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CAPÍTULO 01 verdade a existência de pau-brasil foi à única


atividade pensada como possível de realização
de uma atividade econômica.
BRASIL COLONIAL
Vai ser na atividade extrativista de
madeira realizada sob o regime de utilização do
O PERÍODO PRÉ-COLONIAL: trabalho indígena (escambo), sendo o comércio
(1500 a 1530) uma exclusividade da Coroa Lusitana (Monopólio
Régio).
ANTECEDENTES: O relativo abandono deve-se ao fato de
que não houve a implementação de um projeto
efetivo de ocupação de terras por parte de
As três décadas iniciais da História do Portugal. Contudo a atividade extrativista foi
Brasil, bem como da trajetória do processo consentida a arrendatários (iniciativa particular de
colonizador português para as novas terras ocupação da terra, sem financiamento da Coroa)
“descobertas” apresentam características que tinham a missão de não só explorar a
distintas no que se refere ao tratamento dado a madeira, como também realizar defesa do
uma nova possessão territorial. território contra ataques indígenas e invasões
Não podemos esquecer que o processo estrangeiras, estabelecimento de acampamentos
de Expansão Marítima foi motivado e orientado litorâneos (feitorias) para armazenagem e
pelo modelo econômico Mercantilista, apoiado comercialização da madeira extraída, além do
sobre pilares argüidos graças a alianças político- pagamento do imposto real (Quinto).
econômicas entre a figura do Rei fortalecido e
centralizador, e dos ambiciosos Burgueses A DECADÊNCIA DO PERÍODO PRÉ-
comerciantes. COLONIAL
O modelo expansionista vai buscar
retorno rápido do investimento inicial, e segundo A mudança do cenário da ocupação nas
os preceitos mercantilistas isso significava terras brasileiras vai mudar tão logo a
encontrar logo no primeiro momento: metais prosperidade do comércio oriental entre em
preciosos (metalismo); mercado consumidor onde declínio e as invasões estrangeiras tornem-se
as produções manufaturadas pudessem ser demasiadamente freqüentes. Estas são
comercializadas (estabelecendo um superávit na basicamente as razões que justificam a
balança comercial e incentivando a produção); colonização efetiva após 1530. Com o
regiões passíveis de colonização com rápido crescimento da presença estrangeira junto as
retorno financeiro a curto prazo (o Colonialismo costa brasileira, torna-se cada vez mais
buscava uma região passível de exploração seja fundamental um sistema de proteção territorial
na submissão político-econômica, militar ou que mais eficaz. Para isso várias expedições são
fornecesse uma produção em larga escala que enviadas para combater os corsários e piratas,
pudesse ser explorada gerando lucros aos entretanto, sem atingir grandes resultados e o
comerciantes marítimos portugueses). litoral continua a ser ameaçado necessitando de
Inicialmente o Brasil não vai apresentar esforços maiores por parte da Coroa portuguesa.
nenhuma dessas características, e associado às Apesar de conquistado em 1500, Portugal
prosperidades com que os comerciantes não se preocupou com o Brasil por mais de 30
portugueses aumentavam sua lucratividade com anos porque os investimentos metropolitanos
o comércio oriental, a terra recém-conquistada estavam concentrados no comércio com o
ficará relegada a um segundo plano. oriente. Ocorre que após 1530 os lucros com este
comércio começaram a diminuir e o governo
O RELATIVO ABANDONO: resolveu colonizara o Brasil plantando aqui cana
de açúcar para ser vendida na Europa, contando
O Brasil diferente do oriente, não com investimentos e financiamentos holandeses
apresentava nenhum atrativo do ponto de vista para tal empreitada.
comercial: sem metais preciosos, sem mercado Para cá se deslocavam aventureiros,
consumidor, sem produção agrícola passível de militares, administradores e até condenados que
exploração. aceitassem o exílio ou degredo como pena
A Coroa portuguesa enviou várias alternativa.
expedições que buscavam realizar um
reconhecimento da costa brasileira. Em 1501 COLONIZAÇÃO E CONQUISTA:
Gaspar Lemos foi responsável pelo batismo de
várias regiões (Cabo de São Tomé; São Vicente; Plantada inicialmente em São
Cabo Frio) e nessa expedição viajou também o Vicente (fundada em 1532), a cana logo se
florentino Américo Vespúcio que chegou a espalhou pela colônia, cultivada utilizando-se de
declarar ao governante de Florença que não mão de obra compulsória ora negra africana, ora
encontrou nada de aproveitável nesta terra. Na indígena, sendo o comércio do negro africano
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altamente lucrativo, razão pela qual foi à opção funcionamento, entretanto, será altamente
de mão de obra utilizada na colonização. afetado pelas condições particulares da Colônia,
especialmente pela grande extensão territorial.

O Brasil
colonial: Período Pré-Colonial

No inicio do séc.XVI, a hegemonia


das nações ibéricas por áreas na América, África
e Ásia lhes conferia poder e uma enorme
Fundação de São Vicente – Oscar Pereira da quantidade de riquezas que, efetivamente foram
Silva (1900). pouco eficientemente empregados em benefício
Ao plantio da cana se somariam das respectivas nações. As transformações
posteriormente a mineração e atividades ocorridas a partir das Grandes Navegações não
econômicas auxiliares como pecuária, algodão, afetaram a posição de destaque social da
tabaco, aguardente e etc. nobreza e do clero, fato que determinou a forma
como essas riquezas seriam investidas.
O Brasil foi uma típica colônia de A Espanha priorizou a extração
exploração dentro dos moldes mercantilistas. A metalífera na sua principal área colonial, a
metrópole controlava todas as decisões América, já Portugal, buscou principalmente atuar
importantes da vida colonial: nomeava no lucrativo comércio oriental de especiarias e
funcionários, recebia imposto, controlava o artigos de luxo, negligenciando dessa forma sua
comércio e a exploração, tinha produtos de área americana durante os primeiros 30 anos,
exclusiva exploração em favor do Rei – ficando esse período conhecido como "período
Monopólio Régio – cuidava da defesa e da Pré-Colonial” ou “período Pré-colonizador".
repressão contra aqueles que se opunham ao Nessa fase não houve ocupação do
domínio português. território brasileiro, a única atividade econômica
A administração iniciou-se com um presente foi à extração do Pau-Brasil, feita por
sistema de Capitanias Hereditárias 1534 e em particulares e com utilização de mão de obra
1549 ocorre à criação do Governo Geral que indígena (escambo). os acampamentos
buscava centralizar o poder político e auxiliar as construídos no litoral pelos europeus eram
capitanias a prosperar. A formação da população chamados feitorias.
tinha condições de vida distintas: grandes Para que se possa definir uma área
proprietários de terras e de escravos; com sendo uma colônia, devemos observar as
trabalhadores brancos, mestiços, índios; e negros seguintes pré-condições: ocupação do território,
escravos. defesa, produção de uma administração externa.
Negligenciado suas posses, Portugal criou
Os investimentos colonizadores são possibilidades práticas para que nações que se
extremamente complexos e arriscados. No Brasil, julgaram desprestigiadas com o tratado de
Portugal vai buscar uma simples adaptação das Tordesilhas, em particular o Estado francês,
próprias instituições metropolitanas à realidade buscasse consolidar domínios nesse vasto
colonial. território.
Esse temor português de perder
As relações da monarquia com a
territórios, somado à significativa queda da
nobreza tradicional, com a Igreja e o povo,
lucratividade do comércio oriental, tornou
representado superiormente pela burguesia
inevitável o inicio do processo no ano de 1530.
mercantil, evidenciam o rígido controle
burocrático, jurídico, fiscal e militar que o Rei
exercia sobre toda a nação. Esta organização
1. A América francesa
política fortemente centralizada em torno do
Estado Absolutista será transferida para a colônia
A monarquia francesa, rejeitando a
durante a montagem da administração do sistema
partilha do mundo pelos ibéricos, procurou
colonial.
estabelecer a núcleos colonizadores na América
Delegando poderes, titulando do Sul. Em 1555, Nicolau Durand de Villegaignon,
funcionários, a monarquia portuguesa tentará enviado pelo rei Henrique II, fundou a França
organizar um aparelho administrativo na colônia, Antártica, na região da baía de Guanabara. A
depositário do poder do Estado metropolitano e maior parte dos colonizadores era composta por
servidor eficiente de seus interesses. Seu protestantes franceses que fugiam das
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perseguições dos católicos em sua terra natal. mercado interno contra os concorrentes
Entre os conquistadores encontravam-se católico estrangeiros; adoção de monopólio como garantia
André Thevet e o calvinista Jean de Lery, que da exploração exclusiva das riquezas coloniais
escreveram dois dos mais interessantes pelas metrópoles.
documentos sobre as características das terras Alguns países, como a Espanha, que
americanas e seus primeiros habitantes no século contava com a riqueza metalífera das colônias
XVI. americanas, concentraram esforços na
Em pouco tempo, as divergências acumulação de metais preciosos; outros, como a
entre seguidores das duas religiões também se Inglaterra e a Holanda, aproveitaram suas
manifestam no Novo Mundo, provocando disputas colônias ou as de outras potências para expandir
e dissidências em nome da fé. Com a notícia das seus lucros com a atividade mercantil e promover
tensões religiosas vividas nas terras do além-mar, o desenvolvimento industrial.
outros colonos sentiram-se desestimulados a
atravessar o Atlântico, o que dificultou o 3. O Estado patrimonial
desenvolvimento da colônia francesa.
As primeiras expedições portuguesas O absolutismo monárquico foi à
para a expulsão dos franceses iniciaram-se em forma do governo dominante na Europa entre os
1560. Sob o comando do governador geral Mem séculos XVI e XVIII. Nesse tipo de regime, o
de Sá, os franceses foram vencidos e obrigados a poder do Estado e a soberania da nação estavam
refugiarem-se no sertão. concentrados na figura do rei.
Constatou-se, mais uma vez, que a O rei era também um grande
única possibilidade de defender a região dos proprietário de terras e outros bens. Em Portugal,
franceses e dos índios tamoios, seus aliados, ele detinha um enorme patrimônio em terras,
seria o povoamento.com esse objetivo, em 1565, mais vasto do que as propriedades da igreja. No
Estácio de Sá, sobrinho do governador, fundou a século XIV, o conjunto de propriedade do
vila de São Sebastião do Rio de Janeiro. monarca formava uma área três vezes maior do
Os confrontos prolongaram-se por que as terras da nobreza. Esse patrimônio
mais dois anos, quando tropas comandadas por privado se confundia com o patrimônio público do
Mem de Sá derrotaram definitivamente os Estado português. Era difícil saber onde
franceses. terminavam as propriedades do rei - enquanto
pessoa privada, senhor de propriedades
particulares - e onde começavam os domínios do
2. Princípios gerais do mercantilismo Estado, os bens públicos.
Assim, muitas das atribuições do
Num sentido amplo, o mercantilismo Estado (esfera pública) eram tratadas como coisa
foi á teoria econômica do crescimento e privada (esfera dos interesses particulares das
acumulação capitalista dos tempos da Renovação pessoas) e vice-versa. Por exemplo, o rei pagava
comercial. Mais precisamente, foi um conjunto de certos funcionários do Estado com recursos que
idéias e doutrinas econômicas executadas pelos provinham de suas terras particulares. Do mesmo
Estados nacionais europeus para fortalecer-se e modo, despesas pessoais da família real eram
enriquecer por meio da atividade comercial, entre financiadas com o dinheiro público, arrecadado
os séculos XVI e XVIII. Sua aplicação dependeu na forma de impostos. Tratava-se, portanto, de
muito da disponibilidade de recursos econômicos um Estado patrimonialista, isto é, de um tipo de
(metais preciosos, terras férteis, manufaturas, Estado em que a esfera pública se confunde com
portos, frotas) e sociais (população, mão de obra, a esfera privada.
desenvolvimento técnico), assim como dos Esse tipo de Estado era regra na
interesses político-estratégicos do momento Europa da época. como explica Raimundo Faoro
(política colonial, disputas territoriais e comerciais, no livro Os donos do poder ,"tudo parte das
guerras, alianças) em cada Estado europeu. origens:o rei é o senhor das terras, das minas e
Apesar de aplicada de forma diversa do comércio, no círculo patrimonialista em que se
nos diferentes países, alguns princípios gerais consolidou e se expandiu o reino". Foi dessa
foram seguidos pelos executores das políticas forma, e com essa concepção patrimonialista, que
mercantilistas: atribuição ao Estado da tarefa de se estruturou o poder político na colônia
promover os interesses de outros Estados, portuguesa.
nações e colônias; crescimento da economia e
enriquecimento nacional medido pela acumulação O Brasil colonial: A
interna de metais preciosos (entesouramento) e colonização de exploração
pelos superávits da balança comercial
(exportação superior à importação); o comércio A organização administrativa
como atividade mais importante que a agricultura inicialmente foi montada de forma
e por isso mais importante que a alfandegária e descentralizada, através do sistema de capitanias
restrições políticas destinadas a defender o Hereditárias: o território foi dividido em lotes e
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concedido a pessoas interessadas em vir extremo norte. O Estado do Brasil compreendia o


colonizar a terra com seus próprios recursos. restante da colônia. Em 1737, o Estado do
Dois documentos regiam o sistema: Maranhão foi substituído pelo Estado do Grão-
as Cartas de Doação e os forais. A Carta de Pará e Maranhão, que foi absorvido em 1774 pelo
Doação é o documento através do qual o governo Brasil. A partir de 1720 os governadores gerais
concedia o lote ao donatário e especificava quais passaram a utilizar o título de vice-rei.
os poderes de que ele estava investido. O Foral Em 1763, a capital da colônia foi
determinava os direitos e os deveres dos transferida para o Rio de Janeiro, principalmente
donatários. devido à exploração do ouro e às questões
A experiência não surtiu os efeitos fronteiriças no sul.
esperados. Diversos problemas impediram o êxito Em termos administrativos, todos os
das capitanias, pois apenas duas conseguiram sistemas apresentavam baixa eficiência, pois toda
certo resultado econômico. essa organização político-administrativa era
Dentre as 13 capitanias (15 lotes), formal, teórica. Na prática o pode político estava
apenas São Vicente e Pernambuco superaram situado nos engenhos, isto estaria exemplificado
problemas como ataque indígenas, elevados nas Câmaras Municipais, órgãos administrativos
custos dos investimentos iniciais, distancia da organizados em cada vila (Município) que eram
metrópole, etc . controladas pelos "Homens Bons" (grandes
Modificou-se, então, o projeto proprietários) com a incumbência de administrar a
descentralizador, com a criação do Governo cobrança de impostos, defender a vila, aplicar
Geral (1548), encarregado de prover apoio e justiça, etc. Essas câmaras executavam uma
coordenação às capitanias. O governador-geral política que atendia aos interesses da classe
seria auxiliado pelo Provedor-Mor (finanças), o dominante colonial.
Ouvidor-Mor (justiça), o Capitão- Mor- da costa
(Defesa). B - O Bandeirantismo
Salvo breves percalços
administrativos, o poder político no Brasil Bandeirantes eram, na sua maioria,
manteve-se centralizado por todo período colonos da capitania de São Vicente (Vicentinos
colonial. ou Paulistas). Empobrecidos pela estagnação
Com a finalidade de superar as econômica da capitania, durante os séculos XVII
dificuldades das capitanias e centralizar a política e XVIII organizaram sucessivas expedições pelo
e administrativamente a colônia. D. João III, em interior do país. Buscavam apresar índios
1548, criou o Governo Geral. Essa centralização (vendidos como escravos), encontrar metais
foi necessária para impedir o abuso de poder por preciosos e destruir quilombos.
parte dos donatários, combater mais Suas expedições (entradas oficiais,
eficientemente a pirataria, e deter as hostilidades bandeiras-particulares) contribuíram
dos indígenas e incentivar a economia. Algumas decisivamente para o alargamento das fronteiras
atribuições dos donatários passaram para a nova do Brasil.
autoridade, mas as capitanias continuaram
existindo normalmente (sobreviveram até o C - A Organização Econômica
século XVIII). Alem do cargo de Governador
Geral, outros cargos foram criados, como o de O Brasil, colônia de exploração, teve
Provedor-mor, encarregados da administração e sua organização econômica regulamentada pelas
arrecadação; o de Capitão- mor da costa, normas do mercantismo.
responsável pela defesa do litoral, além de outros No contexto do sistema colonial, a
cargos menores. metropolitana. Devia fornecer produtos primários
O Governador Geral administrava de e consumir manufaturados da metrópole.
acordo com Regimento e com as novas Como não havia sinais concretos da
instruções que vinham de Portugal. Havia órgãos existência de metais preciosos, a exploração foi
especializados, como as intendências e as Mesas viabilizada pela cana-de-açúcar.
de Inspeção, subordinadas diretamente à
metrópole, não sofrendo interferências das C.1 A empresa açucareira: os fatores
autoridades constituídas na colônia. Sua função tradicionalmente apontados como responsáveis
era essencialmente fiscalizadora e/ou tributária. pelo êxito dessa empresa são: o interesse do
O sistema do Governo Geral perdurou mercado externo; a experiência dos portugueses,
até a vinda da família real portuguesa, em 1808, a qualidade dos solos e as condições climáticas
apesar de algumas tentativas de divisão que do território brasileiro; a participação holandesa,
ocorreram. A primeira foi á divisão em dois através do financiamento, refino e distribuição do
governos, um na Bahia e outro no Rio de Janeiro, açúcar na Europa.
de 1573 a 1578. A produção se estruturou no já
Em 1621 foi criado o Estado do famoso "tripé": monocultura, latifúndio,
Maranhão, território que ia do Ceara até o escravidão. São Vicente foi à primeira capitania
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onde se fez o cultivo da cana, mas o Nordeste Aprofundamento ainda mais o


(Pernambuco e Bahia principalmente) tornou-se controle fiscal, sobretudo quando a exploração
cedo à região mais destacada na empresa aurífera começou a dar sinais de esgotamento, o
açucareira. governo português fixou em 100 arrobas de ouro
(1.468,9 kg) anuais o mínimo a ser arrecadado
AS UNIDADES PRODUTORAS DE em cada município como pagamento do quinto.
AÇÚCAR ORGANIZAVAM-SE NOS MOLDES Para garantir a arrecadação do montante, foi
DA PLANTATION. instituída a derrama: a cobrança dos impostos à
AS RAZÕES DA DECADÊNCIA DA população seria efetuada pelos soldados
ATIVIDADE AÇUCAREIRA PRENDEM-SE À portugueses, chamados de dragões, que estavam
UNIÃO IBÉRICA (1580-1640). autorizados a invadir casas e tomar tudo que
tivesse valor, a fim de completar as 100 arrobas
Em 1580 Portugal caiu sob domínio devidas à metrópole. Essa prática portuguesa
da Espanha, que se transformou na virtual "Dona" deixou rastro de insatisfação da colônia. Todo o
do Brasil. Em guerra com a Holanda, os arrocho fiscalizador conseguiu temporariamente
espanhóis proibiram os holandeses de diminuir o tráfico ilegal, mas nunca suprimiu por
continuarem comercializando o açúcar brasileiro. completo. De qualquer modo, aliviou por algum
Sem outra alternativa, os holandeses invadiram o tempo as dificuldades financeiras de Portugal.
nordeste brasileiro em 1624 na Bahia e em 1630 A descoberta de diamantes em 1729,
em Pernambuco. Quando foram expulsos em no arraial do Tijuco, hoje Diamantina, em Minas
1654 (Insurreição Pernambucana), os holandeses Gerais, levou Portugal a adotar uma fiscalização
deram início à produção de açúcar nas Antilhas. apropriada à extração diamantífera. Inicialmente,
A qualidade e a quantidade de açúcar dada à dificuldade em se quintar o diamante, a
antilhano/holandês jogaram para baixo o preço do metrópole determinou a expulsão dos mineiros da
açúcar no mercado internacional e região e arrendou a exploração a empresários,
desestruturaram a atividade açucareira brasileira. chamados contratadores, indivíduos que
antecipavam parte dos lucros à coroa e recebiam
C.2 A mineração: entre 1693 e 1760, na assumir a exploração do diamante,
região atualmente compreendida pelos estados estabelecendo a real extração.
de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, teve lugar A partir da segunda metade do século
a extração do ouro e dos diamantes. De imediato XVIII, devido ao esgotamento das jazidas e ao
esta região, até então inexplorada, recebeu um uso de técnicas rudimentares, incapazes de uma
extraordinário afluxo de pessoas, vindas da prospecção mais profunda no subsolo, iniciou-se
metrópole e de outras regiões da colônia, a decadência da produção de ouro no Brasil. O
originando um conflito de interesse com os período situado entre 1740e 1770 correspondeu
paulistas, do qual redundou a Guerra dos ao apogeu da exploração das minas, e o ano de
Emboabas, considerada uma rebelião nativista. 1754 registrou a maior produção de ouro. A partir
Para administrar a região mineradora, da década de 1770, verificou-se o declínio da
a metrópole criou,em 1702, a Intendência das atividade, que se tornou cada vez menos
minas, órgão presente em cada uma das atraente.
capitanias de onde se extraia ouro, visando O ouro, enviado para a Metrópole, lá
controlar de perto a exploração aurífera. A não permaneceu, pois teve que ser enviado à
Intendência era constituída por um guarda-mor e Inglaterra, devido aos termos do Tratado de
auxiliares submetidos diretamente à Coroa. Era Methuen, assinado em 1703.
responsável pela distribuição dos lotes a serem Por este tratado Portugal, sem
explorados, chamados de data, e pela cobrança impostos alfandegários, vendia vinho na
de 20% do ouro encontrado pelos mineradores, Inglaterra e comprava desse país tecidos. Em
imposto conhecido como quinto. As datas eram função deste tratado, Portugal transferiu riqueza
distribuídas segundo a capacidade de explorar do considerável (ouro Brasileiro) para a Inglaterra
minerador; avaliada em numero de escravos. atrasou sua Revolução Industrial. A assinatura
Apesar do controle imposto pelas desse trato, em Portugal, foi responsabilidade de
autoridades metropolitanas, o contrabando era comerciantes revendedores dos tecidos britânicos
intenso e, para coibi-lo, a coroa proibiu a e da nobreza produtora de vinho; na Inglaterra, foi
circulação de ouro em pó e em pepitas, criando responsabilidade da burguesia mercantil e
em 1720, as casas de fundição. Todo o ouro manufatureira.
encontrado nas lavras - grandes minas - ou
garimpos, onde era feita a faiscação nas areias C.3 Atividades auxiliares:
dos rios, tinha a ser entregue nesses locais, onde
era derretido, quitado (ou seja, era lhe extraído Atividades que serviam de suporte
quinto pertencente à Coroa) transformado em para as atividades consideradas prioritárias no
barras. Contra a instalação das casas de fundição esquema mercantilista português.
houve a Revolta de Vila Rica.
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Pecuária: integrar os índios ao domínio luso, para


consolidar as fronteiras brasileiras, Pombal
O gado foi criado no Brasil para determinou ainda a extinção da escravidão
garantir alimentação nas regiões de açúcar e de indígena em 1757, transformando algumas
ouro, além de meio de transporte e força motriz aldeias em vilas, especialmente na Amazônia,
nos engenhos. É considerada a atividade visando incorporar esses territórios à
importante para interiorização do país. administração portuguesa. Nessa região, porém,
a expulsão dos jesuítas trouxe mais dificuldades
Tabaco e Aguardente: do que integração ao domínio metropolitano. Com
esse mesmo objetivo, ministro de D. José I
Produtos considerados auxiliares da procurou estimular os casamentos entre colonos
atividade açucareira. Foram largamente utilizados e índios.
no comércio negreiro (escambo africano). O marquês determinou a supressão
da distinção entre "cristãos-velhos” e “cristão-
Drogas do Sertão: novos" (descendentes de judeus), objetivando
favorecer a integração destes últimos no reino,
Base econômica para a ocupação da dada a sua sempre importante atuação
Amazônia, as drogas do sertão envolviam o econômica e social tanto em Portugal quanto no
cacau, o guaraná a pimenta, o cravo, etc. Brasil. Pombal tentou também fomentar a
produção manufatureira, especialmente em
Algodão: Portugal , sem grande sucesso, é bom lembrar, e
combateu duramente o contrabando colonial.
Cultivado no Maranhão, viveu seu Entre as inúmeras dificuldades que
melhor momento no final do século XVIII(período teve de enfrentar durante seu governo, deve-se
pombalino). Seu apogeu foi curto e logo entrou registrar o grande terremoto de 1755, que
em decadência. destruiu parte da cidade de Lisboa, e o declínio
da produção de ouro no Brasil. A Coroa viu-se
obrigada a ampliar os gastos para reconstruir a
D- A Época Pombalina (1750-1777) capital do reino, ao mesmo tempo em que
diminuía o ingresso de recursos.
Em Portugal destacou-se a atuação di Para a reconstrução de Lisboa,
ministro do rei D. José I, Sebastião José Carvalho Pombal recorreu ao aumento de tributos.
e Melo, o marquês de pombal (1750-1777), um Na colônia, Pombal extinguiu
déspota esclarecido. definitivamente as capitanias hereditárias,
Pombal, percebendo a extrema comprando e confiscando os territórios dos
dependência econômica de seu país em relação poucos donatários das capitanias da Coroa.
à Inglaterra, até porque foi embaixador naquele Também criou a Companhia Geral do comércio
país, procurou-se em reequilibrar a deficitária do Estado do Grão-Pará e Maranhão (1755-1778)
balança comercial lusa, adotando medidas que, e a Companhia Geral do Comércio de
se de um lado foram uma maior eficiência Pernambuco e Paraíba (1759-1779). Procurava
administrativa desenvolvimento econômico no assim controlar o comércio colonial a aumentar as
reino, de outro, reforçaram as práticas rendas da Coroa.
mercantilistas no que se refere ao Brasil. Em termos administrativos, criou
Assumido os ideais iluministas no cargos e órgãos, visando à racionalização
reino, Pombal expulsou os jesuítas de Portugal e burocrática, e transferiu a capital colonial de
colônias (1759). salvador para Rio de Janeiro, a fim de fiscalizar
A expulsão dos jesuítas visava ao fim com rigor a exportação do ouro. Foi ainda Pombal
da autonomia dessa ordem religiosa frente a quem aumentou e zelou pela cobrança dos
Coroa, um estado dentro do Estado , como se impostos devidos à metrópole, efetivando a
dizia, subordinando a Igreja ao governo, além primeira derrama (1762-1763); pouco depois,
disso, a ação dos jesuítas espanhóis contra as estabeleceu o controle real sobre a exploração de
autoridades portuguesas no Sul do Brasil, por diamantes. Após a morte do rei D. José I, Pombal
ocasião da assinatura do tratado de Madri (1750), deixou o ministério e seus opositores assumiram
levou à Guerra guaranítica, mais um elemento o governo, anulando muitas de suas realizações.
que estimulou Pombal a expulsá-los do reino. Logo foram extintas as companhias de comércio
Como todo o ensino colonial dependia e publicado o Alvará de 1785, que proibia a
da companhia de Jesus, sua expulsão criou um instalação e funcionamento de manufatura na
vazio educacional, levando Pombal a criar o colônia. As poucas existentes foram fechadas e a
subsídio literário, imposto para custear a população viu-se novamente obrigada a recorrer
educação assumida pelo Estado metropolitano- às caras manufaturadas importadas.
as aulas régias.
Acreditando na importância de se
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E - A produção Manufatureira decadência. Em 1709, os comerciantes de Recife,


em Ascensão econômica, conseguiram da Coroa
Durante a maior parte do período sua emancipação política, com condições de
colonial, Portugal reprimiu a instalação de organizar sua câmara de vereadores. Os
manufaturas no Brasil. Fazia isso para confirmar olindenses, sentindo-se prejudicados, invadiram
a vocação de produtora de gêneros primários de Recife. Em 1710 o conflito terminou e a rica
sua colônia, bem como de consumidora dos Recife passou a ser o centro administrativo de
produtos manufaturados portugueses. Não Pernambuco.
podemos nos esquecer no caráter complementar
da economia brasileira colonial em relação à Revolta de Vila Rica: também
economia portuguesa metropolitana. conhecida como Revolta de Felipe dos Santos, foi
O melhor exemplo desse um conflito envolvendo a Coroa portuguesa e
comportamento português foi o "Alvará de 1785", mineradores que não aceitavam a instalação das
quando Dona Maria I, rainha de Portugal proibiu "Casas de Fundição" na região aurífera de Minas
expressamente a presença de fábricas e Gerais. O movimento foi duramente reprimido e
manufaturadas em todo território brasileiro seu líder, Filipe dos Santos, enforcado e
(exceção feita para sacos de roupa e escravos). esquartejado. As "Casas de Fundição" foram
instaladas e a Capitania de Minas Gerais foi
separada da capitania de São Paulo.
F- As Revoltas Nativistas

