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Escola de Engenharia
Graduação em Engenharia Elétrica
Resumo – O presente artigo tem como objetivo abordar observamos a existência e unicidade de uma sequência
conhecimentos teóricos desenvolvidos na disciplina de Trabalho positiva, uma negativa e uma zero, que representam uma dada
de Conclusão de Curso I, trazendo à tona os principais pontos do sequência de fasores de um sistema trifásico.
imenso espectro da proteção de sistemas elétricos de potência. O
objetivo deste artigo é cunhar noções teóricas do tema em
questão, para informar de maneira precisa estudantes de II. APRESENTAÇÃO
graduação e pós-graduação em engenharia elétrica. De acordo com as orientações obtidas em sala de aula,
faremos um compilado de informações uteis para o
Palavra-chave—proteção de sistemas elétricos de potência; entendimento dos conceitos de proteção em sistemas de energia
componentes simétricas; curto-circuito; elétrica.
Inicialmente abordaremos os tipos de curtos-circuitos que
I. INTRODUÇÃO
ocorrem nos sistemas de energia elétrica, discutindo suas
No século XIX surgiram as primeiras linhas de transmissão causas e efeitos, assim como o tratamento matemático que
de energia elétrica em corrente contínua, e eram destinadas envolve cada tipo de defeito.
unicamente para atender os sistemas de iluminação. O uso da
corrente alternada, dos transformadores elétricos e dos Depois demonstraremos às soluções para os defeitos
motores elétricos, causou uma revolução no curso da ocasionados por falhas envolvendo curto-circuito, tais como
humanidade. aplicações dos mais diversos relés em sistemas de energia. E
por fim serão feitas as considerações finais.
A energia elétrica sob demanda é uma realidade para nós
que nascemos e crescemos na sociedade moderna, mas isso III. CONSIDERAÇÕES GERAIS
nem sempre foi assim. É muito difícil até mesmo imaginar
como seria o mundo se não existisse energia elétrica sob Perturbações nos sistemas de energia elétrica podem
demanda, atendendo nossas necessidades a todo instante. Isso é ocasionar distúrbios nas redes elétricas, alterando parâmetros
possível graças aos avanços enormes que conquistamos no como tensão, corrente, frequência e potência, podendo causar
último século no campo da engenharia. Avanços como o danos irreversíveis em sua estrutura física, assim como danos
uso de transformadores, viabilizou a transmissão de energia aos consumidores.
elétrica em longas distâncias, e que também tornou possível à Os problemas mais comuns são os curtos-circuitos, que são
geração de energia elétrica em locais afastados dos centros causados pelo contato entre as fases ou entre fase e terra. As
consumidores. correntes de curto-circuito são dependentes de vários fatores,
como por exemplo o tipo de curto-circuito, a tensão da rede
Partindo do pressuposto que este artigo tem como objetivo elétrica e etc.
informar de maneira técnica, se faz necessário que o leitor Os curtos-circuitos desequilibrados são os curtos mais
tenha o mínimo de conhecimento em tópicos como comuns nos sistemas elétricos, em que o tipo fase-terra é o que
componentes simétricas e redes trifásicas. ocorre com maior frequência. Na tabela a seguir, podemos
Avanços no sistema de energia elétrica, fez-se necessário o observar à frequência dos tipos de curto-circuito nos sistemas
desenvolvimento de técnicas para análise de redes, como por elétricos.
exemplo as componentes simétricas, que é uma teoria
amplamente usada para análise de sistemas trifásicos. Partimos
do teorema fundamental das componentes simétricas e
Curto-circuito Frequência (%) Subestação kV Empresa 2008 2009 2010 2011
Trifásico 5,0
Bifásico 15,0 Joiram 69 CHESF 4,7 4,7 5,0 5,0
Bifásico-terra 10,0 Piracicaba 138 CPFL 8,6 9,3 9,4 9,4
Fase-terra 70,0
Nova
Tabela 1 - Frequências típicas de ocorrência de curtos-circuitos
Aparecida 138 CPFL 19,8 20,2 20,2 21,9
Fonte: SATO, F, “Análise de curto-circuito e princípios de proteção em sistemas de energia elétrica.”
Conselheiro
Pena 138 CEMIG 12,8 12,8 12,9 12,9
O curto-circuito trifásico é considerado o defeito mais
severo nos sistemas de energia elétrica, mas isso não significa Volta
que é o curto-circuito de maior magnitude. Por ser o mais Redonda 138 LIGHT 15,6 15,6 15,7 7,5
severo, o curto-circuito trifásico é o mais estudado entre todos Guarulhos 345 FURNAS 8,9 9,8 9,9 29,7
os tipos de faltas. É comum nos softwares que auxiliam na Itaipu 500 ITAIPU 38,7 38,8 38,8 42,0
análise de faltas fornecer somente os níveis de curto-circuito Ivaiporã 525 FURNAS 26,1 26,5 26,5 26,7
trifásico e monofásico. As magnitudes dos curtos-circuitos
trifásico, bifásico e monofásico são dadas pelas equações (1), Ivaiporã 765 FURNAS 17,8 18,0 18,0 18,1
Tabela 3 – Correntes de curto-circuito monofásico [kA]
(2) e (3) respectivamente. Uma observação importante é que Fonte: SATO, F, “Análise de curto-circuito e princípios de proteção em sistemas de energia elétrica.”
no curto-circuito monofásico, podemos adicionar a resistência
de aterramento para obter o curto-circuito fase-terra mínimo. a. na subestação Joiram, a magnitude da corrente de curto-
circuito monofásico varia na faixa de 24,5 % e 32,6% em
relação à magnitude da corrente de curto-circuito trifásico.
b. na subestação Conselheiro Pena, a magnitude da corrente de
Equação 1 - Curto-circuito trifásico
curto-circuito monofásico varia na faixa de 129,3 % e 130,3%
em relação à magnitude da corrente de curto-circuito trifásico.
c. na subestação Volta Redonda, os níveis de curtos-circuitos
trifásico e monofásico em 2011 tiveram uma queda de 34,1% e
52,2% respectivamente em relação aos anos anteriores.
