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1Programa
de
Pós-‐Graduação
Stricto
Sensu
em
Educação
para
Ciências
e
Matemática
do
Instituto
Federal
de
Educação,
Ciência
e
Tecnologia
de
Goiás/IFG,
Câmpus
Jataí,
Brasil.
flomarchagas@gmail.com
Resumo.
Esta
pesquisa
de
abordagem
qualitativa,
estudo
de
caso,
teve
como
tema
a
biblioteca
escolar,
como
instrumento
de
coleta
de
dados
utilisou-‐se
observação
e
entrevistas
com
as
mediadoras
da
leitura
em
seis
escolas
da
rede
municipal
de
uma
cidade
de
Goiás,
região
Centro-‐Oeste
do
Brasil.
O
objetivo
foi
identificar
o
funcionamento
da
biblioteca
escolar
por
meio
da
organização
arquitetônica
e
dos
acervos,
da
formação
do
servidor
e
da
promoção
de
atividades.
Embasou-‐se
nos
parâmetros
para
as
bibliotecas
escolares,
nas
diretrizes
da
Unesco/Ifla
e
na
Lei
12.244/2010
que
diz
sobre
a
universalização
da
biblioteca
escolar.
A
biblioteca
é
de
enorme
importância
na
educação,
mesmo
assim,
concluiu-‐se
que
ainda
permanece
a
concepção
de
biblioteca
como
depósito
de
livros.
Para
que
este
quadro
seja
revertido,
urge
estrutura
física
adequada,
acervo
e
recursos
informacionais
e
tecnológicos,
boas
condições
de
trabalho
e
profissional
qualificado,
discutir
as
políticas
públicas
de
leitura
e
também
a
formação
docente.
A
ausência
destes
provocará
a
invisibilidade
da
biblioteca
escolar.
Palavras-‐Chave:
Biblioteca
escolar.
Diretrizes
da
Unesco.
Sala
de
leitura
1 Introdução
672
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Educação//Investigación
Cualitativa
en
Educación//Volume
1
Faculdade
de
Educação
da
Universidade
de
São
Paulo/USP,
num
período
de
trinta
anos,
foram
encontrados
apenas
dois
trabalhos
sobre
biblioteca
escolar
(Feitosa,
2008).
Apesar
de
ser
o
lugar
onde
se
encontram
muitas
ferramentas
e
materiais
essenciais
para
o
trabalho
escolar,
que
proporciona
abertura
de
horizontes,
a
biblioteca
é
ignorada
como
assunto
digno
de
reflexão,
de
estudo,
(Eco,
1994).
Daí,
a
relevância
desta
pesquisa.
Espera-‐se
mudar
esta
realidade
a
partir
da
Lei
12.244
de
24
de
maio
de
2010
(Brasil,
2010)
que
dispõe
sobre
a
universalização
das
bibliotecas
nas
instituições
de
ensino
do
País.
Ainda,
esta
lei
determina
que
toda
escola
deva
ter
um
acervo
de
livros
nas
bibliotecas,
de
pelo
menos
um
título
por
aluno
matriculado.
Então,
vale
perguntar:
Quais
as
inovações
nas
bibliotecas
escolares
após
esta
lei?
Conforme
diretrizes
da
Unesco/Federação
Internacional
de
Associações
de
Bibliotecários
e
Instituições/Ifla
para
Biblioteca
Escolar
(Unesco/Ifla,
2005),
a
biblioteca
escolar
é
parte
integral
do
processo
educativo,
e
a
responsabilidade
sobre
ela
cabe
às
autoridades
locais,
regionais
e
nacionais,
portanto
deve
ser
apoiada
por
política
e
legislação
específicas.
De
acordo
com
esta
diretrizes,
uma
biblioteca
escolar
satisfatória
precisa
atender,
principalmente
a
quatro
eixos,
sendo:
recursos,
pessoal,
programas
e
atividades
e
promoção.
Quanto
aos
recursos
diz
sobre
orçamento,
localização
e
espaço,
móveis
e
equipamentos
(audiovisual,
coleção
de
materiais,
recursos
eletrônicos).
Para
desenvolver
o
hábito
e
o
prazer
da
leitura
das
crianças,
deve-‐se
contar
com
fundos
apropriados,
“o
orçamento
para
materiais
da
biblioteca
escolar
deve
ser
de
pelo
menos
5%
do
valor
gasto
por
aluno
no
sistema
escolar”
(Unesco/Ifla,
2005,
p.7).