G - A Organização Social
As primeiras rebeliões contra o
domínio português são denominadas de Revoltas A sociedade experimentou grandes
Nativistas. Tais movimentos não visavam a mudanças, em virtude das diferentes
emancipação do país ou região. Constituíram-se circunstâncias vividas pela economia colonial. Na
em protestos de determinados grupos contra a região açucareira, polarizou-se em dois grupos
opressão metropolitana. bem distintos: senhores e escravos. Existiam
Os principais exemplos de revoltas outros elementos, é claro, mas não chegavam a
são a Revolta de Beckman constituir classes definidas. Possuía um caráter
(Maranhão,1684),tese, a Guerra dos Emboabas aristocratizante, rural e imóvel. A nível familiar,
(MG,1709) ,a Guerra dos Mascates predominava o patriarcalismo.
(Pernambuco,1710) e a Revolta de Vila Rica (MG, Nas regiões de pecuária, era possível
1720). uma razoável mobilidade, uma vez que os
vaqueiros podiam, com o tempo, estabelecer-se
Revolta de beckman: fazendeiros do como proprietários.
Maranhão, liderados pelos irmãos Beckman Na região mineira, encontramos uma
(Manuel e Thomas), revoltaram-se contra os sociedade predominantemente urbana, com um
jesuítas (impediram a escravização dos índios) e caráter relativamente democratizante, devido
contra a Companhia Geral do Comércio do principalmente à existência de um grupo médio,
Maranhão (monopolizava o comércio da região). constituído por tropeiros, comerciantes,
Em 1684os revoltosos chegaram a ocupar a elementos do clero, funcionários, profissionais
cidade de São Luís por quase um ano. Portugal liberais, artistas e artesãos. O patriarcalismo
reprimiu com violência, o movimento foi vencido e continuava, mas não tão rigoroso quanto no
seus líderes foram enforcados. Nordeste.

Guerra dos Emboabas: bandeirantes H - CONJURAÇÕES


vicentinos que primeiro ocuparam a região
aurífera de Minas Gerais, tentaram impedir que Na segunda metade do século XVIII
forasteiros (chamados emboabas) também se encontraram-se novos movimentos de rebeldia,
estabelecessem na região. Em 1709, mediante denominados "Conjurações” ou"Inconfidências",
intervenção portuguesa, os bandeirantes, destacando-se aquelas que ocorreram em Minas
derrotados, partiram para Goiás e Mato Grosso. (1789) e na Bahia (1798). Essa última é também
Para melhor administrar a região, o governo conhecida como "Conjuração dos Alfaiates".
português dividiu-se em: Capitanias de São Paulo Os projetos dos conjurados mineiros e
e Minas Gerais e capitania do Rio de Janeiro. baianos apresentavam semelhantes:
independência da capitania, república e
Guerra dos Mascates: conflito diferenças, resultantes, sobretudo da
envolvendo fazendeiros de Olinda e comerciantes configuração social do movimento (elitistas, em
(mascates) de Recife. Olinda era o centro político Minas; essencialmente popular na Bahia).
de Pernambuco, contando dom uma câmara de Enquanto os mineiros pretendiam criar uma
Vereadores. Economicamente estava em universidade, os baianos pretendiam a abolição
142

da escravidão, a liberdade comercial, a através das quais escravos conseguiram


nacionalização do comércio. melhores condições de vida e mesmo de
Idêntico destino aguardou os respeito.
movimentos inconfidentes: denúncias, prisões, e
a violência expressa na morte de Tiradentes, em
Minas, de Lucas Dantas, Luiz Gonzaga das J - A produção Cultural
Virgens, Manuel Faustino e João de Deus
Nascimento, na Bahia. O interesse cultural não era dos mais
Devemos ressaltar aqui que o termo expressivos, não de constituído numa prioridade
inconfidência ("traição") não nos parece correto do governo português. Eram proibidas as escolas
Preferimos a utilização do termo conjuração superiores e a imprensa.
("revolta”, "levante"). taxar os revoltosos e Poucas instituições culturais foram
baianos de "traidores" é reproduzir a ideologia criadas na colônia, valendo destacar as escolas
colonialista, adequada, naquele contexto, aos jesuíticas, organizadas com finalidades
interesses da metrópole lusitana. catequéticas.
As manifestações culturais dos índios
I - A Escravidão e dos africanos eram severamente reprimidas.
Assim, as manifestações culturais que
A adoção de trabalho livre na colônia ocorrem nos dois primeiros séculos de
implicaria em salários tão elevados que colonização guardam uma marca inequívoco: elas
inviabilizariam a empresa colonizadora. A saída são pensadas em Portugal e transplantadas para
encontrada foi á escravidão, que na idade a colônia. Somente no século XVIII, na região
moderna teve caráter essencialmente racial. mineradora, é que se verifica algo novo, em
Durante o período colonial índios função das especificidades da região e do tipo de
nativos foram utilizados como escravos, mas a vida que lá existiu. É a época do chamado
escravidão que predominou foi a dos negros Barroco Mineiro, cujo nome mais expressivo foi o
africanos. Esta "superioridade" negra deve-se à de Aleijadinho. Na literatura, destaque para
defesa da liberdade indígena feita pela Igreja arcadismo.
Católica, à maior especialização dos africanos e,
principalmente, à lucratividade do tráfico negreiro.
No Brasil, os negros reagiram a K - A Religião no Brasil Colônia
incessantemente à escravidão com suicídios,
assassinatos e fugas para o mais conhecido dos A Igreja Católica chegou ao Brasil em
quilombos dos Palmares em Alagoas, liderados 1500, com Pedro Álvares Cabral, e daqui não
por Zumbi, principal referência do movimento mais saiu. Sua historia é feita de autoridade,
negro brasileiro contemporâneo. dominação, piedade, coragem e hipocrisia.
Durante o período colonial brasileiro A empresa colonizadora no Brasil foi
foi relativamente comum estabelecimento de uma conduzida pela parceria Estado Português e
relação informal entre senhores e escravos, Igreja católica.
intitulada Brecha Camponesa. Os primeiros missionários que pisaram
Por ela, o senhor cedia um dia de em solo brasileiro foram os franciscanos (com
folga semanal aos escravos, bom como um Cabral), mas a catequese da colônia foi
pedaço de terra onde eles pudessem cultivar à responsabilidade principalmente dos jesuítas que
vontade. chegaram ao país em 1549.
Esta "concessão" era na verdade Até serem expulsos, em 1759, pelo
mais um mecanismo de controle e manutenção marquês de Pombal, os jesuítas foram os maiores
da ordem escravista. Com ela, o senhor responsáveis pela educação e pela
"acalmava" os escravos, iludidos com aquela evangelização na colônia. Foram
pequena e falsa liberdade e garantia a produção indiscutivelmente os maiores obstáculos à
de gêneros alimentícios, diminuindo os custos de escravidão dos indígenas, mas se omitiram com
manutenção da escravaria. relação dos negros africanos.
Após varrer as reduções próximas à
vila de São Paulo, os Paulistas atacaram as
As mais recentes pesquisas sobre o missões de Itatim e Guairá, fundadas por jesuítas
escravismo brasileiro tem demonstrado que é espanhóis, levando seus habitantes a se
a relação entre senhores e escravos envolvia deslocarem para o Sul, onde organizaram as
a violência mais também um rico espaço de reduções de Tape. Aos novos ataques os índios
negociação, informal e cotidiano, nesse responderam com armas de fogo, derrotando os
sentido é importante destacarmos também paulistas na Batalha de M'Bororé em 1641.
que a reação dos escravos não se dava Mesmo assim, as reduções ficaram arrasadas e
apenas por atos de ruptura radical com o seus habitantes tiveram de se deslocar, desta vez
sistema; havia diversas formas de resistência para além do rio Uruguai. Os rebanhos que eram
143

criados em Tape espalharam-se e reproduziu-se sábados, comer em mesa baixa, etc.


livremente nas pastagens naturais, dando origem Caso o inquisidor se convencesse da
a Vacaria del Mar, manadas de gado selvagem "culpa", o indivíduo era condenado a penas q iam
que se encontraram no atual do Rio Grande do de simples penitências (assistir missa de pé,
Sul e no Uruguai. Ao final do século, jesuítas e rezar terços de joelhos, etc.) à execução na
índios atravessaram mais uma vez a região, fogueira.
fundando os chamados "Sete Povos das As religiões africanas foram também
Missões". proibidas e desqualificadas, reduzidas à mera
No Norte, além das incursões dos feitiçaria.
temidos paulistas, as reduções enfrentaram o Em linhas gerais, a Igreja Católica agiu
assédio dos colonos da própria região. Após uma na defesa de seus interesses e crenças. Foi
série de conflitos entre jesuítas e colonos laicos, intolerante com as diferenças, mas heróica na
em 1684 iniciou-se a Revolta de Beckman, na luta contra a escravidão indígena.
quais senhores de engenho tomaram o poder no
Maranhão e expulsaram os membros da L - O Período Joanino (1808-1821)
Companhia de Jesus. Os colonos alegavam e os
jesuítas impediam a escravização dos nativos e a A fuga da família real de Portugal
Companhia do Comércio do Estado do Maranhão, transformou o Brasil na sede político-
criada em 1682, não supria suficientemente a administrativa do Império luso. Tinha início à luta
região com escravos africanos. Os irmãos da população portuguesa, que, graças ao apoio
Beckman foram enforcados e muitos participantes inglês, venceu diversas vezes as tropas invasoras
foram degradados para outras partes do império napoleônicas, impossibilitando sua efetiva vitória
português. e ocupação integral do território luso.
Uma verdadeira campanha de A frota que trazia a família real
extermínio dos índios janduís contou com a portuguesa aportou em salvador a 22 de janeiro
participação dos paulistas. Aliados dos de 1808, seguindo depois para o Rio de Janeiro.
holandeses, os janduís mantiveram hostilidades Ainda em Salvador, dias depois de sua chegada,
com os portugueses, sendo liquidados por D. João decretou a abertura dos portos às nações
sucessivas incursões que contaram com a amigas.
presença de Domingos Jorge Velho e Matias Esta medida punha fim ao Pacto
Cardoso de Almeida. colonial que prendia o Brasil exclusivamente a
Portugal. Se o Brasil não estava mais preso à
Com relação à presença protestante metrópole pelo Pacto Colonial, na prática não era
no Brasil colônia, podemos destacar dois mais uma colônia.
movimentos: de 1555 a 1560, quando o almirante Portanto, podemos afirmar que nosso
francês Nicolau de Villegaignon fundou uma país ficou oficialmente independente de Portugal
colônia huguenote (calvinista) no Rio de Janeiro em 1822, mas, na prática, deixou de ser colônia
("França Antártica") e de 1630 a 1654, quando em 1808, quando ganhou o direto de
Pernambuco esteve sob domínio dos holandeses comercializar com o resto do mundo.
huguenotes. Nesse último caso destacada Ainda em 1808, D. João também
também a plena liberdade religiosa garantida revogou a proibição, imposta em 1785, de se
pelos holandeses. instalarem indústrias no Brasil. Tal medida, no
A despeito dessas manifestações entanto, não foi suficiente para promover um
protestantes, a maior preocupação na Igreja surto manufatureiro na colônia dado a
católica no período colonial sempre foi coibir o impossibilidade de nossos produtos concorrerem
judaísmo. com a poderosa e capacitada indústria inglesa,
Muitos judeus ibéricos haviam se que abastecia o mercado brasileiro com
convertido à força, ao catolicismo. Eram abundância de produtos a baixos preços.
chamados "cristãos-novos". Perseguidos na Em seguida, ampliando ainda mais
Europa migraram para o Brasil. seu predomínio econômico sobre o Brasil, a
Para garantir que esses "cristãos- Inglaterra obrigou Portugal a assinar os tratados
novos" não voltassem a praticar o judaísmo, de 1810, entre os quais destacaram o tratado de
Portugal enviou para a colônia o "Visitador do comércio e navegação e o tratado de Aliança e
Santo Ofício". Amizade. Esses acordos garantiam à Inglaterra
Este inquisidor esteve no Brasil em privilégios na venda de seus produtos ao Brasil,
diversas oportunidades para combater as que pagavam 15% de imposto de importação,
heresias (especialmente o judaísmo) e zelar pela enquanto as mercadorias portuguesas pagariam
fé e moral dos católicos da colônia. 16% e as dos demais países, 24%. Os ingleses
Esses momentos eram de terror e superavam os próprios portugueses nos
insegurança. Detalhes sutis revelavam a "falta" ao privilégios comerciais sobre o Brasil.
"visitador": recusar-se comer carne de porco, não D. João transformou o Rio de Janeiro
ir a missa aos domingos, vestir roupas limpas aos na capital do império luso e quis dar à cidade um
144

ar europeu, digno da sede de uma monarquia. Brasil se separar, antes seja para ti, que hás de
Para isso, criou órgãos públicos, como ministério respeitar, do que para algum desses
e tribunais, e fundou a Casa da Moeda e o Banco aventureiros".
do Brasil. Também buscou estimular a produção As cortes portuguesas, de um lado,
artística, científica e cultural através da criação do defendiam o liberalismo em Portugal,
Jardim Botânico, e das escolas de medicina da reformulando a estrutura política lusa segundo os
Bahia e do Rio de Janeiro, do Teatro Real, da princípios europeus; de outro, no entanto,
Imprensa Real, da Academia Real Militar, da vislumbravam que a solução para suas
Academia Real de Belas Artes, da Biblioteca dificuldades econômicas passava pelo
Real, além de patrocinar a vinda de artistas restabelecimento do pacto colonial. Para isso,
europeus que retratassem a paisagem e procuraram instituir medidas visando à
costumes brasileiros. recolonização do Brasil, como restaurar antigos
Na política externa, D. João conquistou o monopólios, reimplantar privilégios portugueses e
Uruguai, transformando-o na Província Cisplatina, anular a autonomia a administrativa representada
estendendo as fronteiras brasileiras até o rio da pelos diversos órgãos criados por D. João
Prata. Somente em 1828 o Uruguai conseguiria a durante sua permanência no Rio de Janeiro e
sua independência, separando-se do Brasil. pela regência do príncipe D. Pedro. Ordens
Em fevereiro de 1815, o Brasil foi vindas de Lisboa promoveram a transferência de
elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e várias repartições governamentais e exigiram o
Algarves, deixando oficialmente de ser colônia, imediato regresso de D. Pedro a Portugal, sob a
medida acertada no Congresso de Viena, reunião justificativa de que era preciso completar sua
das potências que venceram Bonaparte. Com formação cultural.
isso, buscou-se restabelecer o equilíbrio de forças Tais medidas foram mal-recebidas
na Europa e legitimar a permanência de D. João pelos brasileiros, que perceberam as reais
no Rio de Janeiro. intenções das cortes de Lisboa e não estavam
O aumento das despesas, oriundo da dispostos a retornar à situação anterior a 1808.
presença da corte portuguesa no Brasil, acarretou Tudo isso acelerou o processo de ruptura entre
crescente tributação sobre a população brasileira, Brasil e Portugal.
o que somado ao anseio de liberdade política e
às dificuldades econômicas vivenciadas pelo
Nordeste, detonou, em 1817, a insurreição LEITURA COMPLEMENTAR
Pernambucana, violentamente esmagada pelas
tropas governamentais. 1. O Tratado de Methuen
No ano seguinte, faleceu a rainha D.
Maria I e o príncipe-regente foi coroado rei, com
título de D. João VI. "O Artigo 1°- Sua Sarada Majestade
Enquanto isso, em Portugal, mesmo E1- Rei de Portugal promete, tanto em seu
com a expulsão dos franceses, ampliavam-se próprio nome como nos dos Seus Sucessores,
cada vez mais com as dificuldades econômicas e, admitir para sempre de aqui em diante, no Reino
dada a ausência do monarca, o governo local era de Portugal, os panos de lã e mais fábricas de
exercido efetivamente pelo comandante militar lanifício da Inglaterra, como era costume até o
inglês, Lord Beresford. Essa situação e a difusão tempo em que foram proibidos pelas leis, não
intensa dos ideais iluministas determinaram a obstante qualquer condição em contrário.
eclosão, na cidade do Porto, em 1820, de uma
revolução liberal. A luta anti- absolutista, ganhava Artigo 2°- É estipulado que Sua
força na Europa e os princípios constitucionais Sagrada e Real Majestade Britânica, em seu
eram proclamados vários pontos do continente. próprio nome e de seus sucessores, será
Em Portugal, os rebeldes do Porto decidiram pela obrigada para sempre, de aqui em diante, de
convocação das Cortes, Assembléia encarregada admitir na Grã-Bretanha os vinhos de produtos de
de redigir uma Constituição para Portugal. Ao Portugal, de sorte que em tempo algum ( haja paz
mesmo tempo, exigiram o imediato regresso de ou guerra entre os Reinos da Inglaterra e da
D. João VI e o afastamento de Beresford. França) não se poderá exigir direitos
O sucesso da Revolução Liberal do alfandegários nestes vinhos, debaixo de qualquer
Porto e o receio de perder a Coroa obrigaram D. outro título direta ou indiretamente, ou sejam
João VI a retornar a Portugal em abril de 1821, transportados pela Inglaterra em pipas, tonéis ou
deixando seu filho D. Pedro como príncipe- qualquer vasilha que seja, mais que se costuma
regente do Brasil. pedir para igual quantidade ou medida de vinho
Antes de partir, pressentindo a possibilidade de de França, diminuindo ou abatendo uma terça
Brasil se separar de Portugal, D. João VI parte do direito de costume. (...)
aconselha D. Pedro a assumir a liderança de um
movimento caso os brasileiros se manifestassem Artigo 3°- O Exmo. Senhores
pela independência, dizendo ao filho: "Pedro, se o Plenipotenciários prometem e tomam entre si,
145

que Seus Amos acima mencionados, retificarão Hei por bem ordenar, que todas as Fábricas,
este tratado, e que dentro de termo de dois Manufaturas, ou Teares de Galões, de Tecidos,
meses se passarão as ratificações. ou de Bordados de Ouro, e Prata: de Veludo,
17 de Brilhantes, Cetins, Tafetás, ou de outra qualquer
Dezembro de 1703". de Seda; de Belbutes, Chitas, Bombazinas,
Fustões, ou de outra qualquer qualidade de
Fazenda de algodão, ou de linho branca ou de
2. O Ouro Brasileiro e a Revolução cores (...)excetuando-se tão-somente aqueles dos
Industrial ditos teares e manufaturas, em que se tecem ou
manufaturam, Fazendas grossas de algodão, que
“A partir de 1750-60, a produção servem para o uso, e vestuário dos negros, para
mineradora começou a declinar”. Tal mudança enfardar, e empacotar Fazendas, e para outros
articulada a outros elementos determinou a ministérios abolidas em qualquer parte onde se
retomada da política colbertista durante a acharem nos Meus Domínios do Brasil (...) dado
administração do Marquês de Pombal, secretario no Palácio de Nossa Senhora da Ajuda, em 5 de
de estado de D. José 1. Janeiro de 1785".
Com o objetivo de libertar a economia
portuguesa da dominação britânica e tornar mais
autônomo o Estado Português, Pombal tomou 4. A Organização Social dos Engenhos
medidas muito severas para impedir a evasão de
capitais: protecionismo alfandegário, estimulou às "A estrutura social da área de
manufaturas, companhias de comércio, instalação produção açucareira constituiu-se em um
de refinarias de açúcar, abolição de escravidão exemplo clássico das formas de dominação
em Portugal, para aumentar o mercado de colonialista. O engenho e ao organismo social
consumo. Todas essas iniciativas foram impostas que formava a base do poder econômico, jurídico-
mercê de um enrijecimento das práticas político e ideológico desse setor da classe
repressivas do Estado, que atingiram os setores produtora escravista.
sociais oposicionistas. No entanto, a partir de A propriedade do engenho
1777 quando passou a governar D Maria 1, a assegurava ao seu beneficiário principal o uso
pressão inglesa articulada ao grupo mercantil e à pleno e livre disposição sobre os meios de
classe feudal portuguesa, determinou um novo produção com a sua respectiva expressão de
abandono do colbertismo e a restauração dos legitimidade jurídica. O poder conferido pela
dispositivos do Tratado de Methuen. Essa capacidade de acionamento daquele organismo
mudança teve o nome popular de A Viradeira. O social, permitia ao senhor de engenho impor a
tratado de Methuen legalizou uma saída sua dominância aos demais grupos subordinados:
constante de capitais de Portugal para a plantadores de cana, moradores, trabalhadores
Inglaterra. O ouro e o diamante brasileiro assalariados, escravos e prestadores de serviços.
sustentaram as importações de produtos ingleses O engenho, portanto, era uma estrutura complexa
e promoveram uma acumulação primitiva de cuja importância não se reduzia apenas às suas
capital que permitiu à burguesia manufatureira funções produtivas. Como organismo social que
britânica aplicar recursos em inovações técnicas articulava meios de produção, trabalhadores
de que resultou a Revolução Industrial". diretos e não diretos, proprietários subordinados,
posseiros e agentes não-produtivos, o engenho
era uma expressão do poder jurídico político-
3. Alvará de 1785 militar. O poder, como relação social mais ampla
do que a propriedade articulava diversos
"Eu, a Rainha, faço saber aos que aspectos da divisão social do trabalho, referentes
este alvará virem: Que sendo-me presente o à sua instância coatora. Assim é que os
grande número de fábricas, Manufatureiras, de elementos de um engenho estavam submetidos a
que alguns anos a esta parte se tem difundido em um código doméstico, verdadeiro direito
diferentes capitanias do Brasil, com grave costumeiro, além dos regimentos que
prejuízo da cultura e da lavoura, e da exploração organizavam as relações com os escravos. Na
das Terras Mineiras daquele vasto continente; por prática, a atuação destes procedimentos jurídicos
que havendo Nele uma grande, e conhecida falta particulares possuíam uma eficácia que excedia
de População, é evidente que quanto mais se de muito a das distantes Ordenações do Reino".
multiplicar o número dos Fabricantes mais
diminuirá o dos Cultivadores,e menos braços
haverá, se possam empregar no descobrimento e
rompimento de uma grande parte daqueles
extensos domínios, que ainda se acha inculta e LEITURAS COMPLEMENTARES E
desconhecida (...) EXERCÍCIOS
Em consideração de tudo o referido:
146

com a perda de seus domínios no Oriente e na


: MINEIRAÇÃO NO BRASIL COLONIAL África, após 60 anos de domínio espanhol
durante a União Ibérica (1580-1640).
Dos vários tratados que comprovam a crescente
INTRODUÇÃO dependência portuguesa em relação à Inglaterra,
destaca-se o Tratado de Methuem (Panos e
Desde o final do século XVI na capitânia Vinhos) em 1703, pelo qual Portugal é obrigado a
de São Vicente, o Brasil já tinha conhecido uma adquirir os tecidos da Inglaterra e essa, os vinhos
escassa exploração mineral do chamado ouro de portugueses. Para Portugal, esse acordo liquidou
lavagem, que em razão da baixa rentabilidade, foi com as manufaturas e agravou o acentuado
rapidamente abandonada. Somente no século déficit na balança comercial, onde o valor das
XVIII é que a mineração realmente passou a importações (tecidos ingleses) irá superar o das
dominar o cenário brasileiro, intensificando a vida exportações (vinhos). É importante notar que o
urbana da colônia, além de ter promovido uma Tratado de Methuem ocorreu alguns anos depois
sociedade menos aristocrática em relação ao da descoberta das primeiras grandes jazidas de
período anterior, representado pelo ruralismo ouro em Minas Gerais, e que bem antes de sua
açucareiro. assinatura as importações inglesas já arruinavam
as manufaturas portuguesas. O tratado, deve ser
considerado assim, bem mais um ponto de
chegada do que de começo, em relação ao
domínio econômico inglês sobre Portugal.

