Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
OS BENEFÍCIOS DA IMPLANTAÇÃO DA
CRONOANÁLISE
1. Introdução
Segundo Dewes (2010), na área industrial, muitos são os aspectos passíveis de análise quando
se fala em gestão de operações. Paralelamente, é perceptível que, cada vez mais, as empresas
buscam excelência nas suas atividades, otimizando seus recursos e o tempo de execução das
tarefas, além de almejar melhores resultados. Sob essa ótica, uma das ferramentas que pode
ser utilizada objetivando um controle efetivo das atividades é a cronoanálise, a qual, nem
sempre é conhecida ou devidamente compreendida e cuja importância também não é
reconhecida por boa parte das pessoas integrantes das empresas.
De acordo com Novaski e Sugai (2002), a base do sistema de estudo de tempos encontra nos
estudos de tempos e movimentos realizados por Frederic W. Taylor e pelo casal Frank e
Lilian Gilbreth. Taylor, conhecido como pai da “Administração Científica” realizou uma
verdadeira racionalização do trabalho operário sendo que o instrumento para realizá-lo era o
estudo de tempos e movimentos. Ele “verificou que o trabalho pode ser executado melhor e
mais economicamente através da análise do trabalho, isto é, da divisão e subdivisão de todos
os movimentos necessários à execução de cada operação de uma tarefa”.
A cronoanálise tem sua origem no Estudo de Tempos e Métodos, ela define parâmetros
tabulados de várias formas, coerentemente, culminam na racionalização industrial. O tempo
padrão determina um tempo de produção, onde o analista o utilizará na determinação de
parâmetros relativos à produtividade e consequentemente da qualidade.
2
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
Anis (2010) reporta que é notório em várias empresas ou organizações atividades voltadas à
qualidade em busca de certificações, assim como programas de melhorias contínuas,
entretanto não é comum observar setores de organização e métodos e ou de métodos e
processos independente do setor qualidade, também não é observado foco na cronoanálise a
fim de se obter parâmetros reais, pois normalmente tempos são estimados ou extraídos de
valores históricos.
A partir destes fatos supracitados este trabalho visa a contribui na verificação da importância
do Estudo de Tempos e Métodos com o objetivo de obter dados seguros com relação ao
tempo padrão, sabido que este é base para definições como: roteiro de trabalho,
balanceamento de linha, viabilizações, carga homem, carga máquina, indicadores da
produtividade e qualidade, custos e outros.
2. Material e Métodos
O elemento escolhido para o estudo foi a bolsa de modelo BV – 025 (Figura 1), a qual
envolve a operação de diversas máquinas para diferentes tipos de costurar industriais. A
escolha deste modelo ocorreu por ser um modelo padrão para outros diversos modelos de
bolsas da empresa e por conter poucas operações, possibilitando assim a coleta mais rápida
dos dados.
3
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
Fonte: Autor
a) Observação;
c) Análise crítica;
4
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
Folha de Observação: Este é um documento que contém uma tabela onde são
registrados todos os dados pertinentes à operação em estudo.
Prancheta: O uso desta é comum quando a tomada dos tempos é feita no local da
operação, onde o cronoanalista deve executar a tomada dos tempos na posição em pé,
dando a possibilidade do mesmo fazer a leitura do cronômetro e apoiar a folha de
observação para registrar os dados necessários.
5
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
g) Determine as tolerâncias;
6
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
preliminares. Após a tomada preliminar os dados devem ser colocados na Equação 1 para
obtenção do número de ciclos.
(1)
Onde:
R = Amplitude da amostra;
Na prática costuma-se utilizar o valor de (Z) Coeficiente de distribuição normal para uma
probabilidade entre 90% e 95% que deve ser estabelecido de acordo com a Tabela 2, e (Er)
Erro relativo aceitável da medida variando entre 5% e 10%. Dos valores obtidos nas
Probabilidade 90% 91% 92% 93% 94% 95% 96% 97% 98% 99%
Z 1.65 1.70 1.75 1.81 1.88 1.96 2.05 2.17 2.33 2.58
N 2 3 4 5 6 7 8 9 10
7
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
Nestes casos segundo Menezes (2010), o tempo cronometrado deve ser ajustado para cima
quando estiver em uma velocidade acima do normal, para uma velocidade abaixo do normal o
tempo deve ser ajustado para baixo.