A
relevância
da
função
pedagógica
da
biblioteca
reflete-‐se
nas
instalações,
nos
móveis
e
nos
equipamentos.
O
local
deve
ser
central,
no
andar
térreo,
apropriado
para
atender
aos
usuários
portadores
de
necessidades
especiais,
com
iluminação
e
com
temperatura
adequadas,
espaço
para
abrigar
coleções
de
livros,
jornais,
revistas
e
fontes
não-‐impressas;
com
computador;
balcão
de
atendimento
ao
usuário;
espaço
flexível
para
realização
de
múltiplas
atividades;
com
áreas
de
estudo;
de
leitura,
e
de
atividades
administrativas.
Também
é
importante
a
disposição
dos
móveis
e
a
variedade
de
equipamentos.
Conforme
as
diretrizes
da
Unesco/Ifla
(2005
)
a
aparência
estética
promove
acolhimento,
incentivo
para
maior
permanência
na
biblioteca,
um
ambiente
esteticamente
agradável,
cultural
e
estimulador,
com
orientação
clara
e
atrativa,
proporciona
ambientação
de
lazer
e
de
aprendizagem
para
os
usuários.
Constam
das
diretrizes
que
“uma
escola
de
menor
porte
deve
ter
pelo
menos
2.500
itens
relevantes
e
atualizados,
para
proporcionar
um
acervo
amplo
e
equilibrado
a
usuários
de
todas
as
idades”
(p.11).
Sobre
a
formação
ética
e
a
formação
estética,
Paulo
Freire
(2011,
p.
36)
escreve
que
para
ambas
"decência
e
boniteza
de
mãos
dadas,
a
nossa
obra
enfeia
ou
embeleza
o
mundo,
daí
a
impossibilidade
de
nos
eximirmos
da
ética.
Se
se
faz
o
mundo
a
partir
da
nossa
liberdade,
então,
a
escola
não
pode
desprezar
a
dimensão
estética,
a
educação
da
sensibilidade".
Ainda,
é
importante
prover
o
acesso
aos
equipamentos
eletrônicos,
audiovisuais
e
computacionais
necessários.
Outro
eixo
importante
é
o
de
pessoal.
É
imprescindível
que
o
bibliotecário
seja
dinâmico
que
envolva
os
demais
membros
da
comunidade
escolar
e
promova
contatos
com
a
biblioteca
pública,
com
museus
dentre
outros.
Para
a
Unesco/Ifla
(2005),
o
bibliotecário
escolar
é
o
principal
responsável
pelos
programas
de
educação
de
usuários
como
organizar
campanhas
de
leitura,
de
promoção
da
literatura,
organizar
reuniões
sobre
livros
e
também
a
hora
do
conto
para
as
crianças
em
conjunto
com
professores,
realizar
programas
de
leitura
e
eventos
culturais,
integrar
tecnologia
de
informação,
além
das
atividades
de
catalogar
e
de
classificar
materiais
da
biblioteca.
Envolver
os
pais
na
escola
como
voluntários
para
auxiliar
nas
tarefas
práticas
e
tomar
parte
nos
colóquios
literários
junto
com
os
filhos.
De
acordo
com
a
Unesco/Ifla
(2005),
atividades
das
bibliotecas
de
forma
dinâmica,
com
política
de
marketing,
com
a
promoção
de
exposições,
de
feiras
de
livros,
de
673
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Educação//Investigación
Cualitativa
en
Educación//Volume
1
As
bibliotecas
escolares
são
muito
variadas,
elas
vão
desde
simplesmente
uma
coleção
de
livros
sem
espaço
próprio
até
salas
com
aparato
tecnológico
diversificado
e
com
profissional
qualificado.
De
acordo
com
García-‐Quismondo
e
Cuevas
Cerveró
(2007,
p.
57),
biblioteca
escolar
tradicional
se
resume
num
“lugar
aislado
de
la
dinámica
escolar,
destinada
a
organizar
y
conservar
libros
y
con
un
uso
limitado”,
mas
para
estes
autores,
as
bibliotecas
escolares
do
século
XXI
precisam
ultrapassar
este
formato
tradicional
e
ir
além
da
conservação
de
seus
acervos.
