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1ª Edição – 1997.
Novo Machado
Digitação e Diagramação
Mauri Kessler
Moacir Magnus Frank
2ª Edição – 2005.
Novo Machado
Gretel Priebe
Nedi Schroeder
Digitação
Gretel Priebe
Nedi Schroeder
Diagramação e Impressão:
Valdir Franco
Clodoaldo Machado
1ª Edição
“Não é o crítico que conta, nem o homem que mostra como o forte
tropeçou, ou onde o autor de feitos poderia ter agido melhor.
Seu lugar nunca está com as almas pequenas e tímidas, que não
conhecem nem vitórias nem derrotas”.
(Theodore Roosevelt)
2ª Edição:
E, cada qual,
a seu tempo,
representa diversos papéis”.
( William Schakespeare)
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO – 1º Edição...........................................................................17
APRESENTAÇÃO – 2º Edição...........................................................................18
PREFÁCIO.........................................................................................................19
AGRADECIMENTOS 1º Edição.......................................................................21
AGRADECIMENTOS 2º Edição.......................................................................22
1. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA.........................................................23
1.1. Limites:...................................................................................................23
1.2. Relevo e Solo:.........................................................................................24
1.3. Hidrografia:.............................................................................................25
1.4. Vegetação:...............................................................................................26
1.5. Fauna:......................................................................................................27
1.6. Clima e Pluviosidade:..............................................................................28
3. POVOAMENTO E COLONIZAÇÃO...........................................................37
3.1. Primeiros Habitantes (Índios)..................................................................37
3.2. Os Nacionais...........................................................................................37
3.2.1. A Religiosidade..............................................................................39
3.2.2. .....................................................................................Alimentação:
............................................................................................................40
3.2.3. As Diversões:.................................................................................42
3.2.4. ..........................................................................................Costumes:
............................................................................................................43
3.2.5. Biografia de Olívia Corrêa............................................................43
3.3. Os Europeus em busca de Novas Fronteiras............................................45
3.3.1. Antecedentes Históricos:...............................................................45
3.3.2. A Colonização do Rio Grande do Sul............................................46
3.4. Novo Machado a Caminho da Colonização.............................................48
3.4.1. Os Alemães....................................................................................50
3.4.1.1. Influências (Legados):......................................................54
a) Religiosidade................................................................54
b) Educação Familiar........................................................55
c) Educação Escolar..........................................................56
d) Alimentação..................................................................56
e) Língua...........................................................................59
3.4.1.2. Biografias:........................................................................59
a) Um Imigrante Centenário integra a comunidade
novomachadense.........................................................59
b) Auto-Biografia de Emma Buss....................................61
3.4.1.3. Dia do “Imigrante Alemão” ou “Dia do Colono”?............65
3.4.2. Os Italianos....................................................................................67
3.4.2.1. Influência (Legados).........................................................68
a) Religiosidade:...............................................................68
b) Educação Familiar:.......................................................69
c) Educação Escolar:.........................................................70
d) Alimentação:.................................................................72
e) A Língua:......................................................................75
3.4.2.2. Biografia de José de Conti................................................75
3.4.3. Os Russos......................................................................................78
a) Religiosidade:...........................................................................80
- Igreja Ortodoxa......................................................................81
b) Alimentação:.............................................................................83
c) O Cultivo da Linhaça.................................................................83
3.4.3.1. Biografia de Ana Klocko (Baba).......................................84
3.4.4. Os Poloneses.................................................................................87
a) Religiosidade:............................................................................88
b) Educação Familiar:....................................................................88
c) Educação Escolar:.....................................................................88
d) Alimentação:.............................................................................89
e) A Língua:...................................................................................89
3.4.4.1. Biografia de Eustachy Dorosz..........................................89
3.4.5. Os Açorianos.................................................................................94
3.4.5.1. Influências (Legados).......................................................96
a) Religiosidade:...............................................................96
b) Educação:.....................................................................96
c) Alimentação:.................................................................97
d) Diversões:.....................................................................97
3.4.6. Dificuldades dos Colonizadores....................................................99
3.6. Origem das Localidades........................................................................104
3.7. Aspectos Populacionais.........................................................................104
4. ASPECTOS ECONÔMICOS.......................................................................107
4.1. Agricultura e Pecuária...........................................................................107
4.1.1. Diferentes Fases que Caracterizam o Processo Agropecuário.....108
4.1.1.1. Primeira Fase:.................................................................108
4.1.1.2. .......................................................................Segunda Fase:
................................................................................................108
4.1.1.3. .......................................................................Terceira Fase:
................................................................................................110
4.1.1.4. .........................................................................Quarta Fase:
................................................................................................111
4.1.1.5. ......Quinta Fase: agricultura dos anos 80 até os nossos dias.
................................................................................................113
a) Plantio Direto.............................................................114
b) Apicultura..................................................................115
c) Gado Leiteiro.............................................................116
d) Principais produtos agrícolas cultivados em Novo
Machado...................................................................122
- Milho.......................................................................122
- Soja..........................................................................123
- Trigo........................................................................126
- Fumo.......................................................................129
- Fruticultura e Horticultura.......................................133
e) A Pesca......................................................................136
A Piscicultura........................................................137
Produção de Alevinos...........................................138
4.1.2. Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário.............142
4.2. Comércio e Indústria.............................................................................143
4.2.1. Os Bolichos e as Casas Comerciais.............................................144
a) Os Carroceiros:.......................................................................149
b) Os Viajantes:...........................................................................150
4.2.2. A Decadência dos Bolichos e das Casas Comerciais...................152
4.2.3. As Cooperativas Coloniais...........................................................153
4.2.4. O Cooperativismo........................................................................154
4.2.4.1. Cooperativa Mista São Luiz Ltda. - Coopermil..............154
4.2.4.2. Cooperativa Mista Tucunduva Ltda. - Comtul................156
4.2.4.3. Cooperativa Tritícola Santa Rosa Ltda. - Cotrirosa........157
4.2.5. Comércio atual em Novo Machado ............................................158
4.2.6. Moinhos.......................................................................................158
4.2.6.1. Associação J.H.L..............................................................161
4.2.7. Serrarias.......................................................................................162
4.2.8. ................................................................Marcenarias e Carpintarias
..........................................................................................................165
a) Marcenarias.............................................................................165
b) Carpintarias..............................................................................165
4.2.9. .............................................................................................Ferrarias
..........................................................................................................166
4.2.10. ............................................................................Curtume e Selaria
..........................................................................................................167
4.2.11. .....................................................Da Sapataria à Loja de Calçados
..........................................................................................................167
4.2.12. .........................................................................................Açougues
..........................................................................................................168
4.2.13. .....................................................................Alfaiates e Costureiras
..........................................................................................................169
a) Alfaiates:................................................................................169
b) Costureiras:............................................................................169
4.2.14. Outros Empreendimentos Comerciais e Industriais...................171
a) Olarias:.................................................................................171
b) Soques de Erva-Mate:...........................................................171
c) Alambiques:..........................................................................171
d) Engenhos de Cana:...............................................................173
e) Funilarias:.............................................................................174
f) Padaria:.................................................................................175
g) Estúdio Fotográfico:.............................................................176
h) Oficinas .................................................................................176
i) Outros Serviços......................................................................176
4.2.15. Para onde vai nossa Economia?.................................................176
4.2.15.1. Mercosul.....................................................................179
4.2.15.2. Modernização do Setor Agrário....................................181
6. O ESPÍRITO DE FÉ E DE RELIGIOSIDADE............................................255
6.1. Igreja Evangélica Luterana do Brasil - IELB........................................255
6.2. Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB................259
6.3. ....Convenção das Igrejas Batistas Independentes - (CIBI) - Igreja Batista
Zoar.......................................................................................................262
6.4. ..................Movimento Pentecostal Clássico - Igreja Evangélica de Cristo
................................................................................................................. 264
6.5. ...........................................................................Igreja Católica Apostólica
................................................................................................................. 267
6.6. . Convenção Batista Pioneira do Sul do Brasil - Igreja Batista Pioneira de
Lajeado Terrêncio................................................................................273
6.7. ...................................Igreja Evangélica Congregacional do Brasil - IECB
................................................................................................................. 276
6.8. ...................................................Igreja Evangélica da Assembléia de Deus
................................................................................................................. 277
9. ENSINO E EDUCAÇÃO.............................................................................331
9.1. Educação - Na Época da Colonização..................................................331
9.2. Ensino Particular...................................................................................331
9.2.1. .......................................................................Escolas Comunitárias
.........................................................................................................331
9.2.2. .................................................Escolas Particulares - Confessionais
.........................................................................................................333
a) 1932 - Escola Evangélica Luterana Trindade..........................334
b) 1933 - Escola Evangélica Cristóvão Colombo........................334
c) 1945 - Escola Evangélica Luterana São Paulo........................334
d) 1947 - Escola Evangélica Santos Dumont..............................336
9.3. O Ensino Público em Novo Machado...................................................337
9.3.1. ...........................................................................Escolas Municipais
.........................................................................................................339
9.3.2. ..............................................................................Escolas Estaduais
.........................................................................................................340
9.4. ....................................................................................Escolas Desativadas
................................................................................................................. 342
9.5. ..........................................O Processo Pedagógico e suas Transformações
................................................................................................................. 344
9.6. ....................................................................Sistema de Transporte Escolar
................................................................................................................. 348
9.6.1. .........................................Antes da Emancipação de Novo Machado
..........................................................................................................348
9.6.2. ..........................................O Transporte Escolar em Novo Machado
..........................................................................................................348
9.6.2.1. ..................Dados Demonstrativos referentes ao Transporte
Escolar:.................................................................................351
9.6.2.1.1. Dados de 1996 ...................................................351
9.6.2.1.2. Dados de 2005 ...................................................352
9.7. ................................................................................Educação Pré-Escolar:
................................................................................................................. 352
9.8. .....................................................................................Educação Especial:
................................................................................................................. 354
9.9. ...................................................................................Alimentação Escolar
................................................................................................................. 358
9.10. .....................................................................Calendário Único (Rotativo)
................................................................................................................. 362
9.11. ...................................Biblioteca Pública Municipal “Machado de Assis”
................................................................................................................. 364
9.12. .............................................................Conselho Municipal de Educação
................................................................................................................. 370
9.13. ...........Conselho Mun. de Acomp. e Controle Social de Manutenção e
Desenvolvimento do Ens. Fund. e de Valorização do Magistério ......377
9.14. Museu Municipal Dácio Thobias Busanello ........................................380
16. OS BANCOS..............................................................................................453
16.1. . Antecedentes.....................................................................................453
16.2. .Novomachadenses x Serviços Bancários..........................................454
16.2.1. Banrisul ....................................................................................454
16.2.2. Bradesco ............................................ ......................................454
16.2.3. Caixa Econômica Federal ................. . .....................................454
16.2.4. Banco do Brasil.........................................................................455
16.2.5. Sicredi .......................................................................................455
BIBLIOGRAFIA..............................................................................................461
1ª Edição
Apresentação
É importante lembrar que “povo sem história, é um povo sem memória e está
fadado a morrer.”
2ª Edição
Apresentação
1ª Edição
Prefácio
A História do Município de Novo Machado, partindo do particular para o geral,
é uma nova luz que se acende na Micro-História da Região do Grande Santa Rosa e do
Estado do Rio Grande do Sul.
A luz das presentes letras será eterna e o seu acender serve de modelo a outrem
no porvir.
2ª Edição
Prefácio
“O homem na terra, no tempo e no espaço, faz a História....
As criaturas na natureza, simplesmente existem numa interdependência
Harmoniosa...”
Com reverência a este fluxo migratório multiforme, que hoje permeia nosso
município, agradecemos a cada um e a todos, a contribuição para construção e o
desenvolvimento desta terra, e buscamos perpetuar esta caminhada através desta
segunda edição, atualizada do livro “NOVO MACHADO CONTA SUA HISTÓRIA”
Adilson Mello
Prefeito Municipal
1ª Edição
Agradecimentos
Agradecemos
As autoras
2ª Edição
Agradecimentos
Agradecemos:
As Autoras.
1. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA:
1.1. Limites:
a) Planas: São as terras que ficam mais próximas a sede, onde predominam as
lavouras mecanizadas e pratica-se a monocultura.
Este relevo ocupa um espaço de aproximadamente 15% da área do município.
1.3. Hidrografia
Além dos rios acima mencionados, podemos contar com diversos lajeados:
Lajeado Gateados, Lajeado Limoeiro, Lajeado Machadinho, Lajeado Corredeira,
Lajeado Saltinho, Lajeado Perdido, Lajeado Comprido, Lajeado Três Pedras, Lajeado
Água Fria, Lajeado Touros e outros.
Estes lajeados, sempre tiveram grande influência no povoamento e colonização
de Novo Machado. Muitos deles, na época da divisão das terras, serviam como divisor
das colônias. Além da água, para uso doméstico e para os animais, muitos deles
serviram para mover moinhos e serrarias.
Outrora, estes lajeados possuíam águas cristalinas, porque eram margeados por
densa vegetação.
Atualmente, grande número destes lajeados, estão parcialmente entulhados pelas
terras provenientes das lavouras, por ocasião das fortes chuvas, devido a ausência de
vegetação nas margens. Estes lajeados estão poluídos, devido aos insumos colocados
nas lavouras, ocasionando-lhes a morte.
A grande maioria destes lajeados são perenes, isto é, não secam por ocasião das
estiagens.
1.4. Vegetação:
Fazendo parte da Zona da Mata do Rio Grande do Sul, toda área do atual
município de Novo Machado, constituía-se naturalmente, por uma exuberante e densa
mata. Encontrava-se uma variedade imensa e diversificada de madeira de lei, como:
cedro, louro, guajuvira, grápia, angico, cabriúva, ipê, canafistola, etc.
