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PESQUISA CIENTÍFICA EM ECONOMIA AGRÍCOLA

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Samira Aoun Marques

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1 - INTRODUÇÃO setor produtivo para assimilar, progressivamente,
a cultura de desenvolvimento através da ino-
A elaboração de política de ciência e vação e da pesquisa tecnológica e adquirir ca-
tecnologia orientada para o desenvolvimento ne- pacidade para promovê-la na própria empresa
cessita do fortalecimento e reorganização de ins- ou associar-se a centros de pesquisa com os
tituições de ensino e pesquisa, da formação de quais possa realizá-la em colaboração (SILVA,
pesquisadores qualificados nas diversas áreas do 1995).
conhecimento e da alocação de recursos para As constantes e rápidas mudanças
que pesquisa e ensino possam desenvolver-se ocorridas, em anos recentes, no mundo e na pró-
com qualidade e eficiência. O conhecimento ge- pria agricultura exigiram uma nova postura dos
rado pela ciência é que impulsiona a pesquisa órgãos públicos executores da pesquisa agrope-
tecnológica e a inovação, formando as bases do cuária. Nesse processo, o papel da pesquisa
desenvolvimento da empresa moderna e compe- teve que ser revisto, as ações das instituições
titiva. Há, também, os estímulos para a inova- atualizadas e, sobretudo, estão sendo focalizados
ção e o desenvolvimento tecnológico colocados os segmentos do negócio agrícola, cujo desen-
como desafios do mercado e que, em grande volvimento técnico-científico seja missão do Es-
parte, conduzem a ciência moderna a se desen- tado.
volver. Então, a gradativa mudança de ênfase
Para que a atual estrutura científica do Estado como executor de desenvolvimento
possa continuar apoiando o desenvolvimento do econômico para a de gerador das condições bá-
país com eficiência e rapidez, é necessário inten- sicas para que a iniciativa privada possa ter o
sificar a sua cooperação com o setor produtivo e desempenho necessário para conduzir a ativida-
criar meios para agilizar essa cooperação, mere- de econômica deve ser cuidadosamente planeja-
cendo destaque entre estes o financiamento de da. A postura é a de que o Estado deixe de atuar
projetos conjuntos e outras formas de pesquisa em áreas que se considera sejam de vocação da
de suporte ao desenvolvimento do setor produti- iniciativa privada ou de sua competência.
vo. É dentro dessa linha que se procura re-
A industrialização sustentada em pes- tirar o caráter subordinativo da agricultura e im-
quisa e desenvolvimento depende tanto da capa- primir um caráter interativo. Isso implica enfatizar
cidade instalada em pesquisa científica e recur- a visão sistêmica do conceito de agribusiness, ou
sos humanos como dos desafios impostos aos de cadeias agroalimentares, no lugar de pacotes
pesquisadores pela demanda e dos novos co- tecnológicos, da forma como vinha ocorrendo
nhecimentos que resultam destes desafios. O MARQUES e CRUZ (1995).
país que pretender alcançar um desenvolvimento O principal objetivo desse método é
industrial atualizado e competitivo terá que de- apresentar sugestões de ações para a coordena-
senvolver e manejar estes dois vetores. ção e a melhoria de eficiência da cadeia agroin-
A médio e longo prazos, caberá às em- dustrial, melhoria da qualidade dos produtos e da
presas arcar com os custos de Pesquisa e De- produtividade. Nesse processo é importante uma
senvolvimento, mas, a curto prazo, é essencial redefinição do sistema de difusão aos produtores,
que a União e os estados continuem essa tarefa de maneira a melhorar a fluência dos resultados
com firmeza e discernimento, dando tempo ao da pesquisa.
A necessidade de fortalecer o caráter
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Pesquisador Científico do Instituto de Economia Agrícola. público das instituições de pesquisa é a conclu-

Informações Econômicas, SP, v.28, n.10, out. 1998.


