosse feia, mas também
nunca tive a coragem de tentar usar qualquer coisa como a que havia
na caixa. Hoje à noite, no entanto, eu o faria. Para ele.

"Você tem sido muito reservada sobre essa coisa toda com o Gavin”,
Leslie observou. "Krissy me disse, ontem à noite, que parece que
você, realmente, gosta desse cara. É verdade?"

Leslie sabia ser bem direta.

Inspirei, lenta e profundamente, e levantei a cabeça para encontrar


seu olhar. "Gosto."

Leslie sorriu. "Bom para você." Começou a voltar, em direção à sua


mesa, em seguida, fez uma pausa e olhou por cima do ombro, para
mim. "Espero que ele seja tão bom de cama quanto parece."

"É melhor." As palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse


pensar e quase coloquei a mão sobre a boca.
Eu não tinha certeza de quem parecia mais chocada, eu ou a Leslie.
Quem quer que fosse, ela se recuperou primeiro.

"Parece que ele está fazendo você se soltar, de verdade." Piscou


para mim. "Cuidado. Você vai acabar como eu, se não se cuidar."

Ela não esperou por uma resposta, o que foi bom. Não tinha certeza
de quanto tempo eu ia levar para superar minha mortificação, o
suficiente, para falar. Assim, levei quase um minuto para ser capaz
de me mover novamente. Cuidadosamente, dobrei o papel de seda
para baixo e coloquei a tampa de volta na caixa, antes de deixá-la de
lado.

Afundei na cadeira. Precisava me concentrar. Não podia ficar


pensando sobre isso ou sobre o porquê de Gavin querer que eu o
usasse. Ainda tinha metade de um dia inteiro para trabalhar. Isso
acabou sendo mais fácil de dizer, do que fazer.

Foi difícil classificar todas as mulheres do Howard, para fazer uma


lista de todas que eram conhecidas e estavam limpas, em seguida,
compilar imagens daquelas não foram, até o momento, identificadas.
Não pelo trabalho em si, no entanto, mais como tentar prestar
atenção aos detalhes, enquanto meus olhos continuavam sendo
atraídos de volta para a caixa apoiada na beira da minha mesa.
Ficava imaginando como seria sentir a seda macia na minha pele,
como me sentiria pegando um táxi, sabendo o que estava usando por
baixo da saia e da blusa. Acima de tudo, tentava imaginar a reação
que Gavin teria quando me visse naquilo.

De alguma forma, apesar das minhas distrações, consegui terminar


a lista com quinze minutos de sobra. Estava sorrindo enquanto
imprimia as imagens. Estava colocando-as em uma pasta, quando
ouvi meu nome.

"Carrie."

Olhei para cima e vi Mimi em pé, na frente da minha mesa. Ela


estendeu uma pilha de papéis. Peguei-os, automaticamente.

"Estas anotações têm que ser classificadas e colocadas em ordem


cronológica para a primeira hora de amanhã. Elas são essenciais
para uma reunião, por isso, são sua prioridade."

Ela se virou e foi embora. Não foi nenhuma surpresa que ela não se
preocupou em perguntar se eu tinha planos para a noite. Nenhum
sócio perguntaria isso a um assistente, especialmente, um que
estava trilhando seu caminho através da faculdade de Direito.
Fazíamos o trabalho porque era assim que todos pagávamos nossas
dívidas. Ser assistente de Mimi só queria dizer que suas tarefas
tediosas eram meu trabalho, sem precisar atender quaisquer outros
sócios. Isso também significava que, quando ela precisava de mim
para ficar até mais tarde, eu ficava até mais tarde.

Espalhei as anotações sobre a mesa e suspirei, com frustração.


Cada uma delas tinha a escrita mal legível da Mimi e nem uma única,
continha uma data. A única maneira de ser capaz de colocá-las em
ordem cronológica seria lê-las e colocá-las juntas, como um quebra-
cabeça. Levaria uma hora, no mínimo.

Comecei a trabalhar, usando um marca texto para ressaltar partes


relevantes que eu poderia ligar com outras peças. Pelo menos, era
isso que estava tentando fazer. Mais de uma vez, no entanto, dei
comigo a ler a mesma frase, outra e outra vez.
"Vejo você amanhã", disse Leslie, enquanto passava. Sorriu para
mim. "A menos que esteja muito esgotada."

Revirei os olhos e consegui não corar. Tentei me concentrar


novamente, esperando que pudesse terminar rapidamente. Em vez
disso, meu olhar continuava se desviando para o meu celular, me
perguntando se deveria, apenas, ligar para o Gavin e lhe dizer que ia
me atrasar. Mas, e se ele decidisse que seria muito aborrecimento
ter que esperar? Tinha dado a minha palavra de que estaria lá pouco
depois das cinco. Era obrigada a mantê-la. Além disso, não era como
se tivesse muito trabalho a ser feito, de qualquer maneira.

Sabia que estava tentando me convencer a sair sem terminar o


trabalho, mas não me importava. Queria ver Gavin, e minha cabeça
não estava no trabalho, de qualquer forma.

Peguei a pilha de papéis e a coloquei na gaveta da mesa para não


se perderem. Viria mais cedo, amanhã, e terminaria antes da Mimi
chegar. Ela não tinha falado, especificamente, para ficar até tarde,
por isso, enquanto tivesse tudo feito na hora em que ela precisasse,
não haveria qualquer problema.

O escritório estava quase vazio na hora que peguei a caixa e me dirigi


ao banheiro. Alguns associados e assistentes estavam espalhados
ao redor e avistei, pelo menos, um sócio, mas nenhum deles prestou
atenção em mim, enquanto carregava a caixa para o banheiro. Entrei
na última cabine, um sorriso brincando em volta dos meus lábios
enquanto pensava sobre o que tinha acontecido na última vez que eu
tinha entrado em uma cabine como essa. Felizmente, desta vez,
estava vazia. Rapidamente, me despi e dobrei o sutiã e a calcinha
que tinha usado, colocando-os na caixa. Peguei a lingerie, meu
coração batendo forte quando fiz isso. A cor era a mesma do vestido
que Gavin tinha me dado para o baile, aquele vermelho profundo, e
como tinha feito anteriormente, parecia incrível contra a minha pele.
Queria me ver nela, antes de me revelar para o Gavin.

"Olá?" Chamei baixinho. Minha voz ecoou pelas paredes de azulejos,


mas ninguém respondeu. Abri um pouco a porta e olhei para fora.
Estava vazia. Não precisava ir, na verdade, lá para fora. Estava do
outro lado dos espelhos, então tudo que tinha que fazer era abrir a
porta toda e conseguiria ver como estava.

Respirei fundo e saí de trás da porta. Meus olhos se arregalaram.


Uau. Não sabia que podia ficar com aquela aparência em uma coisa
como aquela. Era pura renda e seda carmesim. Não tinha alças, e o
sutiã abraçava meus seios, o corte baixo mostrando um pouco da
carne cremosa. A coisa mais surpreendente, no entanto, era que eu
podia ver os círculos, ligeiramente mais escuros, dos meus mamilos
através da renda, mas o efeito não era brega. A partir do centro do
sutiã, uma fina tira de seda descia pela minha barriga, se dividindo
em duas partes, que desciam pelos dois lados do meu umbigo antes
de se conectarem no topo da calcinha. Ela, também, era
transparente. Não completamente transparente, apenas dava a
entender o que estava por baixo, sem ser vulgar. Também eram
menores que qualquer coisa que já tive. Ficava lá em baixo, nos
meus quadris, o cós um pouco acima da camada fina de cabelo que
cobria minhas partes mais íntimas. A parte de trás mal existia, uma
tira de tecido que era apenas uma fração maior que um fio dental.
Acrescente a isso as meias negras até o meio da coxa, que sempre
usava, e os sapatos de salto, que não me preocupei em tirar e, por
um momento, me vi como uma mulher sexy. Não engraçadinha, não
bonita, nem mesmo gostosa, mas verdadeiramente sexy.
Fechei a porta e coloquei a saia e a blusa de volta. Quando abotoei
a camisa, estava grata por estar usando uma cinza escura, em vez
da branca usual. Tinha feito isso porque queria usar minha roupa de
baixo preta para encontrar com o Gavin, mas, agora, isso significava
que eu podia usar a vermelha, sem me expor a todos.

Carreguei a caixa de volta para a minha mesa e, discretamente,


transferi minha calcinha e o sutiã para a bolsa antes de lançar a caixa
à distância. Não queria ter que carregá-la por aí. Então,
excessivamente consciente do que estava vestindo sob as roupas de
trabalho, saí do prédio e me dirigi para a boate.

Ninguém me deu uma segunda olhada enquanto acenava para um


táxi, mas sentia como se todos olhassem para mim, sabendo o que
eu estava vestindo, o que eu estava fazendo. Mantive meus olhos
voltados para a frente enquanto entrava no carro. Sorri,
educadamente, enquanto dava o endereço ao taxista e tentei não
pensar se ele sabia o que a boate era. Krissy e Gavin estavam,
ambos, corretos, sobre não ter vergonha, mas era mais fácil falar, do
que fazer.

Paguei ao motorista sem fazer contato visual e comecei a subir a


calçada. Gavin havia dito para usar a entrada lateral, assim, me dirigi
ao beco, em vez de ir para a porta da frente. Como os becos da
cidade, este era melhor que a maioria. Era relativamente limpo, com
apenas algumas pontas de cigarro e preservativos, espalhados com
a poeira habitual e detritos que sopravam em torno das ruas. Não
tinha um cheiro agradável, mas não havia aquele cheiro de bosta de
gato, lixo, e vômito, que pairava em torno da maioria becos.

Poucos metros à frente, vi uma porta vermelha brilhante. Próxima a


ela, uma campainha. Apertei o botão e ouvi o som fraco da sua
sinalização, atrás da porta. Um minuto depois, a porta se abriu,
preenchida com o segurança enorme que estava na porta, na noite
da inauguração. Duvidava que ele teria me reconhecido, mesmo que
não estivesse vestida de forma completamente diferente.

"Sim?" Ele parecia confuso, enquanto me dava uma olhada de cima


a baixo.

"Estou aqui para ver o Sr. Manning", disse. Realmente esperava que
parecesse alguém atendendo uma chamada profissional e não o tipo
de garota que frequentava clubes de sexo. Imediatamente, repreendi
o pensamento. Não era de admirar que tinha dificuldade em não
sentir vergonha, pensando coisas assim.

"Quem?" O segurança cruzou os braços sobre o peito largo. Não


parecia, exatamente, amigável, mas também não parecia com
alguém que ia me matar se eu respondesse à sua pergunta.

"O Sr. Manning. O proprietário." Imaginei que não era muito estranho
que um segurança não soubesse o nome do proprietário.

"Você está no lugar errado." Estendeu a mão para a porta. "Não há


ninguém aqui com esse nome." Me deu um outro olhar de corpo
inteiro. "Se você está aqui sobre o trabalho, as audições são
amanhã."

Não precisava que ninguém me explicasse qual era, provavelmente,


o tipo de audição. Ele começou a fechar a porta, então estendi a mão
e a segurei. Não tinha certeza de quem ficou mais surpreso com a
minha ação, eu ou ele. Não era exatamente pequena, mas estava
longe de chegar perto do seu tamanho. Duvidava que a maioria dos
homens teria tentado empurrar a porta.

"Senhorita ..." Havia uma advertência na palavra.


"Espere, por favor." Mantive a voz calma. "Este é o Club Privé,
certo?" Ele balançou a cabeça. "E você está dizendo que não há
ninguém chamado Gavin Manning aqui?"

"Está tudo bem, Lenny. Eu pedi para ela vir."

A voz de Gavin veio de trás do segurança, seu tom de voz dizendo


que sabia que a montanha de homem estava olhando para mim. Meu
coração começou a bater forte e minha boca ficou seca, mas nada
disso era por excitação. O que estava acontecendo aqui? Por que
Lenny não sabia quem era o Gavin e Gavin conhecia o Lenny?

O segurança saiu do caminho e Gavin, de repente, estava ali. Sorriu


para mim quando Lenny se afastou, balançando a cabeça e
resmungando algo que não consegui ouvir. Todos os meus instintos
diziam que havia algo errado, que deveria ir embora, mas antes que
pudesse fazer isso, Gavin estendeu a mão e pegou a minha, me
puxando pela entrada até um pequeno corredor.

"Estava começando a me preocupar que você tivesse mudado de


ideia", disse ele.

Arranquei minha mão da sua e dei um passo para trás. Ele pareceu
surpreso, mas não fez nenhum movimento para me tocar de novo.

"O que houve?" Perguntou.

"Quem é você?"

"O quê?"

Eu não ia cair naquele olhar inocente. Algo estranho estava


acontecendo aqui, e eu ia descobrir o que era. Se ele não era Gavin
Manning, ia descobrir quem ele, realmente, era.

"Quem, diabos, é você?


Capítulo 6

Ele olhou para mim, como se não entendesse minha pergunta. Tudo
bem, eu explicaria.