Com o passar dos anos e a chegada cada vez maior de moradores, estas matas
foram sendo substituídas pelas lavouras. Os pioneiros derrubavam as matas, onde a
madeira de lei era utilizada para construção das casas e dos galpões e no restante,
colocava-se fogo.
Além disso, durante um longo tempo, esta riqueza natural, a madeira, serviu aos
colonizadores, como fonte de renda, em muitos casos, possibilitando o pagamento das
terras.
Até o início da década de 1970, todo o colono, preservava uma parte de mato,
em sua propriedade, pois quanto mais mato possuía, maior era o valor da terra.
1.5. Fauna:
Os rios, que cortavam estas matas, possuíam água límpida e despoluída e eram
habitados por uma grande variedade de peixes.
No início da colonização, animais, pássaros e peixes, constituíam importante
fonte de alimento para os pioneiros.
Atualmente, a fauna está em fase de extinção, e os animais e pássaros que ainda
vivem, encontram grandes dificuldades para sobreviver, uma vez que as matas foram
destruídas e, estes, perderam o seu habitat. Além disso enfrentam também o problema
de envenenamento das lavouras.
O mesmo acontece com os peixes, cuja extinção nos pequenos rios e lajeados,
deve-se a pesca na época da desova e a poluição das águas, devido aos fertilizantes e
venenos que são colocados nas lavouras e levados para os rios, através da erosão.
Nos últimos anos, as autoridades estão conscientizando-se e fazendo um trabalho
junto a população, no sentido de evitar e/ou reduzir os riscos da poluição e da pesca
predatória.
Com a obrigatoriedade de preservação das margens do Rio Uruguai e a
conscientização da população quanto ao reflorestamento das vertentes e pequenos
lajeados, constata-se o retorno de diversas espécies nativas de nossa fauna.
1.6. Clima e Pluviosidade
Ano Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Agos. Set. Out. Nov. Dez. Total Média
Total 3.713 3.342 3.004 3.543 2.634 2.822 2.388 2.274 3.627 4.829 2.944 3.714 38.834 170,32
Em 1996, tínhamos:
Média Mensal – 120 meses: 158 mm/mês.
Média Anual – 10 anos: 1.901 mm/ano
Em 2004, tínhamos
Média Mensal dos 228 meses = 170,32 mm/mês.
Média Anual dos 19 anos: 2.043,89 mm/ano
2. NOVO MACHADO - UM ESPAÇO A SER OCUPADO
“Von Santo Ângelo, mit einem grossen Wagen, 5 meter lang, 8 mulas
vorgespant. Es waren 4 familien drauf: Wier (Kaffka), Feger, Wetzel und 2 familien
Buchholz. Die Männer gingen zu fuss bis Santa Rosa. Da mietete Vater ein Haus, wo
wier ein par Wochen wonten. Dan Kaufte mein Vater, in Machado, Terrêncio, 3
Kolonien: 75 hectar Urwald.
Zum Urwald.
Dan gings weiter, von Santa Rosa, bis an die Barke, vom Santa Rosa fluss.
Vater Kaufte ein Pferd.
Von dort aus, wurde die ganze Wanderschaft aufs Pferd geladen, und wier alle
gingen zufus (25 Kilometer), ein jeder auch beladen.
Es ging über so viele klötze, das man bald nicht weiter kam von müdichkeit.
Aber, die Lust am Abendteuer, half immer weiter. Abens, waren wier angekomen bei
Familie Krapp, wo wier Übernachteten, in einer Baracke.
Am kommenden Tag, kam der Nachbar Ivan Siniak. Both uns eine Wohnung an.
Er hate ein Häuschen, von ungefär 4m x 7m. Da wahren wier ein paar tage, und
suchten unser Land, das 4 Kilometer entferndt lag.
Dort, in Terrêncio, wonte schon Julius Fitz. Unsere Kolonien lagen gans Nahe.
Wier musten sie aber erst aufsuchen. Eine gute kwelle war dah. Haben uns ein wenich
verirrt, so das wier einen Tag suchten.
Am kommenden Tag, sind wir hingekommen.” (1)
(De Santo Ângelo, com uma carroça grande, 5m de comprimento, puxada por 8 mulas.
Eram 4 famílias naquela carroça: Nós (Kaffka), Feger, Wetzel e 2 famílias Buchholz. Os
homens foram a pé até Santa Rosa. Lá o pai alugou uma casa, onde ficamos algumas semanas.
Daí o meu pai comprou, em Machado, Terrêncio, 3 Colônias de terras: 75 hectares.
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(1) In História da Cidade de Novo Machado - Novo Machado – 1995
Daí seguimos, de Santa Rosa, até a Barca do Rio Santa Rosa.
O pai comprou um cavalo.
Para a Mata.
De lá, toda a mudança foi colocada sobre o cavalo e nós caminhamos a pé (25
Quilômetros), cada um carregando pacotes.
Passamos sobre muitas árvores e estávamos tão cansados que quase não podíamos
seguir adiante. Mas a aventura e a esperança, a alegria de encontrar algo melhor, dava forças
para seguir em frente. À noite, chegamos na família Krapp onde pernoitamos numa barraca.
No dia seguinte, o vizinho Ivan Siniack ofereceu-nos uma moradia. Ele tinha uma casa
de 4m x 7m. Lá ficamos alguns dias e procuramos nossa terra, distante a 4 km.
Lá em Terrêncio, já morava o Sr. Julius Fitz. A nossa colônia ficava próxima, mas
tínhamos que encontrá-la. Uma boa vertente havia ali. Mas, nós nos perdemos um tanto e
procuramos (caminhamos na mata) um dia todo.
No outro dia encontramos nossa terra.)
Desta forma se constata que, nesta época, rios, lajeados e as próprias regiões já
estavam denominadas. Quem as denominou e porque as denominou assim, é uma
questão ainda não esclarecida.
Há porém quem atribui a denominação “Machado”, à existência do Lajeado
Machado que teria cedido o seu nome também à localidade.
Há um outro fato curioso, narrado pelo Pastor Wolff, em seu livro, no capítulo
que fala sobre os índios (bugres), quando diz que, em virtude da redução do espaço
natural, os índios garantem sua sobrevivência com o cultivo da mandioca e, para poder
cultivá-la precisam derrubar a mata com auxílio de machadinhas de pedra.
“Auch habe ich keine Ahnung, wo dieser Stamm gewohnt hat. Aber durch das
Gebiet dieses Indianerstammes fließ ein Fluss, den die Indianer “Axt-Fluss” nennen. In
oder na diesem Fluss haben die Indianer die richtigen Steine für ihre Beile
gefunden.”... (2)
(Também não tenho idéia de onde habitava esta tribo. Mas pela reserva (ou região
habitada) desta tribo, corre um rio, que os índios chamam de “Rio - Machado.” Neste rio os
índios encontram as verdadeiras pedras para fazer suas machadinhas.)
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__________
(2) Wolff. Herbert. Pionire im Laude der Gaúchos. pág. 1
2.2. Medição das Terras
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__________
(3) In História da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO – RS – 1995.
(4) In História da Localidade de Nova Esperança - NOVO MACHADO – RS – 1995.
(5) In História da Localidade de Nova Esperança - NOVO MACHADO – RS – 1995.
Há um fato curioso no que se refere ao nome do agrimensor responsável pela
medição destas terras. Novo Machado, fala em Ludwig Von Ei; Lajeado Touros, fala em
Luduwig Von Ei; Nova Esperança e outras, falam em Luiz Fornalha e algumas pessoas
mencionam o nome Luiz Fornari. A primeira vista, parece tratar-se de pessoas
diferentes. Porém, conversando com alguns pioneiros, estes afirmam ser a mesma
pessoa. “Era um alemão alto e forte, que passava pelo mato com muita agilidade,
usando botas de canos muito longos. Chamava-se Luiz Fornalha.”
(Palavras do Sr. Ângelo De Conti).
Frederico Luiz von Eye conhecido sob diversos nomes, passando por vezes
como alemão, outras, por italiano, deixou na lembrança das pessoas que o conheceram,
uma lição de vida: “era um profissional honesto, íntegro e acima de tudo competente”.
3.2. Os Nacionais
3.2.1. A Religiosidade
o mastro do Divino.
Bandeira do Divino Espírito Santo
Fonte: História da Localidade de Esquina Água Fria
A família que iria receber o Divino em sua casa, ao sinal do tambor, dirigia-se
ao seu encontro. Severo Rolin, entregava o Santo ao dono da casa. A noite, muita gente
se reunia para adorar o Divino. Rezavam o terço, cantavam e conversavam. Severo
Rolin e a sua família pernoitavam naquela casa e no outro dia, após o café da manhã,
levavam o Santo para outra família. Assim prosseguia o ritual, até que passavam por
todas as casas da comunidade. Vale lembrar que este costume era das famílias dos
nacionais, que naquela época, em Esquina Água Fria, predominavam.
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(9) In História da Localidade de Esquina Água Fria - Novo Machado - 1995
3.2.2. Alimentação:
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(10) In História de Esquina Água Fria - NOVO MACHADO - 1995.
b) Cuscuz: Preparar a farinha do milho verde, ralado. Peneirar ficando só a
farinha. Molhar um pouco a farinha com água para ficar soltinha. Colocar uma
colher de sal. Despejar essa massa num prato, cobrir com uma toalha para não
entrar água. Fazer um nó nas pontas da toalha e colocar sobre a boca de uma panela,
cujo diâmetro seja menor do que o prato. O cozimento é feito com o vapor que sai da
panela. Após meia hora de cozimento, pode ser servido com leite ou com feijão e
carne. (Receita fornecida por Olívia Corrêa e João Rodrigues da Silva).
c) Pão: Nos primeiros tempos, colocavam a massa dentro de uma panela e faziam
um braseiro no chão. Colocavam brasa em cima de uma lata ou tampa de panela. A
panela com a massa de pão era colocada em cima do braseiro no chão e sobre a
panela colocavam a lata com brasa. Para cozinhar por igual e tostar ao redor, gira-
vam constantemente a panela. Mais tarde, a panela com a massa era colocada em
cima da chapa de fogão construído com tijolos. Sobre a panela, continuavam usando
uma vasilha com brasas. Com o passar do tempo, os fogões foram se aperfeiçoando
e a maneira de assar o pão foi se modificando. Passaram a utilizar o forninho do
fogão a lenha ou o forno construído com tijolos.
Ainda hoje, muitas famílias de Esquina Água Fria e região, utilizam o forno de
tijolos para assar pão e bolacha. Mas a maioria, utiliza o fogão a gás ou forninho
do fogão a lenha.
(Receita fornecida por Olívia Corrêa e Pierina Turra).
e) Cascão: Ingredientes: farinha, água, banha, ovos e sal. Pegar uma certa quantia de
farinha de trigo e milho, misturando os outros ingredientes. Fazer uma massa mais
firme do que massa para bolo. Socar esta massa na parede interna da panela de
ferro, numa espessura de uma polegada. Virar a panela de boca para baixo em cima
do braseiro. Deixar tostar. Este alimento era servido com melado e substituía o pão
e o bolo. (Receita fornecida por João Rodrigues da Silva).
g) Revirado de Farinha: Fazer uma massa com mais ou menos 1/2 kg de farinha de
trigo. 1 colher de banha, sal, água. Fazer uma massa e colocar numa panela. Levar
ao fogo e tostar de ambos os lados. Esmagar com a pá de madeira até ficar em
pequenos pedaços. Servir com café.
(Receita fornecida por Pierina Turra).
h) Biju: Feito com farinha de milho e sal. Coloca-se a farinha de milho e sal numa
panela de ferro e leva-se ao fogo mexendo sempre até ficar bem seco. Come-se com
feijão ou leite.
(Receita fornecida por D. Olívia Corrêa).” (11)
_____________________________________________________________________________________
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(11) In História da Localidade de Esquina Água Fria - NOVO MACHADO - 1995.
3.2.3. As Diversões:
“Nos bailes, havia uma peça musical chamada “Vanerão das Damas”. Neste
momento, as mulheres casadas convidavam seus esposos para dançar. As moças que
tinham namorado, convidavam os namorados. As moças que não tinham namorado,
escolhiam entre os rapazes, o seu pretendente.”
(Depoimento de D. Olívia Corrêa).
Os pais acompanhavam as filhas nos bailes e eram muito severos.
“Não tivemos muito prazer nos bailes, porque no bom do baile, o meu pai dizia:
- Valeriana! vamos embora, não gosto de cochicho no ouvido. Referia-se quando a
gente estava conversando com um rapaz”.
(Depoimento de D. Olívia
Corrêa).
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12 (12)In História de Esquina Água Fria - NOVO MACHADO – RS – 1995
13 3.2.4. Costumes:
Entre os nacionais um dos costumes que permanece até hoje, é pedir “a bênção”.
Os filhos, de mãos postas, pela manhã e a noite, pedem a bênção aos pais. Os netos
pedem a bênção aos avós. Os afilhados aos padrinhos. Os pais, os padrinhos e os avós
respondem: - “Deus te abençoe”.
Outro costume entre os nacionais, é de chamarem de “compadres” os padrinhos
dos filhos, mesmo entre os próprios irmãos. E as pessoas que se gostam, chamam-se de
parentes.
Os nacionais, quando tinham muito trabalho na lavoura, costumavam realizar os
“puxirões” ou “ajutórios”, sempre acompanhados de uma pinga. Chegavam reunir 20 a
25 homens.
“Era costume, antigamente, fazer os “puxirões” ou “ajutórios”. As pessoas
reuniam-se para fazer um serviço (uma roçada, derrubada da madeira, etc.). Quando
era um “ajutório”, não faziam baile e quando faziam um “puxirão”, ao terminar a
empreitada, comemoravam com um grande baile embaixo de uma ramada. O dono da
casa carneava um porco, assava a carne e servia com quirera (mais miúdo do que
canjica). Todos jantavam e então, iniciava o Grande baile. Durante a noite, serviam o
pão de milho e o café”. (13)
“Uns iam roçando com foice, outros derrubando as árvores com machado.
