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Relação Estado / sociedade civil

Ao explorar o processo de engajamento do indivíduo na política, recorre-se a


Aristóteles que dizia que a política nasce da diversidade de interesses, originando diversas
manobras, negociações, processos de coalizão, e resultando numa rede de influências
mútuas.
Essa diversidade de interesses entre os atores cria uma tensão que se resolve por
meios, segundo Morgan (1996), autocráticos – será feito assim! -; burocráticos – as
regras assim determinam -; tecnocráticos – a melhor forma é assim -; ou democráticos –
como será feito?
A solução será encontrada segundo as relações de poder existentes entre os atores,
definindo quem consegue o quê, quando e como, uma vez que definitivamente algumas
pessoas têm mais poder do que as outras. (Weber, 1944)
Assim, a análise das políticas públicas procura saber quem influi o que e com que
poder. Busca respostas para constatar o que é necessário para fazer uma política pública,
respondendo a três questões: política para quem? Política para quê? Como se sustenta a
política?
Na atualidade, a emergência de aspectos sociopolíticos na realidade municipal,
decorrentes da necessidade de enfrentar as conseqüências econômicas levam à necessidade
de analisar as relações Estado-sociedade, quando pleiteia-se a ampliação da esfera de
atuação da sociedade civil.
A ampliação do espaço político em favor da sociedade e a redução do papel das
instituições públicas podem levar à falência da política. Conseqüentemente, o deslocamento
das decisões do Estado para a sociedade, a fim de estabelecer controles sobre o Governo e
desativar demandas populares, pode acarretar a desmobilização e despolitização social.
Entretanto, a incorporação da sociedade civil ao processo de elaboração de
estratégias e políticas públicas decorre da consciência de que o Estado não poderá assumir
os desafios de proporcionar a integração social, caso não atue como ente público, e que
deverá assumir a sua própria democratização. Logo, o fortalecimento da sociedade civil é
solidário à construção da democracia.
Igualmente, a inserção do “público” na visão dicotômica absoluta de “privado” e
“estatal” implica a ampliação das relações entre a sociedade e o Estado. Segundo Lechner
(1992 : 11,12), o público difere do político e do estatal, sendo o espaço de deliberação
coletiva do cidadão e o modo pelo qual a preocupação desse cidadão com a ordem social
atualiza o político na política. Assim, no campo social e econômico, a democratização
assume a forma de co-gestão, autogestão, cooperativismo, criando espaço de socialização,
de descentralização e autonomia das decisões. No campo político, implica a aproximação
de representantes e representados, desburocratização e transparência da gestão e maior
participação do cidadão.
A representatividade e a responsabilidade do Estado são atributos importantes para
se obter a definição das fronteiras entre o Estado e a sociedade e o fortalecimento desta,
uma vez que pode haver o enfraquecimento dos segmentos que não correspondem à
sociedade mercantil, por influência na construção da agenda pública, decorrente da
assimetria de poder entre os diferentes segmentos da sociedade.
No âmbito da reforma do Estado, contempla-se a necessidade de converter o estatal
em público e de assegurar que a execução das tarefas públicas não se restrinjam ao âmbito
estatal.
A função de crítica e de controle por parte da sociedade dá-se de forma indireta ou
direta, segundo Habermas (1990). A forma indireta surge na formação da “opinião pública”
persuasiva e espontânea, fora do alcance do sistema de pressões, agindo sobre a vontade
política; a direta, quando se aperfeiçoam os mecanismos de representação política e social
no processo de formulação e implementação de políticas.
A participação dos cidadãos, em meio a uma ação de democratização do Estado
surge de forma conexa ao estabelecimento de esferas de mediação deliberativas e ao
estabelecimento de fóruns públicos, na interface do Estado, sociedade e economia,
representando espaços de representação, negociação e interlocução.
As novas formas de relação entre o Estado e a sociedade promovidas pelo
próprio Estado e sua capacidade de ampliar o espaço público são transformações
que se associam fundamentalmente à criação de mecanismos para a participação
da sociedade civil em dois processos:
a. manifestação de interesses de grupos sociais organizados no processos de formulação
de políticas e decisão pública;
b. administração privada de serviços ou programas públicos
Para que as organizações que representam interesses coletivos assumam algumas
fases da elaboração de políticas públicas, formalizam-se processos de participação do
cidadão, quer pelo estabelecimento de normas jurídicas, quer pela adoção de procedimentos
pontuais.
Atualmente, observa-se que, exceto em processos consensuais – política de controle
da inflação, salários e preços – a participação da sociedade civil não avançou muito,
especialmente por parte de atores não-tradicionais, como em várias prefeituras com o
Orçamento Participativo no Brasil e os Conselhos Regionais de Desenvolvimento do
Governo Estadual no RS.
São práticas participativas que dependem da força favorável das forças político-
partidárias, donde sua vulnerabilidade e a falta de condições propícias para o exercício da
participação da sociedade civil nos espaços governamentais.
A institucionalização da participação da sociedade civil em lugar de facilitar o
incremento da representação social pode legitimar o corporativismo da máquina estatal
decorrente da produção de uma alteração nas assimetrias da representatividade política e
social conseqüentes da primazia de setores de maior peso econômico e maior organização
na esfera de decisão.
Comprova-se, nesse momento, a influência da estrutura econômica nas
desigualdades da distribuição do poder social, quando a relação existente entre a
necessidade de participação e sua possibilidade é inversamente proporcional, uma vez que
os que mais necessitam participar são os que menos podem fazê-lo.

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