"O segurança disse que não havia ninguém chamado Gavin Manning
aqui, mas aqui está você e, obviamente, ele sabe quem você é, o que
significa que estava mentindo para mim, ou você não é quem disse
que era. E, uma vez que já mentiu para mim antes, acho que vou ser
cautelosa com isto. Então, repito, quem diabos é você?"

Gavin levantou as mãos, como se sentisse que não seria uma boa
ideia tentar me tocar naquele momento. Quando falou, sua voz era
calma, e não defensiva.

"Lenny só estava sendo cuidadoso. Ele vem sendo meu motorista e


guarda-costas há mais de um ano. Alguns meses atrás, uma mulher
louca veio atrás de mim com uma arma. Lenny lutou para arrancar a
arma dela, mas foi baleado na mão. Tem sido um pouco mais
cauteloso do que o habitual, desde então."

Dei a Gavin um olhar cético. "Uma mulher com uma arma?"

Ele me deu um meio sorriso. "Seu marido era um dos meus clientes
de consultoria. Um dia antes dela vir atrás de mim, encontrou batom
na camisa dele. Ela o confrontou e ele admitiu que estava tendo um
caso, então disse a ela que eu o levei lá para cima com uma mulher.
Ela ficou irritada e decidiu vir atrás de mim."

"Você empurrou o marido dela lá para cima, com uma mulher?" Não
conseguia acreditar que tive que fazer essa pergunta, mas algo sobre
isso, simplesmente, não estava encaixando bem.
"Não. Nunca faria algo assim. Posso ser proprietário de um clube de
sexo, mas tenho certos padrões. Se homens casados vêm aqui e
ficam com alguém, é uma coisa, mas nunca, propositadamente,
arranjei um encontro sexual entre um homem casado com uma
mulher."

Parecia que estava sendo honesto, mas não tinha tanta certeza de
poder acreditar nele. Nunca tinha ouvido falar de outros clientes, e
essa última frase veio, quase, como se ele tivesse ensaiado.

"Você nunca vai confiar em mim?" Sua voz era suave.

Olhei para ele e, em seguida, vi a dor em seus olhos. Gostaria de


poder dizer que não tinha nenhuma dúvida, mas isso seria uma
mentira.

"Olha." Os cantos de sua boca se contorceram quando enfiou a mão


no bolso e pegou a carteira de identidade. Ele a estendeu para mim
e a peguei. "Minha identidade diz Gavin Manning. Gostaria de lhe
mostrar a minha certidão de nascimento, mas deixei em casa."

Entreguei a identidade de volta para ele e seus dedos roçaram os


meus, quando ele a pegou. Acho que estava sendo meio boba. Ele
tinha me dado uma explicação que fazia sentido e não estava na
defensiva. Por que ainda duvidava dele? A partir do momento em que
prometeu não haver mais mentiras, manteve a promessa. Precisava
decidir se ia confiar nele ou se isso ia ser uma coisa constante, eu
questionando sempre, ele sempre tendo que se explicar. Essa não
era a maneira de ter um relacionamento.

Estendi minha mão. Ele sorriu e a pegou, me levando pelo corredor


curto até a área principal da boate. Além da falta de pessoas, algo
estava diferente. Ainda era bonita e opulenta, mas faltava alguma
coisa. Era tão grande e óbvia, que demorei alguns minutos para
perceber o que era.

"Onde está a piscina?"

No espaço no centro do salão, onde tinha havido uma grande piscina


na noite de abertura, só havia o chão.

Gavin sorriu para mim e apontou para um painel na parede apenas


alguns metros distante de nós. Enfiou a mão no bolso, tirou uma
chave, e a inseriu na fenda ao lado do painel. Girou a chave e apertou
um dos botões.

Com um leve zumbido, o chão começou a se abrir. Vi quando ele se


separou, lentamente, revelando a água embaixo. Tinha que admitir,
fiquei impressionada. Sabia que haviam escolas com piscinas sob os
pisos do ginásio, mas nunca tinha ouvido falar de uma boate. Melhor
dizendo, nunca tinha ouvido falar de uma casa noturna com uma
piscina coberta ao lado da pista de dança.

"Por que está escondida?" Perguntei, enquanto o piso retornava ao


seu lugar original.

“Só usamos para eventos especiais", falou. "Você tem alguma ideia
de quanto custa manter uma piscina, pelas normas do departamento
de saúde? Desta forma, não precisamos nos preocupar com
inspeções semanais; apenas mensalmente, uma vez que só vai ser
usada para eventos específicos."

"Como o quê?" Perguntei, enquanto ele começou a me guiar ao longo


da parede.

"Bem", disse ele, pensando. "Como as nossas noites somente para


membros. Abrimos a piscina e contratamos ... entretenimento."
Sua hesitação me mostrou que o entretenimento consistia de um
único gênero. Fiz uma careta. Ele trazia prostitutas para seus
clientes.

Comecei a puxar minha mão, mas ele apertou seus dedos nos meus.

"Dançarinas, Carrie." O olhar em seu rosto, mostrou que ele sabia


exatamente o que eu estava pensando. "Dançarinas exóticas.
Strippers, se você acha essa palavra melhor, mas tudo o que elas
fazem é dançar. Elas são pagas por evento, e não pelos homens, e
são todas de alta classe." Fez uma pausa e acrescentou: "Embora,
no espírito de total de honestidade, como prometi, se alguma delas
decide aceitar a oferta de um homem para ir lá para cima, não vou
impedir. Adultos conscientes, e tudo o mais. Não sou o pai dela."

Não tinha certeza de como me sentia sobre esse aspecto do negócio,


mas não disse nada. Eu o acompanhava em silêncio, sorrindo e
acenando, enquanto Gavin me mostrava todos os detalhes
intrincados da boate. Era, realmente, muito bonita e, depois de
alguns minutos, afastou os pensamentos da noite dos membros para
o fundo da minha mente.
Capítulo 7

"Então, ouvi dizer que você estava tendo problemas para obter
informações que precisava, sobre algumas das mulheres na vida de
Howard."

Olhei para ele, assustada. Ele parecia estar levemente divertido com
a minha reação e, quando pensei sobre isso, imaginei que devia ser
óbvio. Parecia ser parte do seu trabalho, saber tudo a respeito de
Howard.

"Deixe eu lhe mostrar o meu escritório."

Pensei que a mudança de assunto pareceu um pouco abrupta, mas


não falei nada sobre isso. Obviamente, ele tinha algo em mente e
achei que seria uma boa deixá-lo falar, em vez de tentar descobrir
isso por conta própria.

Quando entramos no elevador, meu coração deu um pequeno salto


e esfreguei as mãos na saia. Na última vez que estive neste elevador,
as mãos de Gavin estavam sobre mim no momento em que as portas
se fecharam. Observei os painéis da porta deslizarem e continuei
olhando para a frente, quando entramos. Queria olhar para Gavin,
para ver se ele estava se lembrando daquela noite também, mas
tinha medo que, se eu o fizesse, veria que ele estava olhando para
mim com luxúria em seus olhos ou, pior, nem estava afetado. A
primeira seria ruim, porque não tinha autocontrole muito quando ele
estava ao meu lado. Nenhum, na verdade. A segunda seria ruim,
porque significaria que o nosso encontro não foi suficiente para
despertar suas memórias. Então, fiquei parada como uma covarde,
olhando diretamente para minha frente.
O elevador apitou e as portas se abriram. Gavin saiu primeiro e o
segui. Caminhamos lado a lado, sem dar as mãos novamente. Sabia
porque não me aproximava dele, e esperava que ele tivesse a
mesma razão para não fazer o mesmo. Apenas um toque e eu não
tinha certeza do que faria. Paramos em frente a uma das portas com
o aviso de apenas para funcionários, mas meu olhar continuava
viajando até a porta no final do corredor. A porta que levava ao quarto
que era utilizado apenas por membros.

A porta parecia inofensiva o suficiente, mas eu sabia o que estava


por trás dela. As memórias de tudo que Gavin e eu fizemos aquela
noite, naquele quarto, veio correndo à minha cabeça. Como nós
rimos da cama vibratória. A primeira vez que eu o vi nu. A expressão
em seu rosto quando ele tinha me visto ...

"Carrie?"

A voz de Gavin me trouxe de volta e percebi que ele abriu a porta do


escritório e estava esperando para eu passar.

"Desculpe", falei, o calor subindo para minhas bochechas.

"Está tudo bem." Ele baixou a voz enquanto eu passava. "Penso


sobre aquela noite toda vez que vejo a porta, também. Faz com que
vir ao meu escritório seja... duro."

Tremi, o duplo sentido não me escapando. Agora, queria saber se foi


por isso que ele me trouxe aqui. Será que queria que transássemos
no seu escritório? Talvez algum tipo de encenação? Imediatamente,
as imagens apareceram na minha cabeça, uma após a outra.

Gavin, como o chefe, me põe de joelhos, se esforçando para ter uma


boa crítica.
Me curvando sobre a mesa.

Eu, o montando sobre a cadeira.

Uma ponta de desejo se desfraldou dentro de mim. Era apenas um


filamento de calor, mas sabia que não ia demorar muito para se
transformar em uma chama plena.

"Aqui."

Levei um momento para perceber que Gavin estava segurando uma


pasta. Fiquei intrigada, mas peguei-a.

"Sente-se." Fez um sinal ao seu redor.

Um sofá encostado contra uma parede, duas cadeiras forradas com


veludo, uma em frente a outra. Uma mesa grande situada na frente
de uma janela, a cadeira atrás dela, parecendo custar mais caro que
alguns carros. Todo o escritório era decorado com bom gosto, a
sutileza mostrando que custou muito cara para parecer tão simples.
Nada era barato, mas nada era estranho, também. Gostei.

Poderia ter sentado em uma das duas cadeiras de espaldar alto que
estavam em frente à mesa, mas ainda não sabia por que estávamos
lá, então decidi ir com calma. Em vez de me sentar no sofá, como eu
queria, escolhi a cadeira mais próxima. Gavin se empoleirou no braço
dela, quando abri a pasta.

"Isso deve ter tudo o que você precisa sobre as mulheres que não
conseguiu localizar."

Olhei para os papéis e as fotos na minha frente. Onde ele tinha


conseguido isto? Comecei a folhear os arquivos e vi fotos de rostos,
testes de personalidade, questionários. Uma suspeita começou a se
formar. Os únicos tipos de lugares que já vi usar este tipo de
informação eram aqueles que ofereciam serviços de
acompanhantes. Me lembrei que ele havia dito, mais cedo, sobre a
esposa de um cliente pensar que ele arranjou um encontro do seu
marido com uma mulher. Então, me lembrei das mulheres no baile.
Estariam fazendo esse tipo de trabalho, também?

"Eu sei o que você está pensando."

Olhei para cima. Duvidava, seriamente, disso.

"Depois que Camille morreu ..." Seu rosto se contraiu, brevemente.


"Estava perdido, mas me reencontrei fazendo algo no qual eu era
bom. Criação de softwares."

Ok, não era o que eu estava esperando.

"Howard viu meu potencial e me deu um empréstimo para eu dar o


pontapé inicial. A primeira coisa que eu fiz foi desenvolver um
software para encontros. Foi aí que tudo isso", fez um gesto em torno
dele, "veio."

"Software de encontros." Pensei no que essa informação parecia.

"Sim. Ele faz uma busca na Internet para obter informações sobre
possíveis parceiras. É mais aprofundado do que qualquer site de
namoros por aí, e o uso para encontrar acompanhantes para
milionários, homens que têm que se preocupar com mulheres
querendo, apenas, o seu dinheiro.

"Ou canalhas casados que querem trair suas esposas?" A pergunta


saiu mais áspera do que pretendia, mas não pedi desculpas. Podia
entender gostos sexuais diferentes, até mesmo alguém que gostava
de convidar outras pessoas para o seu relacionamento. Isso podia
não ter nada a ver comigo, mas quem era eu para dizer alguma coisa
contra adultos conscientes? Com o que eu tinha problema, no
entanto, era com o adultério. Tinha visto o que a infidelidade podia
fazer com um casamento. A ex mulher do meu irmão o tinha traído,
e isso quase o destruiu. Era ruim o bastante ter que ter pessoas
assim como clientes, mas nunca poderia ficar com um homem que
colaborava com essa decepção.

Gavin me estudava atentamente, como se aqueles olhos azuis


profundos pudessem ler tudo, até minha alma. "Não." Balançou a
cabeça. "Eu tenho dois tipos de combinação. Possíveis parceiras
românticas para homens solteiros ou separados, e companheiras
para aqueles homens, cujas mulheres não querem participar de
eventos."

"Sério?" A palavra pingava minha descrença.

"Você ficaria surpresa com as mulheres que querem se acotovelar


com os ricos e famosos. Estar de braço dado com alguém como o
Howard, pode levar as mulheres a lugares que nunca poderiam
chegar por conta própria."

Fechei a pasta e cruzei as mãos. Isto estava parecendo cada vez


mais com um daqueles serviços de acompanhantes que diziam que
forneciam apenas acompanhantes para não ter problemas com a lei.

"Não é um serviço de garotas de programa, Carrie", disse ele. "As


mulheres não são pagas e cada cliente, masculino ou feminino,
concorda com nossos termos de serviço, que afirmam
especificamente que nenhum dinheiro é trocado por sexo."

