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29.

Reflexão para a Solenidade de Nosso Senhor Jesus


Cristo, Rei do universo (Mt 25,31-46)
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Chegamos ao trigésimo quarto domingo do tempo comum, o último do ano litúrgico, o


qual vem intitulado como Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Se
trata de um título, a princípio, perigoso, uma vez que a tendência é, de imediato, imaginá-
lo como um rei semelhante aos reis deste mundo e atribuir-lhe trono, cetro, coroa e poder,
como normalmente vem representado em diversas imagens, escondendo a sua principal
característica: o amor serviçal.

Se concebermos Jesus Cristo, Rei do universo, como um homem forte, potente, sentado
em um trono ornado de ouro, com cetro na mão, ditando, julgando e ordenando uma
imensidão de serviçais, guerreando, vencendo e subjugando inimigos, estamos
imaginando o rei-messias esperado pelos judeus do seu tempo e estamos rejeitando
Jesus de Nazaré, o servo de todos, aquele que veio para servir e não para ser servido.
Infelizmente, boa parte do cristianismo acabou caricaturando a realeza de Jesus,
atribuindo-lhe traços de rei que não lhe são próprios.

Focaremos a nossa reflexão no texto evangélico que a liturgia propõe para a solenidade
neste ano: Mt 25,31-46 e não no título litúrgico da festa. Trata-se da conclusão do último
discurso de Jesus, o chamado discurso escatológico, um trecho normalmente conhecido
como o “julgamento final”. É um texto exclusivo do Evangelho segundo Mateus, com
fortes traços apocalípticos, o que pode dificultar a sua compreensão.

O evangelho apresenta uma cena de juízo conduzida pelo “Filho do Homem” em forma de
parábola. É importante recordar que o tema principal do discurso escatológico é a
vigilância, ou seja, a espera atenta pelo desfecho final da história; por isso, o texto inicia
com essa expressão: “Quando vier o Filho do Homem em sua glória” (v. 31a). O importante
não é a forma como virá esse Filho do Homem, mas a sua atitude: “reunirá diante dele
todos os povos da terra e separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas
dos cabritos” (v. 32). Aqui está a universalidade do juízo e do alcance da mensagem de
Jesus: todos os povos são contemplados, inclusive Israel, eliminando qualquer privilégio
étnico e racial.

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A imagem do pastor é usada mais uma vez, pois era muito acessível aos interlocutores de
Jesus e à comunidade de Mateus. De fato, era frequente que o mesmo pastor cuidasse de
rebanhos de ovinos e caprinos juntos, e no início da noite sempre era necessário separá-
los, devido a questões climáticas e também para facilitar o acasalamento, tendo em vista
a reprodução. Certamente, os primeiros ouvintes e leitores da comunidade de Mateus
compreendiam muito bem isso.

Ao reunir “todos os povos” (em grego: pánta tá étne), ou seja, toda a humanidade, o Filho
do Homem irá fazer a separação. O critério da separação é o mais surpreendente: ao invés
de considerar distintivos religiosos, como bom e mau, puro e impuro, digno e indigno,
santo e pecador, cumpridor das prescrições e não cumpridor, o critério utilizado por Jesus
é o que alguém fez ou deixou de fazer aos “pequeninos” ou “menores” dos irmãos. Não é
difícil compreender a quem Jesus se refere como os “menores dos irmãos”, embora
algumas correntes de estudos tentem distorcer a mensagem, afirmando que esses
menores são apenas os discípulos, os quais foram enviados a todas as nações (cf. Mt
28,16-20). Essa interpretação não se sustenta se considerarmos o Evangelho em seu
conjunto.

A atenção aos “menores dos irmãos” é o critério de participação na vida definitiva, ou


seja, o “reino que o Pai preparou desde a criação do mundo” (v. 34). Em Mateus, a
mensagem de Jesus foi condensada nos cinco discursos, e é importante perceber o nexo
que une esses discursos: o primeiro, o da montanha, foi iniciado com as bem-
aventuranças, nas quais Jesus introduzia a sua opção preferencial pelos marginalizados e
sofredores (pobres, aflitos, mansos, perseguidos… cf. Mt 5,1-12); no último discurso, o
texto de hoje, essa opção é reforçada e confirmada. Podemos dizer que, do começo ao
fim, a mensagem de Jesus tem a atenção aos “menores dos irmãos”, ou seja, toda a sua
vida foi marcada por uma clara opção por aqueles que são desprezados pela sociedade;
em linguagem eclesial já afirmada entre nós, podemos dizer que a opção de Jesus é
opção preferencial pelos pobres.

A partir de seis situações (ações) concretas, o evangelho de hoje mostra como alguém
pode demonstrar ser cristão ou não: dar comida aos famintos, dar água aos sedentos,
acolher os estrangeiros, vestir os nus, cuidar dos enfermos e visitar os presos. Não é à toa
que Mateus elenca seis atitudes. O número seis diz da incompletude, da fragilidade da
vida, da imperfeição. Elencar seis atitudes em resposta a seis tipos de necessidades
significa que sempre haverá o que fazer. O número sete, perfeição, não foi atingido pois
não há completude nem perfeição na história, mas falta e necessidade, que só se supre
com o amor e a acolhida do outro. Assim, Mateus abre o leque dos necessitados,
reconhecendo que todo ser humano é necessitado. O ser humano é um ser carente, não
só de afetos, mas de casa, comida, educação, presença, diálogo, lazer etc. As seis
atitudes de acolhida citadas por Mateus foram chamadas de “obras de misericórdia” pelo
cristianismo, como de fato são. Mas a fé católica colocou-as como conselhos a serem
acatados enquanto elas são, na verdade, o único critério de pertença à comunidade do
Reino, como ensina o evangelho. Para saber se uma pessoa entrou na dinâmica do Reino
ou não, basta saber se ela entendeu que os outros são necessitados de seu amor,
especialmente os mais fragilizados, aqueles cuja falta dos bens básicos é notadamente

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visível. Por isso, é importante reforçar aqui: estas práticas não são alguns critérios, mas
são os únicos critérios válidos para credenciar a pertença ou não de alguém à
comunidade do Reino.

