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Nicolas Poussin (4594-165) Carta a Chantelou (24 de novembre de 1647) Em sua Vido de Poussin, Fllbien relata as circunstancias que scompanharam o envio desta carta, Chantel havia manifestado um certo despeito ao vero quadro que o pintorenvara aos. Poin- telseleachava que esse Moiss solve dos dguas ra particularmen- te belo, em todo caso, mais belo que os quadros que ele préprio recebera do pntor. Poussin Ihe escreweu ent esta carta para aca mar seu cme e expliear as razbes das diferencas que exstiam en- ‘ne seus quads! Poussin toma emprestada uma teria dos mods musicais a lose Zarlino, autor de Institution harmaniche (1558) e da Di smostration’ hormoniche(1571)-A busca por uma misica grega, autntica, iniclads com Marsilio Fcno, fora continuada por nu= rmerosos tebrieas no séeulo XV, entre eles Zarlno e seu dscipulo Vincenzo Gale, o ai do astrinomo. Coma escreve Marc Fuma- ral: "Tanto a Gpera como a eserita melégica italiana nasceram porvolta de 1609, dos esforgos de viias geragdes de erudits so- bre 0s textos de Ptolomeue Vitrivo,testemunhas de uma misi- a que fazia realmente chegar aos ouvidos humans a harmonia ‘matematica e astral do unverso"? ‘A comparagio com os modos musicas permitiu a Poussin cexplear a seu amigo Chantelou a necessidade que tem o pintor "Andi Flbien, Vie de Pein, Lvs VI dos Digs. 2 Mae Fumarol olsen, Pats, Flammarion, 1984, . 125, Corte a Chantel de vaiar as maneias de acardo com os temas representaos se auisralcangar aquilo que € uma finalidade essencial da pintura, tu sea, a expressda das palxdes, Caro os poetas «aos teéricos| humanists, oeloga da “variedade” ter sua origem nos oradores| latinas. Depos de Poussin, os teicoscdssicos da pnturafariam da vaiedade um eritéro essencial para avalisr um quadro econ casdariam em reconhceernesse pinto um talento excepeional ¢ tumma perfeita maestria nesse dominia. A conferncia de Le Brun sobre Os srelitasrecolhendo. mand no desert, que insist tan- to nesse asecto,oferece certamente um dos melhores testemu ribs disso. Bibliografa Sir Aathony Blunt, Nils Pasi 2 vo, Low es, Phan, 1967 (Bhune ito princi aeabclecera on te dots crt em Zain. Seo quadro Mois encontrado nas dguas do Nilo, que ‘sr. Pointel possu, vos encantou, isso acaso provaria que © fizcom mais amor do que fiz 0s vossos Nao vedes que € a natuteza do tema a causa desse efeito, bem como vossa prépria disposigio, e que os temas que eu vos apresenso ‘deve ser representados de outta maneita? E nisso que con- siste todo o arifcio da pintuts. Perdoai-me aliberdade se 0s digo que vos haveis precipitado no julgamento que fi- restes de mithas obras. O bem julgar é muito dificil, se nessa arte nfo se tem, conjugadas, muita teora e pritca [Nao sio apenas os nossos apetites que devem julgar, mas também a razio. A confetacia de Le us encores reproduida no volume, A fg baa ” cols Poussin is por que eu gostaria de chamar vossaatengio para uma coisa importante, que vos permittd conhecer aquilo ‘que se deve observar na representagio dos temas que se pintam. (Os valorosos gregos antigos, inventores de todas as coisas belas, encontraram diversos modos por meio dos quzis cles produziram efeicos maravilhosos. ‘A palavra “modo” significa justamente a razé0 ou a ‘medida ou a forma que uilizamos para fazer alguma coi- sa, € que nos obriga a nfo ultrapassi-a, fazendo com que ‘operemos em cada coisa com uma certa mediocridade rmoderagio, Porranto, ess mediocridade ¢ moderagio ou- tra coisa no sio que uma certa maneira, ow ordem, deter ‘minada e firme; de acordo com o procedimento segundo ‘0 qual a coist se conserva em seu ser. Sendo os modos dos antigos uma composigao de vi las em conjunto, de sua variedade nas diferenca de modo pela qual e podia compreen- der que cada um deles recinha em si um nao-sei-qué de variado, prineipalmente quando as eosas que integravam a composigio cram reunidas de mancira proporcional, de ‘onde procedia o poder de induzira alma dos espectadores a paixées diversas, Decorre dai o fato de que os sibios an- ‘igs atribufam a cada modo a propriedade dos efeitos que dles se originavam, Por isso chamaram 0 modo dérico de cestivel, grave € severo, € 0 utilizaram em matétias graves, severas€ cheias de sabedoria Passando a coisas agradveis alegres, os antigos usa ‘vam 0 modo frigio para obter modulagies mais sutis que as de outros modos¢ ressaltar seus aspectos mais incisvos. sas duas maneias [a dtica e a fifgial, € nenhuma ou- tra, foram elogiadas e aprovadas por Platio e Arist6teles que julgando as ourtrasiniteis, consideravam esse um mo- 28 carta Chantelou do impetuoso ¢ violento, muito rigoroso, e que espantava as pessoas. ‘Antes que se complete um ano, espero pintar um com esse mode fiigi. Temas como guerra assustadoras 0 adequados a esse modo. ‘Os antigos também queriam que 0 modo lidio Fosse aadequado as coisas desagradiveis, pois ele ndo tinha a mo- désia do modo dérico, nem o rigor do frigio. ‘© hipolidio contém em si uma certa suavidade e do- ‘gura, que enchem de alegria a alma dos espectadores, Fle € adequado a temas divinos, glia e ao paraiso, ‘Osancigos inventaram o jonico, com o qual represen- tavam danas, bacanaise festa, por ser de natureza idica, (Os bons poctas wsaram de grande dilgéneia ede um maravilhoso artifcio para adaptar as palavras aos versos © dlispor as silabas segunclo a conveniéncia do fala Virgilio 6 observou inteiramente.em seu poema, pois a seus ts ti- pos de falar, ele adapta prdprio som do verso com tl ha- bilidade que parece colocar diance de nossos olhos, por meio do som das palavras, as coisas de que tata, de ma- neira que, quando fala de amor, pereebe-se queeleecolhew, ‘com asticia, palaveas rernas, agradivels e extremamente sgraciosas de ouvir; quando canta uma procza de armas, descreve uma batalha naval ou uma aventura no man ‘olhe palavras duras,ésperase desagradveis, de tal mane ru que, a0 ouvilas ou pronuncti-las elas causam assombro, Portanto, se vos tives feito um quadro em que tal manei- 1a fosse observada, podereis imaginar que nio vos tenho prego algum. Fonte: Nicolas Poin “Letred Chan in Ltt etpo= poss are, Pais, Hex, 1989, pps 1347,

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