A RIGIDEZ FISCAL

Nesse mesmo período, em que na


América espanhola o esgotamento das minas irá
provocar uma forte elevação no preço dos
produtos, o Brasil assistia a passagem da
economia açucareira para mineradora, que ao
contrário da agricultura e de outras atividades,
como a pecuária, foi submetida a uma rigorosa
disciplina e fiscalização por parte da metrópole.
Já por ocasião do escasso e pobre ouro de
lavagem achado desde o século XVI em São
Vicente, tinha-se promulgado um longo
regulamento estabelecendo-se a livre exploração,
embora submetida a uma rígida fiscalização,
onde a coroa reservava-se no direito ao quinto, a
quinta parte de todo ouro extraído. Com as
descobertas feitas em Minas Gerais na região de
(O mapa foi tirado do livro Nova História Crítica Vila Rica, a antiga lei é substituída pelo
do Brasil de Mário Schmidt da editora Nova Regimento dos Superintendentes, Guardas-
Geração) mores e Oficiais Deputados para as Minas de
Ouro, datada de 1702. Esse regimento se
manteria até o término do período colonial,
apenas com algumas modificações.
A mineração, marcada pela extração de
ouro e diamantes nas regiões de Goiás, Mato
Grosso e principalmente Minas Gerais, atingiu o
apogeu entre os anos de 1750 e 1770,
justamente no período em que a Inglaterra se
industrializava e se consolidava como uma
potência hegemônica, exercendo uma influência
econômica cada vez maior sobre Portugal.

CONTEXTO EUROPEU:
INGLATERRA/PORTUGAL

Em contrapartida ao desenvolvimento
econômico da Inglaterra, Portugal enfrentava
enormes dificuldades econômicas e financeiras
147

o ouro sob outra forma -- em pó, em pepitas ou


em barras não marcadas -- era rigorosamente
punida, com penas que iam do confisco dos bens
do infrator, até seu degredo perpétuo para as
colônias portuguesas na África. Como o ouro era
facilmente escondido graças ao seu alto valor em
pequenos volumes, criou-se a finta, um
pagamento anual fixo de 30 arrobas, cerca de
450 quilos de ouro que o quinto deveria
necessariamente atingir, sob pena de ser
decretada a derrama, isto é, o confisco dos bens
do devedor para que a soma de 100 arrobas
fosse completada. Posteriormente ainda foi criada
a taxa de capitação , um imposto fixo, cobrado
(Ouro Preto, antiga Vila Rica) por cada escravo que o minerador possuísse.
Para o historiador Caio Prado Júnior, "cada vez
que se decretava uma derrama, a capitania,
O sistema estabelecido era o seguinte: atingida entrava em polvorosa. A força armada se
para fiscalizar dirigir e cobrar o quinto nas áreas mobilizava, a população vivia sobre o terror;
de mineração criava-se a Intendência de Minas, casas particulares eram violadas a qualquer hora
sob a direção de um superintendente em cada do dia ou da noite, as prisões se multiplicavam.
capitania em que se descobrisse ouro, Isto durava não raro muitos meses, durante os
subordinado diretamente ao poder metropolitano. quais desaparecia toda e qualquer garantia
O descobrimento das jazidas era pessoal. Todo mundo estava sujeito a perder de
obrigatoriamente comunicado ao superintendente uma hora para outra seus bens, sua liberdade,
da capitania que requisitava os funcionários quando não sua vida. Aliás as derramas tomavam
(guarda-mores) para que fosse feita a caráter de violência tão grande e subversão tão
demarcação das datas, lotes que seriam grave da ordem, que somente nos dias áureos da
posteriormente distribuídos entre os mineradores mineração se lançou mão deles. Quando começa
presentes. O minerador que havia descoberto a a decadência, eles se tornam cada vez mais
jazida tinha o direito de escolher as duas espaçados, embora nunca mais depois de 1762 o
primeiras datas, enquanto que o guarda-mor quinto atingisse as 100 arrobas fixadas. Da última
escolhia uma outra para a Fazenda Real, que vez que se projetou uma derrama (em 1788), ela
depois a vendia em leilão. A distribuição dos lotes teve de ser suspensa à última hora, pois
era proporcional ao número de escravos que o chegaram ao conhecimento das autoridades
minerador possuísse. Aqueles que tivessem mais notícias positivas de um levante geral em Minas
de 12 escravos recebiam uma "data inteira", que Gerais, marcado para o momento em que fosse
correspondia a cerca de 3 mil metros quadrados. iniciada a cobrança (conspiração de Tiradentes)."
Já os que tinham menos de doze escravos
recebiam apenas uma pequena parte de uma A EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS
data. Os demais lotes eram sorteados entre os Havia duas formas de extração aurífera: a
interessados que deviam dar início à exploração lavra e a faiscação. As lavras eram empresas
no prazo de quarenta dias, sob pena de perder a que, dispondo de ferramentas especializadas,
posse da terra. A venda de uma data era somente executavam a extração aurífera em grandes
autorizada, na hipótese devidamente comprovada jazidas, utilizando mão-de-obra de escravos
da perda de todos os escravos. Neste caso o africanos. O trabalho livre era insignificante e o
minerador só podia receber uma nova data índio não era empregado. A lavra foi o tipo de
quando obtivesse outros trabalhadores. A extração mais freqüente na fase áurea da
reincidência porém, resultaria na perda definitiva mineração, quando ainda existia recurso e
do direito de receber outro terreno. produção abundantes, o que tornou possível
A cobrança do quinto sempre foi vista pelos grandes empreendimentos e obras na região.
mineradores como um abuso fiscal, o que
resultava em freqüentes tentativas de sonegação,
fazendo com que a metrópole criasse novas
formas de cobrança.

A partir de 1690 são criadas as Casas de


Fundição, estabelecimentos controlados pela
Fazenda Real, que recebiam todo ouro extraído,
transformando-o em barras timbradas e
devidamente quintadas, para somente depois,
devolve-las ao proprietário. A tentativa de utilizar
148

estabelecido um sistema de exclusividade na


exploração de diamantes para um único
contratador. O primeiro deles em 1740, foi o
milionário João Fernandes de Oliveira, que se
apaixonou pela escrava Chica da Silva, tornando-
a uma nobre senhora do Arraial do Tijuco.
Devido ao intenso contrabando e sonegação,
como também ao elevado valor do produto, a
metrópole decretou a Extração Real em 1771,
representando o monopólio estatal sobre o
diamante, que vigorou até 1832.

(extração aurífera) DESDOBRAMENTOS: SOCIEDADE E


CULTURA
A faiscação era a pequena extração
representada pelo trabalho do próprio garimpeiro, O ciclo do ouro e do diamante foi
um homem livre de poucos recursos que responsável por profundas mudanças na vida
excepcionalmente poderia contar com alguns colonial. Em cem anos a população cresceu de
ajudantes. No mundo do garimpo o faiscador é 300 mil para, aproximadamente, 3 milhões de
considerado um nômade, reunindo-se às vezes pessoas, incluindo aí, um deslocamento de 800
em grande número, num local franqueado a mil portugueses para o Brasil. Paralelamente foi
todos. Poderiam ainda ser escravos que, se intensificado o comércio interno de escravos,
encontrassem uma quantidade muito significativa chegando do Nordeste cerca de 600 mil negros.
de ouro, ganhariam a alforria. Também conhecida Tais deslocamentos representam a transferência
como faisqueira, tal atividade se realizava do eixo social e econômico do litoral para o
principalmente em regiões ribeirinhas. De uma interior da colônia, o que acarretou na própria
maneira ou de outra, a faiscação sempre existiu mudança da capital de Salvador para o Rio de
na mineração aurífera da colônia tornando-se Janeiro, cidade de mais fácil acesso à região
mais intensa com a própria das minas, surgindo mineradora. A vida urbana mais intensa viabilizou
então o faiscador que aproveita as áreas também, melhores oportunidades no mercado
empobrecidas e abandonadas. Este cenário interno e uma sociedade mais flexível,
torna-se mais comum pelos fins do século XVIII, principalmente se contrastada com o imobilismo
quando a mineração entra num processo de da sociedade açucareira.
franca decadência.
Embora mantivesse a base escravista, a
A EXTRAÇÃO DE DIAMANTES sociedade mineradora diferenciava-se da
açucareira, por seu comportamento urbano,
A extração mineral não se restringiu apenas ao menos aristocrático e intelectualmente mais
ouro. O século XVIII também conheceu o evoluído. Era comum no século XVIII, ser grande
diamante, no vale do rio Jequitinhonha, sendo minerador e latifundiário ao mesmo tempo.
que durante muito tempo, os mineradores que só Portanto, a camada socialmente dominante era
viam a riqueza no ouro, ignoraram o valor desta mais heterogênea, representada pelos grandes
pedra preciosa, utilizada inclusive como ficha proprietários de escravos, grandes comerciantes
para jogo. e burocratas. A novidade foi o surgimento de um
Somente após três décadas que o grupo intermediário formado por pequenos
governador das Gerais, D. Lourenço de Almeida, comerciantes, intelectuais, artesãos e artistas que
enviou algumas pedras para serem analisadas viviam nas cidades.
em Portugal, que imediatamente aprovou a O segmento abaixo era formado por homens
criação do primeiro Regimento para os livres pobres (brancos, mestiços e negros
Diamantes, que estabeleceu como forma de libertos), que eram faiscadores, aventureiros e
cobrar o quinto, o sistema de capitação sobre biscateiros, enquanto que a base social
mineradores que viessem a trabalhar naquela permanecia formada por escravos que em
região. meados do século XVIII, representavam 70% da
O principal centro de extração da valiosa população mineira.
pedra, foi o Arraial do Tijuco, hoje Diamantina em Para o cotidiano de trabalho dos
Minas Gerais, que em razão da importância, foi escravos, a mineração foi um retrocesso, pois
elevado à categoria de Distrito Diamantino, com apesar de alguns terem conseguido a liberdade, a
fronteiras delimitadas e um intendente grande maioria passou a viver em condições bem
independente do governador da capitânia, piores do que no período anterior, escavando em
subalterno apenas à coroa portuguesa. verdadeiros buracos onde até a respiração era
A partir de 1734, visando um maior dificultada. Trabalhavam também na água ou
controle sobre a região diamantina, foi atolados no barro no interior das minas. Essas
149

condições desumanas resultam na organização Na segunda metade do século XVIII, a


de novos quilombos, como do rio das Mortes, em mineração entra em decadência com a
Minas Gerais, e o de Carlota, no Mato Grosso. paralisação das descobertas. Por serem de
Com o crescimento do número de pequenos e aluvião o ouro e diamantes descobertos eram
médios proprietários a mineração gerou uma facilmente extraídos, o que levou a uma
menor concentração de renda, ocorrendo exploração constante, fazendo com que as
inicialmente um processo inflacionário, seguido jazidas se esgotassem rapidamente. Esse
pelo desenvolvimento de uma sólida agricultura esgotamento deve-se fundamentalmente ao
de subsistência, que juntamente com a pecuária, desconhecimento técnico dos mineradores, já que
consolidam-se como atividades subsidiárias e enquanto a extração foi feita apenas nos veios
periféricas. (leitos dos rios), nos tabuleiros (margens) e nas
A acentuação da vida urbana trouxe grupiaras (encostas mais profundas) a técnica,
também mudanças culturais e intelectuais, apesar de rudimentar, foi suficiente para o
destacando-se a chamada escola mineira, que se sucesso do empreendimento. Numa quarta etapa
transformou no principal centro do Arcadismo no porém, quando a extração atinge as rochas
Brasil. São expoentes as obras esculturais e matrizes, formadas por um minério extremamente
arquitetônicas de Antônio Francisco Lisboa, o duro (quartzo itabirito), as escavações não
"Aleijadinho", em Minas Gerais e do Mestre conseguem prosseguir, iniciando o declínio da
Valentim, no Rio de Janeiro. economia mineradora. Como as outras atividades
eram subsidiárias ao ouro e ao diamante, toda
economia colonial entrou em declínio. Sendo
assim, a primeira metade do século XIX será
representada pelo Renascimento Agrícola, fase
economicamente transitória, marcada pela
diversificação rural (algodão, açúcar, tabaco,
cacau e café), que se estenderá até a
consolidação da monocultura cafeeira, iniciada
por volta de 1870 no Vale do Paraíba.
A suposta riqueza gerada pela mineração não
permaneceu no Brasil e nem foi para Portugal. A
dependência lusa em relação ao capitalismo
inglês era antiga, e nesse sentido, grande parte
das dívidas portuguesas, acabaram sendo pagas
com ouro brasileiro, o que viabilizou ainda mais,
uma grande acumulação de capital na Inglaterra,
indispensável para o seu pioneirismo na
Revolução Industrial.

SOCIEDADE COLONIAL E A AÇÃO DA


IGREJA

ANTECEDENTES:
- Sociedade Açucareira: localizada
no Nordeste, litorânea, rural, escravista, com
pouca mobilidade social, relativamente pouco
numerosa.
escultura de Aleijadinho em Sabará (Igreja Nossa - Sociedade Mineradora:
Senhora do Carmo) Localizada no Sudeste, interiorana, vilana,
escravista, com considerável mobilidade social e
bastante numerosa.
- Composição: Grandes
Na música destaca-se o estilo sacro Proprietários, clérigos, índios, escravos, homens
barroco do mineiro José Joaquim Emérico Lobo livres pobres, profissionais liberais.
de Mesquita, além da música popular - O período das expansões
representada pela modinha e pela cantiga de marítimas, foi contemporâneo ao movimento da
ninar de origem lusitana e pelo lundu de origem Reforma Protestante. Um dos efeitos e reflexos
africana. da Reforma Católica (Contra Reforma) foi à
catequese, trabalho de “conversão de almas” com
destaque para os Jesuítas e seus trabalhos junto
A DECADÊNCIA DO PERÍODO a povos nativos da América por meio das Missões
(Aldeamentos) e da Companhia de Jesus.
150

- No Brasil, os Jesuítas não só - Ao passo que ia conquistando um


exerceram o papel de doutrinação religiosa, mas novo espaço (mesmo que tímido) dentro da
também em relação à educação (inicialmente sociedade colonial, ia trazendo influências
para os índios e mais tarde para os filhos dos culturais que acabavam se incorporando a
Senhores). transformando a sociedade. Nota-se no Brasil
- No trabalho com os indígenas uma formação sócio-cultural, oriunda da fusão de
ensinavam/ doutrinavam, na alteração de três padrões culturais distintas gerando uma
comportamentos e costumes, humildade e cultura híbrida marcada por equilíbrio de
submissão às autoridades, aos reis e o temor a antagonismos entre distintas culturas (a indígena,
Deus. QUEBRA DA IDENTIDADE CULTURAL a africana e a européia).
INDÍGENA.
- Se por um lado a Igreja buscava A CONDUÇÃO DA VIDA FAMILIAR EM
no índio o aumento do seu número de almas, MINAS GERAIS:
para os colonos os índios serviam potencialmente - A condução da vida familiar em
como mão de obra. Deste modo no seu papel Minas era de dar “arrepios” a qualquer membro
colonizador, a Igreja exerceu um papel “protetor”, do clero, muitos dos relacionamentos tidos pelos
opondo-se a escravidão indígena. moradores da capitania como familiares, nem
- O “projeto” colonizador brasileiro sempre se aproximavam da concepção formal
foi conduzido em parceria com a Igreja Católica. religiosa de “familiar”. Os relacionamentos
compostos muitas vezes por relações não formais
O NEGRO, A MÃO DE OBRA E A perante a Igreja: concubinato; relacionamentos
ESCRAVIDÃO: inter-raciais, face ao pequeno número de
- A montagem do sistema colonial mulheres brancas para compor matrimônio e
brasileiro acompanhou os ideais mercantilistas “família legítima”.
portugueses, principalmente no que diz respeito - A falta de mulheres brancas
ao enriquecimento metropolitano, produção portuguesas vai inevitavelmente levar a uma
agrícola voltada para o abastecimento e miscigenação, ocasionada pelos inúmeros
exportação para o mercado externo (cana), relacionamentos entre os portugueses com índias
necessitando de grandes unidades produtivas e negras, ou como diria Gilberto Freire “os
(latifúndios) e grande contingente de mão de obra brancos procurarão o colo das negras e índias
(trabalho compulsório indígena/ escravo). para encontrar afagos que não podem ter com
- Logo no início da Expansão mulheres brancas portuguesas”.
Marítima portuguesa pela costa Africana, iniciam- - Não só os membros da Igreja
se violentas guerras de conquista e submissão como também os administradores do Estado viam
dos povos. A conquista do território africano no tipo de sociedade que se formava, urbana,
assegurava grandiosos lucros com o tráfico muitas vezes móvel e pouco apegada a valores
negreiro e garantindo o fornecimento da mão de como matrimônio e família, um possível futuro
obra necessária. problema de ordem política e social.
- Tão logo desembarcavam na - Somente após a montagem do
colônia, os negros – agora na condição de aparelho administrativo e urbano estatal é que
escravos- eram vendidos em feiras e mercados será possível iniciar uma série de mudanças
como força de trabalho. Eram batizados moralizantes de controle social: estímulo a
recebendo nomes cristãos, sendo os membros matrimônios formais; reivindicação à Coroa por
familiares separados. Já nas unidades produtoras mais mulheres brancas (preocupação de uma
eram agrupadas em senzalas, trabalhando nas manutenção de um extrato branco dominador
lavouras e nas atividades domésticas. para manter as relações típicas e tendenciosas
* QUEBRA DA IDENTIDADE entre colônia e metrópole).
CULTURAL NEGRA AFRICANA.
- Na sociedade mineradora, o
IGREJA E VIDA FAMILIAR:
grande fluxo de pessoas que acompanhavam as
descobertas de ouro, proporcionou alterações nas - O projeto colonizador do Estado
relações sociais bem como as possibilidades de contou com o apoio a Igreja que compartilhava
ascensão, principalmente no que diz respeito às dos mesmos ideais moralizantes e buscava
relações te trabalho. firmar-se institucionalmente. Para difusão dos
- O negro mesmo mantendo sua sacramentos o destaque para os casamentos,
condição de escravo, dentro de um meio social capaz de conter os pecados da carne, criar laços
mais complexo, pode experimentar novas afetivos com a terra/mulher e filhos, afastar a
relações de trabalho que pudesse alterar sua luxúria, tudo devido o seu caráter “indissolúvel e
posição social: estável” segundo a visão do clero.
 Brecha Camponesa; escravos de Havia, no entanto, dois problemas, o
ganho; irmandades leigas; compra de alforrias; primeiro seria o combate às práticas ilegítimas de
uniões inter-raciais; etc. relacionamentos, e segundo as dificuldades de
151

ordem burocrática e onerosa para a realização do moradores, dos quais 65 andavam homiziados*.
casamento que a população altamente móvel e *homiziados: escondidos da justiça Nelson
pobre não podia arcar. Os párocos locais Werneck Sodré. Formação histórica do Brasil.
detinham grande poder de influência para tal São Paulo: Brasiliense, 1964. Na época da
tarefa, seja excomungando, proibindo a presença invasão holandesa, Olinda era a capital e a
em missas ou não oficializando casamentos. Mas, cidade mais rica de Pernambuco. Cerca de 10%
contudo foi a imoralidade de parte do clero e seu da população, calculada em aproximadamente
constante desgaste com os fiéis, aliado às 2.000 pessoas, dedicavam-se ao comércio, com o
dificuldades de facilitar o acesso ao matrimônio, qual muita gente fazia fortuna. Cronistas da
que acabou afastando cada vez mais o projeto da época afirmavam que os habitantes ricos de
família legítima cristã, nota-se que a força do Olinda viviam no maior luxo. Hildegard Féist.
cotidiano venceu o projeto das instituições. Pequena história do Brasil holandês. São Paulo:
Moderna, 1998 (com adaptações).
EXERCÍCIOS: ENEM Os textos acima retratam,
respectivamente, S縊 Paulo e Olinda no inicio do
1) século XVII, quando Olinda era maior e mais rica.
Os tropeiros foram figuras decisivas na S縊 Paulo ・ atualmente, a maior metrópole
formação devilarejos e cidades do Brasil colonial. brasileira e uma das maiores do planeta. Essa
A palavra tropeiro vem de "tropa" que, no mudanças deveu-se, essencialmente, ao seguinte
passado, se referia ao conjunto de homens que fator econômico:
transportava gado e mercadoria. Por volta do A) maior desenvolvimento do cultivo da
século XVIII, muita coisa era levada de um lugar a cana-de-açucar no planalto de Piratininga do que
outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou na Zona da Mata Nordestina.
associado à atividade mineradora, cujo auge foi a B) atraso no desenvolvimento econômico
exploração de ouro em Minas Gerais e, mais da região de Olinda e Recife, associado
tarde, em Goiás. A extração de pedras preciosas escravidão, inexistente em São Paulo.
também atraiu grandes contingentes C) avanço da construção naval em S縊
populacionais para as novas áreas e, por isso, Paulo, favorecido pelo comércio dessa cidade
era cada vez mais necessário dispor de alimentos com as índias.
e produtos básicos. A alimentação dos tropeiros D) desenvolvimento sucessivo da
era constituída por toucinho, feijão preto, farinha, economia mineradora, cafeicultora e industrial no
pimenta-do-reino, café, fubá e coité Sudeste.
(um molho de vinagre com fruto cáustico E) destruição do sistema produtivo de
espremido). Nos pousos, os tropeiros comiam algodão em Pernambuco quando da ocupação
feijão quase sem molho com pedaços de carne holandesa.
de sol e toucinho, que era servido com farofa e
couve picada. O feijão tropeiro é um dos pratos
típicos da cozinha mineira e recebe esse nome
porque era preparado pelos cozinheiros das 1 - (UFSC) A eclosão da chamada guerra
tropas que conduziam o gado. Disponível em dos Emboabas (1708-1709) decorreu de vários
ttp://www.tribunadoplanalto.com.br. Acesso em: fatores, podendo ser relacionada, em parte, com
27 nov. 2008. a
A) criação do feijão tropeiro na culinária
brasileira está relacionada à a) atividade a) Nomeação de Manuel Nunes Viana,
comercial exercida pelos homens que paulista de grande prestígio, para a capitania das
trabalhavam nas minas. Minas de Ouro.
b) atividade culinária exercida pelos b) Proibição aos Emboabas de
moradores cozinheiros que viviam nas regiões exercerem atividades comerciais na região das
das minas. minas.
c) atividade mercantil exercida pelos c) Decisão da Câmara de São Paulo,
homens que transportavam gado e mercadoria. que desejava que as datas fossem exploradas
d) atividade agropecuária exercida pelos apenas por elementos dessa vila e seus
tropeiros que necessitavam dispor de alimentos. arredores.
e) atividade mineradora exercida pelos d) Separação político-administrativa da
tropeiros no auge da exploração do ouro. capitania de São Paulo e Minas do Ouro.
e) Convulsão social promovida pela
2) intensificação da atividade apresadora de índios
No princípio do século XVII, era bem pelos bandeirantes.
insignificante e quase miserável a Vila de São
Paulo. João de Laet davalhe 200 habitantes, 2 - (SANTA CASA-SP) A chamada
entre portugueses e mestiços, em 100 casas; a C Guerra dos Mascates decorreu, entre outros
穃ara, em 1606, informava que eram 190 os fatores, do fato de
152

“República de Pernambuco” perante o governo


a) Recife não possuir prestígio político, inglês.
apesar de sua expressão econômico-financeira. d) O governador da Bahia, o conde
b) Pombal promover a derrama, para dos Arcos, mandou fuzilar José Inácio de Abreu e
cobrança de todos os quinhões atrasados. Lima.
c) Olinda não se conformar com o e) As operações militares contra os
papel que a aristocracia rural exercia na revolucionários foram comandadas pessoalmente
capitania. pelo conde dos Arcos, que bloqueou o porto do
d) Portugal intervir na economia das Recife e bateu as tropas de Cogominho de
capitanias, isentando os portugueses do Lacerda.
pagamento de impostos.
e) Pernambuco não apoiar a política 6 - (FESP) A crise do sistema colonial foi
de tributação fiscal do governador Fêlix José marcada no Brasil por contestações diversas que
Machado Mendonça. comprovam as aspirações de liberdade do nosso
povo. Entre as revoltas podemos destacar as
3 - (UFPE) A Revolta de Filipe dos Santos Conjurações Mineira e Baiana que tiveram em
(1720), em Minas Gerais, resultou entre outros comum:
motivos da.
1. O fundamento ideológico apoiado
a) Intromissão dos jesuítas no ativo nos princípios do Iluminismo e de Revolução
comércio dos paulistas na região das Minas. Francesa.
b) Disseminação das idéias, oriundas 2. A proposta de extinção dos
dos filósofos do iluminismo francês. privilégios de classe ou cor, abolindo a
c) Criação das Casas de Fundição e escravidão.
das Moedas, a fim de controlar a produção 3. A inquietação e revolta pela
aurífera. eminente cobrança de impostos em atraso.
d) Tentativa de afirmação política dos 4. A discriminação social
portugueses sobre a nascente burguesia paulista. evidenciada na aplicação da justiça.
e) Tensão criada nas minas, em 5. A numerosa participação popular
virtude do monopólio da Companhia de Comércio caracterizada pela presença de negros e mulatos.
do Brasil.
Assinale a opção correta:
4 - (UFBA) Um aspecto que diferencia a
Conjuração Mineira de 1789 da Conjuração a) 1e3
Baiana de 1798 é que a última. b) 2e4
c) 3e5
a) Representou, pela primeira vez na d) 1e4
História do Brasil, um movimento de caráter e) 2e5
republicano.
b) Preocupou-se mais com os 7. (PUC-MG) A Inconfidência Baiana
aspectos sociais, a liberdade do povo e do de 1798 tem como causa a:
trabalho.
c) Apresentou, pela primeira vez, a) decadência da produção do ouro.
planos políticos e ideológicos. b) instalação das casas de fundição.
d) Representou o primeiro movimento c) insatisfação das populações mais
apoiado por grupos de intelectuais. humildes.
e) Tinha caráter de protesto contra d) invasão holandesa na Bahia.
certas medidas do governo, sem pretender a e) revolta dos comerciantes
separação de Portugal. portugueses.