Quando a árvore caía davam um grito i, hu, hu!...” (Depoimento de D. Olívia Corrêa).
“Outro costume muito usado, naquela época, era o baile surpresa na casa dos
amigos. Quando descobriam que um amigo estava de aniversário, o pessoal se
combinava e fazia uma surpresa para o aniversariante. Dirigiam-se até a sua
residência e comemoravam com muita música, cantos, dança e alegria.” (14)
A migração que ocorreu na Europa no século XIX, não pode ser compreendida
sem levarmos em consideração alguns fatores que, direta ou indiretamente, forçaram
esta situação.
O impacto causado pela Revolução Intelecutal, chamada de iluminismo,
desencadeada na França em meados do século XVIII, com o desenvolvimento de novas
idéias, até então desconhecidas, que criticavam o mercantilismo, o absolutismo e as
explicações religiosas da concepção do mundo, correspondeu ao início da Revolução
Industrial, que ocorreu na Inglaterra, em 1779, com a invenção da máquina a vapor.
Neste período, vários países europeus passavam por grandes dificuldades
políticas, sociais e econômicas.
O aumento da densidade demográfica, a pouca disponibilidade de emprego e de
terras, gerou o esgotamento dos recursos naturais e a pobreza, uma vez que os modos de
produção não atendiam às necessidades da população.
A demanda da mão-de-obra para as fábricas, incentivou a migração de
camponeses para os centros urbanos industrializados. Em grande parte, estes
camponeses, haviam sido substituídos na lavoura, por máquinas, que provocaram uma
superabundância de braços nas áreas agrícolas. Ao lado dessa migração interna,
estabeleceu-se uma corrente migratória, principalmente em direção as Américas, onde o
excesso populacional europeu, procurou novas possibilidades de trabalho e subsistência.
Ao mesmo tempo em que na Europa, crescia o bem estar e a riqueza da
burguesia, aumentavam também as tensões e as rivalidades políticas e econômicas entre
os vários países. Percebia-se, que mais cedo ou mais tarde, a Guerra seria inevitável.
Nos momentos de crise, as populações mais atingidas, são geralmente as mais
pobres. E estas, adaptam-se mais facilmente às mudanças de comportamento, de
ocupação e, inclusive, de habitat, devido as suas grandes necessidades.
Desta forma, várias foram as razões pelas quais, na Europa, ocorreu um grande
êxodo de massas humanas, que sob o ponto de vista político, teve forte ligação com o
temor da Guerra. Por outro lado, sob o enfoque econômico e social, o desejo de possuir
um pedaço de terra e sair da marginalização, fez com que muitos colonos, sem ou com
pouca terra, bem como operários desempregados, aventurassem uma nova vida na
América.
Por outro lado, no início do século XIX, o espaço brasileiro praticamente não
havia sido explorado, com exceção do litoral onde havia-se instalado o latifúndio,
implantado por Portugal, através de casais portugueses vindos das ilhas dos Açores
(açorianos), com o objetivo de proteger a costa e garantir o domínio sobre a colônia.
No Brasil, havia pois, uma vasta extensão de terra disponível e uma população
pouco expressiva. Era preciso povoar as terras para garantir a soberania nacional,
principalmente das áreas que estavam sob ameaça de ocupação de outras nações.
“O período inscrito entre os anos de 1812 e 1822, marca o primeiro ciclo da
formação de núcleos coloniais, ocorridos na região montanhosa do litoral médio
brasileiro. Um novo ciclo inaugura-se com a colonização do sul do Brasil, tendo como
marco de origem, a fixação de colonos alemães nas terras da colônia São Leopoldo.”
(15)
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(15) SCHALLENBERGER, Erneldo e Hartmann, Hélio Roque. Nova Terra Novos Rumos - Barcellos
Livreiro Editor - Santa Rosa. 1981, pág. 35
(16) SCHALLENBERGER, Erneldo e HARTMANN, Hélio Roque, Nova Terra, Novos Rumos,
Barcellos Livreiro Editor, Santa Rosa, 1981 - pág. 57.
“Após a independência, D. Pedro I necessitava reforçar o Exército Nacional,
formando a Legião Estrangeira, com 3.800 soldados alemães, muitos dos quais
acabaram fixando-se no Rio Grande do Sul. Entre 1824 e 1830, mais de 5.000
imigrantes iniciaram a colonização em São Leopoldo, espalhando-se por Novo
Hamburgo, Dois Irmãos, Sapiranga, Ivoti, Herval Grande, Nova Petrópolis; a partir de
1850 ocuparam o vale do Taquari (Santa Cruz do Sul, Lajeado, Estrela, Venâncio
Aires ...), atingindo a serra desde 1875 e mais tarde o Alto Uruguai”... (17)
Em 1874 surge no Rio Grande do Sul, uma nova fase de colonização, com a
inauguração da linha férrea de Porto Alegre. A partir dos núcleos coloniais já formados,
possibilitou-se a expansão da colonização para o interior do estado.
A partir de 1875, começaram a chegar ao Rio Grande do Sul, os primeiros
imigrantes italianos. Provindos do norte da Itália, foram assentados na região serrana,
inseridos no mesmo programa que os alemães, isto é, povoar o estado e produzir
alimentos, para abastecer o mercado interno.
Com a Proclamação da República em 1889, o governo estadual fica encarregado
de promover a colonização, enquanto o governo central, fica apenas com a
responsabilidade de fornecer imigrantes. Em virtude dos altos custos, o Governo
Estadual permitiu o surgimento de empresas particulares, fazendo surgir, ao lado das
colônias oficiais “Regierunskolonien”, as privadas ou “Privatkolonien” e as das
sociedades Coloniais ou “Gesellschaftskolonien”.
Já no final do século passado e no início do atual, as colônias “velhas”,
retalhadas e divididas entre os filhos das famílias dos imigrantes, sempre numerosos,
tornaram-se insuficientes.
Desta forma, desencadeou-se, progressivamente, a ocupação do noroeste do
Estado, resultante das migrações internas, conhecidas pela denominação de
“enxamagem”, em cujo processo, as famílias, geralmente, enviavam os filhos para as
novas frentes de colonização.
“Pelos mesmos motivos e ao mesmo tempo que se processava a imigração
interna, das colônias velhas às colônias novas, de parte dos descendentes dos
imigrantes alemães, movimentavam-se também os de origem italiana, difundindo-se
por todo Estado do Rio Grande do Sul”. (18)
Além dos alemães e italianos, outros grupos étnicos, deram valiosa contribuição
ao desenvolvimento do Rio Grande do Sul, destacando-se os poloneses, letos, franceses,
espanhóis, russos, sírios, japoneses e outros.
A fundação da colônia oficial de Ijuí, caracterizou a colonização do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul, formada por migrantes, frutos da “enxamagem” ocorrida
nas Colônias Velhas, bem como, recebendo ainda muitos imigrantes estrangeiros de
diversas etnias, sendo assim, um ponto intermediário entre as antigas e novas áreas de
colonização.
O Rio Grande do Sul já retalhado em diversos municípios, parte para a ocupação
das áreas ainda devolutas. Os próprios municípios, vão em busca de colonizadores,
procurando atrair migrantes e imigrantes que viessem desencadear o processo de
colonização.
Assim, em terras de Santo Ângelo e São Luiz Gonzaga, ocupando a região do
Médio Uruguai e do Comandaí, surge a Colônia Guarani, fundada em 1880, sendo
povoada por colonos de várias nacionalidades, destacando-se os alemães, russos,
poloneses e holandeses, que mais tarde formaram grupos, redutos específicos, de acordo
com a sua etnia.
Estas novas colônias, sem dúvida foram os embriões, a partir dos quais, novos
núcleos coloniais, e posteriormente, novos municípios tiveram sua origem, entre eles, o
atual município de Novo Machado.
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(17) Mundo Jovem, abril de 1989 - pág. 15.
(18) LAZAROTTO, Danilo - História do Rio Grande do Sul - Sulina - 3ª Edição - pág. 72
Família de Friedrich Jancke - 1926. Foto da Imigração da Letônia para São Paulo
depois Colônia Guarani - e em 1929 - Linha Machado – Santo Ângelo - RS
Foto: Srª Elmine Schulz (a menina de tope).
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(19) Colonização de Santa Rosa - Dahne Conceição & Cia - Documento de Divulgação.
3.4.1. Os Alemães
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(20) Revista Saga - nº 1 - pág. 5 - dezembro - 1990
(21) BARBOSA, Fidélis Dalcin. História do Rio Grande do Sul - pág. 43 e 44.
E, se caso também vale a afirmação: “nomen est omen”, então, também para
estes navios, únicos em sua maneira de ser, é preciso encontrar denominações
bem particulares, indicativas a um País, com relação ao primeiro, a entrada de sua
economia e ao seu prestígio.
Números, dizem pouco, a não ser que seus indicativos sejam
compreendidos.
A viva contemplação de um Navio destes, contribui para um significado
sentimental duradouro.
É preciso ter estado na ponte de desembarque de São Paulo, quando um
“colosso marinho destes” de 14.000 “Registertons” atracar. Quando esta
imensidão vai encostando e, finalmente, auxiliada pelos velozes rebocadores,
conseguir parar sobre a ponte de desembarque, gera-se um suspense de admiração.
É preciso ter observado a parede de aço, da altura de uma casa, ter observado
as diferentes coberturas e o convés, a ponte de comando, coroada com gigantescos
chaminés e, igualmente, após ancorado, estende majestosamente suas antenas,
causando uma Gigantesca impressão, como só pode ser vivida ainda, nas altas
montanhas. Escalando o “Monte Sarmiento” ou o “Monte Olivia”, contrastando
com a impressão externa dominante e agradável, com o bom gosto e o conforto das
instalações de alojamento, das salas festivamente acolhedoras, até o menor
compartimento.
Um hotel flutuante, preparado com imenso bom gosto, que deseja dar a cada
um dos inúmeros passageiros, não só uma viagem rápida e segura, mas, sobretudo,
contribuir para uma recuperação do corpo e da mente, nesta travessia para ou da
América do Sul. Não foram poupados esforços para oferecer aos viajantes, a
realização dos desejos mais ousados.
As nossas fotos, podem transmitir somente uma leve impressão a respeito. Elas
mostram um dos dois Restaurantes (salas de refeição) amplos, com enormes janelas,
nos quais, ao mesmo tempo, 900 pessoas podem realizar suas refeições, em mesas
higiênicas e bem servidas.
O atendimento (pessoal) é, como em todos os Navios da Companhia
Hamburgo-Sul..., escolhido e instruído criteriosamente, em todos os sentidos.
Não é por acaso que mencionamos em primeiro lugar o Restaurante, pois o
efeito do Ar Marítimo, coloca para todas as pessoas, mesmo para aquelas com menos
recursos financeiros, as Refeições a Bordo, em lugar preferencial (Centro de interesse).
E estas refeições, são dignas de louvor e reconhecimento.
Para “sentir o Gosto”, mencionamos uma relação alimentar qualquer, em
hipótese alguma, preparada especialmente, para exemplificar a abundância da
alimentação.
Relação:
Café da Manhã: Café com leite com açúcar, ovos cozidos, hamburguer, pão
integral, manteiga, doce de moranguinho.
Almoço: Sopa de rabo de boi, vitela com batatinhas assadas, beterraba, arroz
tipo conde.
A tarde: Chocolate e bolinhos.
Jantar: Escalope com batata frita, morcilha, pão novo (branco e integral),
manteiga. Chá com açúcar. Para crianças, com a Irmã Maria, na sala de
convalecimento, pela manhã das 7 horas às 7:30 horas; à tarde das 15:30 horas as 16
horas: leite quente e sopa de leite com massa.
Após as refeições, os homens reunem-se no salão de fumantes, que possui mais
de 100 lugares, enquanto as senhoras, se não quiserem passear nos dois amplos
espaços no convés central do Navio, poderão buscar o Salão Social ou a Biblioteca,
onde encontrarão sossego e restabelecimento.
Exemplar, é também, a hospedagem dos passageiros. Cerca de metade dos
passageiros, mora em compartimentos agradáveis e acolhedores e mesmo o
espaço coletivo, é muito superior ao de outros navios. A maioria dos
compartimentos, tem água encanada. As roupas de cama são impecavelmente limpas e,
as instalações sanitárias, condizem com as orientações técnicas mais modernas.
Banhos de ducha (chuveiro) ou Banheira, estão abundantemente
disponíveis. Para isso, não falta, para o embelezamento exterior das pessoas, um
salão de beleza para homens e senhoras, sem falar da lavanderia a bordo e outros
confortos e comodismos.
Para não esquecer também, o volumoso serviço de economia, deste
empreendimento hoteleiro: cozinhas, Padaria, Sala de Refrigeração, equipados com
aparelhos elétricos modernos, despertando a inveja das donas de casa.
Para dar uma idéia do que contém as salas de provisão (despensas), gasta-se
numa única viagem, só para citar alguma coisa: 60.000 (pfund=meio kg) ou seja,
30.000 kg de carne fresca e Salame, Lingüiça, etc, 40.000 Ovos, 26.000 Heringe
(peixe em salmoura), 32.500 kg de farinha, 60.000 kg de batatinha; 2.250 kg de grãos
de café, 200 kg de chá preto e 1.500 kg de açúcar.
No estaleiro, (lugar da construção do navio) teve-se o máximo de cuidado
no sentido de garantir a segurança do navio e de seus passageiros.
