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CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA

Processo nº 1761-1100/11-2
Parecer nº 141/12 CEC-RS

O Projeto “Chalé da Praça XV –


Restauro 2012” não é recomendado para
participar da Avaliação Coletiva

1 – O projeto “Chalé da Praça XV – Restauro 2012”, habilitado pela Secretaria de Estado


da Cultura e encaminhado a este Conselho, nos termos da legislação em vigor, consiste em executar a
restauração do referido imóvel, tombado pelo município de Porto Alegre, em 25 de junho de 1998,
sendo o período previsto para a sua realização, entre 1º de março de 2012 a 30 de novembro de 2012.
A edificação encontra-se em razoável estado de conservação.
O proponente é a OSCIP Guilda do Centro, CEPC nº 3778, representada pelo senhor
Antônio Roberto Carneiro Bressane. Compõe a equipe principal o senhor Álvaro Afonso de Almeida
Franco, CPF nº 431.694.570-04, responsável pela “Coordenação Geral de Implantação de Restauro e
Projeto Cultural” (fl. 4), senhor Pedro Henrique Longhi, CPF nº 465.027.260-20, responsável pela
“Captação de recursos” e Método Serviços de Apoio Administrativo Ltda., CRC 65875, responsável
pela contabilidade (fl. 4). Não consta no processo o CNPJ da última. O segmento cultural do projeto é
o de acervo e patrimônio histórico e cultural.
As justificativas do projeto (fl. 233 e 234) são: a) em relação ao desenvolvimento cultural do
Estado: de que “o prédio histórico tem relevante significado cultural cujos valores são atribuídos pelos
grupos sociais que compõem a sociedade. A riqueza cultural que este prédio acumula é inestimável, e
por si só motivo de constantes e perenes ações de restauro e revitalização”. Para alicerçar a afirmação,
o proponente vale-se das palavras da renomada professora de história, Sandra Jatahay Pesavento, que
deixou grande contribuição para o conhecimento da cidade e do Estado do Rio Grande do Sul. O
proponente afirma ainda que “promoverá visitas orientadas atendendo as crianças de escolas da
periferia, intergando-as à história de Porto Alegre como cidadãos e protagonistas do futuro que começa
a escrever-se no agora”; b) quanto à importância para a sociedade fl. 234): segundo o proponente, “a
preservação de tão importante patrimônio histórico rio-grandense representa a consolidação de todo o
processo de formação e identificação de um povo, que, impelido a construir seu futuro, tem como
esteio as ações e edificações que perpetuam o passado, como baliza e ponto de partida às suas ações
ulteriores, através do constante reavivamento da memória recente”. Na visão do proponente, “o Chalé
da Praça XV representa este vínculo entre o passado e o futuro, não só do povo rio-grandense, como de
todos aqueles que experimentam sua existência, independente da origem ou destino. A percepção de
um lugar, mantido como referência histórica, transpassa o objeto impresso na retina e vai além.
Promove indagações. Excita a necessidade de entender como se apresenta atualmente. O Chalé é
memória viva. E memória cultural é esta imagem que viva de interação do passado e do presente,
transmitindo conhecimento e formando a identidade de um povo. Tal ação de restauro permite a
preservação deste espaço, desacelerando a sua degradação e prolongando e salvaguardando o
patrimônio cultural”. Segundo o proponente, estima-se que cerca de 120 mil pessoas transitam
diariamente pelo seu entorno. Finalmente esclarece que a inauguração está prevista para 27 de
setembro de 2012 e que o período de realização do projeto estende-se até 30 de novembro em virtude
das visitas orientadas que ocorrerão após a conclusão das obras, prevista para 30 de agosto.
Dentre as razões de escolha do financiamento pelo Sistema LIC (fl. 234), argumenta o
proponente que “Existem ações cuja finalidade cultural requer financiamento público, seja através de
dotações orçamentárias próprias, em geral insuficientes para atender à grande demanda, ou de
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orçamento amparado por leis de incentivo. Prédios históricos são assim. Sua fruição estética é gratuita.
Sua presença por si só, representa uma mercadoria que não possui estimativa de valor pecuniário. Sua
presença só perdura ao tempo se ações de restauro e revitalização o mantiverem em pé, como