"Claro", falei. "Não estava pensando algo assim."

Gavin riu e balançou a cabeça. "Nós dissemos, sem mais mentiras."


Eu sorri, meu humor melhorando. "Você disse isso. Não eu."

Ele riu novamente, o som profundo ressoando através de mim e


fazendo pulsar algumas partes de mim.

"Obrigada", falei. Não tinha certeza do que iria encontrar quando


olhasse com mais atenção para o seu negócio, mas gostei que ele
estivesse me ajudando.

"Agora." Ele pegou a pasta. "Vou pedir a alguém para entregar na


sua mesa, amanhã de manhã. Você não precisa carregá-la a noite
inteira."

Ele se levantou e estendeu a mão. Peguei-a e me levantei. "Agora,


vamos para a sua surpresa."

"Não era isso?" Perguntei.

Ele sorriu, aquele sorriso sensual e lento que me fazia tremer por
dentro. "Isso não seria muito romântico, não é?" Começou a
caminhar na direção da porta. "Venha, vamos comer."
Capítulo 8

Quando voltamos lá para baixo, fiquei imaginando qual seria a minha


surpresa. Não poderia ser o jantar. Já tínhamos comido refeições
juntos, antes.

"Você vai cozinhar para mim?" Indaguei.

Ele riu e estendeu a mão para pegar a minha. Entrelaçou os dedos


entre os meus, enquanto caminhávamos pelo salão da boate, até a
porta lateral que eu tinha usado para entrar.

Ia perguntar qual a razão da risada, mas logo que saímos, outra coisa
me chamou a atenção. Uma limusine estava esperando. De repente,
me senti muito mal vestida, mesmo com a minha lingerie sexy.

Um pensamento me ocorreu. Esta era a segunda vez que ele tinha


um carro esperando sem ter chamado. "Você tem algum tipo de
ligação telepática com o motorista?" Brinquei.

"Melhor que isso." Ele levantou o celular. "É um aplicativo." Ele sorriu
e meu estômago deu uma volta. "Sempre que preciso de um carro
ou uma limusine, pressiono este botão. A empresa, por outro lado,
usa o GPS do meu celular para me localizar e, em seguida, entram
em contato com o motorista mais próximo, disponível. Acionei o
serviço quando estávamos a caminho do meu escritório."

"Bem, esse é aplicativo um pouco extravagante", falei, enquanto o


motorista abria a porta para mim.

"Obrigado", respondeu, enquanto me seguia e entrava na limusine.


"É, exatamente, para poupar tempo. Não espero por um carro desde
que ajudei a desenvolvê-lo, há alguns meses."
Meus olhos se arregalaram. Ok, agora, fiquei impressionada. Pensei
que ele estava se gabando sobre a capacidade de ter limusines e
carros na cidade, à sua disposição. "Quantos softwares, exatamente,
você desenvolveu?"

Ele riu e deu de ombros, os olhos se desviando, rapidamente, dos


meus, por um momento, antes de retornarem. Um pensamento,
imediatamente, surgiu na minha cabeça, que ele estava escondendo
alguma coisa, mas o empurrei para longe. Já tinha decidido que ia
confiar nele. Não ia voltar para esse caminho sobre algo que era,
provavelmente, apenas um pouco de embaraço.

"Existe alguma coisa que você não faz?" Falei isso como uma
provocação.

Ele riu novamente, desta vez mais alto. "Na verdade, sim, e foi por
isso que ri quando você perguntou se eu ia cozinhar para você. Sou
um cozinheiro terrível."

"Vamos, você não pode ser tão ruim assim." Deixei ele se desviar do
assunto de trabalho. Parecia ser um daqueles caras,
verdadeiramente raros, que não gostavam de falar sobre quão
maravilhosos eram.

"Confie em mim", falou. "Eu sou." Levantou nossas mãos unidas e


apertou os lábios contra as costas da minha. "Já consegui estragar
ovos cozidos."

"Como, no mundo, você fez isso?" Sorri.

"A água ferveu e os ovos explodiram."

Nós rimos por vários minutos, antes de, finalmente, perguntar: "Onde
você está me levando, então?"
"Espere para ver", respondeu enigmaticamente.

Tentei fazer uma careta para ele, mas não consegui. Ele estava me
dando aquele olhar de lado, que fazia o cabelo cair sobre a testa e
me fazia imaginar como devia ter sido no colégio. Tinha a sensação
que tinha sido uma daquelas crianças que nunca tinham ficado em
apuros na escola, porque dava aquele mesmo olhar aos seus
professores, e eles o livravam, facilmente. Meninas davam tudo de si
para ganhar aquele sorriso, e os caras o seguiam para qualquer
lugar.

A limusine parou em frente a um magnífico arranha céu. Já tinha visto


este edifício, claro, e sabia que era a residência de algumas pessoas
muito ricas.

"O Howard tem uma suíte aqui, também?" Perguntei enquanto ele
me ajudava a sair da limusine. Não tinha visto esse lugar na lista do
seu patrimônio. Talvez, estivesse tentando escondê-lo da sua
esposa.

"Não." Deslizou o braço em volta da minha cintura e beijou minha


testa. "Eu tenho."

Claro que Gavin morava aqui. Por que não tinha pensado nisso?
Tentei não parecer uma colegial de boca aberta, quando o segui para
dentro. No momento em que chegamos à suíte no último andar,
estava me sentindo oprimida. Esperei que ele abrisse a porta para
que pudéssemos entrar mas, em vez disso, se virou em direção a
uma porta diferente.

"Vamos subir as escadas."

"Ok." Agora, realmente, não tinha ideia do que estava acontecendo.


Pensei que ele tinha me trazido até sua casa para mostrá-la para
mim. Pediríamos a refeição e, depois que tivéssemos comido,
iríamos para o seu quarto. O telhado não tinha sido levado em conta
nos meus pensamentos.

Uma brisa quente acariciava minha pele quando cheguei no telhado.


Prendi a respiração. No início, tudo o que podia ver era a vista. O sol
estava se pondo, lançando rosa e roxo em todo o horizonte de
Manhattan. Não conseguia ouvir os ruídos da cidade, e o silêncio me
tirou daquele espaço, fazendo-me sentir como se estivesse olhando
para uma grande pintura. Parecia quase bonita demais para ser real.

"Espere até escurecer. É ainda mais surpreendente." Gavin apertou


seus lábios contra o meu ouvido.

Balancei a cabeça em silêncio. Só podia imaginar como seria.

A mão de Gavin na parte inferior das minhas costas me cutucou para


a frente, e foi aí que vi o resto. A poucos metros de distância havia
uma mesa, pequena e intimista. À sua volta tinham velas, algumas
no chão, outras em suportes altos. Depois que o sol se fosse,
completamente, elas e as luzes da cidade seriam as únicas coisas
que forneceriam iluminação.

"Bem-vindos". Um homem alto e magro em um smoking preto


impecável, fez uma pequena reverência, e fiz de tudo para não rir.
Não porque foi engraçado, mas porque, de repente, estava nervosa.

Gavin puxou minha cadeira e eu sentei. Uma vez que se instalou à


minha frente, se inclinou sobre a mesa e pegou minha mão. "Espero
que você não se importe de comer aqui, em vez de irmos a um
restaurante."

"Você está brincando comigo?" Fiz um gesto que nos rodeava. "Isso
é perfeito."
O garçom voltou com vinho e nos serviu um pouco. Tomei um gole e
fiz um som de aprovação. Estava longe de ser uma apreciadora
esnobe de vinhos, mas podia dizer que era de alta qualidade.

"Eu queria levá-la ao Le Petit", Gavin falou.

Quase engasguei com o vinho. O Le Petit era um dos mais caros e


mais elegantes restaurantes da cidade. Era lá que as fortunas antigas
da cidade gostavam de jantar, porque era muito caro, até mesmo
para advogados muito bem remunerados, poderem pagar.

O garçom voltou com duas pequenas tigelas de sopa, colocando uma


na frente de cada um de nós, antes de desaparecer nas sombras,
que aumentavam rapidamente.

"Você sabia que a lista de espera por uma mesa é de seis meses?"
Perguntou, enquanto tomava um pouco da sopa. "Mesmo usando
algumas das minhas maiores conexões."

Não tinha certeza de onde ele estava indo com isso, mas não tinha
dificuldade em ouvi-lo, enquanto comia. A sopa estava incrível.

"Mas eles têm alguns dos melhores pratos do mundo", continuou.


"Então, descobri uma maneira de conseguir o que queria."

Me lembrei de quando ele disse que quando queria alguma coisa,


ficava obcecado, até que a conseguia.

"Conversei com o chef e o convenci a fazer um jantar completo, com


suas maiores especialidades."

Uau. Deixei a colher repousar na terrina. Isso era impressionante.


Não conhecia qualquer outra pessoa que teria coragem de pedir a
um chef de um restaurante mundialmente famoso para fazer uma
refeição completa para um encontro. Borboletas voaram no meu
estômago. Estava começando a ficar um pouco intimidada ao
descobrir até onde Gavin estava disposto a ir por mim.

"O que vem a seguir?" Brinquei. "Três rapazes com violinos fazendo
uma serenata para nós, enquanto comemos?"

Uma combinação de horror e espanto tomou conta do rosto de Gavin.


"Você não gostaria disso?"

Ri, quando ele participou da minha piada. A diversão durou apenas


alguns segundos, quando percebi que ele não estava brincando.

Ele falou por cima do ombro. "Suspenda o trio." Suas bochechas


estavam vermelhas e ele não conseguia encarar o meu olhar.

Agora, me senti horrível. Ele tinha tido todo este trabalho e eu tinha
feito disso uma piada. "Não", falei. Estendi a mão e a coloquei sobre
a dele. Ele olhou para mim, então. Sorri. "Música seria excelente.
Obrigada."

Ele me deu aquele sorriso tímido, o único que não tinha nada do seu
charme ou arrogância, o que esperava que fosse só para mim. Ele
acenou com a mão para a porta de onde viemos. Um momento
depois, três homens de smoking apareceram, carregando violinos.
Começaram a tocar um trecho suave de uma música clássica. Era
vagamente familiar, mas não sabia o nome.

"Eu sei que é brega", falou. Ainda parecia um pouco envergonhado


e eu sabia que era minha culpa. "Mas pensei, e se você esperasse
por isso e eu não tivesse providenciado? Não queria decepcioná-la."

Engoli em seco. Soltei a mão dele e me inclinei para frente, o


suficiente para que pudesse colocar minha mão no seu rosto. Queria
ter certeza que ele pudesse ver quão séria eu estava, antes de falar.
Precisava que ele acreditasse em mim, porque precisava que aquele
olhar inseguro deixasse o seu rosto. Me odiava por tê-lo colocado lá,
e queria que minhas palavras o retirassem.

"Você nunca vai me desapontar."

Ele sorriu, então, todas as sombras desapareceram.


Capítulo 9

Nunca tinha comido nada como essa refeição. Na maior parte das
vezes, achava que os restaurantes de luxo e suas comidas não
valiam o esforço. Essa, no entanto, já teria feito valer a pena uma
espera de seis meses e todo o exorbitante preço que o Le Petit
cobrava. Não me considero uma especialista, mas sei apreciar uma
boa refeição. A sopa serviu, apenas, para aguçar o apetite, e então
veio um frango com um molho fantástico, que nem sequer sabia que
tinha um nome. Foi temperado à perfeição, com sabor, mas não
excessivo. As porções eram perfeitas, o suficiente para nos
alimentar, mas ainda deixando espaço para a sobremesa. E o que
era aquela sobremesa. Uma fatia fina de um dos mais ricos
cheesecakes de chocolate que já comi. Gavin e eu a dividimos e,
mesmo que a metade tivesse sido comida em apenas três mordidas,
era perfeita. Qualquer pedaço além, e teria sido demais.

"Preciso me lembrar de enviar um agradecimento ao chef", disse


Gavin, enquanto colocava o garfo sobre o prato vazio. "Isso estava
magnífico."

Balancei a cabeça em concordância.

Virou-se para o trio de músicos. "Obrigado, senhores. Vocês,


realmente, foram maravilhosos." Enfiou a mão no paletó e tirou várias
notas dobradas. A julgar pela forma como os olhos do músico se
arregalaram, estava disposta a apostar que Gavin não tinha dado
uma gorjeta usual. Os homens, cada um deles, fizeram uma pequena
reverência e desapareceram nas sombras.
"Gostaria de lhe mostrar minha casa, se você estiver interessada."
Gavin se levantou e estendeu a mão para mim.

Será que ele estava brincando? É claro que queria ver o lugar onde
morava. Tinha tantas perguntas sobre ele, quem era, o que fazia.
Qualquer oportunidade de ver atrás do homem de negócios,
aproveitaria. Enfiei minha mão na sua, tremendo quando seus dedos
se fecharam ao redor da minha.

Havia isso, também.

Não duvidava, nem por um momento, que conhecer o apartamento


de Gavin envolveria sexo, e queria isso quase tanto quanto queria
saber mais sobre ele.