Não há duvidas de que os Navios “Monte Sarmiento” e ‘Monte Olivia’
destinados ao transporte da 3ª Classe, de e para a América do Sul, são do maior
agrado ao público viajante. Principalmente, destina-se àqueles menos favorecidos,
que após longos anos de espera e isolamento, poderão ver novamente algo deste
vasto mundo.
Por que, deve o turista alemão limitar-se as desgastadas atrações
turísticas da Europa, se estes fantásticos navios, por um valor alcançável, oferecem
não só uma viagem de três semanas para seu restabelecimento pessoal, com as
maravilhosas belezas litorâneas e quadros do Atlantico, ao par do excelente
atendimento a bordo, e sim, também o levam para o Rio de Janeiro, uma das
Cidades mais belas do mundo, com suas maravilhosas cores tropicais.
Todas estas vivências, são fontes de recuperação e rejuvenescimento corporal e
mental.
Abrem-se aqui, todas as possibilidades de viajar, sobre as quais, mesmo
Goethe ou Humboldt teriam ciúmes e, sem dúvida, servirão para uma libertação das
muitas preocupações, tanto para o bem individual como coletivamente, contribuindo
para melhorar a imagem da Alemanha, nos países amigos do Continente Latino-
Americano.”
Através destes caminhos, chegaram, a partir de 1918, os primeiros colonizadores
alemães a Novo Machado, procedentes de vários países Europeus, quer seja, entre
outros, da Letônia, Lituânia, Romênia, Estônia, Rússia, Polônia e da própria Alemanha,
ocupando inicialmente a região da atual sede e arredores, especialmente a localidade de
Lajeado Gateados.
A partir desta época, nos primeiros anos da década de 1920, a colonização alemã
alcança as localidades de Lajeado Terrêncio (1924), Esquina Machadinho (1924), Barra
do Terrêncio (1931), Esquina Boa Vista (1938) e Esquina Barra Funda (1940).
a) Religiosidade
b) Educação Familiar
Família de Baldoino Olsen - filhos, noras, genros e netos. (Foto: Sra. Isolda Gund)
c) Educação Escolar:
d) Alimentação:
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__________(22) Revista Educação - UFSM - nº 01 - Vol. 19, 1994 - Pág. 60.
Alguns pioneiros lembram e conservam em suas famílias, diferentes formas de
preparar os alimentos.
- Pel Kartofel - Batatinhas cozidas na água com cascas. Cada um, descasca-as
na hora de comê-las.
- Dampf Kartofel - Batatinhas cozidas no vapor.
- Kartofel Kliesel - Crua ou cozida, ralava-se a batatinha e juntava-se à massa
um ovo e um pouco de farinha e tempero (sal, pimenta e tempero verde). Depois, às
colhedoras, era cozida na água.
- Kartofel Fann Kuchen - Batatinha crua, ralada, junta-se tempero a gosto (sal,
pimenta e tempero verde...), ovo e um pouco de farinha de trigo. Frita-se em gordura
quente.
Nota: amassar os bolinhos para achatá-los, com a colher, a fim de ficarem bem
passados.
- Salada de Batatinha - Pica-se a batatinha descascada, anteriormente cozida,
com casca, e coloca-se tempero, ovo cozido fatiado, sal, tempero verde e vinagre. Foi o
que deu origem à maionese.
- Sauer Krautt (chucrute) - Repolho picado com sal, guardado em barris de
madeira.
Nota: na Europa, guardavam carroçadas de repolho, para o ano todo. No Brasil,
passaram a guardar em pote de barro. Atualmente, quem o faz, guarda-o em vidros de
compota.
- Hering - Na Alemanha, havia pouca carne e por isso, consumia-se peixes em
conserva-salmoura. Aqui, nos primeiros anos, pescavam e também guardavam o peixe
em salmoura. Era fácil pescar, os peixes vinham em cardumes.
- Pão - Na Alemanha, os mais pobres consumiam o pão de centeio como hábito,
em virtude do alto custo da farinha de trigo e também por ser mais nutritivo. Só para os
feriados (dias santos) é que faziam pão branco e cucas. Não conheciam o milho, pois em
virtude do clima, na Alemanha não havia esta planta em todas as regiões.
Como no Brasil, logo conheceram o milho e, o seu sabor era agradável,
substituíram a farinha de centeio pela farinha de milho e conseqüentemente, passaram a
fazer “Pão de Milho” ou “Pão Misturado”. Este hábito ainda permanece em muitas
famílias.
- Pão de Centeio (Schwartz Broth) - Ainda é utilizado por diversas famílias,
que além deste, ainda fazem o Pão de Farinha de Trigo Integral, o chamado “Pão Preto”.
- Batata Doce: Não havia na Alemanha, mas no Brasil foi muito apreciada,
substituindo, inicialmente a batatinha. Passou a fazer parte do cardápio dos Alemães,
preparada sob diversas formas:
cozida na água.
assada no forno.
caramelada.
pastel (recheio de batata-doce).
doce da batata-doce.
- Borsth - Sopa com batata-doce com leite coalhado, nata, farelos feitos de
farinha de trigo e água. (Esta sopa é de origem Russa e era feita com Batatinha). É uma
sopa azeda. Alguns ainda colocavam toucinho defumado e frito.
- Dampf Kliesel - Bolinhos salgados amassados com farinha de trigo e fermento
de pão. Deixa-se crescer numa panela que possa ser bem fechada. No fundo coloca-se
um pouco de gordura. Depois de bem crescido, coloca-se um pouquinho de água (só o
suficiente para dar vapor), tampa-se bem a panela e leva-se ao fogo. Cozinhar até ficar
bem passado. Come-se com carne ou molho.
- Eissbein - Joelho de porco cozido no tempero até amolecer. Inicialmente, era
picado e deixava-se dentro da água do cozimento. Deixa-se esfriar. Fica tipo uma
gelatina, salgada e a carne fica dentro do caldo.
Como variante, cozinhar o joelho de porco num molho bem temperado e depois
de cozido, retira-se do molho e põe-se a assar, em formas, no forninho (ou forno).
- Sopas - Os alemães e seus descendentes faziam e fazem até hoje, diferentes
tipos de sopas:
a) Sopa de Galinha: Ferve-se a carne de galinha e no caldo coloca-se apenas
uma massa caseira bem fininha. Às vezes, coloca-se ainda um ovo bem batido ou um
pouco de arroz.
b) Sopa de Verduras (ou de batatinha): Coloca-se cenoura, couve, nabo,
batatinha e um pouco de farinha de trigo bem tostada em um pouco de gordura.
Algumas famílias ainda colocam um osso de porco bem frito e, como variante,
ovo com farinha - uma espécie de nhoque.
c) Sopa de diferente Cereais: Cevada, aveia, painço... em geral preparadas com
leite.
d) Sopa de Leite: Com um esfarelado de farinha de trigo ou um esfarelado de
ovo com farinha de trigo.
- Press Magen (Queijo de Porco) - Carne de cabeça de porco, couro, língua,
coração, tempero a gosto. Cozinha-se tudo muito bem e depois de bem picado ou
moído, coloca-se no bucho de porco bem limpo. Costura-se o bucho e põe-se a ferver.
Depois de bem cozido, tira-se da fervura e põe-se na prensa. A medida em que esfria, o
peso colocado para prensar, pode ser aumentado, para ficar bem prensado. Depois corta-
se em fatias.
- Morcilha: Com ou sem arroz.
- Carne de Galinha: Frita à milanesa, frita na panela de ferro, para fazer molho
ou preferentemente, assada no forno.
- Pernil Assado: As carnes assadas no forno, sempre foram as preferidas,
especialmente porco e galinhas.
- Defumados: Carnes, principalmente de porco (na Alemanha, defumavam o
porco inteiro, sem picá-lo. Ele se conservava bem em virtude do clima).
* toucinho.
* costelas de porco.
- Sirup (melado-fino) - Na Alemanha (Europa) era feita de beterraba branca.
Conheceram a cana-de-açúcar só no Brasil e ficaram muito felizes e admirados e, com
ela, começaram a cozinhar o melado, que no início era líquido e escuro. Mais tarde,
foram aperfeiçoando-o, inclusive experimentando as misturas, o que deu origem ao
“chmier-de-cana”.
- Cucas: De vários tipos, mas principalmente as de massa mole, fininhas, com
ou sem recheio.
- Fermento para fazer pão:
1. Leite coalhado, amassado com farinha de trigo e esfarelado com farinha de
milho e põe-se para secar.
2. Ovo com açúcar - deixa-se 3 dias - esfarela com farinha de milho e põe-se a
secar.
- Frutas Secas - Na Alemanha, tinham o hábito de secar frutas, para guardá-las
para o período, que não tinha frutas. Aqui, em Novo Machado, os alemães, continuaram
desenvolvendo estas atividades.
- Keespasteten (Pastéis de Requeijão):
Massa: Faz-se uma massa adocicada, tipo “calça virada e corta-se em quadros
ou rodelas, para fazer os pastéis.
Recheio: Requeijão esfarelado, coloca-se açúcar e canela a gosto, uma pitadinha
de sal e gema de ovo.
Faz-se os pastéis. Podem ser fritos em gordura ou cozidos na água.
- Bolos Diversos: Nos primeiros anos, não se conheciam as tortas. Mas bolos
secos, preparados com diversas receitas, estes sim, voltaram a ser feitos tão logo as
condições econômicas o permitiram.
Em geral, faz-se coberturas diversas: com frutas, amendoim, côco, chocolate...
d) Língua:
3.4.1.2. Biografias:
Von die Blumeninsel sind wier nach S. Paulo, auf die Fazenda Jataí. Dort haben
wir im Kaffe gearbeitet.
Im November, 1926, sind wir nach Rio Grande Mit der Bahn bis Santo Ângelo,
von Santo Ângelo nach Santa Rosa mit Camingon. Und dann nach Santo Cristo. Dort
sind meine Eltern in den Wald gewandert: Erval Novo, Dona Belinha. Dort hab ich
mich verheiratet, am 4 Oktober 1930, mit Ludwig Buss. Dann sind wir wider in den
Wald. Mein Leben war nur Arbeiten.
Dann Sind wir nach Povoado Pratos, 1928, gewandert, mit 5 kleine Kinder.
Wir haben 1 Jahr gearbeitet. Haben gut geerntet: Milgo, Reis, Bohnen. Wie wirs
im Schuppen hatten, ist uns der Schuppen Verbrannt. Dann musten wir von neuem
Sorgen. Aber wer arbeit hat zu Essen.
Meine Freude die ich hatte war Singen. Ich habe über 30 Jahr im Cohr
gesungen. Und Abens, haben wir viel Volkslieder gesungen, mitt unsre Nachbars und
mit unsere Kinder.
Das Leben war froh und auch traurig.
Wir haben 8 Kinder gezogen. Dann haben wir gearbeitet, die Kinder wurden
gross. Alle haben sehr geholfen. Dann hatten wir wieder Haus und Hof und dann, 1956,
ist uns wieder das Hauss verbrannt und alles was drinnen war.
Dann haben wir neu gebaut und haben gelebt bis 1982, dann Starb mein Mann.
Wir haben 52 Jahre zusamen gelebt. Es waren frohe und traurige tage. Aber mann mus
leben so wie es kommt.
Dann habe ich 2 Jahre mit meine Kinder zusamen gewohnt dann sind Sie nach
Paraná, und ich habe dann 10 Jahre, aleine gewohnt in Pratos.
Nun bin ich bei meine Kinder Erika und Lindolf.
Vor 6 Jahre starb mein Sohn Reimund, wonhaft in Toledo, Paraná.
Nun bin Ich schon alt und viel krank. Habe nuhr das gröbste und den Inhaldt
geschrieben, denn um alles zu schreiben, mus mann fiel fiel schreiben.
Nun bin Ich 84. Jahre alt, und schreib nicht mehr. “Herr Meine Zeit steht in
deinen Händen.”
(Emma Buss - dezembro/1996.)
(Emma Buss
Foto da Srª Emma Busse com a filha mais velha Elli Krombauer,
sua neta Evani e sua bisneta Letícia Koslowski.
Vila Pratos – Município de Novo Machado – RS – 1995.
D. Emma vivia tranqüilamente com a filha Erica e o genro Lindolfo, quando em
18 de setembro de 1996, não sentindo-se bem, estava a caminho do hospital de Novo
Machado. Quis o destino que nesta viagem, sofressem um acidente, no qual o seu genro
Reinoldo Krombauer veio a falecer. Para D. Emma, foram momentros muito tristes e ela
dizia que Deus deveria levar a ela e não ao genro. A este fato, seguiu-se um longo
período de recuperação, tanto física quanto emocional.
D. Emma gostava muito de fazer meias e bonecas de tricô. Gostava também de
ler e lia muito, apesar de sua fraca visão. Gostava de contar a sua vida e apreciava
muito as visitas do Dr. Rogério e do Pastor Marcos.
No dia 30 de Julho de 2002, D. Emma machucou uma perna, fato que a deixou
acamada por um período, pois não podia ser operada em virtude de seus problemas
cardíacos.
No dia 10 de dezembro de 2002, D. Emma festejou seus 90 anos, com uma
bonita festa realizada no Pavilhão da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana no
Brasil, de Vila Pratos, em companhia de seus filhos, noras, genros, netos, bisnetos e
tataranetos.
Infelizmente, três dias após o seu 90º aniversário, D. Emma adoeceu, sendo
inernada no Hospital Dr. Osvaldo Teixeira de Tucunduva.
Na sua tranqüilidade, no dia 13 de dezembro de 2002, depois de dizer que
queria dormir, adormeceu e não mais acordou para esta vida. Pela última vez foi levada
a sua querida Igreja, onde por mais de 30 anos, serviu a Deus, cantando no Coral,
deixando um vazio e muita saudade, para um grande círculo de familiares e amigos.