replicação de um preposto original que adquiriu valor incomensurável através dos tempos. A
revitalização do Chalé da Praça XV enquadra-se nas finalidades da Lei 13.490/10, necessitando do
apoio deste mecanismo de incentivo, sendo o prédio um patrimônio que ultrapassa os limites
municipais pela referência convergente à própria história do povo brasileiro”.
O objetivo geral do projeto (fl. 234), nas palavras do proponente, é de “manter vivo na
memória popular um fascículo da história de Porto Alegre e do povo rio-grandense, representado pelo
Chalé da Praça XV, através do restauro e revitalização de um dos seus mais importantes patrimônios
históricos, e por meio de visitação orientada onde os elos históricos com o passado recente sejam
restabelecidos”. Os objetivos específicos apresentados pelo proponente (fl. 234) são: “Valorizar,
reconhecer e proteger o legado histórico; Compreender a dimensão simbólica do Chalé da Praça XV e
seu entorno; Sustentar o processo de preservação do bem simbólico; Compreender a cultura como
direito social sendo o Estado um dos principais responsáveis pela garantia deste direito; Difundir e
promover o conhecimento acerca da história e cultura de um povo; Proporcionar a revitalização de
prédio histórico que atende ao resgate histórico e cultural do município e do estado do Rio Grande do
Sul; Promover a fruição cultural através da democratização do acesso ao bem cultural; Preservar,
defender e promover o patrimônio cultural material; Cumprir as leis de incentivo à promoção, defesa e
preservação dos bens culturais; Criar, fortalecer e qualificar espaços de diálogo sobre a visão hodierna
dos bens culturais; Fomentar o turismo urbano abrindo oportunidade de inclusão social; Perpetuar a
viabilização de um espaço cultural que é ponto de referência ao desenvolvimento urbano; Garantir
acesso universal aos bens culturais”.
A meta é a restauração do Chalé da Praça XV de Novembro, no município de Porto Alegre
(fl. 234-235); O cronograma e a metodologia empregados visando à realização dos propósitos que
constam no projeto (fl 235).
No Plano de divulgação, distribuição e ação sociocultural do projeto (fl. 236), constam a
contratação dos serviços de um fotógrafo; um assessor de imprensa; serviço de elaboração de peças
gráficas; elaboração de projeto de programação visual; publicação de um anúncio a ser veiculado em
uma oportunidade nos jornais Zero Hora, Correio do Povo e O Sul; elaboração de mil convites de
inauguração da obra de restauração; dez mil folders; quatro banners em lona, com dimensões de 1,20m
x 2,00m (onde constará que “o projeto está sendo realizado em parceria com a iniciativa privada e foi
viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura do Estado”); criação de um site eletrônico a ser
denominado de www.chaledapraçaxv.com.br.
O plano de distribuição dos convites inclui cem para a SEDAC, trezentos para os patrocinadores,
cem para a imprensa e quinhentos para representantes da sociedade e frequentadores do espaço (fl.
236). Os folders serão distribuídos da seguinte forma: mil exemplares para a SEDAC, quatrocentos e
cinquenta para os patrocinadores, dois mil e quinhentos serão distribuídos na inauguração, cinquenta
para o acervo do proponente e prestação de contas. Como o total é de dez mil exemplares, faltou
esclarecer o destino de seis mil exemplares.
O custo total previsto para a realização das obras de restauração do chalé e das ações culturais
propostas é de R$ 1.873.796,78 (um milhão e oitocentos e setenta e três mil e setecentos e noventa e
seis reais e setenta e oito centavos), cabendo R$ 358.221,14 (trezentos e cinquenta e oito mil e
duzentos e vinte e um reais e catorze centavos), para o proponente, 19,12%, e R$ 1.515.575,64 (um
milhão e quinhentos e quinze mil e quinhentos e setenta e cinco reais e sessenta e quatro centavos),
isto é, 80,88%, ao Sistema LIC (fl.239).
O Setor de Análise Técnica (SAT) do Sistema Pró-Cultura RS/LIC emitiu em 1º de agosto de 2011
o Parecer de nº 13/2011, informando que a documentação entregue não atendia as exigências do
sistema e que a documentação específica do projeto deveria ser apresentada até 8 de agosto. Foram
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apresentados então um memorial descritivo, as pranchas e uma Anotação de Responsabilidade Técnica