Assim
sendo,
ao
elaborar
os
parâmetros
para
as
bibliotecas
escolares,
Campello,
Furst,
Abreu,
Caldeira,
Barbosa,
Viann,
Carvalho,
Duarte,
Araújo
(2010,
p.
8)
estabelecem
os
padrões
mínimos
para
orientar
as
escolas
que
desejem
“criar
sua
biblioteca
ou
reformular
espaços
que
ali
já
existem,
mas
que
não
podem
ser
considerados
como
biblioteca”.
Por
estes
parâmetros,
em
conformidade
com
a
Unesco/Ifla,
2005),
os
autores
sugerem
metas
como:
espaço
físico
suficiente
para
o
acervo;
espaços
para
atividades
dos
usuários
e
para
os
serviços
técnico-‐administrativos;
materiais
informacionais
variados,
que
possam
atender
aos
interesses
e
às
necessidades
dos
usuários;
acervo
organizado
conforme
as
normas
bibliográficas
padronizadas;
acesso
à
internet;
ser
administrada
por
pessoa
qualificada
(bibliotecário)
apoiada
por
equipe
adequada
em
quantidade
e
qualificação
para
fornecer
serviços
à
comunidade
escolar,
isto
é,
funcionar
como
espaço
de
aprendizagem;
(Campello
et
al,
2010,
p.
9).
Para
estes
autores,
a
má
condição
destes
espaços
contribui
para
o
distanciamento
do
público.
É
importante
lembrar
também
que
os
diversos
livros
didáticos
indicados
nos
cursos
de
licenciatura,
dificilmente
fazem
referência
à
biblioteca
como
recurso
de
ensino
e
de
aprendizagem,
desfavorecendo,
assim,
o
contato
dos/as
discentes
com
a
biblioteca,
até
mesmo
como
leitoras
e
leitores.
Silva
(2010)
afirma
que
tanto
nos
cursos
de
licenciaturas
quanto
nos
de
formação
continuada
inexistem
a
preparação
para
o
trabalho
com
a
biblioteca.
Com
certeza,
um
dos
desafios
das
instituições
de
ensino
superior,
principalmente
das
licenciaturas
está
em
inovação,
de
bibliotecários
além
de
preservar
os
arquivos,
ensinar
a
usá-‐los.
Assim
sendo,
eles
estarão
formando
leitores.
Se
não
há
preparação
durante
a
formação
inicial,
possivelmente,
não
haverá
preocupação
dos
licenciandos
ao
se
tornarem
gestores
escolares
em
oferecer
local
adequado,
por
não
vivenciarem
a
biblioteca
no
decorrer
da
sua
vida
estudantil
nos
diferentes
níveis.
Se
a
leitura
literária
não
fez
parte
do
cotidiano
deles,
consequentemente
haverá
desvalorização,
até
mesmo
abandono
ou
má
utilização
das
bibliotecas
ou
das
salas
de
leitura.
É
por
isso
que
grande
parte
das
bibliotecas
escolares
brasileiras
existe
apenas
para
efeitos
estatísticos
e
em
péssimas
condições,
“às
vezes,
a
‘biblioteca’
é
um
armário
trancado,
situado
numa
sala
de
aula,
ao
quais
os
alunos
só
têm
acesso
se
algum
professor
se
dispõe
a
abri-‐lo
quando
a
chave
é
localizada.
Outras
vezes,
a
biblioteca,
razoavelmente
instalada,
funciona
em
horários
breves
e
irregulares”
(Silva,
2003,
p.
15).
Segundo
Milanesi
(2002)
e
Silva
(2003),
as
bibliotecas
escolares
brasileiras,
de
forma
geral,
são
despreparadas
para
desenvolver
seu
papel
educacional
e
cultural.
Estes
são,
com
certeza,
alguns
dos
motivos
que
afastam
os
alunos
e
as
alunas
das
bibliotecas
e,
por
consequência,
da
leitura.
De
acordo
com
Soares
(2001),
a
biblioteca
escolariza
a
literatura
por
meio
de
diferentes
estratégias:
o
local,
a
organização
do
espaço
e
do
tempo
de
acesso
aos
livros,
a
seleção
674
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Educação//Investigación
Cualitativa
en
Educación//Volume
1
dos
livros,
e
também
a
socialização
da
leitura,
quem
orienta
e/ou
indica
um
livro
para
a
leitura
precisa
ser
uma
pessoa
que
desempenhe
o
papel
de
mediador.