( Texto atualizado com a neta, Profª Salete Krombauer – agosto de 2005).
3.4.2. Os Italianos
a) Religiosidade:
A boa formação cristã dos imigrantes italianos, estava expressa pelas práticas
religiosas e pela fé viva. Em cada comunidade, o padre gozava de particular estima. Era
tratado como “representante de Deus”. A hierarquia era sagrada. “O povo era
profundamente devoto”. (29)
Apesar das dificuldades e do árduo trabalho diário, à noite, toda a família reunia-
se para rezar o terço. “Muitas vezes surpreendiam-se dormindo inclinados sobre a
banca, tal era o cansaço. Acordando, continuavam até rezá-lo todo”. (30)
As crianças também, tomadas pelo cansaço, adormeciam muitas vezes, deitadas
no assoalho ou debruçadas sobre as cadeiras. Porém as mães, acordavam-nas para fazer
a oração ajoelhadas, de mãos postas, ao pé da cama.
Ao chegarem nesta região, uma nova frente de colonização, este espírito
religioso veio com os colonizadores. Isto se expressa pelo fato de, tão logo aqui se
estabeleceram, procuraram reunir-se, não só para rezar e conversar, mas pensaram
imediatamente na construção de suas Igrejas.
As igrejas, constituíram-se numa espécie de “centros comunitários”, pois em
torno destas, a comunidade passou a congregar-se, não somente para fins religiosos,
mas também, recreativos e educacionais, isto é, ali organizaram suas escolas e ali iam
distrair-se, geralmente jogando bocha, baralho e mais tarde, futebol.
“A funcionalidade da capela extrapolava o culto religioso, atendendo a outras
instâncias da vida dos colonos, constituindo-se um núcleo de solidariedade e amizade
comunitária, criando espaços para troca de experiências de vida”. (31)
Tal era a importância da capela para os imigrantes, no início da colonização.
A inexistência de sacerdotes nas novas áreas de colonização, fez surgir a figura
do “capelão”, ou seja, aquele que dirigia a reza do terço na comunidade, dava
catecismo, fazia enterros, enfim, conduzia a vida religiosa da comunidade. Este era
escolhido entre os moradores e gozava de certo prestígio e respeito.
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(29) BATTISTEL, Arlindo Itacir. Colônia Italiana, Religião e Costumes, Porto Alegre, 1981 - pág. 18.
(30) Id. Ibid.
(31) Revista Educação - UFSM - nº 1 - V19 - 1994, pág. 23.
b) Educação Familiar:
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(32) BATTISTEL, Arlindo Itacir. Colônia Italiana: Religião e Costumes. Escola Superior de Teologia
São Lourenço de Brindes, Porto Alegre, 1981, pág. 27.
Os valores morais, como a “honra” era muito valorizado. Se por azar uma filha
caísse no “erro”, a família toda ficaria desonrada. O beijo entre os namorados era
considerado pecado. Seria escandaloso os namorados se beijarem. A moça é que deveria
precaver-se destas intimidades, para não perder a honra.
Falar em sexo, era pecado e proibido. As moças muitas vezes casavam-se, sem a
mínima orientação sobre gravidez e nascimento dos filhos.
O namoro era uma coisa séria e, tinha como objetivo imediato, o casamento.
Não se namorava por esporte ou passatempo.
Os namorados só se encontravam nos fins de semana, geralmente no domingo à
tarde, até antes do escurecer, porque não era permitido o namoro à noite.
A separação social entre os sexos, era rigorosa. Nos bailes, as moças ficavam
num lado e os rapazes no outro lado do salão. Nas igrejas também ocorria esta
separação. Os homens e rapazes de um lado e as mulheres e moças do outro. Este
costume ainda se observa em algumas igrejas, atualmente.
Como podemos perceber, a formação moral entre os imigrantes italianos era
muito rígida, permanecendo até hoje entre muitos avós e pais de filhos jovens. Diante
desta realidade, constata-se que há um conflito entre as gerações, entre a moral
tradicional, super rígida e a cultura permissiva da sociedade de consumo, impregnada
nas novas gerações.
Diz, Arlindo Battistel, já mencionado:
“O choque foi violento e a juventude entrou em confusão. Há uma
desorientação geral, tanto da parte dos pais como da parte dos filhos. Como pode uma
senhora de 60 ou 70 anos, educada, segundo a moral rígida de outrora, conviver com a
neta que julga o amor livre, algo muito normal.” (33)
Os valores tradicionais, chocam-se com novos critérios de valores, novos
costumes, novas concepções de vida, propostas pela sociedade de consumo, veiculados
pelos Meios de Comunicação Social.
Atualmente, os jovens vão estudar ou trabalhar na cidade e incorporam os
valores urbanos. Quando voltam para as suas localidades, levam consigo e repassam aos
irmãos e amigos, estes valores. Os pais ficam apavorados, porque isto não faz parte de
sua cultura, da sua tradição. Valores que eles cultivaram com muito custo e com amor,
agora, de uma hora para outra, desaparecem em troca de banalidades.
c) Educação Escolar:
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(34) BATTISTEL, Arlindo, Colônia Italiana: Religião e Costumes - Escola Superior de Teologia - São
Lourenço do Brinde - POA - pág. 37.
d) Alimentação:
Com a chegada dos colonizadores descendentes ou imigrantes italianos, nas
áreas hoje pertencentes ao município de Novo Machado, chegaram também os hábitos
alimentares característicos deste povo.
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(35) BATTISTEL, Arlindo I. e COSTA, Rovílio. Assim vivem os Italianos, Vida, história, cantos,
comidas e estórias. Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes e Ed. da Universidade de
Caxias, 1982 - pág. 63.
(36) Id Ibid
- Macarrão - Coloca-se numa bacia farinha de trigo. Com a mão, abre-se um
buraco no meio da farinha e se coloca dentro ovos. Depois amassa-se, sovando bem.
Deixa-se descansar um pouco, espicha-se com rolo. Fica uma folha redonda. Coloca-se
um pouco de farinha de milho, por cima para que não grude, e, depois, enrola-se. Com
uma faca, corta-se em fatias (todas iguais) em cima de um tabuleiro. Deixa-se enxugar
um pouco em cima da mesa. Coloca-se ferver em uma panela com água e sal. Tempera-
se com molho de galinha ou carne de gado, moída e queijo ralado. Utiliza-se também, a
massa, para fazer sopa.
Nota: hoje utiliza-se a máquina para fazer massa.
Não há receita (quantidade exata) para fazer massa, faz-se de acordo com o
número de pessoas.
- Capeléti - Faz-se uma massa normal, como a mencionada anteriormente. Após,
corta-se a massa em quadradinhos de mais ou menos de 3cm x 3cm. Prepara-se o
recheio com carne de galinha frita desfiada com temperinho verde. Pode-se utilizar
também carne de gado moída. Após, coloca-se o recheio de carne nos cubinhos de
massa e modela-se, como chapeuzinho de duas pontas. Prepara-se um caldo com
galinha caipira. Quando o caldo estiver pronto, retira-se a carne e cozinha-se os
“capeléti” no caldo. Come-se a carne separada (carne lessa).
- Salame e Carne de Porco - O salame é feito com carne de porco moída e
temperada com sal e pimenta. Após ensacado é defumado, durante um ou dois dias.
Deixa-se secar, de preferência num lugar fresco (porão). Após retirada a carne para o
salame, os ossos são cortados em tamanho médio, salgados e fritos no panelão de ferro.
Esta carne era guardada em latas coberta de banha. Quando queriam comer a carne,
apenas colocavam numa panela ou frigideira para esquentar. Hoje, os ossos, são
guardados em congeladores.
- Lasanha - Faz-se uma massa como a mencionada anteriormente. Espicha-se a
massa. Corta-se em tiras retangulares. Cozinha-se numa panela com água, sal e um
pouco de azeite (não pode ficar muito mole). Escorre-se com coador de massa e coloca-
se numa bacia com água fria. Prepara-se um molho (tempero a gosto - cebola e tomate
picado, pimentão, tempero verde, etc...) com carne de galinha frita e desfiada, colocada
ao molho, que pode ser engrossado com um pouquinho de maizena ou farinha de trigo.
Monta-se numa forma de alumínio ou pirex uma camada de molho (no fundo para a
massa não grudar) uma camada de massa, seguida com uma camada de molho e queijo
fatiado. Sucessivamente seguir assim, completando três ou quatro camadas, usando
alternadamente: massa, molho e queijo fatiado. Sendo que a última camada dever ser de
molho e queijo. Após montada, coloca-se no forninho para derreter o queijo. Servir com
arroz branco e saladas.
- Marmelada - No início os italianos faziam somente marmelada de marmelo e
maçãs. Cozinha-se as frutas na água, depois de fria, passa-se numa peneira. Coloca-se
meio quilo de açúcar para cada quilo de massa (polpa) coloca-se num tacho, cozinha-se
até ficar dura. Quando ferve, salpica muito, por isso mexe-se com uma pá de madeira de
cabo comprido. Antigamente colocava-se numa caixa de madeira e deixava-se ao sol
para secar, alguns dias. Atualmente coloca-se papel celofane na caixa e joga-se a
marmelada dentro, vedando bem. Mais tarde começaram a fazer marmelada de: uva,
figos, pêssegos, pêra bem com fazer geléias.
- “Radici” Cozido - Radici - Cóti - Cozinha-se o “radíci” na água, sem sal.
Retira-se da água quente e coloca-se na água fria. Depois de frio expreme-se bem a
água, com as mãos. Depois corta-se bem fininho. Frita-se numa panela toucinho,
lingüiça. Depois coloca-se o “radici” cozido com alho, um pouco de pimenta, sal. Fritar
até ficar enxuto. Pode-se colocar também alguns ovos batidos e fazer espécie de
omelete.
- Codeguim - Cozinha-se na água com sal num pedaço de carne de porco (de
segunda), a língua, o coração e tiras de couro de porco. Deixa-se esfriar e moe-se bem
fininho. Mistura-se com um pouco de carne de salame - coloca-se mais um pouco de
sal, e pimenta, se necessário. Depois enche-se como salame e cozinha na água.
Nota: não pode encher muito a tripa, porque se for muito cheia, quando cozinha,
estoura.
- Morcilha - Mursilia de Sangüe - Pega-se o sangue do porco com uma bacia e
coloca-se sal logo, enquanto estiver quente. Depois prepara-se o tempero verde que é o
segredo do sabor da morcilha. Coloca-se noz-moscada ralada, pimenta, alho, cebola
verde, salsa, sálvia, alecrim, manjerona e picar tudo fininho. Toma-se o véu que envolve
o estômago do porco, corta-se bem fino e se mistura com o sangue. Após tudo bem
misturado, ensacar nas tripas, só a metade da tripa, porque quando o sangue é cozido,
ele cresce; e se não for folgado, estoura tudo. Depois de ensacado, coloca-se numa
panela com água fria, deixar ferver, devagar, até ficar cozido. Serve-se frio.
- Frango à Milanesa - Toma-se um galeto novo, corta-se em pedaços e tempera-
se bem (sal, pimenta, alho, tempero verde). Passa-se no ovo batido e depois na farinha
de rosca com queijo ralado. Apertar bem para a farinha e o queijo grudar. Depois frita-se
na banha, em fogo lento.
- Rodela de Moranga (Fetele de suche) - Toma-se uma moranga e coloca-se a
vapor, refogar com pimenta, sal, salsa banha. Em seguida faz-se uma folha de massa.
Espalhar a moranga sobre a folha de massa e enrolar ficando a massa por fora. Enrola-se
numa toalha limpa. Colocar o rolo dentro de uma panela com água deixando ferver
durante duas horas. Prepara-se um molho com carne moída ou galinha desfiada. Retira-
se o rolo da panela, desata-se a toalha. Corta-se em fatias, rodelas e coloca-se numa
travessa. Despeja-se o molho por cima e polvilha-se com queijo ralado.
- Presunto de Porco (Ossacol) - Pega-se a carne de filé e abre-se ao meio,
fazendo grandes e grossos bifes. Coloca-se num prato com sal. Quando estiverem
salgados, coloca-se sobre uma tábua ou mesa e sobre eles coloca-se pedaços de canela
em casca, cravo, pimenta, noz-moscada ralada. Toma-se em seguida, a membrana
interna, que está junto ao toucinho da barriga, raspa-se a banha com colher. Coloca-se a
membrana por baixo da carne, enrola-se tudo e ata-se bem apertado com um barbante.
Defuma-se e guarda-se como se guarda o salame.
- Pão (El Pan) - O primeiro pão que apareceu era de farinha de cevada. Depois
misturavam farinha de trigo e também com farinha de milho. Só mais tarde iniciou-se
fazer pão de pura farinha de trigo (cornete) e assava-se no forno, na palha de milho. Os
ingredientes essenciais para fazer o pão são: farinha, fermento, um pouco de banha, sal
e água. O italiano gosta de comer pão de trigo fresco, com salame e vinho.
- Fermento - O fermento era feito com pão cru. Deixavam levedar e depois
azedava. Guardavam-no num prato para secar. Quando faziam pão outra vez,
molhavam-no, desmanchavam-no e o colocavam dentro da farinha para fazer o pão.
Guardavam outro pão e assim sucessivamente.
Segundo depoimento de pioneiros, no início da colonização, não cultivavam
hortaliças, mas aproveitavam recursos da própria natureza, como podemos ver na
citação seguinte: “A inexistência de horta, em alguns casos, e a falta de tempo para o
cultivo de hortaliças, fez com que se utilizassem hortaliças silvestres como o dente-de-
leão (taraxacum officinalis), a língua de vaca, a beldroega (portulaca olerácea), o
agrião de água, e outras que passaram a constituir-se pratos adicionais às refeições...”