(ART) do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA-RS), caracterizando o
projeto como “Edificação Reforma”, com atividade técnica de “Restauração” e descrição de serviços
como “Arquitetura de Interiores” e “Conjunto Arquitetônico”, constantes nas folhas de nºs 190 a 211.
Em 10 de outubro de 2011, o SAT, através do parecer nº 41/2011 (fl. 212), faz diligência, elencando
uma série de inconsistências no projeto. Primeiramente, foi solicitado um plano detalhado para as
visitas orientadas das duzentas escolas ao chalé (nomes das escolas, datas previstas, quantidade de
alunos, transporte dos mesmos, etc.), esclarecimento quanto ao público (se alunos do ensino médio,
como consta na sinopse ou crianças das escolas da periferia como consta na justificativa do projeto ?) e
se a Secretaria Municipal da Educação participará do projeto? A segunda demanda da diligência foi
para que o proponente informasse as ações previstas no projeto de comunicação visual no período
entre 1/8/2012 e 20/8/2012. A terceira solicitação foi para que o proponente apresentasse o plano de
divulgação dos folders e cartilhas, apresentasse também um boneco com a proposta de conteúdo das
cartilhas e plano pedagógico das mesmas, informasse sobre do que se tratavam os mil convites
solicitados e que incluísse uma placa de obra atendendo ao disposto no artigo 52 da IN SEDAC nº
01/10. A quarta demanda, referente ao item ação sociocultural pelo benefício, pede ao proponente
“enfatizar as ações que promovam o acesso ao público em geral e apresentar plano de sustentabilidade
do empreendimento, identificando o responsável pelas despesas, fontes de recursos, programas de
manutenção da edificação, programação cultural e responsabilidade ambiental”. Quanto ao plano de
distribuição, a SAT questionou a razão que levou o proponente a destinar mil exemplares para a
SEDAC. Na diligência também é questionada a planilha de custos. O SAT informa que o BDI (Item
2.5) deve estar embutido nos orçamentos de materiais e mão-de-obra; que para avaliar a criação e
impressão da cartilha (itens 2.6 a 2.10), deve haver um boneco com a proposta de conteúdo, layout de
seu formato, previsão de número de ilustrações, etc. No item 2.11., que trata da contratação do monitor
para acompanhar as visitas guiadas, quis saber o SAT, o motivo pelo qual o orçamento é apresentado
por uma editora, “cuja atividade principal é a impressão de livros, revistas e outras publicações”.
Quanto ao item 3.3. Peças gráficas, layout, finalização, pede o SAT que o proponente informe quais as
peças gráficas incluídas naquele item. Em relação ao item 3.4. Projeto de comunicação visual, pede o
SAT que o proponente o descreva e justifique. Já em relação ao item 3.9. Folders, pede o SAT que o
proponente informe o objetivo dos mesmos e o porquê não consta no plano de distribuição. Para o item
3.10. Banner LIC, pede-se ao proponente que informe onde serão colocados? Quanto ao item 3.11.
Placa comemorativa de bronze, o tamanho e colocação deverá ser aprovado pela EPAHC (Equipe do
Patrimônio Histórico e Cultural), órgão da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, entidade
responsável pela preservação do patrimônio cultural da cidade. Salienta também o SAT que na planilha
de custos deve constar o carimbo e a assinatura do contador. Quanto ao financiamento e resumo do
orçamento, o SAT informa ao proponente que o valor de divulgação solicitado ultrapassa os limites de
5%, estando em desacordo com o artigo 18 da IN SEDAC 01/10, precisando ser ajustado. Por último o
SAT questiona uma infinidade de itens da planilha geral (folha 213), incluindo dúvidas quanto aos
papéis exercidos por profissionais envolvidos na restauração do imóvel, e suas respectivas atribuições;
dúvidas quanto a procedimentos técnicos a serem adotados na restauração de portas, forros e pisos,
inclusive salientando a falta de projeto de drenagem do subsolo, cuja solução apresentada visa
“encobrir e não sanar o problema da umidade”. Também são questionados a quantificação dos itens