Para velocidade normal Peinado e Graeml (2007) citam que é determinada uma taxa de
velocidade igual a 100% ou o valor 1 para efeito de cálculos.
Tolerância para atendimento das necessidades pessoais que em uma jornada de oito
horas diárias de trabalho consomem de 10 a 24 minutos;
Tolerância para alívio da fadiga que em uma jornada de oito horas diárias de trabalho
consomem de 72 a 96 minutos;
8
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
(2)
Onde:
FT = Fator de Tolerância;
(3)
Onde:
TN = Tempo Normal;
TC = Tempo Cronometrado.
V = Velocidade do Trabalhador.
(4)
9
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
Onde:
TP = Tempo Padrão;
TN = Tempo Normal;
FT = Fator de Tolerância.
3. Resultados e discussão
Para efeitos deste estudo foram realizadas cinco tomadas de tempos preliminares a fim de
definir a quantidade de ciclos a serem mensuradas. Foram obtidos os elementos da operação,
os tempos para cada um, o tempo médio total, a amplitude, entre outros dados necessários
para efetuar o cálculo que define a quantidade de ciclos que serão mensurados na tabela 4.
UNIDADE DE
AMPLITUDE: TEMPO MÉDIO: UNIDADES MEDIDA:
1.43 22.46 EXECUTADAS: 20
Minuto
ELEMENTOS VEL 1 2 3 4 5 M
Cobrir Friso 100% 0,40 0,03 0,37 0,40 0,42 0,32
Cobrir Alça – Direita 100% 0,53 0,58 0,43 0,58 0,60 0,55
Cobrir Alça – Esquerda 100% 0,53 0,50 0,43 0,58 0,60 0,53
DESCRIÇÃO DAS OPERAÇÕES
Colocar Friso na Boca 100% 0,47 0,50 0,63 0,67 0,82 0,62
Colocar Ziper na Boca 100% 1,02 0,60 1,05 1,05 0,98 0,94
Costurar a boca no fundo 100%
e unir alça 2,43 0,95 2,40 2,47 2,43 2,14
Costurar a frente ao fundo 100%
2,43 2,42 2,42 2,43 2,42 2,42
da bolsa – Fazer anel
Costurar zíper e friso ao 100%
1,70 2,37 1,68 1,70 1,68 1,83
bordado superior
Colocar friso e forro no 100%
1,63 1,72 1,58 1,58 1,63 1,63
bolso lateral – Direito
Colocar friso e forro no 100%
1,63 1,60 1,58 1,58 1,63 1,61
bolso lateral – Esquerdo
10
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
Colocar friso na tampa 100% 0,48 1,60 0,37 0,47 0,48 0,68
Unir bordado inferior ao 100%
superior 2,70 0,47 2,75 2,75 2,73 2,28
Unir fundo ao bolso da 100%
1,62 2,77 1,63 1,62 1,62 1,85
frente e colocar etiqueta
Unir bolsos laterais ao 100%
anel 1,30 1,67 1,27 1,30 1,27 1,36
Acabamento 100% 2,58 1,27 2,55 2,58 2,53 2,30
TEMPO TOTAL 22,60 21,57 22,25 22,88 23,00 22,46
Fonte: Elaborada pelo Autor
Para aplicação da formula, tem – se os seguintes valores para Tempo médio ( ) igual á 1266,6
= 1.15 (5)
Realizado os cálculos chegamos ao valor de 1.15, valor considerado baixo, mas segundo
Peinado e Graeml (2007), este valor pode ser explicado pela interpretação da formula, pois o
tamanho da amostra vai depender de:
b) Quanto maior a amplitude da amostra (R), maior o valor de N, já que R também está
no numerador da formula;
c) Quanto maior o valor do Erro tolerável Er, menor o tamanho da amostra exigida, uma
vez que Er está no denominador da fórmula;
11
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
d) Quanto maior for o valor da média ( ), menor será o tamanho da amostra necessário,
já que ( ) está no denominador da fórmula. Isto está relacionado ao fato que o grau de
e) Quanto maior o tamanho da amostra inicial, mais precisa será a mensuração, pois d2
aumenta à medida que aumenta o número de cronometragens iniciais. Assim como d2
se encontra no denominador, quanto maior a amostragem inicial menor será o valor de
N.