Me levou de volta para baixo, deixando a mesa para o garçom limpar


ou, pelo menos, foi o que assumi que ia acontecer. Não ia me
preocupar sobre isso, porém. Ele tinha organizado tudo. Não era
minha responsabilidade.

"Comprei este lugar há um ano", disse ele, enquanto pressionava a


palma da mão contra o painel eletrônico ao lado da porta. "Mas levou
alguns meses para ficar tudo do jeito que eu gosto."

A luz vermelha ao lado da porta ficou verde, e ouvi o barulho do clique


da fechadura.

"Fechaduras biométricas." Lançou um sorriso por cima do ombro. "As


mais seguras no mercado." Abriu a porta e entramos. "Luzes."

O apartamento foi, imediatamente, iluminado com o brilho suave e


quente de luzes feitas para se assemelharem à luz de velas.
Descobrir que Gavin tinha feito sua fortuna desenvolvendo softwares,
e depois de ver o seu sistema de segurança, fiquei imaginando que
o apartamento refletiria um estilo eletrônico e tecnológico, muito
metal, e cores frias. Em vez disso, encontrei um apartamento
moderno, mas acolhedor, decorado em tons quentes e terrosos. Era
todo muito aberto, a área principal, que continha a cozinha, a sala de
jantar e a sala de estar, sem paredes para separá-las. A área
principal, sozinha, era tão grande quanto o meu apartamento inteiro,
todos os quartos incluídos, e sabia que isso não era tudo o que havia.
Vi um corredor à direita e outro à esquerda, mas não sabia dizer para
onde, qualquer um dos dois, levava.

Algo sobre a uniformidade das cores e do mobiliário me disse que ele


não tinha criado o próprio design, mas podia ver onde sua
personalidade havia influenciado as escolhas. Quem quer que
tivesse feito a decoração, tinha feito um ótimo trabalho em refletir a
personalidade do Gavin.

“Você gostou?" A pergunta de Gavin era quase tímida, como se a


minha opinião sobre a sua casa, realmente, importasse para ele.

De repente, imaginei quantas mulheres ele havia trazido aqui.


Parecia algo mais íntimo para mostrar a alguém que era apenas uma
trepada. Sorri. "É lindo."

Ele sorriu enquanto tirava os sapatos. Fiz o mesmo, deixando meus


pés enfiados nas meias afundarem no tapete felpudo. A sensação
era sensual e, de repente, me lembrei do que estava vestindo sob as
roupas de trabalho.

"Que tal tomarmos uma bebida?" Me levou até o sofá. "Se estivesse
mais frio, eu acenderia a lareira, mas acho que está quente demais
para isso." Olhou para mim enquanto eu me sentava "A menos que
você esteja com frio?"
Balancei a cabeça. Tinha calor percorrendo toda a minha pele.
Estava longe de estar com frio, mas isso tinha pouco a ver com o
clima. Olhei em volta, quando Gavin foi para a cozinha. Somente
quando tinha estudado três das imagens na cornija acima da lareira,
que percebi algo estranho. Não haviam quaisquer imagens pessoais.
Nenhuma foto dele, da sua filha, ou da sua noiva. Todas as imagens
eram fotografias impessoais ou retratos. Naturezas mortas,
paisagens, esse tipo de coisa. Podia dizer que eram coisas das quais
ele gostava, mas, ainda, não eram de pessoas que significavam
alguma coisa para ele. Pelo menos não até onde eu tinha olhado.
Não que pretendesse sair bisbilhotando. Talvez fosse muito doloroso
para ele, ter as imagens ali, sempre à vista.

"Champanhe?" Gavin estendeu um copo do borbulhante líquido


dourado.

Peguei-o e tomei um gole. Era leve e delicioso, muito semelhante ao


que tínhamos tomado no clube, na primeira noite em que ficamos
juntos.

Gavin largou a bebida na mesa de centro de vidro, na frente do sofá,


e tirou o paletó. Ele o colocou sobre as costas de uma cadeira
próxima. Quando desatou o nó da gravata, me mexi no meu assento,
imaginando o quão longe ele iria. Deixou a gravata pendurada,
desfeita, e puxou a camisa para fora das calças.

"Assim está melhor", disse, com um sorriso. Sentou-se ao meu lado,


não tão perto o suficiente para nos tocarmos, mas distante o
suficiente para que pudesse sentir o calor da sua pele. Apesar de que
podia ser, apenas, minha imaginação.
Tomei um gole de champanhe, deixando-o se juntar ao vinho que já
tinha consumido. Estava longe de estar bêbada, nem mesmo perto
de tão bêbada quanto fiquei na primeira noite que Gavin e eu
passamos juntos, mas o álcool tinha ultrapassado o limite, o
suficiente para que o meu lado ousado sentisse que podia sair e
brincar.

"Eu nem agradeci pelo seu presente, não é?" Minha voz estava baixa.

Gavin pareceu surpreso. "Agradeceu."

Larguei minha bebida semiacabada sobre a mesa de centro e me


levantei. "Não me referi aos arquivos.” Coloquei os dedos sobre o
primeiro botão da minha blusa, e os olhos de Gavin os seguiram.
"Seu outro presente." Sorri. "Ainda que ache que ele foi, apenas,
mais para você do que para mim."

A respiração de Gavin acelerou quando comecei a desabotoar,


lentamente, a minha blusa. Fiz os movimentos deliberadamente,
demorando um tempo com todos e cada um. Não puxei o tecido de
lado, em vez disso, deixei-o aberto, expondo apenas uma fina tira de
carne pálida e rendas carmesim. Quando cheguei ao último botão,
acima da saia, puxei a blusa, apreciando a forma como os olhos de
Gavin escureciam diante do rápido vislumbre da lingerie.

Quando terminei de desabotoar a camisa, me virei, depois balancei


os ombros para tirar a roupa, deixando-a cair no chão. Olhei por cima
do ombro para Gavin, quando ele estendeu a mão e tirou o prendedor
que estava segurando meu cabelo para cima. Os cachos caíram,
quentes e suaves, sobre meus ombros. Sacudi-os, espalhando-os
sobre toda a minha pele nua até que esconderam a maior parte das
minhas costas, do Gavin.
"Carrie", ele sussurrou meu nome.

Minha resposta foi apenas desabotoar a saia e abrir, lentamente, o


zíper. Eu o ouvi fazer um som quando deixei a saia cair no chão,
também. O ar estava frio contra a minha bunda, lembrando-me que
esta era muito mais indecente do que qualquer outra calcinha que já
tive. Me recusei a ficar envergonhada. Tinha visto minha aparência
ao usá-la, e deixei aquela imagem me dar a coragem para me virar.

"Caralho." A palavra saiu estrangulada.

Sorri. "Vou entender isso como um elogio."

Gavin assentiu. "Deve." Se inclinou para frente. "Sabia que ia ficar


bem em você, mas isso é muito mais do que eu imaginava."

Andei em direção a ele, deixando o desejo em seus olhos alimentar


o fogo na minha barriga. Quando estava, exatamente, na frente dos
seus joelhos, ele estendeu as mãos para mim, mas balancei a
cabeça. Ele pareceu intrigado, mas deixou cair as mãos. No
momento em que comecei a me despir, sabia o que eu queria e ia
pegar o que eu queria.

Coloquei minhas mãos nas suas coxas, abrindo-as, enquanto ficava


de joelhos. Praticamente, podia ouvir seu pulso acelerado. Deslizei
minhas mãos para cima e para baixo das suas coxas, amando a
sensação dos músculos sólidos sob minhas palmas.

Haviam duas coisas que precisava saber antes de começar, porque


elas iriam determinar o quão longe eu poderia ir. Verdadeiramente,
esperava que suas respostas me permitissem terminar do jeito que
queria. Raramente tinha a coragem ser tão audaciosa, e não tinha
certeza se agiria assim, novamente.
"Você estava planejando uma noite longa?" Perguntei, quando meus
dedos tocaram a parte superior da sua perna. "Ou uma vez que você
tenha gozado, nós a encerramos?"

Ele piscou, surpreso com a minha pergunta. Não acho que ele tinha
descoberto porque eu estava perguntando, mas, tudo bem. "Você
está perguntando se eu posso gozar mais de uma vez, hoje à noite?"

Fiz que sim com a cabeça.

Ele sorriu. "Posso precisar de um pouco de tempo para me recuperar,


mas estou pensando em passarmos uma noite muito longa, juntos,
antes de desmaiarmos."

Isso era bom. Estendi a mão para o cós da sua calça. Agora, a
pergunta embaraçosa. Não havia, realmente, uma maneira boa de
perguntar isso, mas tinha pensado em algo que teria, pelo menos,
um pouco de tato. Também me deixaria saber se a minha fantasia, a
respeito da próxima semana, seria viável.

Olhei para Gavin quando abaixei o zíper. Seus olhos se encontraram


com os meus quando puxei a calça para baixo dos seus quadris, mas
desviei meu olhar para a cueca boxer, preta e apertada, que ele
usava. A protuberância me mostrava que ele estava curtindo o meu
show, e isso me fez sorrir. Enfiei meus dedos sob o elástico da cintura
e, lentamente, puxei sua cueca para baixo.

Meu estômago e coisas mais embaixo se contraíram quando o


revelei. Cachos negros que eram mais suaves do que tinham o direito
de ser. Uma base tão espessa que, quando estivesse plenamente
excitado, não seria capaz de envolver minha mão em torno dele,
completamente. Uma combinação impossível de dureza e maciez,
como ferro coberto por seda.
Ele estava apenas meio excitado, agora, seu eixo descansando
contra o quadril, mas já era quase tão grande quanto meu amante
anterior já tinha ficado. Quando estava completamente ereto, ficava
no limite entre “puta merda, ele é enorme” e “de maneira nenhuma
isso vai caber dentro de mim”. Sem preliminares, já era grande, mas
sabia por experiência própria quão bem ele me fazia sentir.

Corri os dedos sobre a carne quente, sorrindo, quando ela se contraiu


sob o meu toque. Passei minha mão em torno dele, e ainda estava
macio o suficiente para que conseguisse envolver meus dedos ao
seu redor. Minha outra mão se moveu para o meio das suas pernas,
até suas bolas, e ele gemeu. Manejei-o nas mãos por um minuto,
sentindo-o inchar e crescer. Antes que pudesse ficar muito grande
para ser impossível tomá-lo por inteiro, abaixei a cabeça.

Ele urrou quando a minha boca o engolfou, tendo-o, quase todo, no


meu calor úmido. Minha língua girava em torno dele, seu sabor
explodindo em todo o meu paladar, misturando-se com o sabor de
chocolate que restava e com o champanhe, mais recente. A mão de
Gavin descansou na minha cabeça, não empurrando, ou mesmo
guiando, apenas acariciando meus cachos, seus dedos se
entrelaçando neles.

Ele pesava na minha língua quando levantei a cabeça. Minha mão


continuou a acariciá-lo, o movimento lento e agradável, mantendo-o
em seu tamanho impressionante. Olhei para Gavin e encontrei seu
rosto corado, as pupilas dilatadas. Agora era a hora de perguntar.

"Existe algum motivo", comecei, "pelo qual não posso terminar com
isso", passei minha língua na sua ponta, "descoberto?"
Ele olhou para mim, como se não tivesse certeza que entendeu o que
eu estava pedindo. Ok, ia ter que ser direta. "Quero que você goze
na minha boca."

"Merda."

Continuei, mantendo minha voz ritmada, quase alcançando o mesmo


ritmo da minha mão. "Quero sentir você gozar em toda a minha boca.
Provar você. Até a última gota."

Gavin estremeceu, como se minhas palavras estivessem excitando-


o.

"Existe alguma razão para que eu não possa?" Esperava que ele
estivesse pensando com clareza suficiente para entender essa
questão, pelo menos.

Ele balançou a cabeça. "Estou limpo." Sua voz estava rouca. "Carrie,
você não tem que-"

"Eu sei." Sorri. "Eu quero."

Baixei a cabeça novamente, determinada a não levantá-la


novamente, até que tivesse terminado. Soltei suas bolas e coloquei
a mão no seu quadril, um lembrete para ele não empurrar. Minha
outra mão permaneceu envolta em torno da sua base, trabalhando
em um movimento circular. Balançava a cabeça, esvaziando as
bochechas toda vez que subia, a sucção fazendo Gavin se contorcer
debaixo de mim. Seus dedos entrelaçados em meus cachos,
enviavam pequenas alfinetadas de dor através do meu couro
cabeludo, mas não me importava. Queria senti-lo gozar debaixo de
mim, queria saber que tinha feito isso com ele, apenas com a boca e
as mãos.
Os músculos debaixo da palma da minha mão tremeram e seus
quadris se sacudiram, mostrando-me que ele estava perto. Inalei,
lentamente, pelo nariz e baixei ainda mais a cabeça. A ponta dele
colidiu contra a parte de trás da minha garganta, e lutei contra o
reflexo de vomitar. Um momento depois, escorregou completamente
na minha garganta e meu nariz roçava seus cachos. Engoli uma,
duas vezes, em seguida, comecei a levantar a cabeça, sabendo que
não aguentaria muito tempo. Nem precisei. Quando a cabeça do seu
pênis começou a deslizar sobre minha língua, Gavin gozou. O
músculo grosso pulsava em minha boca, derramando sua semente,
e eu engolia. Podia ouvir Gavin xingando e chamando meu nome
enquanto usava a boca e a língua para extrair até a última gota, mas
tudo parecia tão distante. Estava concentrando tudo de mim no seu
sabor e em senti-lo.