que envolvem a restauração de pisos, degraus e soleiras, pede-se a quantificação de vidros necessários.
Pediu-se ainda esclarecimentos quanto aos itens 2.12.2. e 2.12.3., que tratam das telhas de barro, que
não estão claros no projeto, e questionou-se o item 2.14., que trata da pintura externa, onde inclusive
constam contradições no projeto apresentado pelo proponente. No que diz respeito ao item 3.8.
Divulgação, o SAT pede ao proponente que justifique a confecção de mil exemplares. Em relação aos
custos administrativos, as dúvidas apresentadas pelo SAT dizem respeito ao item 4.1. Assessoria
Jurídica. Quer saber o SAT, além dos contratos, quais os demais serviços jurídicos que seriam
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prestados? e item 4.3. Assistente Geral de Implantação de Restauro e do Projeto. Pede o SAT que
sejam detalhadas as atividades que serão desenvolvidas no período de dez meses. Além disso, salienta
o SAT, o Curriculum Vitae do profissional apresentado, não apresenta formação e nem experiência
prática em obras de restauração de patrimônio cultural edificado. O SAT termina a diligência
lembrando o proponente de que nos anexos, “faltaram os projetos complementares (hidrossanitário,
elétrico, plano de proteção e prevenção contra incêndio, o PPCI e acessibilidade) e suas respectivas
ARTs”, curriculum vitae da empresa TLT Engenharia Ltda., comprovando experiência em obras de
restauração. O SAT percebeu que no projeto luminotécnico apresentado na prancha 12, não consta o
carimbo de visto da EPAHC. Encera a diligência o pedido do SAT de que seja apresentado o Contrato
de Permissão de Uso firmado entre a Prefeitura e o Permissionário.
No volume 2, aberto à folha 218 do processo em tela, no recurso apresentado pelo proponente, é
informado à folha 220, de que a cartilha e as visitas, assim como seus respectivos itens orçamentários
foram excluídos do projeto. Quanto ao projeto de comunicação visual, informa o proponente de que a
intenção é oferecer uma identidade visual ao Chalé, uma marca que o identifique, para ser aplicada em
material impresso e placas de sinalização interna e externa. Com a eliminação da cartilha, a intenção é
de criar um folder cujo conteúdo será desenvolvido pela Secretaria Municipal da Cultura, através da
Coordenação da Memória Cultural. No orçamento passa a constar os custos referentes à impressão dos
mesmos. O formato seguirá o do exemplar de peça gráfica apensado ao projeto. Já os mil convites,
serão distribuídos aos convidados para a inauguração, com a intenção de divulgar as ações do projeto.
Quanto aos banners, esclareceu o proponente de que serão colocados dois no interior e dois no exterior
do imóvel em tela. Quanto à colocação da placa comemorativa, foi retirada do projeto. O valor de
divulgação, que ultrapassava o limite, foi readequado, segundo informou o proponente. Quanto às
atribuições dos profissionais envolvidos no projeto de restauração, diz o proponente que: “Tanto o
coordenador geral de restauro quanto o supervisor de restauro (rubricas 2.16.1. e 2.16.2.), serão
encarregados, cada um conforme a sua habilitação, de supervisionar a obra e os aspectos e detalhes do
restauro, coordenando a execução de acordo com as plantas e projetos elaborados, controlando o
material a ser utilizado, supervisionando e executando tarefas de restauro propriamente dito,
verificando os prazos estipulados, avaliando os padrões de segurança, e todas as ações que venham a
compor a parte prática do restauro, assumindo as responsabilidades estipuladas ao seu ofício. O
Coordenador Geral de Implantação de Restauro e Projeto Cultural serão os responsáveis pelo
planejamento geral do projeto, contatos institucionais e operacionais com órgãos e entidades
governamentais, coordenação de cronograma geral, apoio à aquisição e controle de materiais referentes
ao restauro, em especial o planejamento, controle e execução financeira e a prestação de contas ao Pró
Cultura. Suprimiu-se a rubrica 1.2.23. e 1.2.24. por acharmos que as funções já estavam atribuídas a
outros profissionais”. Entre as folhas 226 e 227 constam as argumentações do proponente no que diz