(37)
Os italianos, mais do que qualquer outro grupo étnico, conseguiram, a partir da
pequena propriedade agrícola, os primeiros e mais decisivos passos para um ensaio de
industrialização, transformando os produtos coloniais, na propriedade, para depois
serem vendidos.
A exemplo disso, temos a fabricação de vinho, que iniciou em pequenas cantinas
familiares e com o passar dos anos transformaram-se em grandes indústrias vinícolas,
na região de Caxias do Sul e Bento Gonçalves.
Com a ocupação das Novas Colônias, os imigrantes italianos trouxeram consigo
a tradição de cultivar a parreira e fabricar o seu vinho que até hoje é degustado pelos
italianos, em suas refeições diárias e nas festividades.
Percebe-se, que ainda hoje, nas famílias descendentes de italianos, conserva-se,
nas refeições diárias, os alimentos acima mencionados, enriquecido com alimentos de
outras etnias.
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(37) BATTISTEL, Arlindo I, e COSTA, Rovílio - Assim, Vivem os Italianos Vol 1 - Porto Alegre - Escola
Superior de Teologia São Lourenço de Brindes e Editora e Universidade de Caxias, 1992.
e) A Língua:
Uma das riquezas, que os imigrantes italianos trouxeram consigo da Itália, foi a
língua, o idioma, em diferentes dialetos.
Desde a chegada dos primeiros imigrantes Italianos em 1875, até o início da
Segunda Guerra Mundial 1939, num período de 64 anos, cultivaram livremente sua
língua materna, tanto na família como na sociedade.
Durante a Segunda Grande Guerra, com a instalação do Estado Novo, na década
de 40, proibiu-se aos estrangeiros, imigrantes ou descendentes, o uso de sua língua
materna. As severas perseguições e castigos, impostos aos colonizadores estrangeiros,
que vieram em busca de uma nova Pátria e de terra para trabalhar, tornaram-se para eles,
motivo de medo, tristeza e insegurança, uma vez que não podiam expressar-se na sua
própria língua.
“Neste período, os imigrantes italianos agricultores e descendentes,
restringiam-se mais ainda às suas glebas, por medo da prisão ou do castigo policial”...
... “a proibição de falar o italiano (no caso do dialeto italiano), fez com que a
gente ficasse em casa. Mesmo nas reuniões domingueiras, nas capelas, procurava-se
falar pouco (só se falava italiano, porque não se conhecia o português, não teve
escola), com grande cuidado que não tivesse presente alguém da cidade. Toda pessoa
que falasse português causava preocupações, porque podia ser um espião”. (38)
Desta forma, com a proibição de falar a língua materna, de forma autoritária,
para pessoas que não tinham freqüentado a escola brasileira, cresceu nestas, o sentido de
inferioridade.
Num primeiro momento, a proibição da língua materna, pode ser vista como um
fator de integração dos imigrantes e seus descendentes, à nova Pátria. Porém, por outro
lado, desconhecia-se a ideologia de trabalho e a honestidade deste povo, que vinha
somente em busca de espaço que lhes permitisse uma vida mais digna. Aliás, com a
Pátria - mãe, os imigrantes conservavam apenas laços afetivos e as recordações dos
parentes, que, com o passar do tempo, foram-se tornando sempre mais longínquos e
acabaram ficando esquecidos, com o passar das gerações. Não havia qualquer
vinculação política dos imigrantes com a Itália, uma vez que até a comunicação escrita
era escassa, em virtude das dificuldades culturais e econômicas deste povo, que resumia
sua vida na afirmação: “Evviva il Brasile! evviva il lavoro!” (Viva o Brasil! Viva o
trabalho).
Os efeitos desta represália contra os imigrantes e seus descendentes, faz-se notar
com evidência entre as gerações atuais, na quase total ausência do cultivo da língua
materna.
Hoje, com muito esforço, busca-se um resgate da cultura e da língua italiana,
promovendo-se, com este intuito, seminários, festas típicas, grupos de canto e de dança,
integrando-se as comunidades e as famílias que, com muita propriedade, contribuem
com aquilo que guardam dos seus antepassados.
Para enriquecer a história dos italianos deste município registramos aqui, a
biografia de José De Conti, que viveu 70 anos na localidade de Lajeado Limoeiro.
3.4.2.2. Biografia de José De Conti
José De Conti, nasceu em 24 de outubro de 1915, na cidade de Turino, na Itália,
como filho de Miguel De Conti e Maria Pieri De Conti.
Imigrou para o Brasil, aos 8 anos de idade, juntamente com seus pais e irmãos,
em 1923. Foi uma viagem que durou 28 dias.
Inicialmente, fixaram residência em São Paulo, onde também faleceu a sua mãe.
Ali, permaneceram por seis meses, trabalhando nas lavouras de café.
Entre as principais causas que levou a família De Conti a imigrar para o Brasil,
assim como os demais imigrantes, estava o anseio por um pedaço de terra, garantindo
uma vida melhor para todos os filhos da família.
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(38) BATTISTEL, Arlindo I, e COSTA, Rovílio - Assim, Vivem os Italianos Vol 1 - Porto Alegre - Escola
Superior de Teologia São Lourenço de Brindes e Editora e Universidade de Caxias, 1992.
Passaporte de José De Conti com a mãe e os irmãos.
Após seis meses de permanência em São Paulo, decidiram vir para o Rio Grande
do Sul. Vieram de trem, até Santo Ângelo. Depois, dirigiram-se a Cinqüentenário,
atravessando o Rio Santa Rosa, chegando em Lajeado Limoeiro em 1924.
Aqui era tudo mato e a família De Conti veio abrindo picada até encontrar suas
terras. Escolheram um local onde fizeram o acampamento. Daí começaram a derrubar
um pouco de mato, fazendo uma pequena lavoura para plantar alimentos, como: milho,
feijão, amendoim, mandioca, arroz.
Havia muitos animais selvagens: tigres, onças, porco-do-mato, leão-baio...
Durante os primeiros dez anos, só plantaram para garantir a sobrevivência.
Eram poucas famílias que residiam nesta localidade, quando a família De Conti
aqui chegou. Em Lajeado Limoeiro só residia a família Ferrari e, no outro lado, em
Lajeado Touros, havia uma família de alemães.
Por volta de 1933, a comunidade de Lajeado Limoeiro organizou sua primeira
capela, construindo a primeira igreja e primeira escola.
Sr. José De Conti, juntamente com dois irmãos, para conseguir dinheiro para
adquirir suas terras, foi trabalhar no serviço de estradas. Ajudou a construir a estrada de
ferro de Santo Ângelo, Girua, até Santa Rosa. Além das estradas da localidade, ajudou a
abrir a estrada que liga Santo Ângelo a Crissiumal.
Assim, para pagar as terras (1 colônia de 38 ha), que o Sr. José De Conti
adquiriu em 1936, ele trabalhou cinco anos no serviço de construir e abrir estradas.
As estradas vicinais, eram feitas de 4 m de largura e o estradão, era de 5 m de
largura.
Na época, os solteiros tinham direito de adquirir uma colônia de terra e os
casados, podiam adquirir duas.
Pelo serviço realizado nas estradas, os trabalhadores só recebiam a metade do
salário (do pagamento). A outra metade, ficava para pagar a terra.
Aos vinte e três anos de idade, o Sr. José De Conti casou-se com Brígida Marin,
nascida em 24 de outubro de 1920, filha de Ino Marin e Genoveva Goin Marin. O casal
teve onze fillhos.
“As dificuldades eram muitas.
O comércio ficava longe. Só em Santa Rosa ou Santo Ângelo. Depois, ele ía a
cavalo a Santo Cristo, buscar farinha de milho ou de trigo.
O trabalho era pesado. Era tudo manual: derrubar o mato, preparar a terra,
plantar...
Não havia fogão. Cozinhava-se com fogo de chão, numa panela pendurada na
corrente. Só mais tarde conseguiu uma chapa pequena, sobre a qual só dava para
colocar duas panelas. Para acender o fogo, usava-se as pedras que havia no mato. (era
uma pedra dura que através do atrito, produzia faíscas e estas, em contato com um
pedaço de roupa velha ou palha seca, produzia o fogo).
A primeira lamparina era feita de tubo de taquara e um pedaço de roupa velha.
Mais tarde, surgiu a lamparina a banha e a querosene.
O nosso copo de tomar água, eram os tubos de taquara. Para sentar, usávamos
cepos de madeira, eram nossas cadeiras.
Quando casamos, ganhei de minha mãe, uns dois ou três pedaços de sabão. A
roupa, lavava com cinza e, no lugar de escova, esfregava as calças de Brim
Diamantino, com palha de milho ou sabugo.
Para construir nossa casa, serramos toda a madeira (tábuas e a madeira
quadrada), tudo com a serra manual.
A água nós buscávamos longe, de uma vertente. Colocávamos sobre o ombro, o
“Bigol” (uma madeira na qual se penduravam duas latas de água - uma na frente e
outra atrás) e na outra mão levávamos outra lata. Assim, numa caminhada, a gente
trazia três latas de água.
Uma vez, carreguei o macaco de carregar tora, no ombro, de Lajeado Touros
até aqui (Limoeiro), oito dias antes de nascer um dos meus filhos.
Eu sempre trabalhei pesado. Sempre na roça. Lavrava com bois, derrubava
árvores, batia com manguá para trilhar os cereais... Cheguei a ganhar um dos filhos na
roça.
Eu tinha tantos calos nas mãos que, para agüentar, cortava-os com facão.”
(Palavras da Sr. Brígida De Conti).
Segundo D. Brígida, apesar de tudo, a vida era mais saúdavel. Também havia os
bons momentos, quando as pessoas eram solidárias e se ajudavam muito. Aos
domingos, as pessoas (os homens) reuniam-se para jogar bocha. As bochas era feitas de
cerno de Ipê.
Enquanto não havia cancha, jogavam bocha até na estrada, tal era o valor e o
gosto que tinham por este esporte.
As mulheres nunca saíam de casa aos domingos. “Eu ficava em casa, fazendo os
serviços da casa, para na 2ª feira, recomeçar o trabalho na roça.”
(Palavras de D. Brígida De Conti).
Com o passar dos anos, muitas situações agrícolas foram-se modificando.
Criavam muitos porcos (porco preto), que engordavam com lavagem feita de
mandioca, batata, abóbora. Com a venda de porcos, conseguiram comprar terra para os
filhos.
Aos 78 anos, o Sr. José faleceu e, em 1996, D. Brígida residia na sua casa,
juntamente com o filho Olímpio, a nora Ivete e os netos Marisa, Adriana e André
Felipe.
Ela dizia com satisfação que, para ela, é uma alegria ver todos os seus filhos
casados e bem colocados.
“Eu não tive oportunidade de ir na escola porque não havia, mas todos os meus filhos
puderam
freqüentar as aulas e estudar.” (Palavras de D.
Brígida De Conti).
Dois anos depois deste relato, sendo homenageada por ocasião da III Feira
Municipal de Estudos Sociais, Desenvolvimento e Integração, em 1997, no ato de
lançamento da 1ª Edição deste Livro “Novo Machado conta sua História”, D. Brígida
veio a falecer em 26 de janeiro de 1998.
Até o final de sua vida, gostava de ajudar as pessoas necessitadas, visitando
principalmente os doentes. Viveu seus 77 anos, com muita lucidez e tranqüilidade.
(Texto atualizado com a filha Ines
Bortoli – 2005).
3.4.3. Os Russos
Os russos que vieram para o nosso município, dirigiram-se para a região de Vila
Pratos, por volta dos anos 1936 a 1938.
O motivo que fez com que imigrassem para o Brasil, foi o medo da Guerra. O
pavor da Guerra manifestava-se em todos os povos. Por isso, deixavam o seu país de
origem e lançavam-se ao Oceano, sem saber o que tinha e o que vinha pela frente. Estes
povos, acima de tudo, queriam a paz e preservar a vida.
Além de fugir da Guerra, estes povos estavam ansiosos, para conseguir um
pedaço de terra com mato, que na Rússia só os poderosos ainda possuíam.
Os imigrantes russos foram chefiados por um ex-militar Spiridion Bileski, que
na época exerceu grande liderança na região.
Segundo depoimento de imigrantes, esses vieram motivados pela propaganda
que a Cia Dahne Conceição, fazia na Europa. Esta Companhia, era encarregada, de
promover a colonização de uma grande faixa de terras, situadas ao longo do rio
Uruguai, entre os afluentes Santa Rosa e Turvo, num total aproximado de 7.000 lotes
rurais, de aproximadamente 25 ha cada um.
“As terras foram adquiridas na Rússia onde também pagamos a 1ª prestação.
Porém, para muitos, esta prestação não foi considerada e tiveram que pagá-la
novamente, ao chegar no Brasil.” (Palavras da Srª Ana Klocko).
A chegada dos Russos à Vila Pratos deu-se via Horizontina, na época Belo
Horizonte, onde ficaram alguns dias, num barracão, o tempo suficiente para localizar
suas terras. Muitos deles vieram a pé, procurando o número do lote.
As expectativas de uma vida melhor, sendo proprietário de um pedaço de terra,
era muito grande.
Muitas famílias, encontraram suas terras e estabeleceram-se nesta região, que vai
de Vila Pratos até Sessão Dezenove - Horizontina. Era um grupo humano numeroso.
À medida em que vinham chegando, as famílias eram abrigadas por aqueles que
chegaram antes, até costruirem o seu barraco. Isto revela que o povo era solidário e
hospitaleiro.
Segundo depoimento de pessoas entrevistadas, os russos queriam organizar a
sede da vila, na Cascata do Rio Pratos, para aproveitar a queda d’água para instalação
de uma usina, possibilitando a posterior instalação de indústrias. Isto demonstra o
adiantado estágio de desenvolvimento tecnológico, que estes povos de origem eslava
possuíam embora muitos deles, em sua pátria de origem, foram simplesmente operários.