Finalmente, quando lhe permiti escapar por entre meus lábios,


exausto e macio, mais uma vez, olhei para ele. Nós dois estávamos
respirando pesadamente, nossa pele corada. Gavin pegou meu rosto
e roçou o polegar sobre o meu lábio inferior. Sorri para ele e ele
segurou meu queixo, me puxando na sua direção. Seus lábios
roçaram os meus, e eu assumi que seria só isto, mas ele me
surpreendeu. Sua língua forçou a entrada e abri minha boca para ele.
Seus braços me rodearam, me puxando contra ele enquanto sua
língua saqueava minha boca, explorando todos os cantos como se
fosse nova. Não me liberou até que meus pulmões estavam
queimando e, mesmo assim, manteve os braços em volta de mim,
me virando para me segurar no colo.

"Uau", disse ele, com a voz trêmula. "Isso foi ... uau."

Sorri. "Fico feliz que tenha gostado."


"Gostado?" Ecoou minhas palavras. Levantou meu queixo para que
olhasse para ele. "Me dê um minuto para recuperar a força nas
pernas e vou lhe mostrar o quanto eu gostei."

"Então, a noite não terminou?" Perguntei.

"Claro que não", respondeu. O calor em seus olhos parecia que ia


me queimar, se eu não tivesse cuidado. "Estamos, apenas,
começando."
Capítulo 10

Quando Gavin tinha me levado de volta para o seu quarto com a


promessa de reciprocidade pelo que eu tinha feito, não foi o que eu
tinha em mente. Não que estivesse reclamando, apenas surpresa.

A cama no quarto de Gavin não era tão grande quanto a da boate,


mas ainda era king size, de modo que era grande o suficiente para
nós dois cabermos nela, confortavelmente. A única luz vinha de uma
lâmpada ao lado da cama. Tinha a sensação de que havia uma luz
no teto, que era usada para coisas mais mundanas, como trocar de
roupa e para leitura, mas a lâmpada era perfeita para o sexo. Apenas
luz suficiente para enxergar, sem ser dura e implacável.

Não que eu soubesse, porque neste momento não conseguia ver


nada além de um leve fulgor vermelho. Quando chegamos no quarto,
Gavin tinha despido as roupas, enquanto eu olhava - tudo bem,
enquanto eu o cobiçava - mas ele balançou a cabeça quando me
mexi para tirar o pouco que eu ainda estava usando. Em vez disso,
me colocou no centro da cama, endireitou minhas costas, e colocou
minhas mãos acima da minha cabeça.

Se inclinou sobre mim com dois lenços vermelhos nas mãos.


Enquanto estava amarrando meus pulsos com um deles, falou com
voz baixa e suave. "Prometo que isso vai ser incrível, mas você tem
que confiar em mim."

Assenti em silêncio. Estava começando a chegar lá com o meu


coração, mas já tinha decidido que valia muito a pena confiar nele,
sexualmente. Nunca tinha feito nada que eu não tivesse amado,
mesmo quando estava relutante em admitir isso, até para mim
mesma.

"Se você quiser que eu pare, é só dizer", ele continuou. "Eu paro, e
só vou começar de novo quando você pedir. Não vou fazer nada que
você não queira.”

Balancei a cabeça novamente, e foi aí que ele amarrou o outro lenço


sobre os meus olhos. Era fino o suficiente para que eu não ficasse
na mais completa escuridão, mas também não conseguia enxergar,
na verdade.

Quando Gavin começou a falar, sua voz era como água morna
acariciando minha pele. "Uma das maneiras mais fáceis de aumentar
as sensações ao fazer sexo, é negar um ou mais dos outros sentidos.
Tirar a visão faz com que seus outros sentidos fiquem mais nítidos.
Tirar a audição, também, tornaria ainda mais intenso." Senti o calor
do seu corpo, quando ele se inclinou para perto de mim. "Mas eu
queria que você fosse capaz de me ouvir."

Tremi. Estava feliz por poder ouvi-lo. Adorava ouvi-lo falar. Ele tinha
uma daquelas vozes que eu poderia ouvir todos os dias, do tipo que
me deixaria molhada, mesmo se estivesse lendo uma lista de
supermercado.

"Vou lhe ensinar algumas das maneiras com as quais você pode
reagir ao toque", disse Gavin. "E você vai gozar mais intensamente
do que jamais imaginou ser possível. Só então, vou foder você."

Eu xinguei, minha voz tremendo, quase tanto quanto o meu corpo.


Se isto ia ser tão intenso quanto parecia, não tinha certeza de que
sobreviveria.
Algo leve e arejado, que fazia apenas cócegas, percorreu o caminho
ao longo dos lados dos meus braços. Ri quando atingiu minhas axilas
e, depois, dançou por cima dos meus seios. Quando desceu até o
meu estômago, atravessando o meu peito, comecei a me contorcer.
Eu não era muito coceguenta, mas o que quer Gavin estava usando,
era leve o suficiente para causar isso. Então, afastou minhas pernas
e eu prendi a respiração. Tudo o que ele fez, foi arrastá-lo sobre
minhas coxas e eu prendi a respiração. Pequenas pontadas de
prazer subiram pelas minhas pernas direto para o meu âmago. Senti
o dedo de Gavin roçando contra a minha perna, quando o enganchou
sob o elástico da calcinha, então senti o ar frio quando ele puxou o
elástico da calcinha para o lado.

"Droga." Meu corpo estremeceu quando os tentáculos leves, roçaram


os meus lábios inferiores, molhados. Era muito leve para haver
qualquer atrito real, mas minha pele estava sensível o suficiente para
acumular mais uma reação. Ele brincou comigo por mais um
momento, e depois desapareceu. Senti minha calcinha ser colocada
de volta no lugar. A cama balançou e soube que Gavin havia se
levantado para pegar alguma coisa. Um minuto depois, senti ela
afundar, novamente, sob o seu peso.

“Você já ouviu falar na brincadeira do gelo?" Gavin perguntou, seu


tom quase normal.

Balancei a cabeça. Não tinha ouvido falar sobre isso, mas não era
ingênua o suficiente para não ser capaz de descobrir sua essência.

Um momento depois, ofeguei quando algo duro e frio correu sobre a


pele nua do meu peito. Gavin riu, aquele som profundo, puramente
masculino. Meus dedos se fecharam em punhos, enquanto lutava
para manter minhas mãos acima da cabeça. Não foi fácil. Gavin
deslizou o cubo de gelo sobre cada centímetro exposto do meu peito,
antes de circundar um dos meus mamilos. Ele endureceu
instantaneamente, a combinação do frio e da fricção do material,
agora molhado, deixando minha carne sensível em um pequeno
botão em ponto de bala. Choraminguei quando ele se moveu para o
outro.

"Merda!" Gritei quando algo molhado e quente cobriu meu mamilo.

Gavin começou a chupar a carne enrugada, enviando choques de


prazer através de mim. Ele trabalhava meu mamilo através do sutiã,
enquanto circulava o outro com o cubo de gelo. Um momento depois,
fiquei grata por ele ter pensado em comprar uma lingerie sem alças.
Ele puxou a parte superior do sutiã para baixo, livrando meus seios
do tecido que os confinavam.

Quando o gelo me tocou de novo, eu tremia, mais por antecipação


do que pelo frio. Cada célula do meu corpo sentia a intensidade do
movimento gelado através de mim, e quando a língua de Gavin
começou a lamber a água, queimando toda a minha pele, gritei. Ele
alternava gelo e boca, até que não tinha mais certeza se estava
sentindo calor ou frio. Meu corpo estava congelando e queimando ao
mesmo tempo, pronto apenas para queimar e ser trazido de volta da
borda, pelo frio. Eu me contorcia contra ele, imaginando a minha
aparência, minha pele brilhando com o líquido, meus mamilos duros
e distendidos. E se ele tivesse me marcado com a boca? Não ser
capaz de enxergá-lo era mais erótico do que eu imaginava.

Engoli em seco quando o gelo se aventurou em um novo território.


Ele o deslizou sobre a minha barriga, movendo-se através da estreita
faixa de seda que ligava o topo com a base. Gotas de água
deslizavam pelos meus lados e eram absorvidas pela colcha. Ri,
quando o gelo circulou meu umbigo, o som ficando preso na minha
garganta quando a língua de Gavin mergulhou na água.

Os dedos de Gavin roçavam os locais onde a seda se ligava à


calcinha. Senti que ele fazia alguma coisa, então não havia mais
nada. Aparentemente, havia um gancho para conectá-las. Não me
demorei sobre o pensamento, no entanto, porque Gavin foi,
lentamente, arrancando minha calcinha. Quando elas tinham ido
embora, deslizou as mãos pelas minhas pernas, passando das
minhas meias para as minhas coxas nuas.

"Vou deixá-las, por enquanto", falou. "Tenho sonhado em senti-las


contra a minha pele quando suas pernas estiverem em volta de mim."

Engoli em seco, enquanto o espaço, agora exposto, entre as minhas


pernas, latejava. Queria muito colocar minhas pernas em volta dele,
agora, atraí-lo para mim, mas sabia que ainda não era a hora.

Um frio quase doloroso passou através de mim e eu gritei, me


arqueando para trás, meus quadris se retorcendo em uma tentativa
de fugir. As mãos de Gavin me seguraram firmemente, enquanto ele
corria o cubo de gelo, para cima e para baixo, na minha fenda.
Quando ele a colocou entre as minhas pregas e roçou o topo do meu
clitóris, meu corpo estremeceu. Era afiado, apenas do lado doloroso,
quase como uma mordida, mas com uma ponta de prazer que me
tirava o fôlego.

Minhas mãos forçaram as amarras quando a boca do Gavin seguiu


o gelo, chocando meu corpo com a mudança brusca de temperatura.
Não ia aguentar. Era demais. Estava prestes a lhe dizer isso, implorar
que parasse, quando seus lábios envolveram meu clitóris e empurrou
o cubo de gelo, que derretia rapidamente, dentro de mim.
Eu gemi quando um orgasmo me acertou. Não era como o rolar de
uma onda ou mesmo um aumento crescente e súbito. Este foi intenso
e rápido, e não conseguia processá-lo. O calor derreteu o frio, mas
deixou em seu rastro uma lava derretida que cobria cada centímetro
da minha pele, deixando-me em carne viva. Podia sentir tudo que me
tocava. Os cabelos finos dos braços do Gavin. Os vãos e espirais das
suas impressões digitais, onde suas mãos me seguravam. Cada fibra
do sutiã, sob os meus seios. A seda macia debaixo de mim. Até o ar
tinha peso.

Gavin apertou os lábios de maneira quase casta, contra a parte


superior do meu sexo e essa sensação extra foi o suficiente para me
deixar fora de mim, subindo vertiginosamente na direção daquela luz
branca abençoada, que me seguraria até que eu pudesse me mexer,
novamente.

Ainda estava tremendo quando voltei a mim. A venda ainda estava


presa, mas minhas mãos estavam desamarradas. Os braços de
Gavin estavam ao meu redor e podia senti-lo, duro e pronto, contra o
meu quadril. Abaixei uma das mãos que tremiam e corri meus dedos
sobre ele.

"Carrie?" Ele perguntou.

Concordei com um aceno da cabeça. Não havia nenhuma maneira


de ser capaz de falar tão cedo. Ouvi um rasgão, então látex se
movendo sobre a carne. Rolei sobre as minhas costas, abrindo as
pernas enquanto o fazia. Ele deslizou dentro de mim, lentamente, o
calor do seu corpo queimando o frio restante. Sabia que podia tirar a
venda, agora, e ver como ele se movimentava em cima de mim, mas
não o fiz. Em vez disso, me entreguei a ele, deixando meu corpo
absorver as sensações de uma maneira nova.
Sua respiração soprou no meu ouvido por um momento, em seguida,
seus lábios estavam lá, sugando minha orelha. Seu estômago batia
contra o meu, enquanto levantava os quadris para encontrá-lo,
achando nosso ritmo. Enlacei as pernas em cada lado da sua cintura,
esfregando minhas panturrilhas contra a sua bunda. O movimento
me lançava contra ele de uma maneira diferente e pequenos sons
começaram a sair dos meus lábios.

Minhas mãos exploraram seu corpo, meus dedos vendo o que meus
olhos não podiam. As ondulações dos seus músculos. A carne plana
e enrugada dos seus mamilos. Os cabelos macios e finos na nuca. A
forma como os músculos das costas e dos ombros ondulavam
debaixo da sua pele enquanto ele empurrava para dentro de mim.