respeito aos aspectos técnicos questionados pelo SAT. Quanto aos custos com a Assessoria Jurídica,
esclarece o proponente de que servirão para custear “o acompanhamento de todos os trâmites do
projeto, esclarecendo todas as dúvidas que possam surgir no decorrer do processo”. Já o Assistente
Geral de Implantação de Restauro e do Projeto, no caso, a Gaia Cultura & Arte, nas palavras do
proponente, “não irá atuar especificamente nas atividades técnicas do restauro, mas sim prestando
assistência geral na implantação do projeto, auxiliando na coordenação geral, controle e planejamento
de ações, aquisição e controle de materiais e em especial no controle de desembolsos e na organização
e execução da prestação de contas”. Finalmente afirma que apresentou os projetos complementares e
suas respectivas ARTs, bem como o curriculum vitae da empresa TLT Engenharia Ltda. e o Contrato
de Permissão e Uso firmado entre a Prefeitura Municipal e o permissionário. Um novo projeto
luminotécnico será coordenado e controlado pela EPAHC, que está desenvolvendo-o e cujos custos
serão custeados pelo proponente.
Entre as páginas 232 e 305, o projeto é reapresentado, incluindo as modificações ocorridas em
virtude da exclusão das visitas guiadas de escolas ao imóvel após a sua restauração e em virtude das
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informações prestadas pelo proponente, o que demandou a inclusão de um novo memorial descritivo
(fls. 261 a 271) e novas plantas (fls. 272 a 273), apresentado pela arquiteta Sílvia Benedetti, para
complementar aquilo que havia sido apresentado anteriormente (fls. 190 a 211). Foram apresentados
ainda o projeto de instalações hidrossanitárias, de autoria do arquiteto Nestor Faria Neto (fls. 274 a
278); de instalações elétricas, incluindo o projeto de lógica, som e CFTV, elaborado pelo engenheiro
Alexandre Scherer Freire (fls. 279 a 282), e também o Plano de Proteção e Prevenção contra Incêndio,
assinado pelo engenheiro civil João Daniel Xavier Nunes (fls. 283 a 288). Finalmente o proponente
apresentou o curriculum vitae do engenheiro Jefferson Messias e da empresa TLT Engenharia (fls. 290
a 302 e 303 a 305, respectivamente).
Na análise do recurso, a arquiteta Mirian Sartori Rodrigues da Secretaria de Estado da Cultura
encaminha à senhora Denise Viana a análise que fez do recurso impetrado pelo proponente,
constatando ainda a falta de complementação de alguns itens a serem considerados: falta de placa de
obra (em conformidade com a Resolução nº 015, de 21 de julho de 1937, em conformidade com o
Artigo 17 do Decreto 23.569, que regula o uso e tipo de placas profissionais: “Enquanto durarem as
construções ou instalações de serviços de engenharia ou arquitetura, de qualquer natureza, é
obrigatória a afixação de placas em lugar bem visível ao público, contendo, perfeitamente legíveis, os
nomes dos profissionais responsáveis pelo projeto, construção ou instalação, e a indicação dos seus
títulos de formatura, bem como a de seus escritórios”. A arquiteta Miriam questiona ainda os
procedimentos técnicos constantes no memorial descritivo nos itens 2.1.1.4., Recuperação do
revestimento do forro interno (cimento/cal/areia); 2.11.2.1. Restauro piso hidráulico (MO) e 2.11.2.2.
Restauro piso hidráulico (material), justificando inclusive os preços apresentados e ainda 2.14. Pintura.
Nos custos administrativos, entende a arquiteta Mirian que ainda há sobreposição de funções nos itens
4.2., 4.3., 4.5. e 4.6. No que diz respeito aos anexos, salienta a arquiteta Mirian que os projetos
complementares apresentados não foram aprovados pela EPAHC, conforme solicita documento
resposta às diligências. Também ela constata que falta a ART do projeto elétrico e que no PPCI não foi
anexado o protocolo do Corpo de Bombeiros. Quanto ao curriculum da empresa TLT Engenharia a sua
constatação é de que a mesma não comprova experiência em obras de restauração e não atende a
Decisão Normativa nº 75 do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agrobomia, de 29 de abril
de 2005.