2 Metodologia
Esta
é
uma
pesquisa
de
abordagem
qualitativa
realizada
em
2015.
Segundo
Lüdke
e
André
(1986),
este
tipo
de
pesquisa
envolve
contato
direto
de
pesquisadores
com
a
situação
estudada.
Para
a
realização
do
estudo
de
caso
houve
levantamento
bibliográfico,
análise
de
documentos,
entrevistas,
observação,
“Os
estudos
de
caso
enfatizam
a
interpretação
em
contexto”,
(Lüdke
e
André,
1986,
p.
19).
Os
sujeitos
das
pesquisas
foram
as
dinamizadoras
das
salas
de
leitura
que
trabalhavam
em
espaços
denominados
“bibliotecas
escolares”
de
seis
escolas
da
rede
municipal
de
uma
cidade
de
Goiás,
região
Centro-‐Oeste
do
Brasil.
Escolas
estas
de
bairros
periféricos
em
que
houve
relocação
de
alunos
e
de
funcionários.
A
relocação
nas
instituições
escolares
ocorreu
da
seguinte
forma:
as
seis
instituições
atendiam
da
Educação
Infantil/EI
ao
Ensino
Fundamental/EF
II
e
numa
delas
atendia
a
Educação
de
Jovens
e
Adultos
e
passaram
a
atender
apenas
do
1º
ao
5º
ano
do
EF
e
EI.
Umas
das
escolas,
a
RU,
teve
suas
portas
fechadas
no
final
de
2015.
As
informações
sobre
o
funcionamento
da
biblioteca
e
ou
sala
de
leitura
foram
colhidas
por
meio
de
observações
e
de
entrevistas
com
questões
abertas
permitindo
captar
dados
sobre
o
cotidiano
das
entrevistadas
e
suas
práticas,
momento
em
que
foi
assinado
o
termo
de
consentimento
livre
e
esclarecido.
Foram
feitas
perguntas
sobre
a
organização
arquitetônica,
sobre
os
acervos,
das
condições
dos
espaços
de
leitura,
do
tombamento
(registro,
classificação,
catalogação
do
acervo
e
informatização
do
catálogo).
Serviços
e
atividades
oferecidas
como:
consulta
local,
empréstimo
domiciliar,
atividades
de
incentivo
à
leitura,
orientação
individual
à
pesquisa
pelos
livros
e
pela
internet,
hora
do
conto
e
exposições,
e
sobre
o
quadro
de
pessoal
como
nível
de
formação,
carga
horária,
cursos
de
capacitação.
Também
foram
fotografados
os
referidos
espaços.
As
escolas
foram
denominadas
respectivamente
por
TA,
FD,
FV,
FI,
JJ
e
RU.
Os
resultados
foram
analisados
conforme
as
diretrizes
da
Unesco/Ifla,
2005).
3 Resultados
Durante
as
observações
e
as
entrevistas
foi
possível
verificar
as
condições
estruturais
das
bibliotecas
escolares
quanto
ao
espaço
físico,
ao
acervo,
ao
mobiliário
disponível
e
às
atividades
realizadas
nelas.
Em
duas
escolas
VF
e
RU
não
havia
biblioteca
nem
salas
de
leitura,
nelas
funcionavam
o
cantinho
da
leitura
nas
salas
de
aula.
As
quatro
responsáveis
pelas
demais
“bibliotecas”
eram
todas
do
sexo
feminino,
em
desvios
de
função
por
motivo
relacionado
à
saúde,
sem
formação
específica
para
atuar
neste
espaço.
As
quatro
participantes
eram
professoras
efetivas,
respectivamente
graduadas
em
Letras,
Pedagogia
e
Geografia,
com
exceção
de
uma,
cujo
cargo
era
de
Serviços
Gerais
e
cursava
Pedagogia.
Ela
não
só
atendia
neste
recinto,
mas
também
realizava
outras
atividades
que
necessário
fosse
como
aplicar
tarefas
aos
alunos,
auxiliar
os
alunos
com
maiores
dificuldades.
