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Têm objectivos exclusivamente financeiros as participações em que a entidade
participante é accionista mas não tem acções para influenciar a gestão, ou seja, o
Estado não se encontra como empresário mas tão somente como investidor.
Presume-se a natureza permanente das participações sociais representativas de
mais de 10% do capital, com excepção daquelas que sejam detidas por empresas
do sector financeiro.
Ainda que estes mais de 10% não lhe dêem influência dominante, no entanto há
uma participação permanente que transforma uma empresa participada. Isto
resulta da presunção (artº 36º nº 2).
Em suma as Empresas Públicas para além das E.P.E.’s são as sociedades em
que o Estado tem uma influência dominante.
As empresas participadas são aquelas em que o Estado tem uma participação
permanente mas não é suficiente para ter uma influência dominante.
Temos empresas em que o Estado tem uma participação mas não é permanente
nem sequer dá para considerar essa empresa uma empresa participada, logo não
faz parte do sector empresarial do Estado.
As empresas públicas regem-se pelo direito privado (artº 7º nº 1), salvo o que
estiver disposto no presente diploma e nos diplomas que tenham aprovado os
respectivos estatutos.
Assim as Empresas Públicas regem-se por três diplomas:
- Pelos seus estatutos quando são criadas.
- Estes não podem ser incompatíveis com a lei de bases das Empresas públicas
que é uma Lei com valor reforçado (D.L. 558/99).
- O que não estiver estipulado nos estatutos e na Lei de Bases aplica-se
subsidiariamente o direito privado.
A lei de bases é composta por meia dúzia de artigos que impõem um certo regime
público às Empresas públicas como a tutela e a superintendência.
Na sua actividade exterior as E. P.’s pautam o seu comportamento pelo direito
privado, porque a actividade e organização das E.P.’s é regulada pelo direito
privado.
Quanto às empresas participadas, estas estão sujeitas ao regime jurídico
comercial, laboral e fiscal ou de outra natureza, aplicável às empresas cujo capital
e controlo é exclusivamente privado.
EMPRESAS DO SECTOR PÚBLICO MUNICIPAL (Lei 58/98):
Em 1998 relativamente às empresas do Estado vigorava o DL 260/76.
Sob inspiração do Direito Comunitário este regime foi alterado e foi criada uma lei
para enquadrar as actividades empresariais dos Municípios. Nesta lei 58/98, estão
previstos 3 tipos de empresas: Empresas Municipais, Intermunicipais e Regionais.
A lei 58/98 admite a possibilidade dos municípios criarem empresas dotadas de
capitais próprios (artº 1º).
Essas empresas poderão ser Empresas públicas municipais, intermunicipais, ou
regionais quando os municípios detenham a totalidade do capital. No caso do
município não ter a totalidade e se associar a outras entidades públicas (ex:
Estado) esse empresa tem capital do Estado e dos municípios envolvidos, já não
se chama empresa pública mas sim empresa de capitais públicos.
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No caso do município ter uma participação minoritária de entidades privadas (artº
40º) com o fim de prosseguir as atribuições do município toma o nome de
empresa de capitais maioritariamente públicos.
REGIME JURÍDICO DAS PRIVATIZAÇÕES (Lei 11/90)
Foi revogada a Lei 84/88 que teve uma grande importância histórica, porque ela
foi aprovada e publicada ainda em 1988, um momento em que ainda vigorava
constitucionalmente o princípio da irreversibilidade; e permitiu a transformação de
E.P.'S e até mesmo a alienação de parte do capital dessas S.A.'S. Alienação essa
que só podia ir até 49% e tinha que ser feita por aumento de capital.
O Art.º 296º da CRP que é Direito Transitório, um artigo privado para o fenómeno
das privatizações e que poderá desaparecer da CRP assim que as mesmas
estejam concluídas, distingue entre Privatizações e Reprivatizações.
Face as Reprivatizações a CRP exige uma Lei-quadro e este artigo 296º resulta
da revisão de 1989.
Portanto a Lei 11/90 (Lei Quadro) é a Lei da Reprivatizações.
Distinguir as Privatizações das Reprivatizações é fundamental porque o regime
jurídico é diferente.