E então houve aquilo. O movimento de entrada e saída que


empurrava contra partes de mim, nunca alcançadas por qualquer
outra pessoa. A forma como o meu corpo se adaptava e o aceitava,
moldando-se em torno dele. Podia sentir lugares dentro de mim que
nunca senti, antes de reagir ao seu toque. Não era apenas um atrito,
também; havia uma outra coisa que não conseguia nomear. Tudo
que eu sabia é que era maior do que os nervos ligados à superfície
da carne sensível. Alcançava algum lugar profundo, um lugar que
nunca soube que existia, até este momento.

Enquanto pensava nisso, Gavin estava gemendo contra o meu


pescoço e sua mão estava deslizando entre nós para tocar aquele
lugar que iria me fazer gozar junto com ele. Me agarrei a ele, e senti
nossos corpos se fundirem em um, enquanto escalávamos o prazer
juntos, cada onda nos levando mais alto do que a última, até que não
aguentei mais. Me deixei levar, mesmo quando o ouvi chamando
meu nome.
Capítulo 11

Em algum momento durante a noite, Gavin e eu tínhamos nos movido


para debaixo das cobertas e a venda dos olhos foi retirada. Não tinha
certeza de quando isso tinha acontecido, mas não importava. Eu
estava acordando, quente e satisfeita.

Senti o cheiro de canela e café.

Me virei de costas, minha mão deslizando, automaticamente, através


do lençol, para o meu lado. Estava sozinha na cama. Fiz uma careta
assim que abri os olhos, e foi aí que vi por que Gavin não estava na
cama comigo. Ele estava de pé ao lado da cama, vestindo uma cueca
xadrez, azul e verde, e nada mais. Em suas mãos estava uma
bandeja com comida que não conseguia reconhecer, deste ângulo.

Quando ele a colocou na minha frente, vi um prato com dois dos


maiores e mais recheados rolinhos de canela que já vi. Ambos
ladeados com creme batido, e ainda, fumegantes. Uma pequena taça
de frutas frescas, perfeitamente cortadas, colocada ao lado do prato,
e ao lado dela, um prato pequeno com dois ovos fritos. Meu
estômago roncou alto o suficiente para me fazer corar, mas Gavin
não disse uma palavra. Movi meu olhar da bandeja para a caneca de
café e, ao lado dela, uma única rosa. Era a flor mais requintada que
já tinha visto. De um branco puro como a neve, apenas as pontas de
um vermelho profundo.

"Obrigada." As palavras saíram em um sussurro. Estendi a mão e


passei os dedos sobre as pétalas da rosa. Eram tão suaves quanto
pareciam.
"Você é muito bem-vinda." Gavin sentou na cama, ao meu lado. "Que
tal compartilharmos esta comida que parece incrível?"

“Pensei que você tinha dito que não sabia cozinhar?" Eu o provoquei.

"Não sei." Sorriu para mim enquanto pegava um dos dois garfos. "É
do serviço de quarto."

"Serviço de quarto?" Perguntei. "Isto não é um hotel."

Seu sorriso se alargou. "Não, mas ao lado, é."

Lancei um olhar perplexo para ele, mas não perdi mais tempo
fazendo perguntas. A comida cheirava muito bem. A primeira
mordida no rolinho de canela foi, simplesmente, tão boa quanto eu
imaginava.

"Envio meus clientes de fora da cidade para o hotel e eles me dão ...
regalias." Gavin deu uma mordida no rolinho, mastigando tão
devagar quanto eu, apreciando o sabor. Depois que tinha engolido,
ele esclareceu: "Encomendo o serviço de quarto deles, de vez em
quando."

Inclinei-me para dar outra garfada e o olhar de Gavin desceu. Foi, só


então, que percebi que a coberta tinha caído, expondo meus seios.
Corei e a puxei de volta, para me cobrir.

Gavin estendeu a mão para mim, seus olhos brilhando daquela forma
que deixava a minha boca seca. Deslizou um dedo entre a coberta e
a minha pele.

"Você não tem nada com que se envergonhar." Sua voz era uma
carícia suave. Com um puxão suave, soltou o lençol da minha mão,
expondo minha carne ao ar fresco. "Eu poderia ficar olhando para
você durante horas."
Tremi, quando ele traçou, levemente, a parte superior do meu seio e
foi para baixo, até o meu mamilo, que tinha endurecido rapidamente.
Circulou a parte rosada da carne com a ponta do dedo, em seguida,
puxou a mão de volta. Sem outra palavra, voltou a comer. Depois de
um momento, fiz o mesmo, não me preocupando em me cobrir,
novamente. Ainda estava me sentindo um pouco autoconsciente,
mas a admiração que vi no rosto de Gavin foi suficiente para me
manter no controle.

Estávamos no meio da refeição, quando Gavin quebrou o silêncio.


"Devíamos desaparecer, na semana que vem."

Parei o garfo no meio do caminho para minha boca. Devia tê-lo


ouvido mal. De maneira nenhuma, ele tinha acabado de me pedir
para viajar com ele.

Gavin pareceu não ter notado o meu silêncio ou, intencionalmente, o


ignorou. "Um fim de semana romântico nos Hamptons. O que você
acha?"

Estava grata por estar com a boca cheia de comida. Me dava a


oportunidade de pensar enquanto mastigava e engolia. Amei a ideia
de passar um fim de semana inteiro com Gavin, e o fato de que ele
queria que fosse em um lugar romântico, tornava ainda mais
especial. Se ele só quisesse sexo, tudo o que teria que fazer seria
me pedir para vir até aqui. Levar-me para os Hamptons, significava
algo mais. Esse era o tipo de coisa que casais faziam.

"Eu adoraria", falei, logo que consegui controlar as palavras.

Gavin sorriu. Se inclinou e roçou os lábios na minha testa. Foi um


gesto casto, quase fora do contexto, mas adorei que ele tivesse feito
isso. Embora eu gostasse da paixão e do sexo, era bom saber que
ele era capaz de fazer algo quase platônico. Isso me fazia sentir
como se houvesse mais na nossa relação do que apenas sexo.

"Está ficando tarde", Gavin disse. Podia sentir a relutância na sua


voz. "Preciso me aprontar para o trabalho."

Suspirei. Ele estava certo. Nossa pequena bolha era ótima, mas não
podia durar. O mundo real estava lá fora e nós dois tínhamos que
enfrentá-lo, mais cedo ou mais tarde. "Eu também." Nem queria
pensar sobre o trabalho que ia ter que fazer quando chegasse no
escritório. Tinha valido a pena deixar de lado aqueles arquivos, na
noite passada, mas isso não significava que estava ansiosa para
encará-los, hoje de manhã.

Gavin se levantou e foi em direção ao banheiro. Eu o observei


caminhando, meus olhos caindo até sua cintura e a bunda firme. Ela
podia estar coberta, agora, mas sabia o que estava por baixo.

"Sabe." Parou na porta. "Nós podíamos poupar algum tempo, se


tomássemos banho juntos."

Congelei por um momento, imagens do Gavin nu e molhado


dançando na minha visão, e então, entrei em movimento. Tentei não
parecer muito ansiosa, mas o sorriso no rosto de Gavin me mostrou
que não fui bem sucedida. Quando sua mão se fechou em torno da
minha, já não me importava se parecia que eu estava desesperada
por ele. A verdade da questão é que eu o queria, e o sentimento era
tão intenso que desespero era uma descrição bastante precisa.

O banheiro era maior do que o meu quarto. Seguia os mesmos tons


quentes que decoravam o resto do apartamento, e os acessórios de
metal combinavam com esse estilo. O chuveiro estava envolto em
vidro, uma peça separada da banheira, que estava a poucos metros
de distância. Por um momento, desejei que Gavin e eu tivéssemos
tempo para tomar um longo e lento banho de espuma. Podia ver isso
na minha mente, a espuma deslizando por toda nossa pele ...

O som da água sendo ligada trouxe minha atenção de volta para o


presente. Gavin deixou um vão aberto na porta, enquanto tirava a
cueca. Eu não tinha certeza de onde estava a lingerie que Gavin tinha
comprado pra mim. A única coisa que estava usando eram minhas
meias e tinha a sensação de que não ia dar para usá-las, não depois
de ter dormido com elas durante toda a noite.

"Permita-me", disse Gavin, enquanto se ajoelhava na minha frente.


Levantou um dos meus pés e coloquei minha mão no seu ombro nu,
para me equilibrar. Quando rolou a meia pela minha perna, me dei
conta que a sua posição o deixava muito perto de outras coisas, e
minha boceta latejou. Dois dos meus quatro amantes anteriores
tinham feito sexo oral em mim, mas nenhum deles tinha sido, nem de
perto, tão hábil com sua boca, como Gavin era.

Quase como se pudesse ler minha mente, Gavin virou o rosto quando
colocou a perna para baixo e levantou a outra. Sua respiração era
quente contra minha coxa, mas ele não encurtou a distância. No
momento em que colocou meu pé de volta no chão de azulejo frio,
minha pele estava zumbindo em antecipação.

"Acho que a água está quente o suficiente." Gavin levantou.

Deixei meu olhar vagar pelo seu corpo quando ele se virou. Não
estava totalmente ereto, mas saber que apenas estar perto de mim,
o levara a meio mastro, foi o suficiente para me fazer sorrir. Acho que
não importaria quantas vezes fizéssemos amor, sempre amaria o fato
do seu corpo responder ao meu, desse jeito.
Gavin entrou no chuveiro e estendeu a mão. Segui-o sob o jato
quente, deixando a água lavar o suor e o sexo da noite anterior.
Fechei os olhos quando a água encharcou o meu cabelo, mantendo-
os fechados quando ouvi o estalo de uma tampa de plástico e o
aroma fresco e limpo de shampoo encheu o ar úmido.

Um momento depois, senti as mãos de Gavin no meu cabelo. Fiz um


som estrangulado, quando ele começou a massagear o shampoo nos
meus cabelos. Sempre gostei que lavassem o meu cabelo, mas
nunca tinha feito dessa maneira. Enquanto seus dedos trabalhavam
contra o meu couro cabeludo, minhas mãos começaram a deslizar
pela minha pele. De um lado do estômago para o outro. Ao longo do
umbigo e um pouco acima dos cachos claros entre as minhas pernas.
Até os meus seios, envolvendo-os, sentindo seu peso nas minhas
palmas.

"Tudo lavado", Gavin falou baixo no meu ouvido, sua voz se fundindo
com o som da água caindo.

Me virei para ele, abrindo os olhos. Cada gota de água era uma
sensação nova na minha pele. Pisquei através dos cílios molhados e
inclinei a cabeça para olhar para ele.

"Minha vez."

Estendi a mão e ele esguichou um pouco de shampoo nela. Apertei,


suavemente, seu ombro e ele ficou de joelhos. Seus olhos se
fecharam, quando comecei a esfregar o shampoo no seu cabelo. Os
fios eram como seda macia enquanto escorregavam entre meus
dedos. Esfreguei a espuma e, em seguida, comecei a enxaguar seu
cabelo. Sorri quando percebi que teríamos o mesmo cheiro hoje, e
fiquei feliz por ele não ter usado algo com perfume muito intenso. Isso
seria um pouco óbvio demais.

Quando a última espuma escorreu pelo ralo, as mãos de Gavin


começaram a se mover para cima e para baixo nas minhas pernas,
correndo dos joelhos para os quadris. Sua cabeça se inclinou para
trás e ele abriu os olhos. Quando nossos olhares se encontraram, ele
levantou minha perna esquerda e a enganchou no ombro. Ainda
olhando para mim, se inclinou para frente, abrindo a boca, para que
eu não tivesse dúvidas sobre o que estava por vir.

"Ah ..." Suspirei, enquanto ele me lambia. Uma longa lambida, antes
de se estabelecer e provocar ao redor da minha abertura. Durante
todo o tempo, seus olhos estavam abertos e cravados em mim. Suas
mãos seguravam meus quadris enquanto me beijava, sua língua
explorando minha boceta tão completamente, como sempre fazia
com a minha boca. Ela dançou em círculos naquele pequeno feixe
de nervos e eu gritei.

Caí contra a parede, mal registrando o azulejo frio contra as minhas


costas. Tudo que podia sentir era a boca do Gavin, a língua e os
lábios passando sobre a carne sensível, até que eu era uma bagunça
tremenda, mantida de pé apenas pelo homem que estava entre as
minhas pernas. Ele chupou e lambeu até que eu estava gritando seu
nome, implorando-lhe pelo orgasmo. No momento em que ele
deslizou um dedo dentro de mim, comecei a gozar. Então, curvou o
dedo, roçando aquele ponto que fazia o mundo clarear.

Gemia, sem me importar que alguém pudesse me ouvir. Minhas


unhas cravaram em seus ombros, cada vez mais fundo, até que eu
sabia que ele ficaria com machucados, mas não conseguia me
controlar. Era muito prazer, muita sensação. Precisava extravasar de
alguma forma.

Então, depois do que pareceu uma eternidade, a mão e a boca de


Gavin se foram, meu corpo vazio e desejando ser preenchido por
algo maior e mais grosso. Minhas pálpebras se abriram quando
Gavin alcançou a porta.

"Onde você está indo?" Consegui perguntar. Não me importava em


quão atrasados podíamos estar, não estava disposta a deixá-lo sair,
ainda.

Sorriu para mim. "Na verdade, não guardo preservativos no


chuveiro."