Quanto
ao
tamanho
das
salas
de
leitura,
a
maior
delas
tinha
uma
área
de
63m2,
com
iluminação
insuficiente,
pouco
arejada,
pequenas
para
comportar
turmas
de
até
trinta
alunos.
Os
empréstimos
eram
realizados,
na
maioria
das
vezes,
para
alunos
do
6º
ao
9º
anos
que
menos
frequentavam
a
sala
de
leitura.
O
ambiente
pouco
convidativo,
no
todo,
paredes
sem
decoração
nem
avisos
chamativos
de
incentivo
à
leitura,
pouco
atrativa
para
alunos
de
baixa
renda
e
de
família
de
poucos
leitores
e
para
comunidade
escolar,
conforme
figura
1.
675
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Educação//Investigación
Cualitativa
en
Educación//Volume
1
Fig.
1.(Parte
interna
da
“Biblioteca”
da
escola
FD,
espaço
também
de
livros
didáticos
do
PNLD)
Pelo
formato,
os
espaços
aparentavam
lugar
adaptado
de
sala
de
aula.
Conforme
entrevista
com
a
mediadora
de
leitura
da
escola
DF,
as
caixas
de
livros
que
vinham
do
MEC
do
1º
ao
5º
ano
ficavam
nas
salas
de
aula
para
leitura
deleite,
empréstimo
de
livros
ocorria
do
5º
ao
9º
ano
e
não
havia
projetos
de
leitura
sendo
executado.
Nesta
escola
DF,
fechava-‐se
a
biblioteca
durante
o
intervalo
para
atendimento
de
outras
atividades.
O
funcionamento
das
salas
de
leitura
seguia
o
horário
das
escolas,
mas
em
duas
delas,
na
JJ
e
na
TA
(figura
2)
só
funcionavam
no
período
vespertino.
Fig.
2.(
“Biblioteca”
da
Escola
TA,
também
espaço
dos
livros
didáticos
do
PNLD)
Quanto
à
quantidade
do
acervo,
entre
livros
diversificados,
pedagógicos,
literários
e
enciclopédias,
nenhuma
delas
dispunha
da
quantidade
mínima
sugerida
pela
UNESCO/Ela,
de
2.500
itens,
nem
estavam
organizados
conforme
as
normas
bibliográficas
padronizadas.
Não
havia
compras
de
livros,
676
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Educação//Investigación
Cualitativa
en
Educación//Volume
1
a
preferência
ao
adquiri-‐lo
era
por
obras
de
conteúdos
pedagógicos
não
literários
como
a
Escola
JJ
que
adquiriu
livros
de
libra.
Havia
nas
escolas,
a
prática
da
leitura
deleite,
isto
é,
todos
os
professores
nos
quinze
primeiros
minutos
da
primeira
aula
realizavam
leitura
para
os
alunos
das
séries
iniciais.
O
professor
ou
professora
narrador/a
era
o
único
sujeito.
Percebeu-‐se
que
a
leitura
deleite,
sem
cobrança,
no
ensino
fundamental,
principalmente
do
6º
ao
9º
ano,
para
estimular,
aguçar
debates
e
trocas
de
histórias,
de
ler
por
prazer,
era
pouco
proposto
pelas
pessoas
que
ocupavam
a
função
de
mediadoras
das
salas
de
leitura.
Não
havia,
no
entanto,
projeto
que
impulsionasse
a
comunidade
escolar
a
frequentar
o
espaço.
Confundiam-‐se
projetos
de
leitura
com
atividades
de
leitura.
Verificou-‐se
que
não
se
ensinava
como
usar
os
livros
da
biblioteca,
como
procurá-‐los
nas
prateleiras
desde
pequenino,
para
que
as
crianças
entendessem
a
organização
dos
livros
e
a
prática
de
pesquisas.
A
funcionária
da
sala
de
leitura
da
escola
FI,
que
ali
trabalhava
há
três
anos,
relatou
que
as
atividades
de
leitura
eram
trabalhadas
da
seguinte
forma:
os
alunos
do
1º
ao
5º
ano
que
tinham
dificuldade
de
aprendizado
ficavam
na
sala
de
aula
para
reforço
e
os
demais
iam
para
a
sala
de
leitura
quando
eles
liam
poemas,
contos
e
fábulas
que
eram
trabalhados
conforme
sugestão
e
solicitação
das
professoras,
ou
vice-‐versa.