Porém, o Bileski e o Logemann não se acertaram, porque o traçado do então Povoado
Pratos, já estava pronto e constava no plano de colonização, da Cia Dahne Conceição.
Além dos imigrantes Russos, esta região recebeu também, no início da década
de 1940, russos procedentes de Campina das Missões, cujo destino, inicialmente, era a
Argentina. Mas chegando em Pratos e encontrando ali uma colonização russa,
decidiram fixar-se ali mesmo, reforçando a colonização ali existente.
Para confirmar a pujança, do que foi a colonização russa, nesta região (Vila
Pratos - Novo Machado, Mandorin - Dr. Maurício Cardoso, até Sessão 19 - Horizontina)
pode-se mencionar a fundação de uma Cooperativa própria, Sul-Bras-Pol e da Igreja
Ortodoxa, da qual, segundo informações, faziam parte cerca de 400 famílias.
Embora não fossem proprietários na Rússia, onde alguns trabalhavam para os
grandes senhores, outros para os Czares, ou eram empregados da indústria, todos eram
conhecedores da Tecnologia da época.
Ao chegarem aqui e, tendo que enfrentar o trabalho rude, sem perspectiva de um
desenvolvimento tecnológico, muitos imigrantes russos, desiludidos, foram embora para
São Paulo, Porto Alegre, Argentina e alguns para os Estados Unidos, principalmente os
que possuíam melhores condições financeiras.
Ao imigrar para o Brasil, as famílias russas, como as de outras etnias, traziam
consigo tudo o que podiam: utensílios domésticos, ferramentas diversas, sementes.
Porém, segundo o depoimento de imigrantes, era-lhes proibido trazer altas somas de
dinheiro.
“Conta-se que um senhor que foi morar em Mandorim, trouxe escondido dentro
de seu violino, uma certa quantia em dinheiro”. (39)
A família Makaruk, quando veio da Rússia, trouxe consigo uma máquina manual
para plantar e um arado virador. Quando aqui chegou, encontrou muitos colonos
preparando a roça com enxada e plantando com saraquá.
Moeda Russa, trazida por imigrantes alemães-russos.
Pertenceu a D. Natália Hess - Hoje pertence a familia de D. Olga Hess.
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(39) In História da Localidade de Barra do Machado - NOVO MACHADO - 1995.
a) Religiosidade:
O Padre Ortodoxo vinha de Porto Alegre uma vez por mês e ficava um tempo na
região. Atendia toda a região, inclusive Campina das Missões.
Quando o Padre vinha, fazia casamentos, batizados... Junto com o batismo,
realizavam o crisma, após a Missa.
Quando o Padre não vinha, os atos religiosos eram dirigidos por um senhor
chamado Joaquim, que mais tarde, transferiu residência para Santa Rosa.
Com a saída dos russos da região de Vila Pratos, a Igreja Ortodoxa perdeu seus
adeptos e, no final da década de 1960, acabou sendo desativada.
As famílias que permaneceram nesta região, filiaram-se a outras denominações
religiosas: Batista, Católica... Porém, muitas pessoas mantém vivas dentro de si, os
sentimentos e as tradições Ortodoxas. “Ainda me sinto muito Ortodoxa. Vou na Igreja
Católica, porque aqui não tem a outra”. (Palavras da Sr. Helena Kucyk).
Certidão Batismo de André Mackaruk
- Igreja Ortodoxa
b) Alimentação:
Seu espírito de luta e de trabalho, a manteve firme até aos 90 anos de idade.
Mas, a medida em que foi enfraquecendo, teve que abrir mão daquilo que mais gostava
de fazer: trabalhar na terra.
D. Ana, veio a falecer no dia 30 de janeiro de 2003, alcançando a idade de 97
anos.
A vida de D. Ana foi e é um testemunho de fé, de luta, de ânimo e de vontade de
viver, servindo de exemplo para as novas gerações.
(Entrevista realizada com D. Ana e os filhos Olga e José - em 17 de
maio de 1996
Texto atualizado com as filhas: Nádia, Olga e a neta Adriana - em 2005).
3.4.4. Os Poloneses
a) Religiosidade:
b) Educação Familiar:
Havia muito respeito, principalmente para com os pais e os mais velhos.
Em geral, eram as mães, as encarregadas de ensinar aos filhos, inclusive as
partes fundamentais da religião. Quando os pais estavam por perto, auxiliavam as mães
na tarefa educativa. No Brasil, em virtude das dificuldades da língua, a tarefa educativa
do ensino, nos primeiros anos, ficou totalmente a cargo da família.
Em algumas localidades onde a Colonização Polonesa foi mais concentrada,
chegaram a formar-se Escolas Comunitárias, onde o ensino era ministrado em polonês.
Aqui, nas localidades que compõe o município de Novo Machado, não houve
uma colonização concentrada de poloneses. Em virtude disto, não houve escolas que
ministrassem o ensino em Polonês. Por esta razão, os pais que primassem pela formação
de seus filhos, também procurando preservar a língua materna, tinham que fazê-lo em
casa, ou então buscar ajuda de outras pessoas ou famílias que o fizessem.
“A minha irmã, ( a Helena ), foi parar na casa dos Bileski, em Vila Pratos, para
aprender a ler e escrever em Polonês”.
(Palavras do Sr. Eustachy Dorosz).
Herdeiro de outras tradições, filho de outro meio, o polonês inovou as técnicas
agrícolas, tirando da mata seu alimento, suas roupas, utensílios de trabalho e mesmo sua
habitação.
As mulheres teciam o linho, as avós embalavam netos nascidos brasileiros,
meninas repetiam a simplicidade doméstica e meninos aprendiam o ofício do pai.
Tudo saía das mãos do homem: o tosco mobiliário, as gamelas, o berço do bebê
e a urna funerária.
c) Educação Escolar:
Na família Dorosz, a filha mais nova, (a professora Tereza Dorosz), com seis
anos, foi junto com a irmã de treze anos (a Romualda), estudar no Colégio das Irmãs em
Guarani das Missões, tal era a importância dada à escolaridade.
d) Alimentação:
e) A Língua:
Constante.
Com o navio polonês Koscuszko, chegaram no Rio de Janeiro, após uma viagem
de 23 dias.
O navio Koscuszko, movido a vapor, possuía duas máquinas, sendo uma de
reserva, para ser acionada em caso de necessidade. Com 84 metros de comprimento e 12
metros de largura, o navio balançava fortemente, o que causava muitos problemas nos
passageiros, provocando náuseas e mal estar.
A viagem era paga. Cada pessoa com mais de 14 anos, pagou US$ 650 de
passagem.
Neste navio vieram imigrantes para quatro países: Palestina, Brasil, Argentina e
Paraguai.
Do Rio de Janeiro, até o Porto de Rio Grande vieram de navio e de Rio Grande
até Giruá, vieram de trem. De Giruá foram de caminhão até Belo Horizonte, (hoje
Horizontina), onde ficaram no Barracão dos Imigrantes. Depois vieram de carroça até
Pratos.
Ainda na Polônia, através de um mapa, adquiriram da Companhia Dahne
Conceição, duas colônias de terra, próximas ao Lajeado Leãozinho no Lajeado Biriva.
Procuravam sempre a proximidade de um rio. Porém, houve um problema. Havia um
documento (requerimento) assinado e selado mas este foi rasgado e posto no lixo. Meu
pai viu e pediu o selo.
“- Nunca vi selo tão bonito, queria mostrar prá família”. Foi a sorte. Com este
selo provou que havia comprado a terra.
“Uma colônia, o pai tinha pago e dado entrada para outra”. Na época havia
uma lei, cada um só podia ter uma colônia no nome. “Daí o pai ficou com uma, outra
ficou para mim, que era o mais velho”.
Enquanto a família permanecia em Pratos, o Sr. Eustachy ia trabalhar na serraria
do Schulc em Esquina Barra Funda. Por este trabalho, recebia um salário de 750 mil
réis. Este valor significava a metade do salário normal, pois ele não falava a língua
portuguesa. No início, não entendia nada na serraria, mas em seis meses já tomava conta
da mesma. Porém, assim mesmo, o salário continuava sendo a metade do que recebia
um trabalhador brasileiro, pelo fato de ele ser imigrante.
Na Polônia, os invernos longos, de seis meses, período em que as famílias
permaneciam dentro das casas, destinavam-se à confecção do artesanato, principalmente
à tecelagem e fiação. As roupas eram confeccionadas, com fios de lã para o inverno, e
de linho. A família Dorosz ainda guarda consigo fios de linho que trouxeram da Polônia
e algumas peças utilizadas para a tecelagem. Lá na Polônia, possuíam uma oficina
(warsztad), com todos os preparos para fazer a linha e o tecido.
Aqui, esta atividade não foi desenvolvida, por duas razões: era muito quente e,
as pessoas trabalhavam muito na lavoura, o ano todo, o que não lhes dava tempo para
desenvolver o artesanato.
Como a família dedicava-se à agricultura, já na Polônia, precisou adaptar-se a
um novo sistema, aqui no Brasil.
Na Polônia um dos produtos mais cultivados era a cevada. Além desta o centeio
e o trigo eram produtos importantes. Estes eram semeados antes do inverno, porém, as
plantinhas, só podiam ter, no máximo 3 a 4 folhinhas. Se tivessem mais folhas, quer
dizer, se a planta já era maior, não resistia a nevasca.
Estas plantinhas, cobertas pela neve, passavam o inverno. Se a neve derretesse
lentamente, o que era o processo normal, as plantas continuavam o seu crescimento com
a volta do sol, do calor. Porém, se o derretimento da neve viesse a acontecer brusca-
mente, as plantas eram queimadas pelo efeito do frio e o contraste do sol (calor).
Assim como os demais imigrantes, procuraram trazer ao Brasil algumas
sementes, como foi o caso do nabo doce, utilizado na Polônia para fazer o açúcar e o
melado. Aqui, esta planta não vingou, por causa do clima que era muito quente.
Para maior compreensão destas diferenças climáticas a Polônia situa-se entre 50º
e 60º (aproximadamente 55º) de latitude norte, enquanto que o Rio Grande do Sul
encontra-se entre 25º e 35º Graus de latitude sul, o que caracteriza um contraste climá-
tico bastante acentuado. Na Polônia chegava-se de 18ºC a 22ºC negativos, no inverno,
os rios chegavam a congelar. Por isso, os imigrantes dirigiam-se sempre ao sul do
Brasil, no caso Rio Grande do Sul.
“Num inverno forte, quando aqui no Brasil tivemos 5ºC, enquanto os outros
vestiam casacos e tremiam de frio, eu trabalhava de manga curta e achava bem
agradável”.
“Como criança, aos sete anos, trabalhava muito. Pastoreava cavalos e gado
bovino. Criávamos também muitos gansos (dois tipos), um dos quais destinava-se à
produção de penas, enquanto outro, destinava-se a produção de carne”.
“Eu nunca abandonei a terra. Outros foram trabalhar nas fábricas, porque se
assustaram do mato, pois na europa não tinha tanto mato, mas eu escolhi a
agricultura”.
Em 31 de maio de 1947, Eustachy, casou-se com Anna Janina Czikalski, nascida
em 17 de junho de 1925, filha de Sophia Jarjewsky e Félix Czikalski, em Guarani das
Missões - RS.
Conheceram-se nos Ensontros de Juventude , em Pitanga. Na época, Anna
Janina morava em Pitanga – Horizontina, hoje pertencente ao município de Dr.
Maurício Cardoso – RS.
Anna também é de origem Polonesa. É neta de imigrantes.
3.4.5. Os Açorianos
Os primeiros colonizadores do sul do Brasil, especialmente da Capitania de São
Pedro do Rio Grande, eram procedentes do Arquipélago dos Açores, autorizados por D.
João V, Rei de Portugal que, “por recomendação do Conselho Ultramarino, assinou,
em 31 de agosto de 1746, a CARTA RÉGIA autorizando casais Açorianos a virem povoar
o sul do Brasil”. (40)
Esta vinda, justamente de famílias portuguesas, residentes no Arquipélago dos
Açores, uma colônia portuguesa, justifica-se por duas razões:
1ª) O número de habitantes ilhéus;
2ª) A necessidade de ocupar locais em litígio com os espanhóis.
Assim, há 250 anos (1996) chegaram ao Rio Grande do Sul os primeiros Casais
Açorianos que se estabeleceram, preferentemente, no litoral: “Rio Grande, Mostardas,
São José do Norte, Pelotas, Tramandaí, Triunfo, Rio Pardo, Taquari, Viamão... de onde
à procura do transporte aquático nasceu o Porto dos Casais”. (41)
Anos mais tarde, alemães e italianos vinham ao Brasil (ao Rio Grande do Sul,
especialmente), sentindo-se estrangeiros e lutando pela conservação de seus costumes.
Esta preocupação não se fez presente entre os açorianos, pois estes, sentiram-se “em
casa”, quer dizer, assumiram o Brasil como seu próprio país, uma vez que, tanto Açores
quanto o Brasil, eram Colônias de Portugal.
Para melhor compreensão dos costumes e modos de vida açoriana, é interessante
que procuremos conhecer melhor algo sobre o Arquipélago, localizado entre a Europa, a
África e as Américas, no Oceano Atlântico, mais ou menos a 1.500 Km a oeste de
Lisboa (capital de Portugal).