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Samira A. são de SALLES FILHO (1994) ao analisar o pro- os temas de pesquisa entre equipes multidiscipli-
Marques,
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cesso de reorganização das instituições nacio- nares de trabalho está em andamento .
nais de pesquisa agropecuária dos países do O objetivo deste artigo é desenvolver
Cone-Sul. Para ele, a pesquisa agropecuária uma reflexão sobre pesquisa em economia agrí-
não é passível de um processo de privatização cola a partir das conclusões do planejamento es-
radical e nem pode operar sob critérios de efici- tratégico para o Instituto de Economia Agrícola. A
ência comercial. O resultado de uma tentativa pretensão é discutir a importância e a relevância
deste tipo conduziria, na prática, à extinção das da pesquisa científica em economia agrícola para
instituições. um novo ciclo de desenvolvimento econômico.
Em agosto de 1995, a Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo iniciou o Projeto Repensando a Agricultura 2 - PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA
Paulista e a Pesquisa Agropecuária, inserido no
Programa de Planejamento Estratégico. Três ob- A importância da pesquisa científica
jetivos foram pretendidos: reformular as diretrizes pode ser aquilatada pelo estabelecido na Consti-
da agricultura paulista e reordenar as atividades tuição da República Federativa do Brasil, de ou-
da Secretaria; estabelecer o propósito de direção tubro de 1988:
da pesquisa agropecuária e os projetos prioritá- “Artigo 218 - O Estado promoverá e in-
rios dos institutos de pesquisa através da abor- centivará o desenvolvimento científico, a pesqui-
dagem de planejamento estratégico; e adequar sa e a capacitação tecnológica.
os resultados da pesquisa agropecuária às opor- § 1º - A pesquisa científica básica re-
tunidades e necessidades do setor produtivo (BA- ceberá tratamento prioritário do Estado,
TAGLIA, 1996). tendo em vista o bem público e o pro-
O planejamento estratégico visou pre- gresso das ciências;
parar os institutos de pesquisa para buscar uma § 2º - A pesquisa tecnológica voltar-se-
nova inserção econômica, social e política. Pro- á preponderantemente para a solução
curou utilizar a pesquisa para maior aproximação dos problemas brasileiros e para o
com todos os elos de cadeias produtivas para desenvolvimento do sistema produtivo
estabelecer as prioridades de trabalho em fun- nacional e regional;
ção das oportunidades e necessidades da socie- § 3º - O Estado apoiará a formação dos
dade. recursos humanos nas áreas de ciên-
A abordagem analítica para a realiza- cia, pesquisa e tecnologia e concederá
ção da reestruturação dos institutos de pesquisa aos que delas se ocupem meios e
baseou-se em duas linhas distintas: na reflexão condições especiais de trabalho; (...)”.
sobre o relacionamento da pesquisa científica Também a Constituição do Estado de
com as cadeias e sistemas produtivos e sistemas São Paulo, de outubro de 1989, estabelece:
naturais; na tentativa de identificação de tendên- “Artigo 184 - Caberá ao Estado, com a
cias e rupturas de paradigmas, no avanço do cooperação dos Municípios: (...)
conhecimento no tema, a partir da visão pessoal V - manter e incentivar a pesquisa
de especialistas. agropecuária.”
Esta abordagem é considerada pro- “Artigo 268 - O Estado promoverá e in-
missora como roteiro inicial para a prospecção centivará o desenvolvimento científico,
no campo temático. Seu exercício poderá trazer
novos conhecimentos para enriquecimento da
própria metodologia (CASTRO; COBBE; GOE-
DERT, 1995) 2
Para descentralizar a atuação do governo, ações básicas
A reorganização dos Institutos de Pes- foram tomadas em 1997, como: a substituição das 14 Di-
visões Regionais Agrícolas e 73 Delegacias Agrícolas por 40
quisa da Secretaria de Agricultura e Abasteci- Regionais, incluindo os Serviços de Desenvolvimento Rural e
mento de São Paulo, com alteração dos organo- de Defesa Agropecuária, priorizando os programas regionais
gramas funcionais, substituídos por estruturas de desenvolvimento rural; constituição dos Conselhos Re-
gionais de Desenvolvimento Rural, vinculados às novas 40
mais flexíveis e dinâmicas para permitir aglutinar Regionais da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