Com base nas definições acima, buscando uma confiabilidade de 95% e um erro de apenas
5%, o valor obtido deve ser arredondado para 1, pois apenas uma medição é suficiente para
determinação do tempo padrão.
Em seguida foi feita a cronometragem válida de cada elemento do ciclo (Tabela 5), os valores
dos índices de velocidade e de Tolerância aplicados aos elementos.
12
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
lateral – Direito
Colocar friso e forro no bolso 100%
1,60 1,60
lateral – Esquerdo
Colocar friso na tampa 100% 1,60 1,60
Unir bordado inferior ao superior 100% 0,47 0,47
Unir fundo ao bolso da frente e 100%
2,77 2,77
colocar etiqueta
Unir bolsos laterais ao anel 100% 1,67 1,67
Acabamento 100% 1,27 1,27
TEMPO TOTAL 21,57 21,57
TC: VEL MÉDIA: TN: 21,57 INDICE DE TOLER TOTAL: TP:
21,57 100% 1,09 23,51
Fonte: Elaborada pelo Autor
(6)
Utilizando a Equação 2 foi calculado o Fator de Tolerancia (FT) considerando apena o fator
para necessidades pessoais que na empresa estudada consome apenas 10 minutos do tempo e
o Fator para alivio da fadiga que consome 30 minutos então foi obtido o seguinte resultado:
(7)
Por fim após todos os valores já terem sido obtidos pode ser realizado o cálculo para o tempo
padrão através da Equação 4:
(8)
4. Conclusão
Este trabalho contribuiu com a aplicação da metodologia para o estudo de tempos e métodos
por meio de revisão literária e de estudo de caso desenvolvido em uma empresa de confecções
13
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
de mochila e bolsas. Com a utilização da cronometragem foi possível definir o tempo padrão
real para cada etapa do processo e estudo dos tempos, tratando-se das observações para
possíveis melhorias deste estudo de tempo.
Concluímos que este trabalho atingiu o resultado esperado, pois descreve a aplicação do
estudo de tempos e métodos em uma prática na empresa em estudo. Aqui fica a proposta para
a continuidade do trabalho, visto que, com os valores históricos e o estudo realizado, pode-se
criar uma sistemática de análise e melhoria visando aperfeiçoar os métodos de trabalho e os
processos produtivos com números que sejam coerentes com a realidade.
Referências
14
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. 6. ed. São Paulo: Edgar
Blücher, 1977.
COSTA. F. N. et al. Determinação e análise da capacidade produtiva de uma empresa de cosméticos através do
estudo de tempos e movimentos. In: Encontro Nacional de Engenhar de Produção – ENEGP, XXIII., 2008, Rio
de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro. ENEGEP, 2008. Disponível em: <
http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_tn_sto_069_496_10717.pdf >. Acesso em 11 de fev. 2015.
DEWES. L. F. Setor de cronoanálise: estudo de caso em uma empresa de estamparia do vale do sinos, Novo
Hhamburgo, RS, 2010.
FELLIPE. A. D. Análise descritiva do estudo de tempos e métodos: uma aplicação no setor de embaladeira de
uma indústria têxtil. In: Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia – SEGeT, IX., 2012, Resende, Anais
eletrônicos... Rio de Janeiro, SEGET, 2012. Disponivél em <
http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos12/22316596.pdf >. Acesso em: 11 de fev. 2015.
MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
PRONACI – Programa Nacional de Qualificação de Chefias Intermédias. Métodos e Tempos. Ficha Técnica
PRONACI. Associação Empresarial de Portugal, 2003.
TOLEDO, I. F. B. Tempos & Métodos. São Paulo: 8 ed. Assessoria Escola Editora, 2004.
15