5 - (UFPE) Assinale qual a frase errada, 8. (FUVEST) A chamada Guerra dos


das abaixo enumeradas, sobre a Revolução de Mascates, ocorridas em Pernambuco em 1710,
1817. deveu-se:

a) O clero de Pernambuco, em 1817, a) ao surgimento de um sentimento


foi muito influenciado pelas idéias revolucionárias. nativista brasileiro, em oposição aos
b) O governador de Pernambuco era colonizadores portugueses
Caetano Pinto de Miranda Montenegro. b) ao orgulho ferido dos habitantes da
c) Hipólito José da Costa, o famoso vila de Olinda, menosprezados pelos
redator do Correio Brasiliense, fora escolhido portugueses.
pelos revolucionários como plenipotenciário da
153

c) ao choque entre comerciantes 11 - (UNIBH – 1999) 4 - “Cada soldado é


portugueses do Recife e a aristocracia rural de cidadão, sobretudo os homens pardos e pretos,
Olinda pelo controle da mão-de-obra escrava. que vivem escorraçados e abandonados. Todos
d) ao choque entre comerciantes serão iguais, não haverá diferenças; só haverá
portugueses do Recife e a aristocracia rural de liberdade, igualdade e fraternidade.” (Manifesto
Olinda cujas relações comerciais eram, afixado em Salvador, em 12.8.1789).
respectivamente, de credores e devedores.
e) a uma disputa interna entre grupos Todas as afirmativas referem-se à
de comerciantes, que eram chamados Conjuração Baiana, EXCETO:
depreciativamente de mascates.
a) Planejava a abolição da
9 - (FESP) Apesar do poder de coerção escravidão, reflexo da participação, no
da metrópole portuguesa, algumas rebeliões movimento, dos setores mais humildes da
mostravam o descontentamento dos colonos. Em população.
Pernambuco, no século XVIII, a Guerra dos b) Possuía um ideal emancipacionista
Mascates revelava o desejo dos senhores de e republicano, nos moldes pregados pelos
engenho olindenses de: teóricos do iluminismo europeu.
c) Possuía um caráter nacional, tendo
a) fazer um pacto com os sido enviados embaixadores a outras províncias.
comerciantes recifenses para lutar contra os d) Defendia a nacionalização do
impostos cobrados por Portugal. comércio e a liberdade comercial.
b) impedir a presença das forças
estrangeiras nos seus territórios. 12 - (FGV – 1998) Relacione os eventos
c) enfrentar suas rivalidades com com os grupos sociais protagonistas:
Recife, causadas sobretudo pelas dívidas que
acumularam junto aos comerciantes portugueses, 1) Revolução Praieira.
que moravam em Recife. 2) Guerra dos Mascates.
d) organizar uma república 3) Guerra dos Emboabas.
democrática baseada em princípios liberais, 4) Revolução Farroupilha.
significado um expressivo avanço político para a 5) Revolução Liberal de 1842.
época.
e) acabar com o monopólio que Recife I- Bandeirantes contra mineradores
exercia no comércio do algodão e do açúcar, baianos e portugueses.
controlado por comerciantes judeus e II- Senhores de engenho contra
portugueses. comerciantes de Recife.
III- Povo gaúcho contra Governo Imperial.
10 - (UFES) As transformações IV- Paulistas e mineiros contra o Governo
econômicas e socioculturais observadas no Conservador.
século XVIII repercutiam na população do Brasil V- Republicanos de Pernambuco contra
Colonial, onde eclodiam revoltas sociais regionais oligarquia monarquista.
e manifestações de aspiração emancipacionista.
Foram manifestações sociais e políticas Qual a série de relações corretas:
observadas nesse período:
a.) 1-V; 2-II; 3-I; 4-III; 5-IV.
a) a Insurreição Pernambucana, a b.) 1-V; 2-III; 3-II; 4-I; 5-IV.
aclamação de Amador Bueno e a Revolta de c.) 1-III; 2-II; 3-IV.; 4-V; 5-I.
Beckmann. d.) 1-III; 2-II; 3-IV; 4-I; 5-V.
b) As Guerras dos Emboabas e dos e.) 1-III; 2-II; 3-I; 4-IV; 5-V
Mascates e as Conjurações Mineira, Fluminense
e Baiana 13 - (FUVEST – 1996) A Inconfidência
c) As Guerras dos Emboabas e dos Mineira foi um episódio marcado
Mascates, a Revolta de Vila Rica, a Inconfidência
Mineira, a Revolta dos Alfaiates e a Conjuração a) pela influência dos acontecimentos de
dos Suaçunas. julho de 1789, a tomada da Bastilha.
d) a Conjuração dos Suaçunas, a b) pela atitude anti-escravista, consensual
Revolta Pernambucana e a Confederação do entre seus participantes.
Equador. c) pelo intuito de acabar com o
e) a Revolta do Maneta, a Guerra dos predomínio da Companhia de Comércio do Brasil.
Palmares, a Inconfidência Mineira e a Revolução d) pela insatisfação ante a cobrança do
Farroupilha. imposto sobre bateias.
e) pelas idéias ilustradas e pela
Independência dos Estados Unidos.
154

preterido sempre nas promoções a que tinha


14 - (FUVEST – 1997) - A chamada direito. Uni minhas amarguras às do povo, que
Guerra dos Mascates, ocorrida em Pernambuco eram maiores, e foi assim que a idéia de
em 1710, deveu-se libertação tomou conta de mim. Tiradentes
As razões da insatisfação do alferes e do
povo mineiro em 1789 eram:
a) ao surgimento de um sentimento
nativista brasileiro, em oposição aos a) a opressão tributária sobre a capitania
colonizadores portugueses. cujo ouro se esgotara,o empobrecimento e
b) ao orgulho ferido dos habitantes da vila de ameaça da derrama e a divulgação das idéias
Olinda, menosprezados pelos portugueses. iluministas pela elite letrada.
c) ao choque entre comerciantes portugueses do b) a concentração de terras e do
Recife e a aristocracia rural de Olinda pelo comércio em mãos de comerciantes lusos,
controle da mão-de-obra escrava. provocando intensa xenofobia na região do ouro.
d) ao choque entre comerciantes portugueses do c) a criação de indústrias nesta área pelo
Recife e a aristocracia rural de Olinda cujas governo de D. Maria I, fato que enriqueceu a
relações comerciais eram, respectivamente, de população local, gerando a idéia da
credores e devedores. independência.
e) a uma disputa interna entre grupos de d) o predomínio do trabalho escravo na
comerciantes, que eram chamados zona mineradora e a ausência total de
depreciativamente de mascates. mecanismos de alforria e trabalho livre,agravando
a crise social.
15 - (FUVEST – 1998) Podemos afirmar que e) o declínio da produção de açúcar para
tanto na Revolução Pernambucana de 1817, exportação, despertando o choque de interesses
quanto na Confederação do Equador de 1824, entre colônia e metrópole, e a idéia de libertação.

a) o descontentamento com as barreiras 18 - (PUC – MG – 1998) A execução de


econômicas vigentes foi decisivo para a eclosão Tiradentes, em 21 de abril de 1792, teve um
dos movimentos. sentido mais amplo que o de um enforcamento.
b) os proprietários rurais e os comerciantes Para a Coroa Portuguesa tratava-se:
monopolistas estavam entre as principais
lideranças dos movimentos. a) de exterminar um alferes de cavalaria,
c) a proposta de uma república era acompanhada para impor respeito às tropas militares.
de um forte sentimento anti-lusitano. b) de sacrificar uma vida humana, para
d) a abolição imediata da escravidão constituía-se manter a estrutura do sólido sistema colonial.
numa de suas principais bandeiras. c) de um castigo de morte nunca antes
e) a luta armada ficou restrita ao espaço urbano decretado nos domínios coloniais no Brasil.
de Recife, não se espalhando pelo interior. d) de matar um homem simples e rude e
16 - (FUVEST – 1999) A elevação de criar um herói para o povo.
Recife à condição de vila; os protestos contra a e) de um castigo exemplar, para impor o
implantação das Casas de Fundição e contra a medo àqueles que cometessem um crime de
cobrança do quinto; a extrema miséria e carestia lesa-majestade.
reinantes em Salvador, no final do século XVIII,
foram episódios que colaboraram, 19 - (PUC – RJ – 1999) Nas últimas
respectivamente, para as seguintes sublevações décadas do século XVIII, ocorreram diversas
coloniais: manifestações de descontentamento em relação
ao sistema colonial português na América. Essas
manifestações geraram movimentos sediciosos,
a) Guerra dos Emboabas, Inconfidência que chamamos de "Conjurações" ou
Mineira e Conjura dos Alfaiates. "Inconfidências", todos abortados pela repressão
b) Guerra dos Mascates, Motim do Pitangui e metropolitana. Sobre eles, NÃO é correto afirmar:
Revolta dos Malês.
c) Conspiração dos Suassunas, Inconfidência a) A Conjuração Mineira, em 1789, foi a
Mineira e Revolta do Maneta. primeira a manifestar a intenção de ruptura com
d) Confederação do Equador, Revolta de Felipe os laços coloniais, e reuniu diversos membros da
dos Santos e Revolta dos Malês. elite mineradora.
e) Guerra dos Mascates, Revolta de Felipe dos b) A Conjuração Baiana, em 1798,
Santos e Conjura dos Alfaiates. também conhecida como "Revolta dos Alfaiates",
congregou entre as lideranças dos revoltosos,
17 - (MACKENZIE – 1999) O fato de ser alferes mulatos e negros livres ligados às profissões
influiu para transformar-me em conspirador, urbanas, principalmente artesãos e soldados.
levado a tanto que fui pelas injustiças que sofri,
155

c) A Conjuração do Rio de Janeiro, em serão iguais, não haverá diferença; só haverá


1794, foi proveniente da Sociedade Literária do liberdade, igualdade e fraternidade."
Rio de Janeiro, cujos membros, ao se reunirem (Manifesto afixado nas paredes das
para debater temas literários, filosóficos e igrejas de Salvador, em agosto de 1798).
científicos, defendiam concepções libertárias
iluministas. O texto acima se refere
d) As conjurações foram influenciadas
pelas experiências européia e norte-americana, a) à Inconfidência Mineira.
que se difundiram nas regiões coloniais por meio b) à Insurreição Pernambucana.
de livros importados, de pasquins elaborados c) à Conjuração dos Alfaiates.
localmente e de discussões nas casas e ruas de d) à Revolta dos Malês.
Ouro Preto, Salvador ou Rio de Janeiro. e) ao Manifesto dos Cabanos.
e) A influência externa se fez de modo
distinto: enquanto a Conjuração Mineira tomou 22 - (UFF – 1999) O lema liberal
como exemplo o período do "Terror “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”
robespierrista" da Revolução Francesa, a consagrado pela Revolução Francesa influenciou,
Conjuração Baiana teve como paradigma os sobremaneira, as chama-das Inconfidências
ideais expressos na Independência norte- ocorridas em fins do século XVIII no Brasil
americana. Colônia.
Assinale a opção que apresenta
20 - (PUC – RS – 1998) A partir do século informa-ções corretas sobre a chamada
XVIII, o sistema colonial português entra em sua Conjuração dos Alfaiates.
fase final, devido a uma série de modificações
ocorridas, tanto na Colônia quanto em nível a) Envolveu a participação de mulatos,
externo. negros livres e escravos, refletindo não somente
Sobre as causas da crise do a preocupação com a liberdade, mas também
sistema colonial, relacionar os fatos da coluna da com o fim da dominação colonial.
esquerda com seu respectivo significado na b) Esta inconfidência baiana
coluna da direita. caracterizou-se por restringir-se à participação de
uma elite de letrados e brancos livres
1 - Inconfidência Mineira influenciados pelos princípios revolucionários
2 - Abertura dos portos às nações amigas franceses.
3 - Elevação do Brasil a Reino-Unido de c) Em tal conjuração, a difusão das
Portugal e Algarves idéias liberais não acarretou crítica às
4 - Revolução Farroupilha contradições da sociedade escravocrata.
5 - Revolução do Porto d) Este movimento, também conhecido
6 - Guerra de Canudos como Inconfidência Mineira, teve um papel
singular no contexto da crise do sistema colonial,
( ) força o retorno da família real a revelando suas contradições e sua decadência.
Portugal e tenta recolonizar o Brasil. e) Um de seus principais motivos foi a
( ) determina a equiparação jurídica prolongada crise do setor cafeeiro que se
entre Brasil e Portugal, o que foi feito pelo arrastou ao longo da segunda metade do século
Congresso de Viena. XVIII.
( ) defende idéias de liberdade e de
República, contra a opressão fiscal exercida pela 23 - (UNIVALI – 1999) No ano de 1789,
Coroa Portuguesa. dois acontecimentos importantes marcaram a
( ) propicia o rompimento do Pacto História mundial e a História do Brasil: a
Colonial e o comércio direto entre o Brasil e Revolução Francesa e a Inconfidência Mineira.
outras nações, sobretudo a Inglaterra. Estabelecendo uma relação entre estes dois
acontecimentos, podemos dizer que tiveram a
A ordem correta dos números da coluna mesma fonte de inspiração, fato que justifica a
da direita, de cima para baixo, é necessidade de conhecer a nossa história no
contexto global. Sobre a Inconfidência Mineira
a) 5 - 3 - 1 – 2 assinale o item correto:
b) 5 - 3 - 2 - 1
c) 6 - 4 - 1 - 2 a) Ela foi inspirada nas camadas mais
d) 4 - 2 - 1 - 6 pobres da colônia, exploradas pela metrópole.
e) 3 - 5 - 2 - 1 b) Inspirou-se nos princípios do
socialismo utópico de Sant – Simon, bem como
21 - (PUC – RS – 1998) "Cada soldado é nos ideais absolutistas defendidos pelos
cidadão, sobretudo os homens pardos e pretos, pensadores iluministas.
que vivem escorraçados e abandonados. Todos
156

c) Ela inspirou-se no pensamento c) A Inconfidência Mineira (1789), o mais


iluminista fortemente difundidos pela Europa, que conhecido destes movimentos, apesar do
pregava idéias de liberdade, igualdade e fracasso, exprimiu a revolta de setores da elite e
fraternidade. da intelectualidade mineira
d) Ela aconteceu devido à forte d) A Conjuração Baiana (1798)
expressão exercida pela metrópole exigindo a caracterizou-se por ser uma revolta que teve
emancipação política do Brasil. participação não só da elite,mas de escravos e
e) A vitória dos inconfidentes pessoas simples do povo.
transformou a região das Minas Gerais numa e) A Revolução Pernambucana de 1817
República, ainda que temporariamente. desejava a criação de um Estado inspirado nas
idéias liberais que haviam norteado a
24 - (UFRN – 2000) A Guerra dos Independência dos EUA
Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de Vila
Rica, verificadas nas primeiras décadas do século 27 - (UNIFOR – 1998) A presença da
XVIII, podem ser caracterizadas como ideologia liberal ilustrada forjou o ideário
revolucionário da segunda metade do século
a) movimentos isolados em defesa de XVIII, no Brasil. As rebeliões naquele momento
idéias liberais, nas diversas capitanias, com a se diferenciavam em essência dos movimentos
intenção de se criarem governos republicanos. rebeldes do século XVII e da primeira metade do
b) movimentos de defesa das terras século XVIII, nos quais em nenhum momento
brasileiras, que resultaram num sentimento esteve presente a idéia da separação definitiva de
nacionalista, visando à independência política. Portugal. Os novos movimentos visavam a
c) manifestações de rebeldia emancipação da colônia, questionando o sistema
localizadas, que contestavam aspectos da colonial. Dentre esses movimentos destaca-se a
política econômica de dominação do governo
português. a) Revolução Praieira.
d) manifestações das camadas populares b) Conjuração Baiana.
das regiões envolvidas, c ontr a as elites c) Guerra dos Mascates.
loc ais , negando a autoridade do governo d) Revolução Farroupilha.
metropolitano. e) Confederação do Equador.
25 - (UPE – 2000) Leia atentamente as
afirmativas abaixo. 28 - (UNIFOR – 1999) Em meados do
1. A Inconfidência Mineira teve um século XVII Portugal, em crise econômica,
ideário político republicano e francamente reforçou o controle sobre todas as atividades da
abolicionista. colônia, com a criação de Companhias de
2. A Revolta dos Alfaiates ameaçou Comércio e com uma severa fiscalização. A
a ordem social da Colônia, conseguindo reação dos colonos deu origem a rebeliões.
resultados políticos inesperados. Entre essas rebeliões, a que se caracterizou
3. A população colonial no Brasil fundamental-mente como reação ao aumento da
pouco se empenhou para livrar-se do monopólio tributação foi a
português, só acontecendo revoltas nas primeiras
décadas do século XIX. a) Aclamação de Amador Bueno em São
4. A chamada Revolução de 1817 Paulo, 1640.
em Pernambuco assemelhou-se em sua liderança b) Revolta de Beckman no Maranhão,
política com a Revolta dos Alfaiates. 1684.
a) só a 4 está correta; c) Guerra dos Emboabas em Minas
b) todas estão corretas; Gerais, 1709.
c) todas estão incorretas; d) Guerra dos Mascates em Pernambuco,
d) só a 1 está incorreta; 1710.
e) só a 3 está correta. e) Revolta de Filipe dos Santos em Vila
26 - (ACAFE – 1998) Nos anos que Rica, 1720.
antecederam a Independência do Brasil,
ocorreram muitos movimentos contra o domínio GABARITO: 1 – B / 2 – A / 3 – C / 4 – B /
português. Sobre os mesmos, é FALSO afirmar: 5 – C / 6 – D / 7 – C / 8 – D / 9 – C / 10 – B / 11 –
C / 12 – A / 13 – E / 14 – D / 15 – C / 16 – E / 17 –
a) Muitos movimentos eram liderados por A / 18 – E / 19 – E / 20 – A / 21 – C / 22 – A / 23 –
setores da elite, inconformados com a violência C / 24 – C / 25 – A / 26 – B / 27 – B / 28 – E
e os impostos da coroa portuguesa
b) Desejavam ampla transformação da
sociedade com a expulsão dos portugueses, o fim MINERAÇÃO
da escravidão e a criação de uma República 1 - (CES – 2000) As expedições
Federativa. desbravadoras, de penetração fluvial que,
157

partindo de Porto Feliz, no Tietê, demandavam d) aumento do controle metropolitano na região;


minas de ouro em Cuiabá, foram as: e) formação de núcleos urbanos no interior do
país.
a) Entradas;
b) Bandeiras; 5 - (FUVEST – 1997) Podemos afirmar
c) Monções; sobre o período da mineração no Brasil que
d) Coletas;
e) Navegações. a) atraídos pelo ouro, vieram para o Brasil
aventureiros de toda espécie, que inviabilizaram a
2 - (ESPM – 2000) Analise o texto escrito mineração.
pelo padre André João Antonil, em 1711. b) a exploração das minas de ouro só trouxe
"No Brasil, costumam dizer que para o benefícios para Portugal.
escravo são necessários três PPP, a saber, pau, c) a mineração deu origem a uma classe média
pão e pano. Quisera Deus que tão abundante urbana que teve papel decisivo na independência
fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o do Brasil.
castigo, dado por qualquer causa pouco provada d) o ouro beneficiou apenas a Inglaterra, que
e levantada e com instrumentos de muito rigor." financiou sua exploração.
(Coletânea de documentos históricos. e) a mineração contribuiu para interligar as várias
São Paulo: regiões do Brasil, e foi fator de diferenciação da
Secretaria da Educação/CENP, 1985. p. sociedade.
16.) Com base no texto, pode-se inferir que
6 - (FUVEST – 1999) Um número
a) o padre discordava da utilização dos considerável de alforrias, a existência de um
três "PPP" como mecanismos de dominação dos comércio ilícito, uma grande quantidade de
escravos. tributos e uma inflação considerável são alguns
b) o padre considerava a escravidão dos traços que caracterizavam
incompatível com a doutrina da Igreja.
c) os castigos poderiam ser perfeitamente a) a sociedade colonial brasileira às vésperas da
aplicados, mesmo que não existissem provas da Independência;
insubordinação b) a economia paulista no auge do século XVII;
dos escravos. c) Pernambuco na segunda metade do século
d) os escravos, apesar dos castigos, XVI;
alimentavam-se abundantemente e vestiam-se d) as missões jesuíticas do Norte;
adequadamente. e) a sociedade mineira do século XVIII.
e) os castigos, que os escravos sofriam,
eram praticados de forma deliberada na colônia, 7 - (PUC – MG – 1997) A partir de finais
ainda que houvesse vozes discordantes. do século XVII, a atividade mineradora,
desenvolvida em Minas Gerais, provocou
3 - (FDV – 2000) São conseqüências da transformações políticas e no conjunto da
atividade de mineração aurífera no Brasil, economia colonial no século XVIII. São exemplos
EXCETO: dessas transformações, EXCETO:

a) fixação de novas fronteiras. a) alargamento da faixa de ocupação do


b) transformação de Minas Gerais num território brasileiro.
grande centro cultural. b) transferência da sede administrativa de
c) deslocamento do eixo econômico do Salvador para o Rio de Janeiro em 1763.
nordeste para o centro do país. c) concentração de mão-de-obra escrava
d) formação de uma sociedade mais em função da demanda dos centros mineradores.
democrática. d) estímulo ao surgimento do
e) submissão do Brasil ao domínio bandeirantismo, favorecendo o processo de
econômico da Inglaterra. interiorização.
e) incremento do comércio e ampliação
4 - (FGV – 1998) A descoberta de ouro do mercado interno.
em Minas Gerais trouxe importantes modificações
na vida da Colônia, exceto: 8 - (PUC – MG – 1998) Refere-se à mineração do
século XVIII em Minas Gerais:
a) uma sociedade com maior mobilidade
social; I. Inseriu-se na lógica mercantilista da
b) o deslocamento da sede do governo colonial época, atendendo aos interesses metalistas da
para São Vicente; Metrópole.
c) maior contato econômico entre diversas II. Foi mais “democrática” que a empresa
regiões do Brasil; açucareira do Nordeste, ao exigir,
158

comparativamente, menor investimento de combalida economia da Metrópole Portuguesa


capital. que vai adotar uma política de impostos afetando,
III. Demandou uma estrutura burocrático- direta ou indiretamente, a exploração do minério
administrativa mais complexa de cunho fiscal e nobre. Dentre esses impostos, podemos
tributário. destacar, EXCETO:

a) se apenas a afirmação I estiver correta. a) o foral, que os garimpeiros recém-


b) se apenas as afirmações I e II chegados à região deviam pagar.
estiverem corretas. b) a capitação, que incidia sobre cada
c) se apenas as afirmações I e III escravo empregado na mineração.
estiverem corretas. c) o quinto, que consistia em arrecadar
d) se apenas as afirmações II e III para a Coroa 20% de todo o ouro extraído.
estiverem corretas. d) a derrama, cobrança suplementar,
e) se todas as afirmações estiverem quando não se atingissem as 100 arrobas anuais
corretas. fixadas pela Coroa.
e) as entradas, espécie de pedágios que
9 - (PUC – MG – 1999) A exploração recaíam sobre pessoas e seus animais para
mineradora em Minas Gerais, no século XVIII, acesso e saída da região.
originou modificações na realidade colonial. São
exemplos dessas transformações, EXCETO: 13 - (PUC – PR – 1999) . O mapa,
esboçado, mostra a ligação de São Paulo com a
a) criação de órgãos burocráticos de Vila Real do Bom Jesus de Cuiabá, feita
cunho fiscal-tributário. principalmente por rios, e indica:
b) crescimento de setores médios
urbanos.
c) desenvolvimento da pecuária nas
regiões sul e nordeste.
d) “democratização” de oportunidades
de enriquecimento.
e) desagregação da lavoura
canavieira.