Meu corpo deu uma pulsada, longa e profunda. “Só por isso?" Me
virei de costas para Gavin. "Não precisa."

Quase consegui ouvi-lo ficar completamente imóvel. Esta era uma


escolha minha, sabia. Não tinha passado uma semana inteira, mas
não queria esperar mais. Virei minha cabeça para poder olhar por
cima do ombro, até o rosto assustado.

"Estou tomando pílula."

Seus olhos se arregalaram e sua respiração ficou presa na garganta.


Ele queria isso também, mas sentia que ele estava dividido. Não
queria que ele sentisse que eu tivesse sido forçada a nada, então
tinha que fazê-lo acreditar que tudo isso foi ideia minha.

"Quero você dentro de mim, Gavin", disse. Afastei meus pés, mais
ainda. "Eu quero sentir você, nada mais, nada entre nós."

"Caralho", ele gemeu.


A porta se fechou atrás dele, que me alcançou em duas passadas.
Pressionou seu corpo contra o meu, seu pau quente e pesado, contra
a minha bunda. Suas mãos corriam ao longo da minha frente,
envolvendo meus seios, seus dedos puxando meus mamilos até que
eu estava empurrando minhas costas contra ele.

"Me possua." As palavras saíram quase involuntariamente, e senti


seu corpo estremecer contra o meu. Repeti, "Me possua."

Seus lábios encontraram a pele macia da minha garganta e começou


a trabalhar nela, mesmo quando senti ele empurrar contra a minha
entrada. Meus dedos se enroscaram contra os azulejos quando ele
se enterrou dentro de mim com um impulso rápido.

Gritei diante da plenitude repentina, meu corpo enrijecendo à medida


que abria espaço para a intrusão. Ele não parou, mas começou a
recuar imediatamente, sua fricção espessa vindo contra mim, uma
sensação nova e bem-vinda. Pele contra pele, nossas células
chamando pelas do outro, procurando o par perfeito que existia
apenas no corpo de outra pessoa. Seus impulsos eram duros e
profundos, cada um, quase me levantando do chão.

Apertei, ainda mais, meus olhos fechados, querendo essa memória


gravada na minha mente, para sempre. A forma como sentia a água
na minha pele. Como o calor nos envolvia em um casulo. A sensação
dele deslizando, para trás e para a frente, entre as minhas pernas.
Sua boca no meu pescoço, chupando a pele, até que soubesse que
ia ficar uma marca. Seus braços me mantendo no lugar quando ele
empurrava para dentro de mim. A forma como a pressão estava se
construindo dentro de mim, até que lágrimas escorriam pelo meu
rosto, misturando-se com o resto da água.
"Por favor, por favor", implorei, sem saber o que estava pedindo. Mal
podia ouvir minha própria voz, enquanto me afogava em prazer.

"Quer que eu goze dentro de você?" Gavin sussurrou no meu ouvido.

Apertou meu corpo contra a parede, prendendo-me entre o seu calor


e o frio da cerâmica. Colocou os braços ao meu redor, suas mãos
cobrindo as minhas. Sentia o estômago dele contra as minhas
costas, os impulsos poderosos de seus quadris.

"Você quer?" Fez a pergunta novamente e, só então, percebi que ele


esperava uma resposta. "Quer que eu goze dentro de você?"

"Sim", a palavra saiu ofegante. Meu corpo começou a tremer, a se


arrrepiar, mas não conseguia me mover.

"Diga-me." A voz de Gavin era feroz, com aquele tipo de aspereza


que me deixava molhada. "Diga-me o que você quer."

Solucei, quando seus dentes rasparam a concha da minha orelha.


Sabia que devia ter vergonha de dizer as palavras em voz alta, mas
não tinha. Só sabia o que o meu corpo desejava, e não podia mentir
sobre isso.

"Quero sentir você gozar de mim."

As palavras fizeram com que um grunhido quase primitivo saísse do


Gavin e meus olhos reviraram quando a vibração viajou através de
mim.

"Quero te sentir pulsando dentro de mim, me enchendo." Mal


conseguia respirar, mas forcei as palavras. Precisava que ele
soubesse a verdade. "Quero minhas coxas molhadas com seu
esperma."
"Merda." Os dedos de Gavin me apertaram, enquanto seus quadris
empurravam contra a minha bunda.

Senti, então, o que estava esperando. O calor da sua semente se


derramando dentro de mim. Seu pênis esvaziando, não em algum
látex impessoal, mas dentro de mim. Ele era incrível, tudo o que eu
tinha imaginado, mas, ainda assim, não foi o suficiente. Fiz um som
de pura frustração, desesperada por aquele último atrito que
precisava para terminar. Comecei a soltar minha mão, para deslizá-
la entre nós. Não demoraria muito, eu sabia. Um ou dois pequenos
toques para trazê-lo à tona.

"Não." Os dedos de Gavin fecharam ao redor do meu pulso,


empurrando minha mão de volta onde estava, antes. "Já te disse
antes."

Em seguida, sua mão estava lá, exatamente onde eu precisava dela,


seus dedos apenas esfregando, para que o meu clímax finalmente
chegasse, rasgando-me com a força de um furacão. Quando onda
após onda de prazer caía sobre mim, ouvi a voz de Gavin,
novamente.

"Minha."

Ele nos guiou até ficarmos diretamente sob o jato d’água, meu corpo
embalado contra o dele. Coloquei minha bochecha contra seu peito,
ouvindo seu coração batendo no meu ouvido. Sentia seu esperma
escorrendo para fora de mim, se misturando com os meus próprios
fluidos. Quando, finalmente, recuperei o fôlego, fiz a pergunta que
queria ter feito antes, quando o assunto surgiu.

"Você disse 'minha'." Ok, isso não era uma pergunta, mas tinha
certeza que ele entendia o que eu queria saber.
Estava certa.

Gavin empurrou o cabelo molhado para trás do meu rosto. "Quando


estou com você, quero cada parte sua." Sua expressão era grave,
séria. "Não que isso signifique que eu seja algum tipo de homem das
cavernas, mas quero que você seja minha. Que cada centímetro do
seu corpo pertença a mim naquele momento. Para saber que sou o
único no qual você está pensando, que não está fantasiando sobre
as mãos de outro homem em você."

Balancei a cabeça. "Nunca."

Ele sorriu, mas ainda havia escuridão em seus olhos. "Quero ter
você, mas não controlá-la, ou transformá-la em algo que você não é."
Balançou a cabeça. "Não estou conseguindo explicar isso direito."

Levantei a mão e coloquei o dedo contra seus lábios. "Está tudo bem.
Sei o que você quer dizer."

E eu sabia. Entendia o que ele estava tentando dizer, mesmo que ele
não conseguisse se expressar. Dizer "minha" e me reivindicar como
sua, não tinha nada a ver com mandar em mim ou me degradar. Não
era sobre eu lhe pertencer. Era sobre pertencermos um ao outro. Se
eu era dele, então ele era meu, e gostei disso.

Coloquei minha mão em volta do seu pescoço e o puxei para beijá-


lo. Pouco antes de nossos lábios se encontrarem, sussurrei, "meu".
Seus olhos brilharam e sua boca cobriu a minha.
Capítulo 12

Era tentador ficar no chuveiro até Gavin estar pronto para uma
segunda rodada, depois passar o resto do dia na cama, conversando
e fazendo amor. Nenhum de nós tinha usado essa palavra ou até
mesmo feito, realmente, uma declaração do que significávamos um
para o outro, mas estava me sentindo em terreno mais sólido, agora,
do que antes. Esse sentimento de confiança cresceu, quando Gavin
terminou de se vestir primeiro e me disse para bater a porta quando
saísse.

Estava de pé, envolta em uma enorme toalha marrom, secando meu


cabelo e tentando desembaralhar a cabeça em torno do que tinha
acontecido. Não só tinha Gavin me trazido até sua casa, mas também
se sentiu confortável o suficiente para me deixar aqui, enquanto ia
para o trabalho. Acho que o mais rápido que já tinha deixado um
namorado ficar sozinho no meu apartamento, tinha sido depois de
cinco meses juntos. Não que eu pensasse que ele ia ler meu diário
ou algo assim, mas havia algo muito pessoal sobre deixar alguém no
meu espaço. E nunca gostei quando me deixaram no deles. Até
agora.

Quando meu cabelo estava, finalmente, seco o suficiente para


arrumá-lo, eu o torci, prendendo-o atrás da cabeça. Gostaria de ter
trazido roupas comigo, mas não tinha pensado que ia passar a noite.
Minhas meias estavam encharcadas mas, pelo menos, o sutiã e a
calcinha estavam mais limpos do que o resto das minhas roupas.
Antes de colocá-los, no entanto, ia trabalhar no essencial.
Maquiagem. Felizmente, eu tinha trazido algumas comigo. Não
muito, mas o suficiente para mascarar o par de chupões que Gavin
tinha deixado no meu pescoço. E outro no meu seio esquerdo, que
era baixo o suficiente para não ficar à mostra.

"Da próxima vez", murmurei para mim mesma. "Vamos ver se ele vai
gostar de ter que usar maquiagem no seu pescoço."

Não estava realmente com raiva, entretanto. Gostava do lembrete do


que tínhamos feito, embora a dor latejante entre as minhas pernas
não ia me deixar esquecer tão cedo. Não tinha me machucado, mas
ficaria, definitivamente, dolorida por um dia ou dois. Tinha feito sexo
vigoroso com um parceiro mais do que bem-dotado, com muita
frequência ao longo das últimas semanas. Krissy estava certa. Era
impressionante que eu pudesse andar direito.

Ri, em seguida, coloquei a mão sobre a boca para abafar o som. Era
estranho, sabendo Gavin não viria perguntar o que era tão
engraçado.

Chequei o espelho uma última vez e joguei o batom na bolsa. Agora,


encontrar minhas roupas. A busca não demorou muito tempo, mas o
que aconteceu quando peguei a saia, debaixo da mesa, me distraiu.

Ontem à noite, não estava prestando muita atenção ao que estava


perto do sofá. Me lembrei de pensar que ele não tinha nada pessoal
ao redor. Aparentemente, estava distraída o suficiente para perder
aquilo. Dois quadros de prata simples. Um mostrava a imagem de um
Gavin muito mais jovem, vestido com um smoking, de pé, com os
braços em torno de uma bonita menina loira. A julgar pelo vestido e
o enfeite florido no seu pulso, era seu baile de formatura. Pareciam
sorridentes e muito apaixonados.

Sorri, tristemente, enquanto colocava a foto de volta na mesa. Não


estava com ciúmes. Como poderia estar? Sabia o que aconteceu
depois que a imagem foi feita, quantos anos eles tiveram juntos, a
vida que nunca teriam. Ter ciúmes de uma memória era mesquinho
e estúpido.

Peguei a segunda foto. Não precisei que ninguém me dissesse de


quem era. Ela podia ter os traços finos da mãe, e os cabelos lisos,
loiro pálido, mas aqueles olhos azuis escuros puxaram aos do Gavin.

Gentilmente, coloquei o quadro de volta no lugar. Meus dedos


traçaram a parte superior da moldura. "Você tem uma família linda."
Sussurrei as palavras, sem saber se estava falando com Camille ou
Gavin, até que acrescentei: "Prometo, vou cuidar bem deles."
Capítulo 13

Já mencionei antes o quanto odeio estar atrasada? Hoje foi ainda


pior, porque, não só estava atrasada, como estava vestindo a mesma
roupa do dia anterior, menos as meias. Felizmente, mantinha uma
muda de roupa limpa no escritório - a maioria dos estagiários,
associados e assistentes, também - mas isso não significava que não
estava me sentindo na caminhada da vergonha, no caminho até
minha mesa.

Leslie, Krissy, e Dena olharam para mim enquanto passava por elas,
e me recusei a fazer contato visual. Sentia minhas bochechas
queimando, quando peguei meu pacote reserva na gaveta da mesa
e fui em direção ao banheiro.

"Carrie!"

Congelei. Merda. Era Mimi. Lentamente, me virei, esperando que ela


não fosse capaz de ler as atividades recém praticadas, no meu rosto.

"Você está atrasada."

"Sim, estou." Sabia que mentir, apenas, ia piorar as coisas. "Sinto


muito-"

Ela acenou com a mão. "Não quero desculpas. Eu quero aqueles


relatórios."

"Certo. Os relatórios." Algo muito próximo ao pânico estava


ameaçando me dominar.

"Onde eles estão?" Mimi colocou as mãos nos quadris, a expressão


em seu rosto mais hostil do que qualquer coisa que já tinha dirigido
a mim.
Não sabia o que dizer. Como poderia dizer a ela que não fiz o meu
trabalho porque estava muito ocupada fodendo o consultor do seu
cliente? Gaguejei, "Eu-"

"Entrega para Carrie Summers."

Quase guinchei de surpresa, mas consegui me controlar. "Eu sou


Carrie Summers."

Virei-me para a voz, quando respondi. Um entregador, de meia-


idade, caminhava na minha direção, dois envelopes grossos em suas
mãos. Assinei, rapidamente, o recibo, espiando as informações do
remetente. Gavin. Rezando para que fossem os arquivos que ele me
mostrou ontem, me virei para Mimi.