Equação 2 – Curto-circuito bifásico d. na subestação Guarulhos, os níveis de curtos-circuitos
trifásico e monofásico em 2011 tiveram um aumento de
111,4% e 200,0% respectivamente em relação aos anos
anteriores.
Observando os resultados, pode-se emitir os seguintes
Equação 3 – Curto-circuito monofásico sem resistência de aterramento
comentários:
i. os itens a. e b. mostram que estes índices são bastante
Nas tabelas 2 e 3, podemos observar os níveis de curto- coerentes com os apresentados na literatura.
circuito nas barras de algumas subestações do SIN (Sistema
ii. os itens c. e d. mostram que os níveis de curtos-circuitos são
Interligado Nacional), em que é possível chegar à algumas
bastante sensíveis às alterações da topologia da rede elétrica.
conclusões que comentaremos a seguir.
Fonte: SATO, F, “Análise de curto-circuito e princípios de proteção em sistemas de energia elétrica.”
Subestação kV Empresa 2008 2009 2010 2011
Joiram 69 CHESF 14,4 14,7 20,4 20,4 1. CARACTERISTICAS DO SISTEMA
Piracicaba 138 CPFL 15,2 17,4 17,7 17,8
Nova A. Dificuldades encontradas
Aparecida 138 CPFL 30,4 31,7 32,0 35,1 O sistema de energia elétrica trabalha de maneira
Conselheiro interligada, fazendo que ele alcance uma dimensão enorme,
Pena 138 CEMIG 9,9 9,9 9,9 9,9 que o torna extremamente complexo e de difícil análise. Com
Volta toda certeza, podemos afirmar que tais analises seriam
138 LIGHT 24,4 24,5 24,6 16,2 impraticáveis sem o uso de ferramentas computacionais.
Redonda
Guarulhos 345 FURNAS 13,1 15,8 15,8 33,4 B. Soluções atuais
Itaipu 500 ITAIPU 31,5 31,6 31,7 34,7 Nos dias de hoje, usamos softwares para análise de sistemas
Ivaiporã 525 FURNAS 28,9 29,4 29,5 29,9 elétricos de potência, que empregam toda teoria de
Ivaiporã 765 FURNAS 21,2 21,7 21,7 21,9 componentes simétricas, sistema por unidade e diversas outras
Tabela 2 – Correntes de curto-circuito trifásico [kA] técnicas matemáticas, para desenvolver complexos cálculos e
Fonte: SATO, F, “Análise de curto-circuito e princípios de proteção em sistemas de energia elétrica.” viabilizando a operação, planejamento e desenvolvimento dos
sistemas elétricos de potência.
2. O OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO
O Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, também
tem como responsabilidade operar os níveis de segurança de
sistemas de proteção e controle – que regem a integridade
física das instalações, equipamentos e componentes, que estão
diretamente relacionados ao SIN (Sistema Interligado
Nacional), e essas diretrizes visam a regulamentação das
atribuições e responsabilidades que estão contidas no Módulo
11.1 – Proteção e Controle, e nos seus demais submodelos.
E responsabilidade da ONS, definir as diretrizes nos
processos de insumos, os meios de execução, os produtos, os
usuários, administração da transmissão, programação e
operação em tempo real com âmbito do SIN, juntamente com
outros agentes e com a aprovação da ANEEL, esses objetivos
busca melhor interagir com o macroprocesso em proteção e Figura 3.1 – Fasores de tensões e correntes durante os curtos-circuitos
controle, com sua recente atualização e ressalvas no Fonte: SATO, F, “Análise de curto-circuito e princípios de proteção em sistemas de energia elétrica.”
Equação 6.2 – Curto-circuito mínimo Figura 6.3 – Alguns exemplos de Arranjos em barras
Fonte: SATO, F, “Análise de curto-circuito e princípios de proteção em sistemas de energia elétrica.”
REFERÊNCIAS
Figura 6.2 – Exemplo de sistema em anel
[1] SATO, F, “Análise de curto-circuito e princípios de proteção em
Fonte: SATO, F, “Análise de curto-circuito e princípios de proteção em sistemas de energia elétrica.” sistemas de energia elétrica,” Editora Elsevier. Rio de Janeiro, 1° ed.,
2015.
C. Sistema em Arranjos de Barras [2] STEVENSON, W. D. “Elementos de Análise de Sistemas de Potência,”
Os sistemas arranjados em barras, são amplamente Editora MacGraw-Hill do Brasil. São Paulo, 2° ed., 1986.
empregados em subestações, pois facilita as manutenções e, [3] KINDERMAN, G, “Curto Circuito,” Editora Sagra Luzzatto, 2° ed.,
1997.
operações necessárias para manobras de subestações. Esse tipo
arranjo apresenta uma boa confiabilidade e flexibilidade
operativa.