10 - (PUC – MG – 2000) A Sociedade


Mineira no século XVIII apresentava alguns
aspectos peculiares, com relação ao resto da
colônia, dentre os quais podemos destacar,
EXCETO:
a) Os avanços dos bandeirantes paulistas
a) desenvolvimento artístico na escultura, no ciclo do Ouro de Lavagem.
arquitetura, música e literatura. b) Os esforços dos brasileiros, na Guerra
b) existência de uma camada média do Paraguai, para desalojar os invasores de Mato
urbana composta de homens livres. Grosso.
c) forte mestiçagem em que o c) O caminho seguido por Raposo
concubinato é um de seus traços marcantes. Tavares em sua última viagem, quando atingiu os
d) grande poder econômico e político das Andes e desceu o Rio Amazonas.
irmandades leigas que se instalaram na região. d) O caminho seguido pela Coluna
e) comércio interno extremamente débil Prestes, quando se retirou para a Bolívia.
em virtude da natureza da economia aurífera. e) O roteiro das Monções, expedições
que levavam homens e abastecimentos para as
11 - (PUC – MG – 2000) As manufaturas minas de ouro do Centro-Oeste.
portuguesas foram visivelmente prejudicadas no 14 - (UERJ – 1998
início do século XVIII com:
Pro
a) o fim da União Ibérica. A dução
b) a decadência da economia mineradora. no aurífera
c) as Reformas Pombalinas. (Kg)
d) o Tratado de Methuen.
e) a concorrência dos lanifícios 1 72
flamengos. 699 5
1 17
12 - (PUC – MG – 2000) O ouro de Minas 701 85
Gerais, no século XVIII, deu um certo fôlego à
159

1 90 "Ninguém duvida que chegaremos àquela


704 00 última infelicidade que receamos, se Vossa
Majestade não se dignar de fazer, às Câmaras
1 25 destas Minas, a graça de que possam dispender
720 000 tudo o que for preciso de porção certa e anual
1 20 aos capitães-do-mato, para continuarem a
725 000 desinfestar as estradas destes capitais inimigos
[...], que querem lançar o jugo do cativeiro com
maior conhecimento de suas forças, pelo nosso
(LINHARES, Maria Yedda (org.). História descuido em não os desbaratarmos em seus
geral do Brasil. Rio de Janeiro, Campus, 1990.) redutos, onde cada vez se fazem mais
formidáveis".
a) O século XVIII foi marcado por
inúmeras descobertas de ouro no Brasil, Carta do Senado da Câmara de São João
possibilitando um aumento da extração desse del-Rei ao
metal, como se observa na tabela acima. Rei de Portugal, 28 de abril de 1745.
b) Essas descobertas provocaram
mudanças significativas na organização colonial, Esse trecho do documento citado refere-
tais como: se
c) recuperação agrícola do Nordeste e
redução das atividades pastoris a) à pobreza da região mineradora, que
d) estabelecimento da capital na necessitava de um fluxo constante de recursos
cidade do Rio de Janeiro e incentivo às atividades fornecidos pela Metrópole.
urbanas b) às lutas dos mineradores contra os
declínio da utilização de mão-de-obra escrava e índios da Capitania de Minas Gerais que
ampliação do trabalho assalariado nas minas atacavam constantemente as vilas e arraiais da
e) superação da condição de colônia região.
e elevação do Brasil à condição de Reino Unido a c) à necessidade de controlar, na região
Portugal e Algarves mineradora, os atos de rebeldia dos escravos,
como assaltos e formação de quilombos.
15 - (UFJF – 2000) 23. "A mineração se d) à proibição da Coroa Portuguesa de
estabeleceu sob o signo da pobreza e da que os Senados da Câmara das Minas Gerais
conturbação social, marcando-a sobretudo o contratassem e pagassem os capitães-do-mato.
enorme afluxo de gente que acudiu ao apelo do
ouro (...)" (Laura de Mello e Souza. Os 17 - (UFMG – 2000) Antonil, jesuíta que
desclassificados do ouro.) viveu no Brasil, no período colonial, destacou a
Com relação à sociedade mineradora no importância da posse de escravos, descrevendo-
Brasil, assinale a alternativa INCORRETA: os como "as mãos e os pés do senhor...".
Na perspectiva da economia colonial,
a) foi marcada pela diversidade, essa importância pode ser confirmada pela
percebida não só pela presença de cativos, como vinculação entre o número de escravos possuídos
também de vasta população livre, envolvida em e a doação de
atividades comerciais, artesanais e de prestação
de serviços; a) capitanias hereditárias, lotes de terras
b) no seu auge, caracterizou-se por em que foi dividida a Colônia.
amplas possibilidades de mobilidade social, b) datas de ouro, lotes de terra
observada pela presença de grande população destinados à exploração mineral.
negra liberta e sua ascensão a cargos políticos e c) sesmarias, para exploração, de acordo
burocráticos da Coroa Portuguesa; com o Regimento de Tomé de Souza.
c) a rápida concentração de pessoas na d) títulos de nobreza, necessários à
região mineradora gerou problemas de obtenção de terras para a agricultura.
abastecimento que, aos poucos, foram
solucionados através da formação de uma 18 - (UFMG – 2000) Leia o trecho de
dinâmica economia mercantil de alimentos; documento.
d) marcada por intensas rebeldias, não Senhor. Sendo como é a obrigação a
só de escravos, mas também da população livre, primeira virtude, porque importa pouco zelar cada
em oposição aos rigores da fiscalização e da alta um o seu patrimônio, e descuidar-se da utilidade
tributação imposta pela Metrópole. alheia quando lhe está recomendada, se nos faz
preciso representar a Vossa Majestade a
opressão universal dos moradores destas Minas
16 - (UFMG – 1999) Leia o texto. involuta no arbítrio atual de se cobrarem os
[impostos] de Vossa Majestade devidos, podendo
160

ser pagos com alguma suavidade de outra forma comerciantes e tropeiros atraídos pela chance de
sem diminuição do que por direito está Vossa enriquecimento.
Majestade recebendo, na consideração de que b) criação de um grande centro produtor
sejam lícitos os fins se devem abraçar os meios de manufaturas, na zona aurífera, o qual
mais toleráveis... fornecia produtos para o consumo das outras
Representação do Senado da Câmara de capitanias.
Vila Rica ao Rei de Portugal, c) valorização da moeda local,
26 de dezembro de 1742. possibilitando, à Coroa portuguesa, obter um
Nesse trecho, os oficiais da Câmara de grande aumento da arrecadação tributária que
Vila Rica estão-se referindo à cobrança do pesava sobre a colônia.
d) investimento de capitais estrangeiros
a) dízimo eclesiástico, imposto que incidia na atividade agroexportadora açucareira, para
sobre os diamantes extraídos no Distrito fazer frente ao rápido processo de crescimento da
Diamantino. mineração.
b) foro enfitêutico, tributo cobrado
proporcionalmente à extensão das sesmarias dos 21 - (UNIFOR – 1998) Explicam a
mineradores. decadência da economia mineradora, entre
c) quinto do ouro, imposto cobrado por outros fatores, a
meio da capitação, que taxava também outras
atividades econômicas. a) insuficiência tecnológica, para a
d) subsídio voluntário, destinado a cobrir exploração de minas em maior profundidade.
as despesas pessoais do Rei de Portugal. b) sobrecarga tributária imposta pela
metrópole.
19 - (UFPB) Com relação às c) queda do preço do ouro no
explorações do ouro nas Minas Gerais mercado europeu.
durante a colônia, pode-se afirmar: d) inflação desencadeada pela
emissão de grande quantidade de moedas.
a) O período de maior produção e) pena imposta aos envolvidos na
aurífera deu-se em meados do século XVII, Inconfidência Mineira.
em franca concorrência com o auge da
produção de açúcar e fumo. 22 - (UNIFOR – 2000) Leia com atenção.
b) A coroa portuguesa promoveu o (...) Lá vão pelo tempo adentro
incentivo fiscal e o corte de impostos sobre a esses homens desgrenhados:
extração e comercialização de ouro em duro vestido de couro
função do desenvolvimento das minas e a enfrenta espinhos e galhos;
concentração populacional derivada de em sua cara curtida
atividades relacionadas a elas. não pousa vespa ou moscardo;
c) As minas propiciaram uma comem larvas, passarinhos,
diversificação relativa dos serviços e ofícios, palmitos e papagaios;
tais como comerciantes, artesãos, sua fome verdadeira
advogados, médicos, mestres-escolas entre é de rios muitos largos,
outros. com franjas de prata e de ouro,
d) O divertimento e a atividade social de esmeraldas e topázios. (...)
foram intensos e eminentemente profa nos, (Cecília Meireles, Romanceiro da
embora as confrarias e as irmandades Inconfidência. Rio de
tenham sido associações que Janeiro: Nova Fronteira, 1983.)
desempenharam um certo papel na O poema descreve um fenômeno que
sociabilidade. pode ser associado,
e) A rigidez hierárquica da sociedade no Brasil, aos
não permitiu a mestiçagem étnica e rara-
mente o negro e o mulato chegavam a a) vaqueiros e à pecuária.
praticar um ofício ou ocupar cargo b) bandeirantes e à mineração.
administrativo. c) tropeiros e ao ciclo da borracha.
d) portugueses e à cana-de-açúcar.
20 - (UFRN – 2000) No século XVIII, teve e) sesmeiros e ao extrativismo vegetal.
início a exploração da região m iner ador a no
Bras il, provocando transformações 23 - (FAESP – 1997) A atividade
importantes na economia colonial, tais como o (a) mineradora introduziu uma série de modificações
nas estruturas econômica, social e política do
a) desenvolvimento de um intenso Brasil. Muitas destas alterações desapareceram
mercado interno na colônia, dinamizado por com o declínio da mineração; outras, porém,
permaneceram e, mais tarde, influíram no
161

processo de modernização ocorrido no Brasil em d) Um aumento do controle da venda


meados do séc. XIX. Essas conseqüências são, de escravos para evitar o esvaziamento da força
exceto: de trabalho na lavoura.
e) Uma diminuição do tráfico negreiro
a) provocou um surto demográfico. em virtude da necessidade de mão-de-obra
b) conservou a estrutura de trabalho especializada para as minas.
vigente no Brasil.
c) provocou o crescimento do mercado 27 - (UFG) A economia mineira, eixo
interno. contraI da economia colonial cio século XVIII,
d) alterou a estrutura social brasileira. distingui-se da economia açucareira nos
seguintes aspectos.
24 - (UFMG) Após e expulsão dos
holandeses do Brasil (1654), Portugal associou- a) Desenvolveu o mercado interno e a
se ao capital inglês. Em relação ao Brasil-Colônia, sociedade urbana, convertendo-se num centro de
esse nova união acarretou distribuição de renda.
b) Criou uma sociedade mais
a) A assinatura do Tratado do estratificadas e dependente do mercado externo.
Methuen e o acirramento da legislação tributária c) Sua exploração exigia vultosos
na área mineradora. capitais, sendo impraticável pata classes menos
b) O fim das exportações do açúcar e favorecidas.
o abandono da área de cultura canavieira. d) Estimulou o desenvolvimento de
c) A demarcação e o fechamento do atividades agrícolas de subsistência na região
Distrito Diamantino, com o estabelecimento da das Minas, por não depender da mão-de-obra
Real Extração. especializada.
d) A abertura do comercio a todas as e) Estabeleceu a superioridade do
nações européias, com o fim do regime de trabalho escravo sobre o trabalho livre, ao
monopólio. contrário da região açucareira.
e) O desenvolvimento de pocuária
para a exportação de seus subprodutos á 28 - (CESGRANRIO) Como principais
Inglaterra. fatores que determinaram, em 1763, a
transferência da sede da administração colonial
25 - (FUVEST) No período da exploração portuguesa de Salvador para o Rio de Janeiro,
do ouro nas Gerais um dos sérios problemas da podemos destacar.
população mineradora foi.
a) O declínio açucareiro da Bahia e
a) tentativa da Coroa Portuguesa de Pernambuco e ascensão das capitais do Centro-
forçar maior exploração dos escravos. Sul: São Paulo, Minas Gerais e o atual Rio
b) O controle exercido pelos fiscais da Grande do Sul.
Coroa quanto à entrada de equipamento para a b) A preocupação da Coroa
mineração. Portuguesa no sentido de realizar uma ação
c) O abastecimento da população controladora mais efetiva sobre as regiões
face á carência de produtos do subsistência. mineradoras do Brasil, e, ao mesmo tempo,
d) O ataque de tribos indígena. hostis enfrentar as crescentes ameaças espanholas no
aos acampamentos. Extremo Sul.
e) Deficiência de informações c) A política de centralização
governamentais na localização das jazidas. administração posta em prática por Sebastião
José Carvalho e Meio futuro Marquês de Pombal,
26 - (SANTA CASA-SP) A minoração no com o objetivo de eliminar as tendências
Centro Sul do Brasil, no século XVIII, teve várias expansionistas do Centro-Sul.
conseqüências na colônia, entre as quais se pode d) A crise da economia colonial,
destacar notadamente nas regiões Centro-Sul do Brasil, e
a superação da divisão do governo em duas
a) Um abandono acentuado de “repartições”, com a instalação do Vice-Rei no Rio
algumas cidades recém criadas Vila do Príncipe, de Janeiro.
Ribeirão do Carmo, Congonhas do Campo etc. e) O desenvolvimento da lavoura
b) Um acentuado decréscimo nas açucareira na região de Campos dos Goitacases
atividades do setor de subsistência: agricultura, e a necessidade de incrementar o plantio do café
pecuária e artesanato. no vale do Paraíba do Sul.
c) Uma retração do mercado interno,
especialmente ert~ virtude da decadência da 29 - (FUVEST) Podemos afirmar sobre o
atividade criatória. período da mineração no Brasil que:
162

a) atraídos pelo ouro, vieram para o


Brasil aventureiros de toda espécie, que
inviabilizavam a mineração.
b) a exploração das minas de ouro só
trouxe benefícios para Portugal.
c) a mineração deu origem a uma
classe média urbana que teve papel decisivo na
independência do Brasil.
d) o ouro beneficiou apenas a
Inglaterra, que financiou sua exploração.
e) a mineração contribuiu para
interligar as várias regiões do Brasil, e foi fator de
diferenciação da sociedade.

30. (CESGRANRIO) O desenvolvimento


da economia mineradora rio século XVIII teve
diferentes repercussões sobre a vida colonial,
conforme se apresenta caracterizado numa das
opções abaixo. Assinale-a. Incremento do
comércio interno e das atividades voltadas para o
abastecimento na região centro-sul.

a) Movimento de interiorização
conhecido como bandeirismo, responsável pelo
fornecimento de mão-de-obra indígena para as
minas.
b) Descentralização da administração
colonial para facilitar o controle da produção.
c) Sufocamento dos movimentos de
rebelião, graças à riqueza material gerada pelo
ouro e pela prata.
d) Retorno em massa, para a
metrópole, dos colonos enriquecidos pela nova
atividade.

GABARITO:
1–C/2–E/3–E/4–B/5–E/6–E
/ 7 – D / 8 – E / 9 – E / 10 – E / 11 – D / 12 – A /
13 – E / 14 – D / 15 – B / 16 – C / 17 – B / 18 – C /
19 – C / 20 – A / 21 – A / 22 – B / 23 – B / 24 – A /
25 – C / 26 – D / 27 – A / 28 – B / 29 – E / 30 – A
163

Os conflitos existentes no
continente europeu, iniciados com a Revolução
Francesa vão trazer conseqüências de valores
inestimáveis para o Brasil. Além da importância
da Revolução para as rebeliões no Brasil Colônia,
como já notamos anteriormente, o movimento
acabou por dar as bases da ascensão de
Napoleão Bonaparte ao trono francês.
Este momento reflete o fim das
inconstâncias sociais do movimento
revolucionário e o início da expansão imperialista
francesa pela Europa. A busca por novos
mercados acabou por fortalecer o estado
economicamente e militarmente e o colocou
numa situação de concorrência com sua maior
rival: a Inglaterra.
Na tentativa de conquista do
império britânico, Napoleão acabou por fracassar
na alternativa naval, e o imperador francês então
optou pela via comercial. Neste quadro, em 1806
Napoleão assina com a maioria dos países
europeus o Bloqueio Continental. Este tratado
firmava a proibição dos países a comercializarem
com os ingleses, sob pena de invasão de seus
territórios pelos exércitos napoleônicos.
CAPÍTULO 02 Diante deste quadro, os lusitanos
ganham importância primordial, uma vez que
A Independência do Brasil manteve por longos anos acordos comercias com
os ingleses, necessitava das manufaturas
britânicas e poderia sofrer retaliações dos
O Processo de emancipação mesmos. No entanto, caso não obedecesse a
política do Brasil envolve uma gama de fatores instrução francesa, teria o seu território tomado
que vai muito além de restrições geográficas, pelos franceses.
ideológicas, sociais, políticas e econômicas. Após as várias oscilações por
Logicamente, estes fatores explicitados acima parte de D. João VI – dúvidas essas derivadas
são de extrema importância para das diferentes pressões que sofria dentro do
compreendermos o encaminhamento do aparelho estatal, uma vez que dentro deste havia
processo, mais se os estudarmos de maneira uma linha que defendia o aceite ao bloqueio e
dispersa e sem conectividade, as possibilidades outra que não queria o rompimento com os
de entendimento serão em muito reduzidas. É antigos parceiros – o exercito francês acabou por
necessário compreender como estes diferentes invadir as terras lusitanas. Desde o momento da
assuntos se ligam, e como a sua coesão acaba decretação do Bloqueio os ingleses vinham
por desembocar no momento de Independência. pressionando o reino português a transferir sua
Pedimos a devida atenção ao tema estudado corte para terras brasileiras, uma vez que estas
anteriormente, que são as diferentes rebeliões neste momento compunham a parte mais
ocorridas no Brasil Colônia. Estes levantes nada preciosa do reino português, e com a invasão,
mais expressam do que os descontentamentos não restou outro caminho ao rei, senão a
de diferentes classes para com a opressão transferência do aparelho estatal para a América
metropolitana, e podem ser caracterizadas como do Sul.
movimentos fundadores da idéia de Com isso, em 29 de Novembro de
emancipação, nos movimentos em que este 1807 desembarcava no Brasil cerca de 15.000
assunto foi lembrado. nobres, em 36 navios, escoltados por navios
Para iniciarmos o esboço da britânicos.
Independência, devemos nos remeter a um
continente distante das Américas, isto é,
deveremos iniciar com o estudo da
contextualização do momento europeu, que veio
a gerar a transferência da corte portuguesa para
o Brasil.

1 – A Vinda da Família Real


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(Urbanização do Rio de Janeiro)


No contexto de alterações
econômicas temos em 1810 o Tratado de
Comércio, que determinava o imposto sobre as
2 – Reflexos dos Portugueses Reais em importações dos produtos ingleses em 15% e os
Terra Tupiniquim produtos de outros países em 24% e os de
Portugal (já independente do domínio francês) em
A família real no Brasil, com toda sua 16%. Os produtos ingleses assim reforçaram sua
corte acabou trouxe alterações nos diferentes presença no Brasil e o mesmo acabou por ficar
campos coloniais. Muitos historiados, mais ainda mais dependente dos ingleses.
voltados a vertente economicista garantem que a Sobre a população, anda iria
independência ocorre em 1808 e não em 1822, restar um pesado ônus. Uma vez transferida para
face que neste momento o rei passa a fazer o Brasil a corte transfere todo um aparato jurídico,
decretos que visam não mais Portugal e sim o político e militar a ser mantido sob as custas dos
Brasil e suas necessidades. Temos logo após o brasileiros. Assim para manter os serviços, o rei
desembarque o decreto de Abertura dos Portos criou vários impostos, distribuiu títulos
as Nações Amigas, que pregava que as nações nobiliárquicos aos senhores e comerciantes,
que mantivessem relações amistosas com logicamente, mediante a doações. Criou ainda o
Portugal poderiam vender seus produtos no Banco do Brasil, aumentando a esfera de atuação
Brasil, neste momento somente a Inglaterra. Era do Estado e assim, a população que inicialmente
necessário abrir os portos, pois os dois únicos se beneficia com a Abertura dos Portos é onerada
que Portugal comercializava com a Europa, com os altos gastos de Estado Português no
estavam sob domínio da França. Se isso não Brasil.
ocorresse, a Coroa seria sufocada. Este decreto Com a transferência da corte, o
deve ser entendido como uma abertura comercial, Brasil passa a ser sede do reino. Assim, nada
pois este ato representa o fim do monopólio mais natural do que mudanças administrativas
comercial que tanto incomodava as elites. para melhoria e desenvolvimento dos diferentes
Temos ainda no mesmo ano o setores econômicos. Foram criados três
Alvará de 1° de Abril, que revogava o alvará de ministérios: Guerra e Estrangeiros, Marinha e
1785 que proibia a instalação de manufaturas no Fazenda e interior. Promoveu a Junta de
Brasil. A partir desta data estava liberada a Comércio e a Casa de Suplicação, alterou a
implementação das manufaturas e indústrias no administração das capitanias que agora passam a
país. No entanto, esta lei não trouxe efeitos ser províncias e criou novas. Com o objetivo de
imediatos, pois era impossível concorrer com os participar da administração estatal, vários
produtos ingleses. Além disso, a elite senhorial e brasileiros compraram títulos de nobreza. Assim,
seus interesses, a escravidão que impossibilitava acabamos por ter o desenvolvimento de uma elite
um mercado consumidor em grande escala e a social dentro do país, composta em sua maioria
estrutura tipicamente agrária explicam a falta de por proprietários de terra, que agora passam a se
sustentação para o desenvolvimento articular em busca dos interesses particulares de
manufatureiro. sua classe. Este momento é de importância
significativa, uma vez que no momento do retorno
do rei a Portugal é este o grupo que vai
engendrar o movimento de independência.
A sociedade brasileira assim
sofreu profundas transformações, e a cidade que
melhor denota tais mudanças é a cidade portuária
do Rio de Janeiro, pois a transferência do eixo
165

administrativo acabou por mudar a fisionomia, subsistência, com aumento da miséria. Para
que agora passou a contar com uma certa vida deteriorar ainda mais a situação dos nordestinos,
cultural. Temos um maior acesso aos livros, uma os impostos criados para sustentação da corte no
maior circulação idéias, a criação do primeiro Brasil, acabaram por gerar um grande quadro de
jornal em 1808, temos ainda teatros, bibliotecas, descontentamento na população em geral. O
academias literárias e científicas, visando atender ponto flagrante de descontentamento se dava
uma população urbana em rápida expansão, uma quando ocorria a comparação do luxo da capital
vez que a população praticamente dobrou. Essas da corte com a miséria e dificuldades regionais.
mudanças não podem ser confundidas com o
Este descontentamento
liberalismo no plano das idéias, pois apesar das
nordestino era mais aguçado em Pernambuco,
mudanças, a marca do absolutismo permaneceu,
região que durante vários anos se consagrou
com a comissão de censura, que proibia a
como a região mais rica e promissora do Brasil,
publicação de papéis contra o governo a religião
onde a vida luxuosa dos seus senhores não
e os bons costumes. As mudanças pelas quais
encontrava precedentes em todo território
passam a nova capital eram claramente
Nacional.
controladas pelo governo e seus interesses.
Mesmo assim não podemos deixar de ressaltar No entanto, este quadro de
criações como: o Jardim Botânico, Academia profunda austeridade não se repetia, e a
Militar, Academia da Marinha, Biblioteca Real... insatisfação popular acabou por fomentar um
Em relação a política externa o campo propício para a difusão de idéias liberais,
Brasil foi elevado a categoria de vice-reino junto a através principalmente do Seminário de Olinda e
Portugal, para assim tentar aumentar o poder de por lojas Maçônicas. As reuniões nas casas de
Portugal frente ao Congresso de Viena (com o militares passaram a se tornar cada vez mais
princípio da legitimidade e do equilíbrio Europeu) constantes, e contavam cada vez mais com a
e também marca o reconhecimento da adesão de grandes senhores de engenho,
importância que o Brasil tinha tomado frente a comerciantes, padres e estudantes recém
Portugal. chegados da Europa, com todo o ideário
Além disso, D.João toma medidas revolucionário do continente. Por último, não
em represália a Napoleão, como por exemplo, a podemos deixar de citar a presença cada vez
expedição para dominar as Guinas Francesas, mais notória de setores populares da população
que ficaram sob domínio luso. No Vice Reino do nordestina. Ampliando o grau de
Prata, começaram com a invasão da Espanha descontentamento, temos ainda a figura do
pela França, movimentos que visavam a Governador de Pernambuco, um gaúcho, de
independência. Em 1811 Argentina e tinham desregrada, que aumentava a ira dos nativos.
conseguido e a região uruguaia estava próxima
de ser libertada de Buenos Aires. O Brasil O movimento eclode no momento
acompanhou atento aos movimentos, pois já em que o governador avisado do movimento
manda prender o líder José Barros Lima. No
havia adquirido o reconhecimento de sua
entanto, o mesmo foge da prisão e este fato
presença na região e assim desejava manter o
somado com a deserção da grande maioria de
mesmo, e também queria evitar o fortalecimento
soldados brasileiros, animam os revolucionários.
argentino.
Os revoltosos ganham em
A Revolução Pernambucana de 1817 ímpeto, e em Março do mesmo ano, tomam a
sede do governo e proclamam um governo
republicano em Recife. No mesmo mês, a
Paraíba instala sua república. O governo
provisório tinha como principais objetivos:
proclamação da república, abolição da maioria
dos impostos e elaboração de uma constituição,
documento este estabeleceria a liberdade
religiosa e de imprensa, além da igualdade de
todos perante a lei. Somente no quesito a
respeito da escravidão os revoltosos
abandonavam o ideal liberal, como meio de evitar
o choque com os interesses dos senhores de
engenho. Queriam a abolição, mas desde que
essa não atrapalhasse a economia local e nem
Neste período o nordeste passa prejudicasse os donos de cativos.
por uma enorme seca, e consequentemente O governo não durou mais de um
grande queda na taxa de exportação, com os mês, já que logo em seguida as tropas
senhores perdendo grande parte de seu lucro, e portuguesas reprimiram o movimento de forma
quase desaparecimento da cultura de
166

