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REGIÃO
DOS FATOS
Em 29 de julho de 2014, a Autora adquiriu via “internet” (comércio eletrônico) no site
www.aliexpress.com, mercadoria com valor de R$210,18 (duzentos e dez reais e dezoito
centavos), que recebeu o n° da encomenda (copiar código de rastreamento). O pagamento
foi efetuado via cartão de credito Master Card/Paypal, conforme cópia da tela da compra e
cópia da fatura do cartão de crédito, ambos em anexo.
Com a chegada da mercadoria ao nosso país, foram realizadas as solenidades para o
desembaraço aduaneiro, e não ocorreu tributação.
Mesmo assim, realizou o pagamento para que o bem lhe chegasse em suas mãos. Tentou,
após este ocorrido, a devolução direta com a ré, via seu serviço de atendimento, sem
sucesso.
Sentindo em seu âmago que uma ilegalidade foi cometida, e com o fim de recuperar o valor
pago indevidamente, vem à presença de Vossa Excelência buscar auxílio e o faz com toda
razão. Vejamos.
DIREITO
O Código de Defesa do Consumidor assegura a proteção dos direitos básicos do
consumidor, entre eles, a proteção contra quaisquer práticas comerciais abusivas. Nos
artigos 39 e 84 do CDC estão previstas as práticas abusivas e, no segundo citado, as
tutelas:
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não
fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências
que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
Não bastasse esta cobrança ilegal ter sido anteriormente realizada apenas nas encomendas
tributadas, agora a ECT pretende cobrar o valor do “despacho postal” em TODAS as
encomendas, independentemente de serem tributadas ou não, como pode ser visto no
próprio site da empresa:
Apenas como exercício de argumentação e para que não se perca o foco e “como” e “para
que” a ECT foi criada, temos o Decreto Federal n° 8016/2013
1
Disponível em: <https://www.correios.com.br/noticias/correios-implanta-novo-modelo-de-importacao-em-
todos-os-centros-internacionais-com-novas-regras-para-o-despacho-postal>
confiabilidade, qualidade, eficiência e outros requisitos fixados pelo Ministério das
Comunicações.
(...)
Art. 6º O capital social da ECT é de R$ 2.070.231.254,11 (dois bilhões, setenta
milhões, duzentos e trinta e um mil, duzentos e cinquenta e quatro reais e onze
centavos), constituído integralmente pela União.
Ora, é obrigação do Correio desempenhar as atividades para o qual foi criado e seus
deveres especificados em lei e, em contrapartida, ser remunerado por este serviço prestado
com o valor que cobra do frete.
O despacho postal, como já dito, é uma segunda cobrança para um mesmo serviço, qual
seja, serviço de transporte e entrega de encomendas, neste caso internacionais. Este
serviço tem custos, é verdade, mas é uma das atividades para o qual o correio foi criado e
que já é pago pelo destinatário na oportunidade da compra e do pagamento da mercadoria
internacional.
A ECT não informa qual o serviço que efetivamente presta ao destinatário que justifique a
cobrança do despacho postal e seu pagamento por quem já pagou o frete quando efetuou a
compra no site internacional.
E dizer que cobra porque está previsto em acordos internacionais é argumento chulo, visto
que nenhum acordo internacional pode contrariar a legislação brasileira, neste caso o
Código de Defesa do Consumidor.
Não existe serviço prestado que justifique tal cobrança, afinal, para saber se vai incidir
imposto de importação em alguma encomenda internacional, todas precisam passar pelo
recinto alfandegário. Pior ainda é especificar serviços prestados a Receita Federal e não ao
destinatário da encomenda e achar que o destinatário é quem deve arcar com esses custos.
RIO GRANDE DO SUL – 5ª. Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do RS
- RECURSO CÍVEL Nº 5005421-46.2015.404.7101/RS – Relador: Exmo. Sr.Dr. Juiz
Federal Joane Unfer Calderaro – Data do Julgamento 10/03/2016: “Em relação à
Taxa de Nacionalização de Despacho Postal, no julgamento do Recurso Cível nº
5009085-19.2014.404.7102, esta Turma Recursal reconheceu que o valor pago a
título de despacho postal, seja porque a despesa já foi antecipada pelo
remetente do serviço postal, seja diante da abusividade da cobrança, deve ser
restituído à parte. Transcrevo trecho do voto proferido no referido julgado:
Imperiosa é a observação feita pela doutrina que a melhor definição legislativa da inibitória é
aquela que admite a tutela na forma pura (antes que se tenha ocorrido o ilícito) e não
apenas para impedir a continuação ou repetição do ilícito. (MARINONI, Luiz Guilherme.
Tutela Inibitória Individual e Coletiva. 4 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 31).
Art. 5º(...)
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito.
Quanto a lei processual civil e defesa do consumidor, que atingem esta ação, a tutela
inibitória tem fundamento no que reza o caput dos artigos art. 497 do CPC e art. 84 do CDC:
Art. 497 do CPC: Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer,
o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará
providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a
prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou
dolo.
Art. 84 do CDC: Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer
ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
DOS PEDIDOS
Ante o exaustivamente aqui exposto, requer se digne V. Exa. JULGAR PROCEDENTE A
TOTALIDADE OS PEDIDOS determinando:
1º) a citação da Ré para, querendo, contestarem este pedido, no prazo legal, aplicando-se,
no que couber, o art. 307 do CPC.
2º) a devolução do valor que a Autor pagou a Ré, de R$15,00 (quinze reais) EM
DOBRO, ou seja, R$30,00 (trinta reais), a ser atualizado monetariamente desde a data do
efetivo recolhimento, qual seja, (colocar a data que você pagou), até a data de sua efetiva
restituição, valor este cobrado a título de “despacho postal”, tudo de acordo com o art. 42,
parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor.
3)º seja concedida a Tutela Inibitória contida no artigo 497 do CPC c/c art. 84 do CDC,
por decisão judicial, para que a segunda Ré, ECT - EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELEGRAFOS, fique IMPEDIDA de cobrar do Autor, (colocar seu nome e
CPF) o “despacho postal”, que hoje compreende o valor de R$15,00 (quinze reais), para
cada encomenda internacional, evitando-se demandas judiciais futuras, sob pena de
multa correspondente a 01 (um) salário mínimo mensal por cada remessa indevidamente
cobrada.
4º) O protesto pela posterior juntada de todas as provas admitidas em direito que se fizerem
necessárias no decorrer do feito.
5º) Atendendo ao disposto no inciso VII do art. 319 do novo CPC, informa a V. Exa. que não
se faz necessário a realização de audiências, visto que a presente ação só comporta a
produção de prova documental.
Termos em que,
Pede e espera deferimento
*Tudo que está em vermelho você vai preencher com seus dados e passar para cor preta,
confira tudo com calma pois não pode haver erros!
*Preste atenção na relação acima, veja se você vai juntar a fatura do cartão, Paypal ou
boleto, aí deleta as outras alternativas, faça o mesmo com a tela da compra ou e-mail. É
importante não deletar essa relação de documentos acima, para ficar especificado quais
documentos foram juntados.
*Esta petição e todos os documentos precisam estar em arquivo .PDF bem legíveis e na
posição correta, não pode estar de cabeça para baixo, torto, de lado.
*Se houver processo digital na sua cidade/estado, leve tudo em um pen drive, sem não tiver
processo eletrônico você terá que imprimir.
*Esta petição é para uma única encomenda, não faça processo com duas ou mais
encomendas por que tem maiores chances de não obter sucesso.
*Por último apague esses avisos da petição, deixe apenas a lista de documentos em anexo,
boa sorte!