É o relatório.

2 - O Chalé da Praça XV de Novembro, no centro de Porto Alegre, sem sombra de dúvidas é


importante referencial do Patrimônio Ambiental Urbano da Capital. Sua edificação atual, implantada
em 1911, teve como suporte uma estrutura em ferro que teria sido utilizada nos festejos do centenário
da República Argentina, tendo sido posteriormente doada para Porto Alegre. Por mais de século, a
edificação, pelo seu uso e pelas suas qualidades formais, tornou-se referencial aos porto-alegrenses
fazendo parte da memória cultural da cidade. A sua permanência na paisagem do centro de Porto
Alegre é fundamental, daí a relevância do projeto em tela. Entretanto, a inconsistência do mesmo o
torna inoportuno. Se a meta é a restauração do objeto arquitetônico, deveria o responsável técnico
escolhido pelo produtor cultural ter cuidado na elaboração do projeto. Trata-se de edificação ímpar que
requer, portanto, um tratamento especial. O memorial descritivo e as plantas demonstram
inequivocamente que as pessoas que virão a ser responsáveis técnicos pela ação cultural desconhecem
aspectos básicos para que o resultado chegue a bom termo. Primeiramente, para a elaboração de um
projeto de restauração, realiza-se um levantamento arquitetônico minucioso sobre o qual será
desenvolvida proposta. Sobre esta documentação gráfica, elabora-se as plantas que apontam os
problemas detectados e que servirão posteriormente para definir as funções pertinentes a cada espaço e
para quantificar os itens relacionados a eles. Paralelamente pesquisa-se em fontes primárias e
secundárias os dados históricos do imóvel, estuda-se sua tipologia arquitetônica e realiza-se um
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levantamento fotográfico minucioso para fundamentar o diagnóstico a ser realizado. Sobre estes
documentos básicos é que se faz o diagnóstico que fundamentará o conceito da intervenção a ser
realizada. Explicitada a base conceitual, elabora-se então o projeto de restauração e apresenta-se a
estratégia a ser seguida, incluindo o memorial descritivo e a compatibilização dos projetos
complementares. Estas etapas não constam com clareza no projeto em tela. Soluções primárias e
inadequadas, detectadas e apropriadamente refutadas pelo SAT e pela arquiteta Mirian Sartori,
demonstram o que aqui afirma o parecerista. Até mesmo o evidente desconhecimento da existência de
empresas que fabricam peças de ladrilho hidráulico, contribui para salientar a falta de experiência das
pessoas citadas para responder tecnicamente pela restauração de obra de tal envergadura. Ter
atribuição para realizar uma obra de restauração é aspecto relevante, mas só isso não basta. É preciso
ter experiência, que é a garantia de que o resultado possa ser pelo menos satisfatório. Se não bastasse o
que é aqui afirmado, é preciso enfatizar que não constam do processo os currículos da arquiteta Sílvia
Benedetti e de Adriane de Souza Machado, intitulada “Restauradora de Bens Culturais”.
Por outro lado, o curriculum vitae do engenheiro Jefferson Messias e da empresa TLT Engenharia,
permitem afirmar, com total convicção, que também não possuem experiência em obras de tal
natureza. Restauração é muito diferente de reforma. Só para exemplificar, a primeira requer cuidados
especiais na proteção de elementos arquitetônicos significativos, aspectos pouco relevantes em uma
simples reforma. Também o cuidado em retirar peças para serem reaproveitadas, realizar
procedimentos que envolvam a adoção e até recuperação de técnicas tradicionais, são pouco
consideradas nas reformas. Assim, preocupa-nos de sobremaneira aquilo que o projeto em pauta deixa
antever.
Por outro lado, merece consideração a aplicação de recursos oriundos do Sistema Pró-Cultura no
projeto em análise. No ano passado o Largo Glênio Peres passou por obras financiadas pela iniciativa
privada. Tais obras visaram revitalizar o entorno do Chalé, incluindo a construção do novo anexo do
Restaurante Boccado, estabelecimento comercial que explora o imóvel tombado pelo município aqui
tratado. Pergunta-se, por que não foi incluído o chalé naquelas obras? Por que o município de Porto
Alegre, proprietário do imóvel de valor cultural, não gestionou junto ao patrocinador das obras citadas
para que nelas incluísse o chalé? E os recursos arrecadados com o aluguel do imóvel, por que não
foram investidos na conservação do chalé ao longo do tempo, evitando que viesse a chegar ao grau de
deterioração atual? O Setor de Análise Técnica na sua diligência solicitou, e o proponente não
esclareceu: “enfatizar as ações que promovam o acesso ao público em geral e apresentar plano de
sustentabilidade do empreendimento, identificando o responsável pelas despesas, fontes de recursos,
programas de manutenção da edificação, programação cultural e responsabilidade ambiental”. O chalé
foi restaurado no início dos anos noventa do século passado, sob projeto realizado pela engenheira Rita
Patussi e obras coordenadas pela mesma. Vinte anos depois precisa de nova intervenção radical. Neste
período todo, quais as ações de manutenção e conservação realizadas? E o recurso arrecadado com o
uso comercial do mesmo, nada rendeu no sentido de evitar novas deteriorações? É pois pertinente a
preocupação do SAT. Todas as perguntas e constatações acima apresentadas nos permitem refletir
sobre a aplicação de recursos da LIC e concluir que, nas condições apresentadas, é inoportuna, ainda
que seja salientado o mérito de sua restauração e a relevância que se reveste o imóvel.