violenta, esmagando a república recém fundada. A revolução eclodiu quando em


Os principais líderes do movimento foram agosto de 1820, quando o general inglês que
executados. Era o governo lusitano tentando governava Portugal viajou ao Brasil, os rebeldes
através do derramamento de sangue manter o formaram uma Junta Provisória, e o movimento
seu poder. finalmente chegou a Lisboa tornando-se um
movimento nacional. Os britânicos foram
Independência enfim Materializada.
obrigados a se retirar, e convocou-se uma
No período em que a família real assembléia para elaboração de uma constituição.
esteve no Brasil as mudanças se mostraram
As notícias acerca do movimento
constantes. O Brasil se tornara de colônia em
chegaram ao Rio de Janeiro. A exigência do
Reino Unido; o Estado desenvolveu vários
retorno do rei, para que este jurasse a
órgãos, instituições e tribunais, o governo investiu
constituição gerava duas alternativas: o retorno
em arte, ensinos, e a cidade portuária do Rio de
do próprio rei, ou a ida do príncipe Pedro, para
Janeiro desenvolveu costumes do velho
que este acalmasse os ânimos revoltosos. Neste
continente. Na Europa, os acontecimentos pós
momento de dúvidas a revolução foi propagada
Revolução Francesa, continuavam a trazer
ao Brasil, com a adesão do Pará, depois a Bahia,
alterações. A derrota napoleônica provocou o
todos com o objetivo de obedecer a constituição
Congresso de Viena, o primeiro encontro entre as
portuguesa. Vale destacar que tal fato reflete os
nações européias. As conclusões do encontro
descontentamentos populares para com o
são chamadas nos meios acadêmicos de
governo do Rio de Janeiro e todos os seus
Regresso Conservador, dado ao conteúdo
impostos, além de que a viajem a Lisboa era
monárquico das decisões. Visava-se o retorno da
menos desgastante do que ao Rio.
velha ordem absolutista.
D. João tentou enviar o Príncipe e
Devemos destacar o
membros do governo brasileiro para ajudar na
Congresso, pois foi o mesmo um dos causadores
elaboração da constituição, mais a guarnição
da elevação do Brasil a condição de Reino Unido,
militar do Rio, fiel as Cortes opôs-se a idéia. Com
pois para participar do congresso, os reis
este quadro, de pressão popular, militar, além do
deveriam residir em reinos e não em colônias.
risco de perder o controle no Nordeste, não
Assim, mesmo com o objetivo claro de sustentar
restava outra saída ao Rei, a não ser retornar a
o pacto colonial nas colônias latinas, o Congresso
Lisboa e jurar a constituição, nomeando D. Pedro,
teve enorme participação para o desenvolvimento
como príncipe regente do Brasil. Além do retorno
sócio - econômico do Brasil. Ao defender o
do rei, foram eleitos deputados a serem enviados
princípio da legitimidade, o mesmo garantiu os
as cortes. Estes foram com a idéia ilusória de
direitos da Dinastia Bragança sobre Portugal,
tentar manter a liberdade de comércio adquirida
reprimindo movimentos republicanos e de
com os decretos reais.
tentativa de ruptura com a família real. Além
disso, pelo congresso as Guianas Francesas No entanto, as cortes aos poucos
recém conquistadas pelo Brasil, retornavam aos definiram sua linha de tentativa de recolonização
braços da França. (restauração do Pacto Colonial) do Brasil. Dois
fatos descontentavam os liberais: a autonomia do
Brasil e a penetração inglesa. Tentou-se anular
1 – A Revolução Liberal do os privilégios concedidos aos ingleses, e buscou
Porto de 1820 – se a subordinação dos governos provinciais a
Lisboa.
Desde a transferência da Corte
Temos assim o início de uma
para o Brasil, Portugal passava por uma situação
bipolarização política no Brasil: de um lado
no mínimo desconfortável: após a expulsão dos
setores comerciais influentes de Portugal, que
franceses de seu território, os lusos ficaram sob
visavam o restabelecimento colonial, e de outros
tutela dos ingleses. A posição de D. João,
os proprietários de terra do Brasil, comerciantes
contribuía para a situação, uma vez que mesmo
brasileiros, empresas inglesas, beneficiados com
sem a presença francesa, o mesmo permanecia
a abertura comercial, e não admitiam a
no Brasil. Além disso, as medidas liberais do
recolonização. No Brasil inteiro, a mobilização a
governo no Brasil acabaram por prejudicar os
respeito do tema se mostrava latente, e diante do
comerciantes lusitanos, levando sua economia a
desconforto da situação, existiram polarizações
uma situação delicada. Em 1818 foi fundada na
políticas:
cidade do Porto uma associação liberal inspirada
na Revolução Francesa. Esta associação reuniu
comerciantes, que saíram prejudicados com as
medidas de abertura de comércio do rei no Brasil, A – O Partido Português:
padres e também militares. Os portugueses que moravam no
Brasil, formavam um contingente considerável.
167

Entre eles temos comerciantes, militares e para emancipação, sem alterar a ordem social e
funcionários da Coroa, que apoiavam o sés privilégios. Os liberais revolucionários, mais
movimento do Porto. Principalmente os ligados as classes populares, assim
comerciantes, prejudicados em seus ganhos com potencialmente revolucionários, defendiam
a liberalização da política joanina. mudanças mais profundas e democráticas.
No entanto, os Liberais
B – O Partido Brasileiro (ou Liberais Moderados é que encontravam meios
Moderados) econômicos e políticos para alcançar o seu
Composto pela aristocracia rural, objetivo, contando principalmente com o apoio da
comerciantes e burocratas, em outras palavras, liberalista burguesia britânica.
formado pela elite colonial. O grupo seria D. Pedro, não pretendia retornar
prejudicado de maneira veemente em caso de a Europa, e se aproximou dos brasileiros,
recolonização, mais também, pelo seu caráter reforçando sua posição para as “Cortes”. D.
conservador, não via com bons olhos a Pedro era cortejado pelos Brasileiros e pelos
Independência. O medo era de o movimento Radicais, que envergavam nele o líder capaz de
ganhar um caráter revolucionário, de participação alterar a ordem. Por outro lado, José Bonifácio,
popular, onde seus privilégios poderiam ser tentava afasta-lo dos radicais afirmando que
questionados e ameaçados. O objetivo era estes tentariam implantar uma República, onde os
negociar com as Cortes, para que ambas as Bragança perderiam seu lugar. O caminho para
partes não fosses prejudicadas e se evitaria a este seria a aliança com os Brasileiros e uma
Independência. O líder: José Bonifácio de negociação com as “Cortes” para evitar a
Andrada. recolonização. No entanto, com a posição das
“Cortes” não restou outro caminho ao partido a
C – Liberais Radicais não ser o da defesa a emancipação, para que
Era um grupo heterogêneo, não se prejudicasse os seus negócios. Nesse
composto por pequenos proprietários, membros momento ocorre a junção de circunstâncias, o
do clero, intelectuais liberais, pequenos Partido Brasileiro enxergando um líder para
comerciantes, e tinham em comum o fato de romper os laços com Portugal e este líder
defender os princípios liberais. Eram contra as encontrando no partido o apoio contra os
propostas portuguesas e achavam que o melhor lusitanos. A Independência, no entanto, iria ter
caminho seria romper definitivamente os laços algumas condições: manter a população longe do
portugueses, movendo uma Independência para movimento, manter a unidade territorial e não
modificar o quadro socioeconômico do Brasil. alterar a estrutura do país.

D – Os Bragança
D. Pedro tinha uma formação
marcadamente absolutista, não estando
habituado com contestações ao seu poder, e a
Revolução do Porto acabou por questionar o
poder dos Bragança. As cortes passaram a exigir
o retorno também do príncipe, para que esse
jurasse a Constituição, e esta situação o colocou
em oposição as Cortes, dado a sua falta de
intenção de cumprir com o determinado. O
príncipe tinha o temor de perder o poder em
Portugal e também no Brasil, naquele momento, (D. Pedro I)
economicamente mais importante que Portugal. Em Dezembro de 1821 o decreto
vindo de Portugal propunha: abolição da regência
2 – A Separação Definitiva e o imediato retorno do príncipe, a obediência a
Embora a Independência do Lisboa e não ao Rio de Janeiro. Em resposta, D.
Brasil tenha sido um arranjo político, como Pedro une os aliados e transforma a sua decisão
defende Caio Prado Júnior, ela implica também em um ato político. Reúne a multidão no campo
em uma complexa luta social. As classes de Santana e declara ao povo sua intenção: foi o
buscavam nada mais do que defender os “Dia do Fico”. Esta decisão foi resultado de um
interesses particulares de cada uma. No fim,a amplo movimento organizado por José Bonifácio.
grande vitoriosa como veremos, foi à classe dos José Bonifácio, político ligava o príncipe a
latifundiários escravistas. políticos paulistas e acabou por seus contatos
Para o Partido Brasileiro, o ideal sendo nomeado ministro de governo, pela
era a criação de uma monarquia dual, que primeira vez, um cargo de tal importância foi dado
preservasse a autonomia e o liberalismo a um brasileiro.
comercial e mantivesse a ordem. No entanto, a No caminho de rompimento com
intransigência das Cortes fez o partido inclinar-se as Cortes, D. Pedro declaro que toda ordem de
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Lisboa só seria seguido se fosse assinada por ele escravidão e a exploração da maioria da
escrevendo “Cumpra-se”. Com este ato a Câmara população.
do Rio de Janeiro lhe confere o título de Defensor As preocupações iniciais foram:
Perpétuo do Brasil. irradiar o movimento inicialmente de caráter
Em junho do mesmo ano D.Pedro regional, para nacional, isso é, que a
convoca uma Assembléia para elaborar uma nova Independência fosse aceita além do sudeste. Era
Constituição, em paralelo com o Reino Português. necessário garantir a integridade territorial
A idéia inicialmente contrária a José Bonifácio sufocando as resistências de algumas regiões,
acabou sendo aceita pelo mesmo. No entanto como o Pará, Maranhão....Era necessário ainda
este tentou descaracteriza-la propondo eleições que as principais potências mundiais
indiretas para Assembléia. A idéia venceu a teoria reconhecessem o país como uma nação, pois só
dos liberais radicais que defendiam eleição direta. assim seria mantida a tranqüilidade do modelo
Em Agosto D. Pedro escreve o agro-exportador.
manifesto, explicando para as demais nações os Nossa Independência tem um
motivos que fizeram o rompimento como único caráter diferenciado das demais nações
caminho a ser seguido. européias, mais tem traços semelhantes também,
Em Setembro, em meio a uma pois também foi influenciada pela Independência
viajem a São Paulo, chega ao Rio de Janeiro dos Estados Unidos e pela Revolução Francesa,
mais uma carta das Cortes, em to ameaçador, como vimos nas rebeliões do Brasil colonial.
informando a possibilidade de uma pessoa para A emancipação política do Brasil
substituir o príncipe no comando da nação, caso não trouxe mudanças mais significativas na
este não aceitasse o simples papel de delegado. estrutura social, pois homens pobres livres,
Em São Paulo, quando recebe a carta, resolve escravos e pessoas afastadas do grande centro
mesmo em território paulista declarar a permaneceram a margem do movimento.
Independência do Brasil, em 7 de Setembro de
1822.
Exercícios

1 - (ALFENAS – 2000) O Bloqueio


Continental, em 1807, a vinda da família real para
o Brasil e a abertura dos portos em 1808,
constituíram fatos importantes

a) na formação do caráter nacional


brasileiro.
b) na evolução do desenvolvimento
industrial.
c) no processo de independência política.
d) na constituição do ideário federalista.
e) no surgimento das disparidades
regionais.

2 - (ESPM – 2000) Acontecimentos


políticos europeus sempre tiveram grande
3 – Conclusão influência no processo da constituição do estado
Como observa-se a brasileiro. Assim, pode-se relacionar a elevação
independência teve um caráter conservador: isto do Brasil à situação de Reino Unido a Portugal e
é: manteve o que já havia antes. Enquanto nos Algarves, ocorrida em 1815,
outros países da América do Sul onde os
movimentos buscavam alterar o que já havia a) às tentativas de aprisionamento de D.
antes, no Brasil a preocupação foi manter o João VI, pelas forças militares de Napoleão
espaço conquistado pelas ações joaninas e que Bonaparte.
estavam ameaçadas. b) à Doutrina Monroe, que se
Assim temos a vitória do Partido caracterizava pelo lema: "a América para os
Brasileiro, pois temos: a manutenção da liberdade americanos".
de comércio, a autonomia administrativa e evitou- c) ao Bloqueio Continental decretado
se uma que o movimento se transformasse em nesse momento por Napoleão Bonaparte e que
uma convulsão social, com a alteração da ordem. pressionava o Brasil a interromper seu comércio
Resumindo: a Independência foi um arranjo das com os ingleses.
elites políticas que visavam manter afastado do d) ao Congresso de Viena, que se
movimento as camadas populares, para assim encontrava reunido naquele momento e se
preservar a monarquia, os seus privilégios, a
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constituía em uma rearticulação de forças b) À necessidade das Cortes portuguesas


políticas conservadoras. de reconhecer à Independência do Brasil;
e) a política de expansionismo econômico c) À tensão política provocada pelas
e à tentativa de dominar o mercado brasileiro, propostas de recolonização das Cortes
desenvolvida pelos ingleses após a Revolução portuguesas;
Industrial. d) À repercussão da Independência do
Brasil nas Cortes portuguesas;
3 - (UNIBH – 1999) “Em 1808, 90 navios, e) Às conseqüências imediatas à
sob bandeiras diversas, entraram no porto do Rio proclamação da Independência;
de Janeiro, enquanto, dois anos depois, 422
navios estrangeiros e portugueses fundearam 6 - (FUVEST – 1999) Durante o período
naquele porto. Por volta de 1811, existiam na em que a Corte esteve instalada no Rio de
capital 207 estabelecimentos comerciais Janeiro, a Coroa Portuguesa concentrou sua
portugueses e ingleses, além dos que eram política externa na região do Prata, daí resultando
possuídos por nacionais dos países amigos de
Portugal”. a) a constituição da Tríplice Aliança que levaria à
Guerra do Paraguai.
As modificações descritas no texto estão b) a incorporação da Banda Oriental ao Brasil,
relacionadas com com o nome de Província Cisplatina.
c) a formação das Províncias Unidas do Rio da
a) o período joanino e o Ato Adicional Prata, com destaque para a Argentina.
à Constituição imperial. d) o fortalecimento das tendências republicanas
b) a abertura dos portos e a guerra de no Rio Grande do Sul, dando origem à Guerra
independência da Cisplatina. dos Farrapos.
c) o domínio napoleônico em Portugal e) a coalizão contra Juan Manuel de Rosas que
e a implantação do Estado Novo. foi obrigado a abdicar de pretensões sobre o
d) a abertura dos portos e os tratados Uruguai.
de comércio e amizade com a Inglaterra.
7 - (PUC – MG – 1998) Refere-se à Revolução
Pernambucana de 1817:
4 - (FGA – CGA - 1998) A Revolução do
Porto de 1820 se caracterizou como um I. O objetivo dos rebeldes era proclamar
movimento de: uma república inspirada nos ideais franceses de
igualdade, liberdade e fraternidade.
a) consolidação da independência do II. Os líderes do movimento foram
Brasil; condenados à morte por enforcamento.
b) retorno a ordem absolutista em Portugal; III. Os revoltosos, após matarem os
c) repulsa a invasão francesa em Portugal; chefes militares governamentais, conquistaram o
d) descolonização do império português na África; poder por 75 dias.
e) revolução liberal e constitucional.
a) se apenas a afirmação I estiver correta.
5 - (FGA – CGA - 1998) "As notícias b) se apenas as afirmações I e II
repercutiam como uma declaração de guerra, estiverem corretas.
provocando tumultos e manifestações de c) se apenas as afirmações I e III
desagrado. Ficava claro que as Cortes estiverem corretas.
intentavam reduzir o país à situação colonial e era d) se apenas as afirmações II e III
evidente que os deputados brasileiros, estiverem corretas.
constituindo-se em minoria (75 em 205, dos quais e) se todas as afirmações estiverem
compareciam efetivamente 50), pouco ou nada corretas.
podiam fazer em Lisboa, onde as reivindicações
brasileiras eram recebidas pelo público com uma 8 - (PUC – MG – 1999) A presença da
zoada de vaias. À medida que as decisões das Corte Portuguesa no Brasil (1808 – 1820) gerou
Cortes portuguesas relativas ao Brasil já não grandes transformações na vida econômica,
deixavam lugar para dúvidas sobre suas política e sócio-cultural brasileira, tais como,
intenções, crescia o partido da Independência." EXCETO:
(Emília Viotti da Costa. Introdução ao
Estudo da Emancipação Política) a) abertura do Banco do Brasil e da Casa
O texto acima se refere diretamente: da Moeda.
b) mudança da capital de Salvador para o
a) Aos movimentos emancipacionistas: às Rio de Janeiro.
Conjurações e à Insurreição Pernambucana; c) revogação do Alvará de 1785, que
proibia manufaturas no país.
170

d) elevação do Brasil a Reino Unido. d) a suspensão do Tratado de Methuen,


e) inauguração de institutos científicos com a ampliação da influência inglesa no Brasil.
como o Jardim Botânico. e) os efeitos da mineração, que
contribuíram para interligar as várias regiões do
9 - (PUC – RS – 1998) Apesar da Brasil ao Exterior.
liberdade para a instalação de indústrias
manufatureiras no Brasil, decretada por D. João 11 - (UFMG – 1998) Assinale a alternativa
VI, em 1808, estas pouco se desenvolveram. Isso que apresenta uma transformação decorrente da
se deveu, entre outras razões, à vinda da família real para o Brasil.

a) impossibilidade de competir com a) Fechamento cultural, devido às


produtos manufaturados provenientes da Guerras Napoleônicas, provocado pela
Inglaterra, que dominavam o mercado dificuldade de intercâmbio com a França, país
consumidor interno. que era então berço da cultura iluminista
b) canalização de todos os recursos para ocidental.
a lucrativa lavoura cafeeira, não havendo, por b) Diminuição da produção de gêneros
parte dos agro-exportadores, interesse em para abastecimento do mercado interno, devido
investir na industrialização. ao aumento significativo das exportações
c) concorrência dos produtos franceses, provocado pela Abertura dos Portos.
que gozavam de privilégios especiais no mercado c) Mudança nas formas de sociabilidade,
interno. especialmente nos núcleos urbanos da região
d) impossibilidade de escoamento da centro-sul, devido aos novos costumes trazidos
produção da Colônia, devido à falta de mão-de- pela Corte e imitados pela população.
obra disponível nos portos. d) Formação de novos parceiros
e) dificuldade de obtenção de matéria- comerciais, em situação de equilíbrio, decorrente
prima (algodão) na Europa, aliada à da aplicação das novas taxas alfandegárias
impossibilidade de produzi-la no Brasil. estabelecidas nos Tratados de Amizade e
Comércio.
10 - (PUC – RS – 2000) Leia o texto:
12 - (UFMG – 2000) A abertura dos
“21 de janeiro de 1822 – Fui à terra fazer portos do Brasil, logo após a chegada de D. João
compras com Glennie. Há muitas casas inglesas, VI, foi responsável pela entrada no país de uma
tais como seleiros e armazéns, de secos e grande quantidade de mercadorias inglesas, que
molhados; mas, em geral, os ingleses aqui passaram a dominar o mercado brasileiro. Essa
vendem as suas mercadorias em grosso a situação decorreu
retalhistas nativos ou franceses. Quanto a
alfaiates, penso que há mais ingleses do que a) da assinatura de tratados com a
franceses, mas poucos de uns e outros. Há Inglaterra, que permitiram a importação desses
padarias de ambas as nações (...). As ruas estão, produtos.
em geral, repletas de mercadorias inglesas. A b) da estrutura industrial brasileira, que se
cada porta as palavras Superfino de Londres baseava na produção de alimentos e tecidos.
saltam aos olhos: algodão estampado, panos c) da montagem de uma rede ferroviária,
largos, (...), mas, acima de tudo, ferragens de que facilitou a distribuição dos produtos ingleses
Birmingham, podem-se obter um pouco mais caro no mercado brasileiro.
do que em nossa terra nas lojas do Brasil, além d) do desenvolvimento urbano acentuado,
de sedas, crepes e outros artigos da China. Mas que acarretou o aumento da demanda por
qualquer cousa comprada a retalho numa loja produtos sofisticados.
inglesa ou francesa é, geralmente falando, muito
cara.” 13 - (UFPB – 1995) “Recentemente foi
lançado no Brasil o filme “Carlota Joaquina” que
( GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem satiriza eventos e personagens da monarquia
ao Brasil. São Paulo: Edusp, 1990). lusa na América. Entre esses personagens está o
O texto acima, de Maria Graham, uma regente D. João que, no dizer de Caio Prado Jr.
inglesa que esteve no Brasil em 1821, remete-nos era “homem pacífico e indolente por natureza.”
a um contexto que engloba: Fonte: História Econômica do Brasil. 40a
ed. São Paulo, Brasiliense, 1993, p. 130.
a) os efeitos da abertura dos portos e dos
tratados de 1810. A respeito da presença da Corte
b) o processo de globalização da portuguesa no Brasil entre 1808 e 1821, do ponto
economia no Brasil. de vista histórico, pode-se afirmar que:
c) as reformas econômicas do Marquês
de Pombal.
171

a) A presença do regente no Rio de d) A todas as nações, pois o decreto


Janeiro, sob a proteção da Inglaterra, rompeu de abertura dos portos possibilitou a colocação de
com o pacto colonial. seus produtos no mercado brasileiro a taxas
b) A presença portuguesa no Brasil mínimas.
estreitou os laços de união da metrópole com a e) A todas as nações européias que,
Inglaterra, garantindo posteriormente uma política beneficiando-se da abertura de novos mercados
mais firme e autônoma de Portugal frente às na América, puderam reorganizar-se para destruir
demais nações européias. o exército de Napoleão.
c) Os comerciantes portugueses foram os
principais beneficiados com a abertura dos portos
brasileiros às nações amigas. 16 - (CARLOS CHAGAS-BA) Os Tratados
d) O retorno da Corte portuguesa deu-se de Aliança e Amizade e de Comércio e
imediatamente após o fim do domínio francês Navegação (1810), celebrados entre a Inglaterra
sobre Portugal. (lorde Strangford) e Portugal (príncipe Dom João),
e) Até 1822, com a independência costumam ser vistos com restrições, entre outros
brasileira, não houve modificação administrativa motivos, porque.
ou econômica na colônia, deixando-a D. João, da
mesma forma como a encontrou. a) Admitiram a criação de tarifas
alfandegárias preferenciais para o~s produtos
14 - (ALFENAS – 2000) O Bloqueio ingleses, inferiores às pagas por produtos
Continental, em 1807, a vinda da família real para portugueses.
o Brasil e a abertura dos portos em 1808, b) Autorizaram a continuação do
constituíram fatos importantes trabalho escravo, ao mesmo tempo que
ampliaram o tráfico nas colônias portuguesas na
a) na formação do caráter nacional África.
brasileiro. c) Permitiram que a Inglaterra
b) na evolução do desenvolvimento estabelecesse postos livres em Recife, Salvador
industrial. e Rio de Janeiro.
c) no processo de independência d) Apoiaram a política de expansão
política. imperial ista que o príncipe regente Dom João
d) na constituição do ideário realizava no Prata.
federalista. e) Criavam diversas condições
e) no surgimento das disparidades restritivas ao desenvolvimento e à exportação de
regionais. produtos da agricultura tropical.