A esta Lei-quadro 11/90 só estão sujeitas as Empresas que foram objecto de
Nacionalização, que impõe requisitos apertados a este tipo de Empresas.
Para as Empresas em que não oram objecto de nacionalização e que não
estavam sujeitas ao princípio da irreversibilidade, isto é as pequenas e médias
Empresas indirectamente nacionalizadas para os sectores básicos, e que eram
objecto de excepção ao princípio da irreversibilidade, estas podiam ser
reprivatizadas nos termos da Lei.
Só as Empresas que estiveram sujeitas ao princípio da irreversibilidade, ou seja,
as contempladas no nº 1 do Art.º 296º é que tem que ser reprivatizadas nos
termos da lei-quadro 11/90.
As restantes ou as simples privatizações de empresas que nunca foram
nacionalizadas, a sua privatização faz-se agora nos termos de uma Lei normal da
competência e reserva relativa da A R.
O Conceito de privatizações significa transferência da titularidade ou de bens de
produção de entidades públicas para entidades privatizadas.
Mas trata-se de entidades públicas ou bens de produção que nunca estiveram no
Sector Privado.
Hoje no artº 86º nº3 vem consagrar a possibilidade de haver sectores vedados,
sendo que é a Lei 88-A/97 que estabelece quais os sectores vedados.
Se se quiser privatizar ou reprivatizar uma empresa que desenvolve uma
actividade vedada pela Lei de Limitação de sectores, só se pode privatizá-la até
49% (artº 2º Lei 11/90).
É preciso ter sempre em conta este impedimento da Lei de Limitação de sectores.
Num caso prático devemos verificar sempre em 1º lugar a actividade que a
Empresa desenvolve, porque se a empresa desenvolver uma actividade que está
vedada à iniciativa privada a empresa não pode ser privatizada.
REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA E DOS MERCADOS
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O primeiro regime da concorrência foi criado em 1983, depois surgiu outro em
1993 (DL 370/93) e em 2003 surgiu a Lei 18/2003 que vem definir quais os
comportamentos proibidos pelas empresas, com vista a garantir um mercado de
concorrência, bem como, regular as concentrações de empresas (artº 8º e ss) e
os auxílios de estado (artº 13º)
Surgiu também o DL 10/2003 que veio eliminar os órgãos que regulavam a
concorrência passando a existir apenas um único e novo órgão a Autoridade da
Concorrência.
No que respeita aos comportamentos ou práticas proibidas ou restritivas da
concorrência estas estão descritas no capítulo II da Lei 18/2003.
São elas as entendes ou coligações de empresas (artº 4º), o abuso de posição
dominante (artº 6º) e o abuso de dependência económica (artº 7º).
No que respeita às entendes ou coligações estas podem assumir 3 formas:
acordos entre empresas, decisões de associações de empresas e práticas
concertadas.
Todas estas práticas proibidas são nos termos desta lei consideradas contra-
ordenações dando origem a um processo previsto nos artºs 22º e seguintes às
quais serão aplicadas sanções nos termos do artº 42º e seguintes.
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Se por outro lado não houver nem um acordo nem uma decisão de uma
associação de empresas mas conscientemente as empresas decidirem praticar o
mesmo preço há uma prática concertada.
Trata-se de um paralelismo comportamental que denota a intenção de se furtar à
concorrência. Neste caso as empresas nem chegam sequer a encontrar-se. Uma
empresa aumenta mas sabe que as outras empresas vão seguir esse
comportamento.
Ex: uma determinada empresa fazer publicar numa revista da especialidade para
o sector os seus preços.
Esta prática concertada também se engloba nas entendes ou coligações, práticas
proibidas por restringir a concorrência (artº 4º).
Justificação das práticas proibidas:
As entendes ou coligações de empresas previstas no artº 4º, poderão ser
justificadas se:
- Contribuírem para melhorar a produção ou a distribuição de bens e serviços ou
para promover o desenvolvimento técnico ou económico;
- Da entende praticada tem que resultar benefícios;
- As cláusulas têm que se mostrar necessárias;
- Nunca podem ir tão longe que eliminem a concorrência do mercado.
Se cumprir cumulativamente todas estas condições a prática proibida está
justificada, há um balanço económico positivo.