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a pesquisa e a capacitação tecnológi- resultante das contradições de classe), objetivo

Pesquisa Científica
em Economia Agríco-
ca. (particular identidade entre sujeito e objeto do
§ 1º - A pesquisa científica receberá conhecimento, diferenciadora das ciências so-
tratamento prioritário do Estado, dire- ciais em relação às ciências naturais). As infor-
tamente ou por meio de seus agentes mações estatísticas, com qualidade, são funda-
financiadores de fomento, tendo em mentais, mas, como constatações a serem expli-
vista o bem público e o progresso da cadas no seu conteúdo histórico-dialético.
ciência.” Logo, não existe contradição essencial
Quanto à importância da pesquisa entre os dois enfoques: nas ciências sociais, em
científica dentro do Instituto de Economia Agrí- particular na Economia Agrícola, o método hipo-
cola (IEA), a pesquisa constitui atividade-fim por tético-dedutivo é perfeitamente aceito, devendo
excelência. O artigo 123 do Decreto nº 11.138, de ser completado pelo histórico-dialético.

la
03/02/78, estabelece que ao “Instituto de Econo-
mia Agrícola cabe a execução de programas e
projetos de pesquisa, bem como o assessora- 3 - PESQUISA EM ECONOMIA AGRÍCOLA
mento em economia agrícola, para os fins de po-
lítica e desenvolvimento, estatística, economia da Economia Agrícola é o campo das
produção e comercialização de produtos e mer- ciências sociais o qual se relaciona com o enfo-
cados de insumos agrícolas”. que econômico dos problemas da agricultura, do
Define-se ciência como o conjunto or- consumo, da preservação de recursos naturais,
ganizado de conhecimentos relativos a determi- da agroindústria e do melhor uso da agricultura
nada área do saber, caracterizado por ter sido na produção de alimentos, matérias-primas de
obtido pelo método científico. Pesquisa é o con- origem orgânica, energia e outros. No campo
junto de atividades que têm por finalidade a des- acadêmico aplicado, ela utiliza princípios da Eco-
coberta de conhecimentos novos. nomia para considerar decisões de alocação para
O método científico caracteriza-se pelo o uso agrícola de recursos de terra, trabalho,
método hipotético-dedutivo, no qual se formula capital e administração. Procura definir as condi-
uma teoria científica para explicar um fenômeno ções sob as quais produtores, consumidores, em-
ou conjunto de fenômenos. Com base nessa presas de comercialização e sociedade podem
teoria fazem-se previsões sobre o que deverá conseguir a maior eficiência de recursos e bene-
acontecer sob condições específicas. Tais previ- fício social, sujeitas às restrições impostas pela
sões são expressas na forma de hipóteses cientí- natureza e por considerações políticas.
ficas. Uma hipótese científica é uma hipótese O campo da Economia Agrícola inclui
construída de tal maneira que a relação entre a(s) estudo e análise num amplo leque de especiali-
causa(s) e o(s) efeito(s) possa ser rejeitada. A zações. As maiores subdivisões são:
aceitação de uma hipótese reforça a teoria, en- a) a economia da administração e produção rural:
quanto a rejeição pode levar a reformulações, temas associados à organização e operação
ampliações, reduções ou até mesmo ao abando- de fazendas, à avaliação de novas tecnologias
no da teoria. Esse enfoque também é chamado, (inclusive avaliação econômica de experimen-
na prática, de positivista. A Economia, enquanto tos na área agrícola) e o estudo de custos de
ciência - e, portanto, também a Economia Agrí- produção;
cola - tem-se baseado no método hipotético- b) comercialização agrícola: o processamento e
dedutivo, com algumas adaptações às suas es- distribuição de produtos do produtor rural ao
pecificidades (POPPER, 1975). consumidor, incluindo transporte de safras e
Por outro lado, alguns autores conside- alimentos, organização de cooperativas rurais,
ram que esse enfoque é insuficiente ou incom- mercados de commodities e outras instituições
pleto quando aplicado às ciências sociais. Neste de comercialização;
enfoque, usualmente chamado de materialista, c) administração do negócio agrícola: economia
utiliza-se o método histórico-dialético. O materia- gerencial e administração de negócios, na me-
lismo histórico tem como fundamento seu caráter dida em que operam não apenas dentro da fa-
histórico (todo produto é produto histórico), dialé- zenda, mas, também na agroindústria;
tico (todo produto é produto social e, portanto, d) preços, renda e políticas agrícolas: a política

