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A Revolução Comercial ultramarina, que trouxe novos produtos das terras descobertas e o
novo espírito capitalista (com o objectivo principal de obter lucro) dinamizaram os mercados.
Por estas razões, registou-se um desenvolvimento da prática agrícola, com mudanças tais
como: o aumento da produção (embora nem sempre da produtividade), extensão das áreas
cultivadas (com medidas como a secagem de pântanos, aproveitamento dos terrenos baldios,
conquista de terras ao mar…), a rotação de culturas e recuo do pousio, vedação das
propriedades – enclosures, intensificação da cultura de cereais, introdução de novas culturas
(milho, batata…), incremento da ganadaria e novas técnicas de irrigação e adubação.
Portugal foi o pioneiro no arranque dos Descobrimentos e partiu para a expansão com o
objectivo principal da exploração comercial e construiu um império disperso mas abrangente
a quase todas as áreas do planeta. Fazia negociações pacíficas com as populações nativas
para obter os produtos pretendidos.
Para assegurar o negócio, a Coroa tomou algumas medidas preventivas, tais como a exigência
de um quinto do lucro obtido com o trato dos produtos, o exclusivo da concessão de licenças
de exploração e comércio, especialmente durante o reinado de D. João II, que introduziu uma
maior intervenção do Estado na exploração comercial dos territórios.
No reinado de D. Manuel II, Portugal chegou à Índia e ao Brasil, “ligando” assim as economias
e povos de todos os continentes, dando início ao processo da globalização.
Comércio triangular
Depois dos primeiros contactos com os povos nativos em África, os Portugueses dividiram a
exploração comercial daquele território em dois tipos de empreendimento:
As feitorias mais importantes dos Portugueses na costa ocidental de África foram as de Arguim
e da Mina.
O monopólio régio
Ao chegarem ao Oriente, ao contrário do que havia acontecido em África, os Portugueses
encontraram resistência, quer por parte dos reinos hindus, quer por parte dos Muçulmanos
que dominavam o comércio dos produtos daquela zona com a Europa. Ultrapassados esses
problemas, foi organizada uma rede de intermediários e construíram-se várias feitorias ao
longo da costa, sendo Goa a principal e a única a comunicar directamente com Lisboa. Desta
forma, Portugal ficou com o monopólio das trocas comerciais com a Índia.
Simples feitorias, sujeitando-se aos costumes nativos e pagando impostos aos soberanos
locais.
D. Manuel fez ordenações para punir e desmotivar o comércio clandestino, pois através deste
não receberia os impostos respectivos às transacções comerciais.
Nobreza de serviço e papel fulcral dos
mercadores
O comércio em Portugal era feito pelos filhos segundos dos nobres, que não inovavam, nem
reinvestiam o lucro obtido, gastando-o em luxos e bens supérfluos. Assim, o país
praticamente não produzia, importando quase todos os bens necessários da Flandres e
praticando apenas “comércio de passagem”. O monopólio régio impedia também o
desenvolvimento da burguesia e do país em si, e os lucros obtidos com os produtos das
colónias eram gastos para satisfazer as necessidades excessivas da nobreza e do clero. O país
continuava a ser fundamentalmente agrícola, apesar de os seus solos serem pobres. O
território de Portugal continental começava a despovoar-se, com a partida de homens em
busca da riqueza imediata nas colónias.
No norte da Europa, o comércio era feito por uma burguesia dinâmica e que investia os seus
lucros, porque a actividade mercantil não era considerada honrosa pela nobreza.
O país concentrava muita da sua população nas cidades, especialmente Amesterdão, e a sua
estrutura social era ligeiramente diferente do resto da Europa, porque a nobreza era bastante
reduzida e a maior parte da população pertencia à burguesia.
A hegemonia holandesa (continuação) e a ascensão de
Inglaterra
3.1.Amesterdão, centro da economia europeia e
mundial no século XVII
Como a Holanda se revelava a principal potência europeia, uma das suas cidades tornou-se o
centro da economia da Europa e do Mundo. Essa cidade foi Amesterdão, que se tornou na
maior praça de mercadorias e entreposto comercial do continente europeu. A administração
dos assuntos da cidade era feita quase inteiramente por burgueses, que tomaram medidas
para garantir o monopólio dos principais produtos coloniais, facilitar o transporte de
mercadorias e modernizar as práticas comerciais. O dinamismo do comércio na região
favoreceu o surgimento das primeiras instituições financeiras (bancos) e das sociedades por
acções, que iriam originar as bolsas de valores. Para a exploração do comércio colonial, a
Holanda criou a Companhia das Índias Orientais e a Companhia das Índias Ocidentais.
Os Ingleses investiram também no comércio colonial, que era constituído essencialmente por
trocas realizadas pela rota triangular (Europa, África, Américas, Europa). Ao desenvolver o
seu comércio internacional e aumentar o seu mercado, Inglaterra criou condições para o
arranque da Revolução Industrial.
Essa revolução não teria sido possível sem a Revolução Agrícola, que introduziu medidas como
o sistema quadrienal de rotação de culturas, o aumento das áreas cultivadas, o
emparcelamento de terras e vedação das mesmas – enclosures, selecção de sementes,
aumento da criação de gado e a mecanização da agricultura.
A Revolução Agrícola permitiu uma libertação de mão-de-obra dos campos para as cidades, a
acumulação de capitais disponíveis para investimentos, o fornecimento de matérias-primas e
uma estimulação da indústria metalúrgica devido à crescente necessidade de ferro.
A Inglaterra ocupou colónias espanholas e negocia com Portugal para obter produtos coloniais
em troca das suas manufacturas. Portugal não desenvolveu a sua industria nem a sua
agricultura, acabando por ter sofrido uma paralisação do seu comércio.