3. Em conclusão, o projeto “Chalé da Praça XV – Restauro 2012” não é recomendado para


participar da Avaliação Coletiva, apesar do seu mérito e relevância.

Porto Alegre, 12 de Abril de 2012

Maturino Salvador Santos da Luz


Conselheiro Relator
CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA

Informe:

O prazo para recurso somente começará a fluir após a publicação no Diário Oficial.
O Presidente, nos termos do Regimento Interno, optou por: votar ( ), não votar (X) ou
desempatar ( ).

Sessão das 10 horas do dia 12 de abril de 2012.


Presentes: 18 Conselheiros.
Acompanharam o Relator os Conselheiros: Ana Méri Zavadil Machado, Adriano José Eli,
Franklin Cunha, Gilberto Herschdorfer, Hamilton Dias Braga, Paula Simon Ribeiro, Nelson Coelho
de Castro, Luiz Carlos Sadowski da Silva, Nicéa Irigaray Brasil, Loma Berenice Gomes Pereira,
José Mariano Bersch, Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo e Berenice Fuhro Souto.
Abstiveram-se de votar: Isaac Newton Castiel Menda, Graziela de Castro Saraiva e Paulo
Roberto de Fraga Cirne.

Walter Galvani da Silveira


Conselheiro Presidente do CEC/RS

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