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Samira A. da economia agrícola, especialmente questões capacitados e motivados, inseridos numa estrutu-
Marques,
políticas relacionadas a intervenções gover- ra técnico-científica e administrativa adequada,
namentais; participativa e transparente, dificilmente a pesqui-
e) comércio agrícola internacional e desenvolvi- sa científica será realizada plenamente. Pareceu
mento: as relações entre políticas domésticas melhor que a parceria com outras instituições de
e comércio internacional de produtos agrícolas; pesquisa e a captação de recursos poderiam
estratégias de desenvolvimento para a agri- tornar viáveis projetos de pesquisa mais ousados.
cultura; Além disso, o levantamento de dados equivale
f) finanças agrícolas: o estudo de mercados de mutatis mutandis, em Economia Agrícola, ao tra-
capital e o financiamento da agricultura; análise balho de campo ou ao trabalho experimental de
de riscos; avaliação de imóveis rurais; institui- outros Institutos de Pesquisas da área agrícola.
ções de empréstimo; seguro; tributação; Da mesma forma, o conjunto de equipamentos
g) recursos naturais e economia ambiental: análi- de informática e comunicação são essenciais pa-
ses envolvendo a eficiência do uso de recur- ra agilizar a pesquisa. Convém ressaltar que a
sos naturais; terra como um fator de produção; priorização das linhas de pesquisa não visa tolher
conservação do solo e políticas de recursos a liberdade de pesquisa, mas, reunir num todo
hídricos; economia florestal; políticas de ener- coerente pesquisas relacionadas que estão dis-
gia; persas e priorizar a aplicação de recursos. Porém
h) economia de recursos comunitários: processos observou-se que a priorização de linhas de pes-
de desenvolvimento econômico na economia quisa não deve servir apenas à solução de pro-
rural; finanças do governo local e planejamento blemas imediatos, mas, de longo prazo, devendo
do uso da terra; industrialização rural, emprego estar interligado a demandas externas, progra-
e habitação; mas de governo de longo alcance, a prioridades
i) economia do consumidor: análise de decisões dos demais Institutos de Pesquisas e às priorida-
do consumidor como determinantes finais da des sugeridas pelos próprios pesquisadores do
demanda; proteção do consumidor; segurança Instituto de Economia Agrícola.
alimentar; programas de intervenção alimentar; Identificou-se que podem contribuir
programas de subsídio ao consumidor; significativamente para a melhoria da pesquisa
j) métodos quantitativos: as ferramentas quantita- científica:
tivas da análise econômica, tais como: estatísti- a) programa interno de qualidade;
cas agrícolas, criação e aplicação de modelos b) atuação no interior.
matemáticos. Dessa maneira, as diversas fontes de
problemas em Economia Agrícola podem ser
transformados em elementos de interesse para a
4 - O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO pesquisa viabilizados pelo assessoramento, pela
INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA atuação no interior, pela parceria com empresas
e entidades do (ou ligadas ao) negócio agrícola e
Os fatores associados à melhoria da pela participação na formulação de políticas agrí-
pesquisa científica foram objeto de discussão no colas. A atuação no interior pode, ainda, viabilizar
planejamento estratégico. A realização da pes- o levantamento de dados e a difusão dos resulta-
quisa científica pressupõe a existência de: dos de pesquisa. Já o programa de controle de
a) recursos humanos técnico-científico e adminis- qualidade é útil em qualquer instituição.
trativo capacitados e motivados; A jusante estão as conseqüências da
b) estrutura técnico-científica e administrativa realização do objetivo em análise, quais sejam:
adequada, participativa e transparente; a) difundir resultados;
c) parcerias institucionais e captação de recursos; b) banco de dados;
d) telemática; c) sugerir políticas para o negócio agrícola.
e) banco de dados em Economia Agrícola; A difusão dos resultados de pesquisa é
f) priorização de linhas de pesquisa. a seqüência mais óbvia da pesquisa científica. A
Das discussões havidas pelos grupos relação entre a pesquisa e o banco de dados é
temáticos ficou claro que sem recursos humanos de mão dupla: ela tanto se utiliza de dados exis-