O
acervo
que
chegava
a
todas
as
salas
de
leitura
era
feito
manualmente,
mas
não
eram
classificados
nem
catalogados.
Nesta
sala,
havia
dezessete
estantes
de
livros,
sendo:
oito
estantes
de
livros
didáticos
do
professor
(lado
esquerdo
da
foto)
desapropriados
para
alunos,
conforme
figura
3.
Fig.
3.(
Acervo
da
“Biblioteca”
da
escola
FI
e
local
livros
do
professor
e
de
livros
didáticos
do
PNLD)
quatro
estantes
de
livros
infantis,
duas
de
infanto-‐juvenis
e
três
de
livros
didáticos.
A
maioria
dos
livros
infantis
e
infanto-‐juvenis,
aproximados
seiscentos
livros,
foi
adquirido
por
meio
de
gincana.
Apenas
a
Escola
FI
ocupava
um
espaço
destinado
à
sala
de
leitura.
Além
desse
espaço
de
leitura,
havia
nas
salas
de
aula
o
cantinho
da
leitura.
Durante
a
matrícula,
a
secretaria
da
escola
solicitava
dos
pais,
se
possível,
um
livro
literário
que
no
final
do
ano,
passava,
em
forma
de
doação,
ao
acervo
deste
cantinho.
Em
2015,
não
houve
projeto
de
leitura
desenvolvido
pela
instituição
escolar.
O
fechamento
da
escola
faz
parte
do
plano
de
precarização
dos
serviços
públicos.
677
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Educação//Investigación
Cualitativa
en
Educación//Volume
1
Na
escola
JJ
constava
um
projeto
intitulado
A
biblioteca
dinâmica:
resgatando
o
gosto
pela
leitura
e
a
escrita.
Nele
constava
que
as
atividades
eram
trabalhadas
conforme
proposta
da
Secretaria
Municipal
da
Educação,
com
horários
de
cinquenta
minutos
para
cada
turma,
uma
vez
por
semana.
Os
empréstimos
de
livros
ocorriam
apenas
nas
aulas
de
Português,
as
pesquisas
também
obedeciam
a
um
cronograma
de
atendimento.
Em
todos
os
espaços
de
leitura,
quanto
aos
móveis,
havia
mesas
e
cadeiras,
porém
não
adequados
ao
público
mirim.
Os
livros
estavam
organizados
em
estantes,
a
grande
maioria
deles
tratava-‐se
de
livros
didáticos
recebidos
pelo
Programa
Nacional
de
Livros
Didáticos/PNLD.
Assim,
contradizendo
as
propostas
do
Banco
Mundial
que
afirmam
que
a
biblioteca
deveria
ocupar
o
primeiro
lugar
nas
prioridades
de
insumos
para
o
Ensino
Fundamental,
contudo,
na
prática,
o
livro
didático
é
que
ocupa
essa
posição,
como
se
vê
pela
figura
4.
Fig.
4.(
Acervo
da
Biblioteca
da
escola
JJ,
a
maioria
livros
didáticos
do
PNLD)
Como
pôde
ser
verificado,
em
nenhuma
das
escolas
tinha
bibliotecas,
os
espaços
denominados
salas
de
leitura
continuavam
como
as
apresentadas
por
Milanesi
(2002)
e
Silva
(2003),
estudiosos
sobre
a
temática,
com
inúmeras
fragilidades
relativas
aos
recursos,
ao
pessoal,
aos
programas
e
atividades
e
à
promoção
de
atividades.
A
função
de
uma
biblioteca
vai
além
do
empréstimo
e
da
devolução
de
livros,
pois
ela
deveria
aguçar
a
prática
da
leitura
e
também
ensinar
a
lidar
com
o
universo
informacional.
Deste
modo,
não
é
um
espaço
dinâmico
do
sistema
educacional.
4 Conclusões
O
acesso
aos
livros
é
fundamental
na
idade
escolar
no
desenvolvimento
das
habilidades
de
leitura
e
da
formação
de
leitores.
Assim
sendo,
é
preciso
fazer
com
que
as
bibliotecas
escolares
ou
salas
de
leitura
tenham
infraestrutura
adequada,
divulgação
da
importância
da
biblioteca
e
da
existência
de
678
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
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Educação//Investigación
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1
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679
>>Atas
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