17 - (PUC-MG) O Tratado de Comércio e


15 - (FATEC-SP) “Incapaz de se defender Navegação de 1810, entre Inglaterra e Portugal,
contra o invasor e na iminência de vir a perder a contribuiu para.
soberania, o regente Dom João acaba por aceita
a sugestão insistente de seus conselheiros, entre a) Fortalecer a classe dos
eles o conde de Linhares, elo de ligação com comerciantes portugueses.
lorde Strangford, plenipotenciário inglês em b) Impedir o desenvolvimento
Lisboa e principal patrocinador da idéia de industrial do Brasil.
transferência da Família Real para o Brasil.” c) implantar o sistema de companhias
privilegiadas.
O autor se refere à vinda da Corte d) Intensificar as relações comerciais
portuguesa, que, na realidade, trouxe benefícios entre Brasil e Portugal.
principalmente. e) Preservar o regime monárquico no
Brasil.
a) A Portugal, pois o controle direto do
governo da colônia possibilitou uma política 18 - (ABC-SP) A elevação do Brasil e
econômica que favoreceu as finanças Reino Unido a Portugal e Algarves está
portuguesas. intimamente ligada.
b) À Inglaterra, que passou a ter, no
mercado da colônia, privilégios alfandegários a) o liberalismo de Dom João,
especiais, fato que colocou o Brasil na sua total desejoso de agradar aos Brasileiros.
dependência econômica. b) Ao Visconde de Cairu, homem de
c) Ao Brasil, porque, após o profícuo formação Liberal.
período da administração de Dom João e sua c) Ao conselho do embaixador inglês
volta a Portugal, a economia brasileira estava lorde Strangford.
firmemente estabilizada. d) À reação contra as pressões da
burguesia lusa.
172

e) À necessidade de legitimar a conseqüentemente, o controle que este país


representação portuguesa no Congresso de exercia sobre o comércio internacional e os
Viena. transportes marítimos não permitiam a Portugal,
seu antigo aliado, exercer o pacto colonial.
19 - (UFU) Leia o documento abaixo e c) A política de portos abertos na
procure responder: América era muito importante para as colônias e
negativa para as metrópoles.
“Alvará de 1º de abril de 1808 revogando d) A abertura dos portos possibilitou
a proibição que havia de fábricas e manufaturas ao BRASIL negociar livremente com todas as
no Estado do Brasil e Domínios Ultramarinos. nações, inclusive com a França.
e) Através da abertura dos portos, o
Eu o Príncipe Regente faço saber aos BRASIL pôde definir uma política protecionista de
que o presente alvará virem: Que desejando comércio à sua nascente indústria naval.
promover e adiantar a riqueza nacional; e vendo
um dos mananciais dela as Manufaturas, e a 21 - (PUC) A transmigração da família
Indústria, que multiplicam e melhoram e dão mais real portuguesa para o Brasil, repercutiu de forma
valor aos Gêneros e produtos da agricultura, das significativa, em relação à participação do Brasil
Artes, e aumentam a população, dando que fazer no mercado mundial, porque:
a muitos braços, e fornecendo meios de
subsistência muitos dos maus vassalos, que por a) organizou-se uma legislação
falta se entregariam aos vícios da ociosidade! E visando à contenção das importações de artigos
convindo remover todos os obstáculos, que supérfluos que naquela época começavam a
podem inutilizar e frustrar tão vantajosos abarrotar o porto do Rio de janeiro.
proveitos! Sou servido abolir, revogar toda e b) o Ministério de D. João colocou em
qualquer proibição que haja a este respeito no execução um projeto de cultivo e exportação do
Estado do Brasil e nos Meus Domínios algodão visando a substituir a exportação norte-
Ultramarinos; e ordenar que daqui em diante seja americana, prejudicada para Guerra de
lícito a qualquer dos Meus Vassalos, qualquer independência.
que seja o país em que habitem, estabelecer todo c) o tráfico de escravos negros para o
o gênero de manufaturas, sem excetuar alguma, Brasil foi extinto em troca do direito dos
fazendo os seus trabalhos em pequeno, ou em comerciantes portugueses abastecerem, com
grande, como entenderem que mais lhes convém, exclusividade, algumas das colônias inglesas
para o que hei por bem derrogar o Alvará de como a Guiana.
cinco de janeiro de mil setecentos e oitenta e d) o corpo diplomático joanino
cinco, a quaisquer leis, ou Ordens, que o catalisou rebeliões na Província Cisplatina,
contrário decidem... dado no Palácio do Rio de favorecendo assim, a exportação de couro sulino
Janeiro em primeiro de abril de 1808.” para a Europa.
e) foi promulgada a Abertura dos
Dom João VI, com ao Alvará de 10 de Portos e realizados Tratados com a Inglaterra.
abril de 1808, revoga o alvará de Dona Maria I, de
1785, que proibia a instalação de manufaturas no 22 - (CESGRANRIO) A transferência da
Brasil. corte portuguesa para o Brasil, em 1808, acelerou
transformações que favoreceram o processo de
a) Se a afirmação confirma o texto. independência. Entre essas transformações,
b) Se a afirmação contradiz o texto. podemos citar corretamente a(s):
c) Se parte da afirmação confirma o
texto e parte contradiz. a) ampliação do território com a
d) Se parte da afirmação foge ao texto. incorporação definitiva de Caiena e da Cisplatina.
e) Se parte de afirmação confirma e b) implantação, na colônia, de vários
parte foge. órgãos estatais e de melhoramentos como
estradas.
20 - (UFPE) Assinale a alternativa que c) redução da carga tributária sobre a
define o papel da “abertura dos portos” no colônia, favorecendo-lhe a expansão econômica.
processo de descolonização. d) Política das Cortes portuguesas de
apoio à autonomia colonial
a) A abertura dos portos às nações e) Restrições comerciais implantadas
amigas anulou a política mercantilista por interesse dos comerciantes portugueses.
desenvolvida por Portugal, junto à sua antiga
colônia na América, tornando-a de imediato 23 – A Independência do Brasil e a
independente. Emancipação das Colônias Espanholas tiveram
b) As novas condições criadas pela como traços comuns:
Revolução Industrial na Inglaterra e,
173

a) As propostas de eliminação do 27 – I – Aparecimento do Capitalismo


trabalho escravo imposto pelas metrópoles Industrial em substituição ao antigo e decadente
b) O caráter pacífico, pois não ocorreu capitalismo comercial
a fragmentação política do antigo bloco colonial II – Tradução em dois planos do
Ibérico. processo capitalista: abertura das áreas coloniais
c) Os efeitos das invasões a troca internacional e eliminação do trabalho
napoleônicas, responsável direto pelos escravo
rompimentos dos laços coloniais. III – Transferência da Família real
d) O objetivo de manter o livre para o Brasil e abertura dos portos
comércio, como forma de promover a Os itens acima sintetizam algumas razões
Industrialização. que respondem no Brasil, pela:
e) A efetiva participação popular, a) Eliminação de importações
pois as lideranças coloniais defendiam a criação b) Decadência da Mineração
de Estados Democráticos na América. c) Colonização Portuguesa
d) Independência Política
24 – O processo de Independência do e) Expansão Territorial
Brasil se caracteriza por:
28 – A respeito da Independência do
a) Conduzido pela classe dominante Brasil, é valido afirmar que:
que via na monarquia a chance de não perder a) foi um arranjo político que
seus privilégios preservou a monarquia como forma de governo e
b) Ter uma ideologia democrática também os privilégios da classe proprietária.
reformista, alterando o quadro social b) as camadas senhoriais, defensoras
imediatamente após a Independência. do liberalismo político, pretendiam não apenas a
c) Cria uma economia autônoma, emancipação política, mas a alteração das
independente dos mercados internacionais. estruturas econômicas.
d) Participação popular fundamental c) foi um processo revolucionário, pois
para o enfrentamento das tropas metropolitanas contou com a intensa participação popular
e) Promover um governo liberal e d) o liberalismo defendido pela
descentralizado, com a Constituição de 1824. aristocracia rural apoiava a emancipação dos
25 – A maior razão brasileira para romper escravos
com os laços de Portugal era: e) resultou do receio de D. Pedro I de
perder o poder, aliado ao seu nacionalismo.
a) Evitar a fragmentação do país,
abalada pelas revoluções anteriores. 29 – O processo de emancipação política
b) Garantir a liberdade de comércio, brasileiro:
ameaçada pela política de recolonização das
Cortes. a) tendeu a seguir o exemplo da América
c) Substituir a estrutura colonial por Espanhola
um mercado interno b) contou com uma grande participação
d) Aproximar o país das Repúblicas popular, principalmente de negros e mulatos do
platinas, e combater a Santa Aliança. nordeste, que viviam maior opressão.
e) Integrar as camadas populares ao c)marginalizou os elementos populares, e
processo político econômico. manteve as estruturas sociais e econômicas do
período colonial.
26 – A Respeito da Independência do d)foi completado com o grito do Ipiranga,
Brasil, pode-se afirmar que: em 7 de setembro, com a decisiva participação de
a) Consubstanciou as propostas da D. Pedro
Confederação do Equador e)somente foi consolidado após um ano
b) Instituiu a Monarquia como forma de guerra contra Portugal, uma vez que a
de governo, a partir de um amplo movimento metrópole não aceitou a ruptura.
popular.
c) Propôs a partir de Idéias Liberais 30 – O príncipe D. Pedro, na
das elites políticas, a extinção do tráfico de Independência, foi:
escravos, contrariando os interesses ingleses. a) essencial, pois sem ele não
d) Provocou a partir da constituição ocorreria a independência.
de 1824, profundas transformações nas b) figura de fachada, submisso aos
estruturas econômicas e sociais do país. desejos de José Bonifácio.
e) Implicou na adoção da forma c) mediador, minimizando os
monárquica de governo e preservou os interesses antagonismos entre Brasil e Portugal.
básicos dos proprietários de terra e escravos.
174

d) manipulado pêra aristocracia rural, humilhação. No contexto de descolonização da


objetivando realizar a Independência com a América, a ausência da participação popular não
manutenção da unidade popular. foi exclusividade do Brasil. No entanto, o
e) totalmente independente, tomando processo de Independência do Brasil, teve
para si a liderança do processo, dando a singularidades significativas.
independência um caráter revolucionário. Indique as algumas das principais
singularidades da ruptura tupiniquim para com
Questões Abertas: Portugal.
1 – (FUVEST 1993) “As ruas estão
repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as 4 – A Independência e a organização do
palavras SUPERFINO DE LONDRES saltam aos Estado Brasileiro se processaram num conjunto
olhos. O algodão estampado, panos largos, louça de interesses e aspirações da aristocracia rural.
de barro, podem ser obtidas no Brasil a um preço Quais os interesses dessa classe.
pouco mais alto do que em nossa terra”. Esta
descrição das lojas do Rio de Janeiro, foi feita por 5 – A história do Brasil só pode ser bem
Mary Graham, uma inglesa em visita no Brasil em entendida se relacionada com acontecimentos
1821. que marcaram a história mundial. Comente esta
a) Como se explica a grande quantidade afirmativa, tendo em vista o processo de
de produtos ingleses no Brasil desde 1808, e, independência do Brasil.
sobretudo depois de 1810?
b) Quais os privilégios dos produtos GABARITO: 1 – C / 2 – D / 3 – D / 4 – E /
ingleses tinham nas alfândegas brasileiras? 5 – C / 6 – B / 7 – E / 8 – B / 9 – A / 10 – A / 11 –
C / 12 – A / 13 – A / 14 – C / 15 – B / 16 – A / 17 –
2 – Acerca da Família Real no Brasil: B / 18 – E / 19 – A / 20 – B / 21 – E / 22 – B / 23 –
a) Explique o motivo da transferência da C / 24 – A / 25 – B / 26 – E / 27 – D / 28 – A / 29
Corte para o Brasil. – C / 30 - D
b) Dê dois exemplos de mudanças
político administrativas no Rio de Janeiro com a
chegada de D. João.

3 – (UFRJ – 1999) “A massa popular a


tudo ficou indiferente, parecendo perguntar como
o burro da fábula: não terei a vida toda ter de
carregar a albarda?” ( Saint Hilare, August. A
SEGUNDA VIAGEM DO RIO DE JANEIRO A
MINAS GERAIS. São Paulo. Cia. Das Letras,
1932; p. 171.)
Este francês esteve no Brasil no
momento da ruptura política dos laços coloniais.
Albarda no dicionário significa uma sela grosseira
para bestas de carga. E também opressão,

CAPÍTULO 03

O PRIMEIRO REINADO
175

B – A Democracia:
Hoje, liberalismo e democracia são
1 – O Contexto Europeu tratados praticamente como equivalentes, mas
Neste momento do contexto europeu, não era bem assim no século XIX. A diferença
notamos a presença de uma efervescência para os homens daquele tempo pode ser definido
cultural e ideológica, que pode ser resumida em pela seguinte passagem: enquanto a democracia
três palavras básicas: o liberalismo e a defendia o sufrágio universal o liberalismo
democracia. Para entendermos um pouco deste preconizava o voto censitário. Essa discórdia se
momento vivido pelo Brasil, devemos entender acentuou nos anos de 1850-1860. Os democratas
um pouco o significado destes termos. defendiam que não existiria sociedade liberal sem
a igualdade entre os cidadãos, então era
A – O Liberalismo: necessário atacar as desigualdades, entre elas o
A independência do Brasil não foi um voto censitário. Com a idéia da igualdade jurídica
movimento isolado, já que outras nações na se espalhar para igualdade social, os democratas
América e na Europa estavam sendo sacudidas estavam dispostos a ir mais longe do que os
por agitações políticas e sociais. liberais esperavam ir.
O Iluminismo difundiu-se para América
em fins do século XVIII, inspirando tanto a 2 – O Liberalismo no Brasil do Século
Inconfidência Mineira como a Conjuração Baiana. XIX
No entanto, permaneceu restrito a uma minoria A luta pela Independência no
de pessoas cultas e instruídas. Com a derrocada Brasil, obscureceu as diferenças entre liberalismo
de Napoleão na Europa, e as decisões do e democracia, favorecendo a formação de uma
Congresso de Viena, revoluções eclodiram por frente única contra Portugal.
toda a Europa e foi neste contexto que surgiu o Com a concretização da Independência
liberalismo. Embora sejam quase sinônimos, as interrogações giravam em torno de três eixos:
Iluminismo e Liberalismo tem uma diferença os que defendiam um poder central forte; os que
básica: o segundo acabou por ganhar as defendiam a descentralização federalista e os que
camadas populares, e consequentemente, pregavam pela igualdade social, ou democráticos.
também popularizou o primeiro. Os dois primeiros eram compostos de
Uma das características importantes dos conservadores da elite, a aristocracia escravista.
liberais é a defesa ao individualismo, com o
individuo estando acima do Estado, e não como 3 – A Organização da Monarquia
um apêndice de um grupo. A defesa da liberdade
de expressão e pensamento, não acreditando em A – O Ministério de José Bonifácio
qualquer limite imposto por dogmas. Desde que assumiu o ministério
Em relação ao Antigo Regime, em 1822, Bonifácio se caracterizou por se opor
propuseram a restrição ao campo de atuação do aos radicais, principalmente após a
poder. Defendendo a livre concorrência e a lei de independência. Aos democratas, comparou a
mercado, eram contrários ao intervencionismo anarquia e assim empenhou-se em se opor a
estatal, sendo assim oposto ao mercantilismo dos esse grupo. Por último era contra a escravidão.
Estados Absolutistas. Defendia ainda a Essa marca ambígua de Bonifácio era marcante,
separação do poder absolutista em três esferas pois ao mesmo tempo que tinha posições
de poder: legislativo, executivo e judiciário, avançadas acerca da escravidão, era
autônomos e independentes entre si. Assim, conservador em outros pontos, como o repúdio a
praticamente se anulariam as forças do Estado democracia.
em favor das liberdades individuais. Esses ideais Com isso acima, nada mais
acabaram por ganhar as classes menos natural do que o desentendimento de Bonifácio
favorecidas que eram sufocadas pelo poder com os radicais e com a aristocracia agrária do
absolutista. Foi ainda instrumento para o alcance sudeste, da qual era representante do poder. Seu
do poder por parte da burguesia, classe essa que projeto de organização da monarquia também era
assim que tomou o poder acabou por adotar contraditório, graças a sua formação anti-
medidas mais conservadoras, como por exemplo absolutista, entrando em confronto com o
a iniciativa do voto censitário (por renda). Assim o Imperador. O ministro pretendia governar
liberalismo consagra dessa forma a desigualdade afastado das pressões políticas dos partidos e do
entre os homens, se transformando em uma próprio ideal absolutista do imperador.
doutrina e uma prática elitista. Essa diferenciação Naturalmente esse objetivo era impossível, daí
não incomodava aos liberais, pois para eles a seu isolamento político e conseqüente
igualdade entre os seres era regulamentada pela afastamento do cargo.
lei, e assim, a menor ou maior riqueza era
diretamente adquirida graças a competência de B – A Assembléia Constituinte
cada um.
176

Afastando os radicais da
constituinte, Bonifácio tentou fortalecer o
Executivo em detrimento do Legislativo. Na
Assembléia ficou decidido que as sanções da
mesma independeriam da aprovação do
imperador, mesmo com este mostrando certa
resistência.
Neste momento, o Imperador
afastado do Partido Moderado dos Andrada,
passou a se vincular ao Português, defensor do
ideal Absolutista. D. Pedro os afastou os
moderados definitivamente do poder e nomeou
para o Ministério nomes de sua confiança. A
queda dos antigos ministros assinalou uma
profunda mudança na vida política do país, pois
possibilitou a ascensão do Partido Português até
a Abdicação. (D. Pedro I)
A Assembléia Constituinte foi O Jornal A Sentinela publicou uma carta
marcado com o intuito de manter a unidade ofensiva contra os militares portugueses,
territorial do Brasil, uma vez que as cortes assinada por um “brasileiro resoluto” segundo sua
portuguesas declararam os governos provinciais própria denominação. Os militares espancaram
independentes do Rio de Janeiro, e conseguido um acusado da autoria, acusado este que dias
isso, o retorno ao Pacto Colonial seria apenas um depois seria considerado inocente. O incidente
detalhe. causou comoção da Assembléia, que exigia uma
Quando a Assembléia foi explicação do imperador. A ruptura entre o órgão
convocada, os moderados trataram de esvaziar o e o imperador era inevitável quando a Assembléia
seu sentido popular, proibindo os membros que em um ato de rebeldia se declarou em sessão
sobreviviam de salários elegerem seus permanente. D. Pedro respondeu mandando o
representantes, para eleição de representantes exército invadir o órgão ordenando a prisão dos
da Aristocracia Rural. deputados. Estava dissolvida a Assembléia e o
Com a apresentação de um “anti- poder que a Aristocracia detinha até então
projeto” foi feito uma comissão de deputados para chegava ao fim, perdendo seu posto para o
a análise. O projeto contemplava os princípio de Absolutismo apoiado pelo Partido Português.
soberania nacional e liberalismo econômico, o
anti-colonialismo e a xenofobia (ódio aos D – A Carta Outorgada de 1824
estrangeiros). A lusofobia (ódio as lusos) era A dissolução provocou grandes
explicado pela possibilidade de perder a descontentamentos. Para minimizar foi
Cisplatina, a Bahia e o Pará para os mesmos, convocado um Conselho de Estado, composto
uma vez que o Partido Português continuava por dez membros para que estes redigissem um
presente. O projeto era ainda anti-absolutista, texto constitucional. Depois de 40 dias, no dia 25
limitando o poder de D. Pedro valorizando a de Março de 1824 estava outorgada a Carta. A
representatividade nacional na Câmara, que seria mesma estava apoiada em grandes partes no
indissolúvel, e que teria o controle das Forças anti-projeto, com uma alteração que seria
Armadas. Por último, para excluir os populares, imprescindível: a instituição do poder Moderador,
garantiu a possibilidades de participação político além dos três outros poderes já consagrados. A
por meio de uma renda mínima, renda esta constituição assim como o anti-projeto afastava
baseada numa mercadoria corrente: a Farinha de as camadas populares da política, ao condicionar
Mandioca. Daí o nome de Constituição da política a renda, no entanto, desta vez a dinheiro
Mandioca, que excluíam tanto os lusos quanto os e não a produto.
populares, os primeiros porque eram O Poder Legislativo seria
comerciantes sem acesso a terras e composto por um Senado vitalício e por uma
consequentemente a plantações e os segundos Câmara dos Deputados com mandatos de três
por não terem renda necessária. Assim, a anos. O senadores eram escolhidos pelo
Aristocracia resguardava para si a Imperador, a partir de uma lista tríplice
representatividade nacional. apresentada pelas províncias. Sua função seria,
propor, redigir e aprovar leis. O Poder Judiciário
C – A Dissolução da Constituinte seria exercido por um Supremo tribunal, com os
Com essas características, o anti-projeto magistrados também escolhidos pelo Imperador.
foi alvo de criticas. A insistência em cercar o O executivo, seria exercido por um Ministério,
poder de D. Pedro fez com que o mesmo se também escolhido por D. Pedro, onde ele seria o
voltasse contra a proposta. No entanto, o que vai presidente.
definir a situação é um acontecimento inusitado.
177

dada a característica Revolucionária do Estado


desde 1817. As expectativas liberais da
experiência de 1817 difundiram-se através da
imprensa escrita pernambucana, principalmente
nos jornais de Cipriano Barata e Frei Caneca, que
podemos dizer são responsáveis por preparar
espiritualmente a Confederação do Equador. O
primeiro estudou em Coimbra, de onde trouxe os
estudos liberais, se associou as diversas
revoluções no nordeste, estando ligado aos
populares. Após ser preso várias vezes,
estabeleceu – se em Recife e com seu jornal
influiu na corrente liberal de Pernambuco, tendo
em Frei Caneca seu principal discípulo.
( A Carta Outorgada)
Em Pernambuco a dissolução da
Já o Poder Moderador pertencia
Assembléia encheu de descontentamento os
exclusivamente a D. Pedro, e deveria ser a liberais, gerando a queda do governo, até então
princípio um Poder neutro, cuja função seria sintonizado com o Imperador, sendo substituído
garantir a harmonia dos três outros poderes. No
por uma Junta Governativa, que tinha como chefe
entanto, uma vez instituído no Brasil, este passou
Manuel Garcia Pais de Andrade, líder do
a ser o centro de poder, tornando-se instrumento
movimento de 1817.
da vontade do Imperador. A este poder, cabia Este governo liberal, hostil as
aprovar ou não as decisões do legislativo, nomear tendência absolutistas do Imperador, não foi
senadores e dissolver a Câmara. Ao Executivo, apoiada pelo Imperador, pois para outorgar a
restava o poder de escolher os membros do
constituição a mesma teria que ser aprovada
Conselho de Estado, além de nomear e demitir
pelas Câmaras Municipais, assim era necessário
presidentes e funcionários das províncias, que
haver governos locais favoráveis ao seu governo.
estavam submetidas ao Moderador, impedindo As possibilidades de nomeação de um novo
assim tendências autonomistas. presidente fez com que se apressasse a
A Carta ainda estabeleceu a confirmação do chefe pelos locais como
religião Católica como oficial do Estado. A relação
presidente da província.
entre Estado e Igreja era regulada pelo regime do
Com toda precaução, D. Pedro
Padroado, segundo o qual os clérigos eram
nomeou em 1823 um presidente para província
pagos pelos Estado. Por isso, ao Imperador do grupo que havia sido retirado do poder pouco
competia nomear sacerdotes aos vários cargos antes pelos provinciais. Mesmo diante de pedidos
eclesiásticos e dar consentimento as bulas
para que o Imperador respeitasse a decisão
papais.
popular, D. Pedro enviou tropas do Rio de Janeiro
para garantir a posse do novo presidente. Mesmo
E – A Confederação do Equador
assim a resistência era enorme, como nessa
A concentração de poderes nas frase que foi corrente em Pernambuco:
mãos do Imperador gerou grandes “Morramos todos, arrase-se
descontentamentos, principalmente no nordeste,
Pernambuco, arda a guerra, mas conservemos
onde a nomeação dos presidentes provinciais
nosso presidente a todo transe! Conservemos a
entrou em choque com os interesses
dignidade da soberania dos povos”
autonomistas dos proprietários rurais. A Unidade Diante deste quadro de
econômica nacional era precária, pois mesmo desavenças entre locais e Imperador, em julho de
com a independência o Brasil manteve o seu 1824, temos a proclamação da Confederação do
modelo dependente ao mercado externo, não
Equador, por Manuel de Carvalho.
havendo grandes possibilidades de intercambio
Na Confederação, os revoltosos
entre as províncias. No plano político, a única
tentaram não cometer os mesmos erros
alteração que sofreram foi com relação a cometidos na Revolução de 1817, como o
localização das ordens que ali chegavam: ao isolamento. No manifesto lia-se:
invés de emergir de Portugal, elas agora “Segui ó brasileiros o
emergiam do Rio de Janeiro.
exemplo dos bravos habitantes da zona tórrida
No nordeste o descontentamento
(...) imitais os valentes de seis províncias que vão
com o Absolutismo foi notório em diversas partes:
estabelecer seu governo sobre o melhor dos
em Pernambuco o descontentamento foi contra a sistemas – o representativo”
nomeação do presidente, na Paraíba, assustados
com a dissolução da Constituinte desconfiavam
de tudo que vinha do Rio de Janeiro, além de
focos de descontentamento em outros estados.
Em Pernambuco as reações ao
absolutismo do Imperador foram mais notórias
178

comércio com o exterior o Brasil necessitava ser


reconhecido como Independente pelos países
europeus. Para conseguir esse reconhecimento o
Brasil foi obrigado a assinar tratados
desfavoráveis em troca de seus interesses nas
relações comerciais.
O primeiro país a reconhecer a
emancipação foi os EUA em junho de 1824. Duas
razões explicam essa atitude: a Doutrina Monroe
(Bandeira da Confederação) (1823) que defendia anti-colonialismo, e
principalmente os fortes interesses econômicos
Pretendia a adesão das demais emergentes nos EUA, que visava reservar para si
províncias e o apelo foi encampado por Ceará, a América. Os países hispano-americanos
Rio Grande do Norte e Paraíba, que com demoraram a reconhecer a Independência, pois
Pernambuco formaram a Confederação do com um governo republicando, estes países
Equador. Adotou-se a Constituição colombiana, e desconfiavam do viés monárquico adotado no
assim tentou se formar um Estado desvinculado Brasil.
do restante do Império, baseado na A Inglaterra com seus inúmeros negócios
representatividade, republicanismo, federalismo, dentro do território nacional tinha enorme
para que os Estados associados tivessem interesse em reconhecer a Independência, mais
autonomia. só poderia fazer isto depois de Portugal. Por esse
A repressão ao movimento foi motivo a ação inglesa se deu no sentido de ajudar
toda organizada no Rio de Janeiro e diante disso diplomaticamente no reconhecimento da
as tropas e armas dos diferentes estados foram Independência por parte dos lusos. Assim em
todas enviadas a Pernambuco. Enquanto tentava- Agosto de 1825, mediante pagamento de 2
se criar uma resistência uniforme da Bahia ao milhões de libras esterlinas, que o Brasil
Ceará, o imperador reprimiu separadamente cada conseguiu através de um empréstimo com os
província para assim impedir sua união. A mesmos ingleses, foi reconhecido por Portugal a
carência de recursos e matérias, fez o imperador Independência do Brasil. Do ponto de vista
contrair empréstimos e contratar mercenários, internacional a emancipação do Brasil nada mais
especialmente da Inglaterra, para finalizar a significou do que a substituição da exploração de
repressão. Em 2 de Agosto, partiram as tropas, antes feita por Portugal, que agora seria
por terra e por mar, para em 17 de Setembro executada pelos outros países europeus,
concluírem a conquista de Olinda e Recife, principalmente a Inglaterra.
principais centros de resistência. Com o modelo econômico
As condenações foram muito mantido, o país dependia da exportação para
severas, e destaca-se a de Frei Caneca, que teve manter suas receitas. No entanto a primeira
que ser fuzilado, uma vez que sua condenação a metade do século XIX foi crítica para nossa
forca não pode ser cumprida, pois os carrascos economia, com o nosso açúcar sofrendo
se recusaram a enforcar o líder. Finalizou-se a concorrência de Cuba, Jamaica e do açúcar de
Confederação, mais não eliminou a insatisfação beterraba dos produtos europeus. O algodão e o
com o absolutismo no Brasil. arroz estavam tendo concorrência dos EUA.
Assim, o café se consistia na esperança, pois seu
F – Oposição: As dificuldades e mercado estava em crescimento e o Brasil não
Contradições do Primeiro Reinado encontrava concorrente.
Na constituição de 1824 estava Havia em paralelo a crise
assegurada a convocação da Câmara dos econômica, a crise financeira, onde a debilidade
Deputados em 1826. Com isso, temas discutidos do Estado era mais notória. Dispunha de poucos
antes da dissolução da Assembléia retornaram a recursos pela baixa tarifa alfandegária, que
cena, e uma oposição moderada tomou forma, mesmo assim era a principal fonte de receitas.
sendo o jornal a Aurora Fluminense, o principal Assim, o Brasil era forçado a buscar
porta voz da oposição. Defendia uma monarquia empréstimos, sob altos juros. O déficit do Estado
constitucional, atacava a autocracia imperial, a se tornou crônico.
má distribuição de cargos públicos, defendendo a Os problemas foram ainda
conquista destes por mérito pessoal. Defendiam piorados com a eclosão do problema da
ainda o liberalismo econômico, associando a Cisplatina, quando um líder militar Uruguaio
liberdade a propriedade. desembarcou na região com sua tropa e com o
Outro fato a ser destacado no apoio da população declarou a anexação da
Primeiro Reinado é que embora a emancipação Cisplatina as Repúblicas das Províncias Unidas
política tenha sido formalizada, a economia do Rio da Prata. Em resposta o Brasil declarou
nacional continuava dependente, escravista e guerra aos argentinos, conflito que durou dois
agro – exportadora. No entanto, para regularizar o anos, tendo como fim o acordo entre as duas
179

nações, que estabeleceu a independência da


Cisplatina, chamada agora de república Oriental
do Uruguai.
O derramamento inútil de sangue
e os sacrifícios para essa guerra ativaram a
oposição. Para sanar a crise financeira, D. Pedro
emitiu de maneira desenfreada papel moeda,
sacrificando as camadas populares, pois a
conseqüência foi o aumento geral dos preços. A
crise atingiu o auge com a falência do Banco do
Brasil em 1829.