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tentes como produz novos dados para o banco. complemento e 47,8%, plenamente capacitado.

Pesquisa Científica
em Economia Agríco-
Com base nos resultados de pesquisa, relatórios Logo, a grande maioria considerou que
técnicos podem ser elaborados, os quais, pode- “Desenvolver pesquisa em Economia Agrícola” é
rão conduzir à formulação de melhores políticas um objetivo essencial, central e imediato para o
agrícolas. Por outro lado, a telemática pode con- Instituto de Economia Agrícola. Embora este
tribuir diretamente para a difusão dos resultados objetivo pareça mais ou menos óbvio, a oportuni-
de pesquisa e do banco de dados. A qualidade e dade da discussão a respeito é reforçada pelo
a quantidade dos resultados, auxiliados por uma fato de somente pouco menos da metade consi-
política adequada de divulgação, poderiam tornar derar o Instituto de Economia Agrícola plena-
o Instituto de Economia Agrícola uma instituição mente capacitado para tal, havendo considerável
de referência em Economia Agrícola. E tudo isso, número de pessoas que acreditam que essa si-
certamente, contribuirá, entre outras coisas, para tuação possa melhorar.

la
o desenvolvimento do negócio agrícola.

4.2 - Pontos Fortes do Instituto de Economia


4.1 - Avaliação Comparativa Agrícola

Os objetivos propostos pelo Planeja- Quando o Instituto de Economia Agrí-


mento Estratégico foram submetidos à avaliação cola foi comparado aos parâmetros de referência
do corpo técnico-científico do Instituto de Econo- utilizados observou-se que os pontos fortes refe-
mia Agrícola. Quanto à importância, considera- rem-se, principalmente, ao capital humano nele
ram-se: apenas complemento; importância rela- existente e à sua posição única entre as institui-
tiva; importância média; muito importante; essen- ções congêneres. Há qualificação de boa parte
cial, central. Quanto à capacitação, considera- dos pesquisadores; há qualificação de boa parte
ram-se: plenamente capacitado; falta comple- da equipe de apoio à pesquisa; há consciência
mento; capacitação parcial; pouco capacitado; por parte dos funcionários de que desenvolver
sem capacitação. Quanto à urgência, considera- pesquisa em Economia Agrícola é importante
ram-se: quando conveniente; alguma urgência; para o fortalecimento institucional, bem como seu
urgente; altamente urgente; imediato. O resultado próprio desenvolvimento profissional e pessoal.
foi o que segue: É especializado em Economia Agrícola
Quanto à importância, “Desenvolver a e por isso espera-se que possa ser tomado como
Pesquisa em Economia Agrícola” foi considerada referência em Economia Agrícola e possa partici-
essencial, central por 87% dos consultados, sen- par da política do agronegócio.
do este o maior percentual dentre todos os temas
analisados (o segundo lugar foi 78,3%, para o
tema “Ter recursos humanos técnico e adminis- 4.3 - Pontos Fracos do Instituto de Economia
trativo capacitado e motivado”). Outros 8,7% Agrícola
consideraram-no muito importante, e somente
4,3% consideraram-no apenas complemento. Os pontos fracos do Instituto de Eco-
Quanto à urgência, o objetivo “Desen- nomia Agrícola apontados referem-se, principal-
volver a Pesquisa em Economia Agrícola” foi mente, aos interesses e à falta de vocação de
considerado imediato por 65,2% dos consultados, parte dos dirigentes e do corpo técnico-científico,
sendo este o segundo maior percentual dentre deslocados dentro de uma instituição de pesqui-
todos os objetivos analisados (o primeiro foi sa em Ciência e Tecnologia. Considerou-se como
69,6%, para o objetivo “Ter recursos humanos pontos fracos o fato de a carreira de Pesquisador
técnico e administrativo capacitado e motivado”). Científico ter admitido, de forma corporativista,