Notemos que o senhor não faz cobranças acerca da ortodoxia da fé, não acusa ninguém
de não professar a fé conforme a reta doutrina, de não frequentar a reunião comunitária.
O critério de julgamento é a ortopraxis, ou seja, a vivência do amor, a acolhida do outro. A
religião cristã é a religião do amor, pois o Deus de Jesus Cristo é amor. Logo, amar é
exigência se tornar de fato seguidor desse rei-pastor: amar e dar a vida pelas ovelhas
como ele mesmo fez. Esses são os benditos do Pai que recebem o convite para a
comunhão com ele. O Filho do Homem, enquanto senhor da história, conduzirá o
julgamento com um diálogo bastante franco e sincero, iniciado com um convite: “Vinde
benditos de meu Pai!” (v. 34a). Em seguida, são dadas as razões pelas quais são
chamados de benditos do Pai: “Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava
com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu
e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me
visitar” (vv. 35-36). Chama a atenção a surpresa dos que são tratados como benditos:
eles perguntam quando viram o senhor naquelas situações e o serviram. Essa surpresa é
registrada pelo narrador para reforçar o caráter desinteressado e gratuito do amor
transformado em serviço: fazer o bem, sem olhar a quem! A surpresa aumenta ainda mais
quando o senhor diz: “todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos,
foi a mim que o fizestes!” (v. 40). Famintos, sedentos, estrangeiros, nus, doentes e presos
sintetizam todas as categorias de marginalizados. Jesus se identifica a tal ponto com tais
categorias, chamando-os de irmãos, de seus iguais.

O diálogo com o segundo grupo se desenvolve a partir da mesma dinâmica, embora com
desfecho contrário, a começar pelo convite inicial: “Afastai-vos de mim, malditos” (v. 41).
Da mesma forma, o rei dá as razões pelas quais esses são chamados de malditos: não ter
feito aquilo que fizeram os primeiros. Também esses recebem a sentença do rei com
surpresa: “Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou
nu, doente ou preso, e não te servimos?” (v. 44). A resposta do rei só faz aumentar a
surpresa: “Todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que
não o fizestes!” (v. 44). Assim como o terceiro empregado da parábola dos talentos, a
sentença de condenação não é consequência de maldades cometidas, mas de omissões.
O que há de mais sério na vida do ser humano, e que pode levá-lo à privação da vida em
plenitude, é a omissão, a indiferença ao sofrimento do próximo, a carência de ações
praticadas em favor dos menos favorecidos.

Como conclusão do discurso escatológico, o texto de hoje reforça a vigilância e dá um


novo sentido a ela: não se deve ficar esperando pelo encontro com o Senhor na
consumação dos tempos, em um tempo remoto; é preciso ter capacidade, maturidade e
amor para encontrar-se com Ele todos os dias, fazendo o bem àqueles nos quais o Senhor
está presente, já elencados repetidas vezes aqui (faminto, sedento, estrangeiro, nu,
doente e preso). A parábola é um alerta para a comunidade de Mateus, tão ansiosa pelo
retorno do Senhor, mas incapaz de ver o Senhor já presente nos mais necessitados.
Certamente, esse alerta continua válido também para os cristãos de hoje.

O cristão verdadeiro encontra-se com o Senhor todos os dias, não tem medo nem anseia
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por um encontro final e decisivo, mas sabe que Ele já está aqui conosco. A presença de
Jesus, por sinal, é o fio condutor do Evangelho segundo Mateus: do anúncio a José (Mt
1,23) ao envio dos discípulos após a ressurreição: “Eis que eu estou convosco todos os
dias” (28,20). Portanto, não há razões para a comunidade perguntar quando virá o Senhor;
o importante é perceber a sua presença no cotidiano, nas situações concretas da vida.

Todos foram pegos de surpresa: tanto os considerados benditos quanto os ditos


“malditos”, pois ou fizeram ou deixaram de fazer o bem. O bem a ser praticado deve ser
completamente desinteressado. O Senhor não marca nem rotula nenhum daqueles nos
quais Ele deve ser reconhecido. Basta reconhecer o outro como ser humano, imagem e
semelhança do criador; essa é a única marca e não é impressa por nenhuma religião, mas
pelo criador de todas as coisas. Ao Senhor, interessa o bem praticado, o serviço doado, o
amor praticado! Reconhecer a realeza de Jesus sobre o universo é reconhecê-lo em cada
irmão e irmã, sobretudo nos mais necessitados.

Reflexão anterior: 28. Reflexão para o XXXIII Domingo do Tempo Comum (Mt
25,1-13).
Próxima reflexão: 30.Reflexão para o I domingo do Advento (Mc 13,33-37)

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