G – A Abdicação de D. Pedro
Em Portugal, D. João VI havia
morrido em 1826, e assim o temor da
recolonização retornou, mesmo com D. Pedro
tendo renunciado o trono em favor de sua filha.
No mesmo momento do fim da Guerra Cisplatina,
D. Miguel, irmão de D. Pedro, assumiu o trono Ocorre então mais uma
com um golpe. A possibilidade de D. Pedro enviar manifestação no Rio, exigindo a reintegração do
tropas brasileiras para retirar o irmão do trono, Ministério. No entanto, D. Pedro se manteve
trouxe novas inquietações a cerca da irredutível. Essa atitude culminou com a
possibilidade de união dos dois reinos. passagem do chefe militar para os quadros de
A impopularidade do imperador ia oposição. Assim, o imperador estava
crescendo gradativamente, aumentando a completamente sem apoio, isolado, sem contar
oposição. Em 1830, os absolutismos nem sequer com as tropas, para reprimir as
internacionais vinham sendo derrotados. manifestações. A única alternativa que agora
Os jornais foram importantes no restava era a Abdicação, e foi o que fez, em favor
aumento das paixões políticas. O assassinato de de seu filho: Pedro de Alcântara, então com cinco
Libero Badaró, que dirigia um jornal de oposição, anos de idade. Em 7 de Abril. D. Pedro deixou o
precipitou os acontecimentos, uma vez que foi trono, abandonou o país, se reconciliando com os
cometido por partidários do Imperador. O maior Andradas ao deixar José Bonifácio como tutor de
foco de oposição estava em Minas. Sem as D. Pedro II.
forças militares, pois os soldados estavam
passando para oposição, D. Pedro resolveu Exercícios Abertos
visitar a província a fim de pacificá-la. No entanto,
foi recebido por mineiros que preferiram 1 – A Constituição de 1824 consagrou de
homenagear a memória de Badaró. certo modo o absolutismo de D. Pedro I.
No Rio, D. Pedro encontrou um Justifique essa afirmação.
conflito entre partidários seus e liberais, na
famosa Noite das Garrafadas. Para conter os 2 – Caracterize os principais
radicais o Imperador tentou reformar o ministério agrupamentos políticos do I Reinado –
Brasileiro, criado para os Brasileiros, mais que até Conservadores, Liberais e Liberais Radicais.
então, não tinha sido ocupado pelos mesmos. Foi
organizado um ministério, agora claramente com 3 – A Carta Constitucional que vigorou no
propósitos absolutistas, com membros que Brasil na época do Império outorgada, em 1824,
apoiavam o império de forma clara. por D. Pedro I:
a) O que é uma Carta Constitucional
outorgada?
b) Quais os poderes estabelecidos pela
Carta Constitucional de 1824?
61

A REGÊNCIA (1831 – 1840) constitucional, com a sociedade escolhendo


presidentes provinciais e reformando o exército
excluindo os radicais dos bons cargos.
1 - Do Avanço Liberal ao Regresso Em 1831 houve a sublevação de 26º
Conservador Batalhão do Rio de Janeiro, exigindo diversas
Neste período temos os seguintes medidas, dentre elas a renuncia do Ministro da
governos regenciais: Justiça: Padre Feijó. No entanto, bastou a recusa
1 – Regência Trina Provisória no atendimento para as tropas se recolherem ao
(Abril a Julho d e 1831) batalhão novamente. Mesmo sem ter gerado
2 – Regência Trina Permanente maiores problemas, este movimento deixou claro
(1831-1834): Composta por Francisco de Lima e que o governo regencial não poderia confiar nas
Silva, José da Costa Carvalho e João Bráulio tropas regulares. A partir desta constatação foi
Muniz, no entanto o nome de maior destaque foi criada a Guarda Nacional.
padre Feijó, ministro da Justiça, que após 1934, A Guarda era subordinada ao Ministro da
foi eleito, conforme a alteração da Constituição, Justiça e acabava com as milícias. A Guarda era
para Regente Uno. uma força paramilitar, onde os oficiais eram
3 – Regência Feijó (1835-1837): eleitos por votação secreta. Assim os moderados
Renunciou antes de cumprir o mandato. se equipavam com uma força eficiente e fiel. Com
4 – Regência Araújo Lima (1837- a Guarda, os moderados controlaram a situação,
1840): Finalizada com o golpe da Maioridade. se dando o luxo de afastarem os radicais do
Uma vez finalizado o Primeiro poder.
Reinado, sinalizando com a derrota da autocracia, Os agrupamentos políticos mais uma vez
foram tomadas várias medidas liberais, começaram a se cristalizar no momento de
caracterizando esse momento, como “Avanço discussão da reforma constitucional. Esta reforma
Liberal”. No entanto, em 1833, eclodiu a definiu uma monarquia federativa, senado eleito e
Cabanagem, uma rebelião no Pará, a Farroupilha, temporário e criação de Assembléias Legislativas
no Rio Grande do Sul, a revolta dos Malês e Provinciais. O projeto foi enviado ao Senado, em
Sabinada, ambas na Bahia. Essas revoltas e o reação organizou-se a defesa a Constituição
clima de agitação que delas derivaram, Outorgada por D. Pedro I. Eram os restauradores,
fortaleceram o ideal conservador e centralista, agora em franca oposição aos exaltados e aos
passando do “Avanço Liberal” para o “Regresso moderados.
Conservador”. Mesmo com um restaurador na tutela,
Neste momento temos o José Bonifácio, os moderados empreenderam
reagrupamento dos grupos políticos: os reformas dentro do governo, reformas essas que
moderados antigos participantes do “partido são a base do período chamado de Avanço
brasileiro” defendiam o “federalismo” e o fim da “ Liberal. As reformas se caracterizam por:
vitaliciedade do senado”. Os restauradores que 1 – Aprovada a Lei que garantia os
são os antigos participantes do “partido deputados eleitos em 1833 poderes constituintes
português”, reforçados de alguns membros do para reformar a Carta outorgada por D. Pedro.
“partido brasileiro” partidários do retorno de D. 2 – Aprovado o Código de Processo
Pedro II. Por último, temos os exaltados Criminal dando autonomia judiciária aos
denominados liberais radicais, que defendiam municípios, com juízes de Paz eleitos localmente,
essencialmente a democratização da sociedade. com o poder de polícia. Nota-se que esses estes
eram controlados pelos proprietários locais
A – O Avanço Liberal detentores do poderes de fato.
A queda de D. Pedro não trouxe 3 – Os deputados eleitos providenciaram
de imediato a pacificação da sociedade. Em abril, as seguintes Reformas Constitucionais:
eclodiram mais conflitos entre brasileiros e Assembléias Legislativas Provinciais podendo
portugueses. Essas instabilidades, geraram uma legislar sobre matérias civis e militares e
certa paralisação comercial, pois os comerciantes instruções políticas e econômicas dos municípios.
lusos se retiraram do Rio de Janeiro e os A Regência Trina foi transformada em Uma, com
brasileiros suspenderam seus negócios, gerando eleições diretas.
desemprego e aumentando ainda mais a Estas medidas receberam o nome de Ato
instabilidade social. Adicional. O mesmo preservou a vitaliciedade do
Os moderados, beneficiários com a Senado, como concessão aos restauradores,
queda do imperador, haviam perdido o controle e além da autonomia provincial como ganho aos
estabeleceram alianças com os exaltados e exaltados.
conservadores para formação de um quadro Em 1833 foi dado o golpe final para saída
dirigente: “Sociedade Defensora da Liberdade e dos Andrada da cena política. Foi afixada na
da Independência”, quadro este que seria fachada da Sociedade Militar um retrato de D.
comandado pelo grupo mais forte, o moderado. Pedro I, e o medo do retorno do Imperador fez
Como atrativo, ofereceu aos exaltados a reforma estourar uma revolta popular com o
62

apedrejamento das sedes dos restauradores. evitando a todo custo a democracia, que então
Estava conseguido o pretexto para destituir José era identificada como anarquia. Nas eleições de
Bonifácio da tutoria, conseguido com a aprovação 1836, as graves agitações nos variados pontos do
da Câmara em Dezembro de 1833. Com a morte Brasil, contribuíram para eleição de uma maioria
de D. Pedro em 1834, os restauradores perderam regressista para Câmara dos Deputados. Essa
o motivo de existir. tendência, anti-democrática começava a se firmar
Assim o que polarizou a política foi a no país.
defesa ou não do Ato Adicional: os que os A harmonia entre o Legislativo e
defendiam foram chamados de progressistas e os Executivo, ambos regressistas, favoreceu a
contrários regressistas. Os últimos se coesão da aristocracia, que pôde então, enfrentar
aproximavam dos antigos restauradores, com firmeza as várias rebeliões que incendiavam
defendendo o centralismo, enquanto os primeiros o país, e assim preparar terreno para a chegada
defendiam a descentralização. Alguns ao poder de D. Pedro II.
moderados, com medo da agitação popular
começaram a defender a centralização, pois com 2 – As Rebeliões Regenciais
o fim dos restauradores e a morte do antigo
imperador o risco do absolutismo estava A – A Cabanagem
suspenso. No entanto, o perigo de uma rebelião O Pará sempre fora dominado por
popular inquietava a elite. uma camada de ricos comerciantes portugueses,
Nas eleições para Regência concorreram aliados de altos funcionários civis e militares. Este
Padre Feijó e Antonio Francisco de Paula grupo resistiu o quanto pode a declaração de
Holanda, um rico senhor de engenho Independência, só sendo sanado o problema um
pernambucano. Os progressistas apoiaram Feijó ano após o Grito do Ipiranga, com o envio de
e os regressistas o seu adversário. Os tropas cariocas. No entanto, a proclamação
progressistas saíram vitoriosos na regência, mais alterou muito pouco a vida da população mais
um ano após perderam para os regressistas nas pobre. Sentindo-se traído o povo se rebelou e
eleições legislativas. passou a exigir a participação de seus líderes no
Feijó assumiu em 1835 e governou até governo provisório.
37, num momento de eclosão de diversas Após alguns poucos anos de paz,
rebeliões espalhadas Brasil afora. Em 1836 dizia as agitações retornaram a cena no momento da
o regente: abdicação, pois as autoridades locais nomeadas
pela regência, foram contestadas, este fato
“Nossas instituições vacilam, o cidadão somado a falta de pulso por parte da regência
vive receoso; o governo consome o tempo em provocou um clima de continua instabilidade.
vãs recomendações. Seja ele responsabilizado Para contornar as agitações a regência enviou
por abusos e omissões, dai-lhe porém, leis um novo governo, e o mesmo se inclinou em
adaptadas as necessidades públicas, dai-lhe estabelecer uma política repressora, que com o
forças para que possa fazer efetiva a vontade tempo se mostrou ineficaz, e estimulou o
nacional. O vulcão da anarquia ameaça devorar o aparecimento de novas rebeliões, como a
Império. Aplicai a tempo o remédio.” Cabanagem.
Contra o novo presidente da
A Câmara dos Deputados, colocou-se em província, estava sendo organizado um levante
oposição a Feijó, dando origem a um armado. O movimento que se irradiou de Belém
agrupamento regressista, que foi ignorada pelo para a zona rural eclodiu em 1834, onde os
regente. Este ato foi um erro, pois o mesmo não cabanos dominaram facilmente a capital e
percebeu que esse agrupamento representava os executaram o presidente da Província. Foi eleito
verdadeiros interesses da elite dirigente. O como novo presidente um dos líderes do
regente foi se isolando politicamente e diante da movimento, Malcher, que quando assumiu o
oposição e da falta de pulso para coibir as poder, se declarou fiel ao Imperador e tratou de
rebeliões, Feijó se demitiu em 1837, sendo a reprimir o movimento que o colocara no poder.
Regência assumida interinamente por Araújo Enquanto o novo presidente se
Lima. incompatibilizava com os Cabanos, crescia a
popularidade de um novo líder: Pedro Vinagre.
B – O Regresso Conservador na Quando Malcher tentou proceder um golpe contra
Regência Araújo Lima. Pedro, foi preso, executado e o novo líder passou
O novo gabinete de Araújo Lima a responder pelo poder. Surpreendentemente o
era composto pela maioria, ou seja, de mesmo seguiu a linha do seu antecessor
regressistas, daí o nome de regresso conservador declarando fidelidade ao Imperador, e
para este período da história. Para esta elite o prometendo entregar o poder a nova indicação do
liberalismo resumia-se a luta contra o despotismo governo.
de D. Pedro I. Uma vez vencido este obstáculo Temendo pelas constantes
era necessário parar o “carro revolucionário” agitações da região o governo enviou um forte
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aparato militar. O novo governo se resumiu a devido a pesada carga de impostos cobrados.
conquistar a capital, enquanto os cabanos se Assim, ao passo que os argentinos cobravam
retiraram para o interior, onde se reagruparam, e baixas tarifas para importação do sal (matéria
conseguiram mais uma vez conquistar a capital e básica para os charqueadores) o governo
proclamar a República. brasileiro fazia com seus impostos subir o preço
Meses após a retomada a Coroa do produto, fazendo com que o charque platino
enviou mais uma vez uma forte esquadra, fosse mais competitivo do que o gaúcho.
chefiada pelo brigadeiro José Francisco de Os charqueadores do Rio Grande
Souza, que seria nomeado presidente da mesma. do Sul criticavam obviamente a falta de proteção
No momento da chegada a capital, os cabanos já aos seus produtos e o elevado custo dos
sem mais forças se retiraram para o interior produtos necessários a sua produção, fazendo
sofrendo violenta repressão. Como legado a com que o seu produto perdesse em
cabanagem deixou o marco de ser o primeiro competitividade para os platinos no mercado
movimento popular a ter chegado ao poder. externo. Em 1838, Bento Gonçalves, um líder dos
estancieiros expôs um manifesto com todo
B – Revolução Farroupilha ressentimento:
O nome desta rebelião se deve a “A carne, o couro, o
roupa peculiar dos revoltosos, que buscaram a sebo, a graxa, alem de pagarem nas alfândegas
separação do restante do território nacional, do país, o duplo dízimo que se propuseram
liderados pelos criadores de gado da divisa com o aliviar-nos, exigiam mais quinze por cento em
Uruguai. qualquer dos portos do império. Imprudentes
A região platina, inicialmente legisladores nos puseram desde este momento
ignorada na colonização, começou a ser pólo de na linha dos povos estrangeiros, e separaram
atração devido ao porto de Buenos Aires, com a nossa província da comunidade brasileira.”.
ação de contrabandistas brasileiros, ingleses, A peculiaridade econômica do Rio
holandeses. Porém, a rivalidade luso-espanhola Grande a deixou propensa a defesa do
tornou-se sangrenta depois de que a Coroa federalismo e da república, base das lutas da
portuguesa fundou em 1860 a Colônia de América Espanhola, com a qual os estancieiros
Sacramento (atual Uruguai). conviviam estritamente. Em 1834, nas eleições da
A produção de gado começou a Assembléia Legislativa Provincial, a maioria dos
ser inserida na região por jesuítas espanhóis, que deputados eleitos eram os produtores da região,
com o passar dos anos se proliferou, tornando-se os Farrapos. Com o poder político nas mãos,
o principal atrativo da região. estavam dispostos a derrubar os altos tributos,
A presença luso-brasileira na mesmo que para isso necessitasse desagradar a
região foi intensificada com a descoberta do ouro coroa. A oposição entre Assembléia e Executivo,
em Minas Gerais em fins do século XVII e inicio conduziu ao confronto militar em 1835. Os
do XVIII, pois a região mais ao sul foi importante rebeldes liderados por Bento Gonçalves
no abastecimento das minas. Para estimular a dominaram Porto Alegre e no ano seguinte
ocupação da região, a Coroa passou a praticar a proclamaram a República RioGrandense ou de
doação de sesmarias, para a criação de novas Piratini. No ano de 1837 uniu-se aos rebeldes o
estâncias produtoras de gado. revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi, um
No século XVIII a base dos principais líderes da unificação italiana. O
econômica da região se solidificou com a mesmo ajudou na anexação de Santa Catarina ao
indústria do charque (carne seca). Assim, se movimento, com a criação da república
antes a principal atividade se restringia a pele do Catarinense. Neste momento a Farroupilha
gado, a partir de agora a carne também passou a atingia seu ápice, para após perder impulso por
ser economicamente vital, sendo exportada para dois motivos: sua estreita base social, pois a
portos brasileiros, destinada principalmente para maioria da população não aderiu a ela, e pela
alimentação de escravos. Assim, quer característica agro-exportadora da região que não
estancieiros, que charqueadores, a economia rio permitia economicamente um desligamento do
– grandense ficou voltada ao mercado externo. resto do Brasil.
Contudo as charqueadas
argentinas e uruguaias se desenvolviam contando
com o apoio governamental, fazendo
concorrência aos produtos gaúchos.
Após a Independência do Brasil,
os gaúchos se tornaram importantes na criação
de alimentos para os escravos, além de serem
vitais militarmente na fronteira, pois garantiam a
posse da região. No entanto, os mesmos estavam
decepcionados com o poder central, na
nomeação de presidentes provinciais e também
64

A partir de então a coroa tomou as atitudes


necessárias para coibir a rebelião, com a polícia
invadindo casa de africanos, até chegarem ao
local onde um número razoável de escravos
estavam reunidos preparando os últimos aprontos
para o levante. Neste momento os mesmos
conseguiram fugir, encontrando o apoio
necessário nas ruas de Salvador. No entanto as
forças oficiais se organizaram rapidamente e
conseguiram expulsar os revoltosos da cidade.
Após a expulsão os mesmos foram cercados pelo
quartel da Cavalaria.
Apesar do movimento ter durado
horas, foi o suficiente para inquietar as camadas
(Cavalaria dos Farrapos)
senhoriais, mais não apenas destes pois era
Em 1840 com a maioridade de D.
muito comum homens livres e ex-escravos, terem
Pedro II, foi oferecida anistia aos revoltos, mais
escravos visando um maior status social. Assim,
os farrapos continuaram na luta. Somente em
1842 com a designação de Caxias (futuro duque) o receio se espalhou por toda sociedade, ainda
mais com o “Renascimento Agrícola” por qual
os farrapos foram dominados. Caxias cortou as
passou Salvador, dinamizando novamente sua
vias de comunicação com o Uruguai, e negociou
economia.
com os revolucionários para abrandar o animo
Esse movimento, foi
revolucionário. Em março de 1845 através de um
acordo entre governo e liderança farroupilha essencialmente anti-escravista liderado por
chegava ao fim o movimento, com várias escravos, africanos. O objetivo era tornar
Salvador um território de africanos.
concessões: anistia geral aos revoltosos,
incorporação dos soldados ao exército imperial
D - A Sabinada (1837 – 1838)
em igual posto, e devolução de terras que haviam
A oportunidade perdida de democratizar a
sido confiscadas pelo governo.
prática política, de um lado, e a insistência em
C- Rebelião Escrava da Bahia, ou manter inalterado o instituto da escravidão, de
Levante do Male (1835) outro, praticamente fizeram aflorar todo o
anacronismo do Estado brasileiro, provocando
Male se refere a forma de como
várias reações. Os sabinos da Bahia, mesmo
os escravos adeptos a religião mulçumana eram
manifestando fidelidade monárquica,
conhecidos, uma vez que estes juntamente com
os nagôs foram as etnias mais destacadas no proclamaram uma república provisória. Marcavam
seu desejo de separação do govemo central
movimento. O movimento poderia trazer
respeitando o rei-menino, como demonstra seu
conseqüências graves para os escravistas
programa, publicado em 1837:
baianos caso não fosse antecipado, por delação
de ex-escravos.
"A Bahia fica desde já separada, e independente
Os principais objetivos eram: libertar
Salvador e levar a rebelião para o Recôncavo, da Corte do Rio de Janeiro, e do Govemo Central,
a quem desde já desconhece, e protesta não
tentando se aproveitar da insatisfação de setores
obedecer nem a outra qualquer Autoridade ou
livres e pobres. Embora fracassasse o levante
ordens dali emanadas, enquanto durar a
despertou a preocupação dos setores dominantes
menoridade do sr. dom Pedro II."
do país.
Com a Corte no Brasil e a nova
ordem, temos uma série de agitações políticas, Apesar da aparente participação
popular na Sabinada, prevalecia entre os
fazendo emergir grupos radicais, lideranças de
revoltosos a classe média.
movimentos populares, das quais participaram
Há pontos em comum entre os sabinos
muitas vezes, negros e mulatos libertos, a maioria
e os farrapos. Identificavam-se principalmente
é claro, sem caráter escravista, fato comum ao
levante baiano, pela forte característica escravista com o anticentralismo imperial: os sabinos, mais
retoricamente ideológicos, e os farrapos, mais
da Bahia.
pragmáticos. É sintomático que um dos motivos
O movimento dos Malês seria
imediatos da eclosão do movimento baiano seja a
realizado em Salvador, por africanos (nagôs em
fuga de Bento Gonçalves da cadeia, facilitada por
sua maioria), isto é, escravos trazidos do
seus companheiros de idéias em Salvador. É que
continente, no dia de uma festa religiosa, pois
com o acontecimento a vigilância sobre a cidade o líder baiano, o médico Francisco Sabino, que
deu o nome à insurreição, cumprira pena no Rio
seria relaxada. No entanto, um dia antes da data
Grande do Sul por assassinar um político
marcada para o início do movimento, um dos
conservador em 1834. No Rio Grande, Sabino
escravos delatou os planos para seu senhor, que
então comunicou o ocorrido para um juiz de paz.
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conviveu com as idéias farroupilhas e ficou amigo Anjos e o negro Cosme, chefe de um quilombo e
de Bento Gonçalves. que organizou quase três mil negros.
Só em 1836 é que Sabino voltara Os rebeldes chegaram a conquistar Caxias,
à Bahia. Se as idéias se assemelham, a prática é a segunda cidade mais importante do Maranhão.
outra. Os baianos são letrados e propagam seu Porém, a desorganização, a falta de união e
ideário pelos jornais. Tentam convencer o povo divergências dos líderes e o desordenamento dos
da justiça de sua causa. grupos , onde cada chefe agia isoladamente,
A Sabináda obtém a vitória em 7 de facilitaram a vitória das forças militares, enviadas
novembro de 1837, com a adesão de parte das pelo governo. Por ter vencido os rebeldes em
tropas do govemo. As autoridades imperiais Caxias, Luís Alves de Lima e Silva recebeu o seu
fogem de Salvador e é proclamada a república. primeiro título de nobreza: Barão de Caxias. Mais
Os sabinos não conseguem, porém, convencer o tarde, ele recebeu outros títulos, inclusive o de
interior da Bahia, especialmente o Recôncavo, a Duque de Caxias.
aderir ao movimento, cujo os grandes senhores
ajudam o govemo imperial a sufocar a
insurreição. O Império contra-ataca e vence, em
15 de março de 1838. O comandante no entando
excede-se na repressão, incendiando Salvador e
jogando nas casas em fogo os defensores da
república baiana.
Se gente do povo é queimada, só três dos
líderes são condenados à morte. Mas ninguém é
executado: o próprio Sabino tem a pena
comutada para degredo intemo e morre
pacificamente em Mato Grosso.
Talvez a "vingança" se explique pela perda
de controle dos líderes sobre os setores mais
"franceses" da insurreição. No decorrer da luta
surgiram correntes agredindo a aristocracia,
divulgando na imprensa suas perigosas idéias.
Porém essa confusão ideológica
não significa ascensão do povo. É uma reação
contra o apoio que a aristocracia baiana dá ao
lmpério, fornecendo gente para sufocar a
rebelião. Nem por isso deixou de assustar as
classes dominantes.

E – Balaiada (1838 – 1841)

A Balaiada foi uma rebelião da massa


maranhense desprotegida, composta por
escravos, camponeses e vaqueiros, que não
tinham a menor possibilidade de melhorar sua
condição de vida miserável. Esses grupos sociais,
que formavam a grande maioria da população
pobre da província, encontravam, naquele
momento, sérias dificuldades de sobrevivência
devido à grave crise econômica e aos latifúndios
improdutivos. A crise econômica havia sido
causada pela queda da produção do algodão -
base da economia da província - que sofria a
concorrência norte-americana.
A massa de negros e sertanejos, cansada
de ser usada pela classe dominante, terminou se
envolvendo numa luta contra a escravidão, a
fome, a marginalização e os abusos das
autoridades e militares. Os líderes do movimento
foram o vaqueiro Raimundo Gomes, o fabricante
de Balaios (daí o nome) Manuel Francisco dos

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