Outros 13,0% consideraram-no altamente urgen- todos aqueles que se encontravam nos Institutos
te, 17,4%, urgente, e somente 4,3% responderam de Pesquisa em 1977, mesmo sem ter vocação
quando conveniente. científica; pouco rigor na seleção de pessoal, na
Quanto à capacitação, apenas 8,7% avaliação dos estágios probatórios e na auto-ava-
responderam sem capacitação, 13,0% com ca- liação da qualidade dos trabalhos; qualificação
pacitação parcial, 30,4% responderam que falta insuficiente de parte dos pesquisadores e de par-

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Samira A. te da equipe de apoio à pesquisa; parte dos diri- ampliam seus conhecimentos científicos; os futu-
Marques,
gentes sem qualificação para os cargos em ter- ros profissionais aos quais se transmitem novos
mos de liderança e de vocação científica e de conhecimentos; aos técnicos de órgãos públicos
conhecimentos de administração; e longas se- e da iniciativa privada que têm à disposição co-
qüências de diretorias de departamento fracas. nhecimentos, informações e elementos para a
Foi observado, também, que a existência de realização de trabalhos técnicos; autoridades e
pesquisadores alocados em áreas fora de sua órgãos públicos de decisão beneficiados com as
especialidade e a sobrecarga de atividades não informações necessárias para tomada de decisão
científicas prejudica a realização da pesquisa e elaboração de política agrícola; empresários do
científica. negócio agrícola também beneficiados com as
Diante disso, foram sugeridas algumas informações para a tomada de decisão empresa-
diretrizes para minimizar o problema, abrangendo rial; imprensa e público em geral, beneficiados
a reformulação da biblioteca, a melhoria organi- com conhecimentos e informações. De um modo
zacional e estímulos aos pesquisadores científi- geral, a pesquisa científica pode contribuir para
cos. induzir ou facilitar mudanças na sociedade.
Tendo os pontos fortes e apesar dos
pontos fracos mencionados, o Instituto de Eco-
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS nomia Agrícola estaria capacitado a se inserir nas
discussões atuais relativas ao agronegócio. Para
Pode-se identificar que os resultados isso a definição de metas é essencial. A realiza-
da pesquisa em Economia Agrícola contribuem ção de planos de trabalho é de suma importância
diretamente para que o negócio agrícola cumpra para a continuidade das pesquisas. O estabele-
sua missão ou papel social, ou indiretamente, cimento de temas novos de estudo pela institui-
contribuindo para que o Governo formule políticas ção atribui um maior dinamismo nas relações
relacionadas à cadeia produtiva com base técni- internas e externas. Estudos sobre meio ambien-
co-científica, consistente com a política econômi- te, investimentos, política de concorrência, cláu-
ca, com visão de longo prazo. Em particular, sulas sociais, normatizações, liberalizações, den-
pode contribuir para a utilização mais racional dos tre outros, todos relativos ao agronegócio apre-
recursos naturais, produzindo alimentos em qua- sentam-se promissores, de acordo com LAFER
lidade e quantidade suficientes e a preços com- (1996). Diante disso, merece atenção aspectos
patíveis com a renda da população, gerando relativos à pressão da competitividade, globaliza-
empregos e aumentando essa mesma renda, ção de mercados, enfoque em cadeias produti-
gerando divisas e proporcionando condições de vas, integração do conhecimento, questão ambi-
trabalho do homem no meio rural. ental, interação com a iniciativa privada e com a
Os beneficiários da pesquisa científica universidade, valoração da transferência de tec-
são a comunidade científica e acadêmica que nologia e aos novos paradigmas da produção.