"Tive que verificar uns arquivos sobre algumas das mulheres com as
quais Howard foi visto", falei. " Era urgente, é claro."

"E as anotações que eu lhe pedi para colocar em ordem cronológica,


para a reunião?" Perguntou.

"Vou levá-las para você, em menos de uma hora", prometi. Não tinha
certeza se ia ser, realmente, viável, mas ia tentar.

"Uma vez que você ficou trabalhando até tarde no caso, vou te dar
uma folga, desta vez." Mimi franziu os lábios e me deu uma olhada
de cima a baixo. "Por favor, me diga que você tem, ao menos, uma
muda de roupa, para não parecer toda amarrotada na reunião."

Levantei o pequeno saco preto na minha mão. "Estava indo ao


banheiro, para me trocar."

Mimi assentiu. "Bom. A reunião é em noventa minutos. Traga as


notas com você, quando for para a sala de conferências maior. E vou
esperar pelos relatórios sobre as mulheres de Howard, no final da
tarde, hoje."

Concordei com um aceno da cabeça, ansiosa para começar. Quando


ela se virou, saí correndo.

Roupas novas e pouco mais de uma hora mais tarde, estava no


caminho para a sala de conferência, com as informações que Mimi
queria, na minha mão. Tinha sido uma loucura conseguir ordená-las
rapidamente, mas era surpreendente, às vezes, o quanto uma
pessoa pode fazer quando está motivada o suficiente.

A reunião acabou se estendendo por todo o horário do almoço,


graças ao conselheiro opositor, que parecia ser mais velho do que a
profissão de advogado. Se movia mais lentamente do que qualquer
um que eu já tinha conhecido e, antes que estivéssemos meio
encaminhados, encontrei-me imaginando se ele tinha ouvido a fábula
da tartaruga e da lebre quando criança. No momento em que todos
foram embora e terminei de arrumar os documentos que estavam
espalhados sobre a mesa, estava morrendo de fome. Tinha comido
um belo café da manhã, mas também tinha sido muito ... ativa.

Um pequeno sorriso brincou em meus lábios enquanto me permitia


lembrar da grande manhã que eu tive. Tinha sido difícil não deixar
minha mente vagar durante a reunião, por isso foi uma pequena
recompensa para mim mesma, ceder e desfrutar de alguns
momentos antes de encontrar minhas amigas para o almoço.
Conversamos um pouco enquanto comíamos, mas ficou claro que a
minha relação com Gavin era o ponto principal do assunto. Respondi
o que pude, sem revelar o que achava que Gavin não ficaria
confortável em partilhar. Felizmente, elas estavam mais do que
dispostas a se distrair com a minha vida sexual.
Somente quando estávamos entrando no elevador, de volta para
nosso andar, que Dena fez a pergunta que eu sabia que todas
estavam querendo fazer. Tinha que admitir, que fiquei um pouco
surpresa por ser ela a pessoa a dizer isso. Era a mais calma das
minhas amigas, a que mais, facilmente, se desvanecia ao fundo. Não
porque não fosse bonita o suficiente para ser notada, mas porque
não tinha o brilho da Leslie ou da Krissy. Nunca chamava a atenção
para si mesma e parecia feliz dessa forma.

"Tenho que perguntar, isso é só sobre sexo ou existe algo mais?"


Seus olhos claros estavam sérios, com uma expressão de
preocupação. "Não quero ver você se machucar."

Sorri para ela. Eu não era alta, mas Dena era a definição de pequena.
"Gavin e eu, realmente, não tivemos essa ‘conversa’, mas é,
definitivamente, mais do que sexo." Eu lhe dei um abraço de lado.
"Há uma conexão entre nós, que nunca tive com alguém."

"Apenas tenha cuidado", ela advertiu.

“Terei", prometi.

As portas se abriram e o momento foi quebrado. Era hora de voltar


ao trabalho. Voltei para a minha mesa, me esforçando em me
concentrar sobre o que tinha que fazer, a seguir. Olhei para os
arquivos que Gavin tinha me dado, mas, na realidade, não tinha
examinado. Era hora de fazer isso, agora.

Levei cerca de cinco minutos para perceber as semelhanças que


tinham escapado ontem. Todas as fotos nos arquivos eram
profissionais. As poses, a qualidade, a iluminação, tudo falava de
alguém que sabia o que estava fazendo. Todas essas mulheres
estavam tirando fotos de modelo.
E essa foi a segunda coisa que notei. Mesmo que todos os
documentos que encontrei, declarassem que as mulheres tinham,
pelo menos, dezoito anos de idade, boa parte delas parecia mais
jovem. Não, apenas, alguns meses mais jovens que a idade legal,
mas algumas, pareciam que tinham quinze ou dezesseis anos.

Bem, eu sabia que haviam algumas mulheres que pareciam mais


jovens do que sua idade real. Dena era um exemplo perfeito. Ela era,
na verdade, a mais velha de nós quatro, tendo feito vinte e cinco anos
cerca de seis meses atrás, mas ainda tinha dificuldade quando
tentava comprar bebida alcoólica. Se estivesse vestida com roupas
mais informais, podia imaginar que ela tivesse dezoito, talvez até
dezesseis anos.

Foi quando isso me acertou, o porquê das fotos dessas mulheres


mais jovens estarem me deixando tão desconfortáveis. Se tivessem,
de fato, dezoito anos ou mais, tinham sido, intencionalmente
vestidas, para parecerem mais jovens. Não se pareciam com
crianças, mas quem quer que fosse, que tirou as fotos, não tinha feito
nada para lhes dar a aparência de uma adulta. Pareciam meninas, e
não mulheres.

Parecia que quanto mais eu descobria sobre Howard, menos gostava


dele. Não tinha certeza do que isso ia significar para mim e Gavin,
mas sabia que não era um bom presságio para o caso da Mimi.
Precisava falar com algumas dessas meninas e descobrir quanto
controle de danos precisaríamos fazer.

Comecei a vasculhar os documentos atrás de informações de


contato, mas não haviam números de telefone, endereços, nem
nenhum contato de emergência. Não haviam números de identidade
listados, e somente a data de nascimento, sozinha, nunca ia me dar
o que eu precisava, especialmente se metade delas fossem falsas,
como estava começando a suspeitar que seriam. Os nomes não iam
ser de alguma ajuda, também. Tinha feito muita pesquisa na Internet,
o suficiente, ao longo dos anos, para saber que ao acessá-los,
apareceriam nomes que eram tudo, menos exclusivos. Essas
meninas eram Jessica e Jennifer, Sarah e Allison. Mesmo aquelas
com os nomes mais originais como Monique, Callie, e Tricia tinham
apelidos que me levariam a centenas de links, mesmo que fossem
de Nova York. Se qualquer uma dessas meninas tivesse vindo de
outro estado, nunca a encontraria.

Estava, praticamente, desistindo quando um nome chamou minha


atenção. Patricia Vinarisky. O primeiro nome não era completamente
original, mas esse sobrenome, poderia ser suficiente.

Abri meu navegador na web e digitei o nome. Mais de trezentos


resultados em todo o país. Ok, isso não era tão ruim. Só precisava
restringir a pesquisa. Era possível que ela não fosse de Nova York,
mas ia começar por aqui, de qualquer maneira. Um momento depois,
três rostos apareceram. Muito melhor. Um elo me levou a uma Patty
Vinarisky que, definitivamente, não era a garota da foto, já que ela
tinha nascido mais perto da virada do século passado. O segundo
me levou a um número de telefone listado para um Frank Vinarisky.
O terceiro atingiu um beco sem saída. Já que eu não podia fazer nada
sobre o último, o segundo era a única chance que eu tinha.

Peguei meu telefone e disquei o número. Depois de dois toques, uma


mensagem automática gravada, falando que Frank Vinarisky não
estava disponível e que deveria deixar nome, número e uma breve
mensagem.
"Sr. Vinarisky." Mantive minha voz límpida e clara. "Meu nome é
Carrie Summers e eu estou tentando encontrar uma Patricia
Vinarisky. Se você a conhecer, Sr. Vinarisky, poderia, por favor, me
ligar?" Deixei o meu número, falando devagar o suficiente para que
não tivesse a necessidade de repetir.

Suspirei, quando desliguei. Agora, tudo que podia fazer era esperar.
Capítulo 14

Enquanto estava esperando, comecei a compilar as outras


informações que Gavin tinha me dado. Mimi ia ter um ataque sobre
isso. Afora as ramificações pessoais, ela ia ficar puta quando visse o
que isto faria com o nosso caso. Se o advogado da esposa de
Howard tivesse, sequer, uma fração disso, estávamos acabadas.

Antes que pudesse ficar muito concentrada no trabalho, meu celular


vibrou. Olhei para a tela, e meu estômago deu uma cambalhota
quando vi o nome do Gavin. Imaginei que a chamada era de natureza
pessoal, mas já que ele era consultor de um cliente, não senti a
menor pontada de culpa quando atendi.

"Oi."

Essa única palavra não devia ser capaz de me emocionar tanto


quanto o fez. "Olá." Foi difícil não baixar a voz e tornar a conversa
mais íntima.

"Sinto muito, Carrie", ele começou. "Howard, simplesmente, me ligou


e disse que tenho que ir para Miami, na próxima semana. Há uma
reunião de negócios na sua mansão, em Star Island."

"Oh." Tentei não deixar minha decepção transparecer, muito, na


palavra, mas ele a ouviu, de qualquer maneira.

"Sinto muito", repetiu. "Eu queria, de verdade, viajar com você."

"Eu também." Esperava que ele não achasse que estava fazendo
beicinho. Não havia nenhuma maneira de poder lhe dizer a verdade,
não aqui, e se me levantasse, iria chamar atenção.
Houve um momento de silêncio, em seguida, ele perguntou: "Você
está na sua mesa, não é?"

"Sim." Olhei em volta, mas ninguém estava olhando para mim.

"Então, você realmente não pode reagir ou responder a qualquer


coisa que eu disser, não é?"

Fiz um barulho, evasiva. Ele riu, e o som me fez esquecer que


passaria o próximo fim de semana sozinha, em vez de aconchegada
com ele, em algum refúgio romântico.

"Então, acho que você não pode reagir quando eu disser que não
posso suportar a ideia de ficar longe de você por tanto tempo, e que
quero que você venha comigo."

Meu coração deu um pulo.

"E você não vai poder responder quando lhe disser que só vou estar
trabalhando por algumas horas, e que quero passar o resto do tempo
entre a praia particular e um quarto muito suntuoso."

Procurei algo inocente que pudesse dizer. "Isso, hum, parece bom."

Ele riu, novamente. "Confie em mim, Carrie, o que eu quero fazer


com você, e para você, é muito além de bom."

Minha respiração ficou presa e isso foi tudo que consegui fazer para
não soltar um som embaraçoso.

"Mal posso esperar para levá-la para fora, na praia, e esfregar loção
sobre cada centímetro da sua pele cremosa."

Fechei os olhos, apertando os lábios.

"Talvez eu até deslize as mãos debaixo do seu biquíni, me


certificando de que seus belos seios não se queimem."
Ok, fechar meus olhos foi deixando tudo pior, porque agora, podia
visualizar o que ele estava dizendo.

"Será que você deixaria eu te beijar, cobrir seu corpo com o meu?"
Sua voz tinha assumido o som rouco com o qual ficava, quando
estávamos juntos na cama. "E se eu empurrar a tira de lado, essa
fina camada de tecido que cobre você, deslizar meu dedo no seu
calor apertado e molhado?"

Porra. O que ele estava fazendo? O que eu, estava fazendo? Sentia
meu corpo todo se aquecendo. "Será que você me deixaria tomá-la,
logo em seguida, ali mesmo, na praia?"

Pulei, quando o telefone do escritório tocou. Uma onda de alívio,


misturada com decepção, tomou conta de mim. "Tenho que ir, Gavin.
Preciso atender o telefone."

"Ok." Ele parecia estar se divertindo. "Mas vou querer respostas para
essas perguntas."

Alcancei o fone, assim que terminei a chamada. Minha mente estava


tão confusa que esqueci, completamente, de dizer o nome da
empresa, na saudação. "Alô?"

"Carrie Summers?"

Era a voz de um homem desconhecido.

"Sim?" Desesperadamente, tentei limpar a névoa induzida pelos


hormônios, no meu cérebro. "Aqui é Frank Vinarisky."

"Oh, olá, Sr. Vinarisky."

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me cortou. Foi, só


então, que reconheci a tensão em sua voz.
"De onde você conhece a Patricia? Você tem visto ela?"

"Visto?" Repeti suas palavras, não entendendo nada.

“Não sei que tipo de jogo você está jogando, Srta. Summers, mas
não tenho tempo ou paciência para isso. O que você sabe sobre a
Patricia?"

"Eu não estou entendendo, Sr. Vinarisky. Sinto muito. Estava ligando
para falar com ela."

Ele deu uma risada tão amarga, que estremeci. "Isso pode ser difícil,
Srta. Summers, já que a Patricia está desaparecida há mais de dois
anos."

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