LITERATURA CITADA

BATAGLIA, Ondino C. Repensando a pesquisa agropecuária de São Paulo. São Paulo: SAA, 1996. 16p.

CASTRO, Antônio M. G. de; COBBE, Roberto V.; GOEDERT, Wenceslau J. Prospecção de demandas tecnológi-
cas. In: Manual metodológico para SNPA. Brasília, mar. 1995. 82p.

LAFER, Celso. Comércio internacional, multilateralismo e regionalismo: temas emergentes e novas direções. In:
ENCONTRO: COMÉRCIO INTERNACIONAL DE MARRAKESH A CINGAPURA. São Paulo, 15-16 de ago.
1996. 14p.

MARQUES, Samira A.; CRUZ, Hélio N. Padrão de desenvolvimento agrícola e inovação tecnológica. São

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Paulo: CYTED/NPGCT-USP, 1995. 31p. (Cadernos de Gestão Tecnológica, 21).

Pesquisa Científica
em Economia Agríco-
POPPER, Karl R. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1975. 567p.

SALLES FILHO, Sérgio. Integração de mercados e privatização da pesquisa: impactos sobre a estrutura e a di-
nâmica organizacional dos INIAs. Campinas, Dez. 1994. 88p.

SILVA, Alberto C. Bases de uma política de ciência e tecnologia. s.N.t., 1995. 21p.

PESQUISA CIENTÍFICA EM ECONOMIA AGRÍCOLA

la
SINOPSE: O objetivo deste trabalho é desenvolver uma reflexão sobre pesquisa em econo-
mia agrícola a partir das conclusões do planejamento estratégico para o Instituto de Economia Agrícola.
A pretensão é discutir a importância e relevância da pesquisa científica em economia agrícola para se
alcançar um novo ciclo de desenvolvimento econômico. O planejamento estratégico visou preparar os
institutos de pesquisa para uma nova inserção econômica, social e política. Através da aproximação da
pesquisa científica com os elos de cadeias produtivas, busca-se estabelecer as prioridades de trabalho
em função das oportunidades e necessidades da sociedade. Apesar de o Instituto de Economia Agrícola
possuir recursos humanos de boa qualificação, a alocação de recursos dificulta que a instituição alcance
e explore toda a sua potencialidade.

Palavra-chave: pesquisa científica.

SCIENTIFIC RESEARCH IN AGRICULTURAL ECONOMY

ABSTRACT: The aim of this paper is to promote a analysis on agricultural economy research
based on the conclusions of the Instituto de Economia Agrícola (IEA)’s strategic planning. A discussion
about the importance and relevance of the scientific research on agricultural economy is proposed with a
view to reaching a new economic development cycle. The strategic planning has aimed at preparing the
research institutes for a new economic, social and political insertion. An effort has been made to establish
work priorities related to society’s needs and opportunities by approximating the scientific research to the
links of the productive chains. In spite of possessing well qualified human resources, resource allocation
hinders the achievement of the institution’s full potencial.

Key-word: scientific research.

Recebido em 01/09/98. Liberado para publicação em 07/10/98.

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Samira A.
Marques,

Informações Econômicas, SP, v.28, n.10, out. 1998.

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