Estas ilhas “têm origem vulcânica e foram descobertas e assumidas pelos
navegadores portugueses a partir de 1427. Seus primeiros habitantes eram portugueses
da Estremadura, Alentejo e Algarve. Mais tarde, mouros, holandeses e franceses
cristãos novos / judeus e espanhóis”. (42)
“- Os açorianos trouxeram para cá suas misturas étnicas: holandesa, francesa,
judaica, moura, um pouco espanhola, e portuguesa continental. Exemplo: Dutra (Van
Hurterer), Bulcão (Roose), Terra (Van Aard), Silveira (Van de Haegen), Borges
(Bugres), Dornelles (de Ornelas) e... Branco, Martins, Maia, Cardoso, Oliveira,
Menezes, Barros, Vargas, Pereira, Gulart, Bitencourt ou Bittencourt, Melo, Ávila...!”
(43)
Favorecida pela fertilidade dos solos argilosos do Arquipélago dos Açores, a
atividade econômica que alcançou maior significação histórica, foi a agricultura. “Os
cereais, especialmente o milho, são os principais produtos. Na ilha de São Miguel, têm
importância as lavuras de tabaco, chá e abacaxi ... enquanto o feijão, a cana-se-
açúcar, a batata e as hortaliças surgem um pouco em todas as ilhas.” (44)
Ao chegarem no Brasil, desembarcando no Rio Grande do Sul, traziam consigo
as tradições agrárias.
“De acordo com os planos do governo de Portugal, cada casal receberia algum
dinheiro, instrumentos agrícolas, sementes e sesmarias de terras para cultivar”. (45)
O início da Colonização Açoriana não foi fácil. O ambiente era difícil e o
governo português, não estava preocupado com a devida proteção. Para garantir a
sobrevivência, desenvolveram as culturas necessárias, reunidos em pequenos núcleos
urbanos, geralmente ao redor de pequenas igrejas.
______________________________________________________________________
__________(40) Revista Rio Grande Cultura nº 20 - setembro e outubro de 1996.
(41) Id Ibid.
(42) Id Ibid.
(43) Id Ibid.
(44) BARSA - vol 2 - pág. 54.
(45) PAULETTI, Evanice e OTTO, Edna. Estudos sociais - Rio Grande do Sul, IBEP, São Paulo, 1975,
pág. 33
Cansados da longa espera, muitos casais desistiram da agricultrua e dedicaram-
se à criação de gado, atividade já bastante desenvolvida no Rio Grande do Sul, por
influência dos Jesuítas e dos próprios indígenas.
Assim surgiram as estâncias e desenvolveu-se a pecuária gaúcha.
Com o passar dos anos e o desbravamento do interior do Rio Grande do Sul, os
açorianos espalharam-se por todas as regiões, em muitos casos, levando a denominação
do seu local de procedência.
Assim, também a região que hoje compõe o município de Novo Machado,
recebeu, entre os diferentes colonizadores, famílias, descendentes de portugueses,
conhecidas como “Taquarianos”, uma vez que procediam de Taquari.
Por volta de 1941 / 1942, chegou em Três Pedras a família de Joaquim José da
Silva e Carolina Clara de Jesus. Em 1996, dois de seus filhos Luís e Pedro da Silva,
residiam ainda em Três Pedras e foram eles que contaram a história dos “Taquarianos”
em Três Pedras.
“Saímos de Taquari no dia 2 de maio e chegamos em Cruzeiro - Santa Rosa no
dia 26 de maio. Levamos ao todo 24 dias de carroça, mas de viagem mesmo, foram 16
dias.
Viemos com uma carroça, três cavalos e algumas coisas da casa: camas,
panelas... Na carroça veio o pai Joaquim e o filho mais velho, Luís. O Pedro e a mãe
Carolina vieram de trem até Giruá e de lá, de carroça, até Cruzeiro onde residia uma
irmã de D. Carolina.
De Taquari até Soledade, viemos com outras famílias: Antônio Silveira dos
Santos, Antônio Brito e mais dois irmãos, os da Silva... Estes vieram com carroça de
boi e fixaram residência em Esquina Batista - (Tucunduva).
Até Soledade, viajamos todos juntos, em comitiva, mas a partir daí fomos na
frente, porque as carroças de bois, não conseguiam acompanhar a nossa, puxada a
cavalo. Nós chegamos em Cruzeiro por Giruá, enquanto os outros chegaram por
Palmeiras e Três de Maio. Estes levaram um mês e 9 dias.
Mais tarde chegaram outras famílias, como por exemplo João e Leopoldo de
Oliveira, Carvalho, Dutra e outros procedentes de Venâncio Aires, Lajeado e outros.
Em Taquari, trabalhávamos na agricultura. Plantávamos milho, fumo, arroz e
frutas... E para aumentar a renda familiar, fazíamos lenha em metro para vender na
cidade. Nossa terra possuia muita pedra de arenito. Quando havia necessidade,
vendíamos laje (pedra lascada), rebolo e frutas. O fumo era vendido em Venâncio
Aires.
Como a fama e a propaganda do “Sertão de Santa Rosa” em nossa região era
grande, vendemos os 33 ha de terra que possuíamos e compramos 17 ½ ha, aqui em
Três Pedras. Compramos a terra de Eugênio e Ângelo Bin, de Cinqüentenário
(Tuparendi). Em cima da terra já havia um galpão, o que facilitou a nossa instalação.
Mais tarde, colhíamos o soja e colocávamos no galpão. Meses depois, vinha uma
trilhadeira de Lajeado Terrêncio, também movida a motor. Esta já separava os grãos da
palha. Quando chegava na localidade, esta trilhadeira passava de casa em casa. Não
tinha hora para chegar, era dia e noite trilhando.
O comércio, realizávamos nos pequenos “bolichos” do interior. O fumo
vendíamos no Otto Jerke em Esquina Boa Vista. Os porcos, levávamos de carroça até no
bolicho do Freitag, na Esquina Fitz.
Apesar de todas as dificuldades, a vida era bem melhor. Não havia inflação. O
comerciante comprava os produtos e, se a gente precisasse, ele pegava, sem descontar o
que se devia no bolicho. Ainda continuava financiando os produtos que precisávamos.
Estes, a gente pagava quando podia, com outros produtos”.
“Fazia-se muita economia. Para acender o cigarro ou o fogo, utilizávamos o
“Getúlio” - uma espécie de isqueiro onde colocávamos pano velho ou algodão. Com
uma pedra especial, produzíamos faíscas que caíam sobre o algodão, produzindo o
fogo.” (Palavras do Sr. Valdemar Gomes de Carvalho).
a) Religiosidade:
b) Educação:
c) Alimentação:
d) Diversões:
Eram muito poucas as opções para que, no início da colonização, as pessoas ou
famílias se divertissem. As maiores preocupações, em todas as etnias, direcionavam-se
ao trabalho. Porém davam muito valor a amizade.
Entre os Taquarianos, mantinha-se acesa a chama da amizade, através de
diferentes atividades.
Aniversários: Por ocasião dos aniversários, os vizinhos reuniam-se na casa do
aniversariante, comemorando o acontecimento com baile. Dançavam até mesmo de pé-
no-chão. Geralmente carneavam porco e galinha, para assar e festejar à noite, na casa do
aniversariante.
Quanto mais o dono da casa demorasse para abrir a porta, mais interessante
ficava a serenata. Mas, se alguém não abrisse a porta, era uma ofensa.
... “As doações recebidas, usavam para um jantar com baile, entre os doadores
e participantes, na noite dos Reis Magos”. (47)
____________________________________________________________________
(46) In história da localidade de Três Pedras. - NOVO MACHADO – 1995
(47) In história da Localidade de Três Pedras. - NOVO MACHADO - 1995
O Pixirum - Para realizar um determinado trabalho como capinar mandioca,
derrubar mato..., as pessoas reuniam-se para ajudar-se. Enquanto trabalhavam, em
grupos, cantavam toadas relacionadas ao trabalho que realizavam. Assim surgiram
diferentes toadas: de carpir, de derrubar mato...
______________________________________________________________________
__________
(48) LAZZAROTO, Danilo. História do Rio Grande do Sul - Sulina - 1978 - pág. 69.
“Nunca havia visto uma foice. A primeira que vi, foi quando meu pai a colocou
em nossas mãos, minhas e de minha irmã, para ajudarmos a abrir a estrada de
Machado a Machadinho e fazer nossas roças. Aqui não havia escola nem para as
crianças menores... Guardo com saudade, o que pude trazer da minha escola”.
(Palavras da Srª Gretel Busse).
“Quando viemos de Ijuí, trouxemos uma lata de banha, mas aqui não tínhamos
o que fritar, derrubávamos coqueiros, tirávamos o coração, fritávamos e comíamos
com farinha de milho. Também comíamos a folha do urtigão. A gente tirava bem os
espinhos e cozinhava, depois picava bem e abafava como repolho”. (52)
(Palavras da Srª Catarina Joana Ciotti Lagunde).
Desta maneira, até os hábitos alimentares tiveram que ser reestruturados pelos
colonizadores, modificando, muitas vezes suas receitas habituais, em função dos
recursos precários e da disponibilidade de produtos nativos ou cultivados.
Algumas vezes, geadas tardias, causavam a perda geral das pequenas plantações
que, em muitos casos eram a base da alimentação: milho, arroz, trigo...
Além disso, os colonos viam-se cercados pelos animais selvagens que, vendo-se
ameaçados pela destruição da natureza ao serem derrubadas as matas, procuravam
garantir sua sobrevivência, alimentando-se das plantações ou animais domésticos como
galinhas, porcos que criavam.
“Tínhamos uma roça de milho e, sempre notávamos que as espigas iam
sumindo. Um dia ficamos observando. Era um bando de macacos (micos) que,
tranqüilamente quebravam as espigas, amarravam-nas com as palhas, de duas
a duas e, penduravam-nas sobre os ombros. Depois, quando cada um já tinha
uma porção, subiam nas árvores próximas e ali as amarravam nos galhos, bem
no alto. Isto só terminou, depois que as colônias vizinhas, também foram
desmatadas. Os macaquinhos nunca mais apareceram”.
(Palavras da Srª Irma Matilde
Priebe).
“Um vizinho, tinha uma choca com pintos embaixo da casa. Certa noite, os
bichos comeram os pintos. Os filhos, ouvindo isto, alarmaram.
O pai falou:
- Fiquem quietos, porque um dia, eles comem nós também.”
(Depoimento de D. Ana Klocko de Vila Pratos).
“Para ir na roça, além dos vestidos longos de gola fechada e manga longa, as
mulheres ainda usavam uma espécie de perna de calça, com elástico no tornozelo e no
joelho, para proteger-se contra os mosquitos.”
(Palavras da Srª Vergínia Golin).
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__________(52) In História da Localidade de Barra do Machado - NOVO MACHADO - 1995.
(53) In História da Localidade de Lajeado Gateados - NOVO MACHADO – RS - 1995.
Moscas de todas as espécies: algumas que ferroavam, outras, que punham as
larvas do berne, sobre a pele das pessoas ou animais, ou mesmo, sobre a roupa estendida
no varal. Estas larvas penetravam na pele, desenvolviam-se em bichos de vários
milímetros de comprimento, provocando dores terríveis e muitas vezes, infecções e
sangramentos. Imagine-se uma criança com vários bernes na cabeça. Quanta dor, quanto
sofrimento!
Até a mandioca, que além do milho, foi uma cultura essencial e básica para os
primeiros anos da colonização, não foi poupada pelo ataque de pragas... “havia tantas
lagartas que invadiram os mandiocais, restando somente os talos dos pés de
mandioca”. (55)
“Certa ocasião, o Sr. Emílio Neumann, vendeu 21 latas de banha e conseguiu comprar
um saco de sal e um pacote de balas”. (56).
“Meu marido não queria remarcar o preço dos tecidos. Ele queria
vender o último metro de tecido da peça, pelo mesmo preço que vendera o primeiro.
Quando íamos comprar novamente, os preços já haviam dobrado. Por isso, tivemos que
fechar”. (57)
(Palavras da Srª
Gretel Busse).
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__________
(54) In História da Localidade de Lajeado Gateadinhas – NOVO MACHADO – RS – 1995
(55) In História da Localidade de Esquina Machadinho – NOVO MACHADO – RS – 1995
(56) In História da localidade de Lajeado Gateados – NOVO MACHADO – RS – 1995.
(57) In História da localidade de Esquina Boa Vista – NOVO MACHADO – RS – 1995.
Se compararmos, a vida de nossos antepassados, que desbravaram as diferentes
localidades deste município, independentemente de sua procedência, de sua
nacionalidade, é fácil percebermos que, todos eles, indistintamente, tiveram inúmeras
dificuldades. Porém, com coragem, souberam superar todas elas, construindo este
município promissor que hoje temos, onde, apesar das dificuldades que temos também
hoje, precisamos enfrentar, a exemplo de nossos antepassados, superando-as com
trabalho e inteligência.
______________________________________________________________________
(63) In História da Localidade de Barra do Machado - NOVO MACHADO- RS - 1995.
(64) In História da Localidade de Lajeado Machado - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(65) In História da Localidade de Água Fria - NOVO MACHADO – RS - 1995
4.1.1.4. Quarta Fase:
______________________________________________________________________
__________
(66) Estudos Sociais na 4ª série (Ijuí) Unijuí Coordenador Jaime Callai - 5ª edição 1989 - pág. 63.
4.1.1.5. Quinta Fase: agricultura dos anos 80 até os nossos dias
______________________________________________________________________
__________
(67) BRUM, Argemiro - Desenvolvimento Econômico Brasileiro - 3ª Edição - Editora Vozes - 1983 -
pág. 161.
(68) SCHALLENBERGER, Ernuldo e HARTMANN, Hélio Roque - Nova Terra, Novos Rumos –
pág 130.
Dentre as alternativas buscadas podemos destacar:
- rotação de culturas;
- recuperação do solo, através de práticas mais acessíveis, com uso do
adubo orgânico, terraceamento (curvas de nível, base larga, murunduns, etc...), plantio
direto, o qual exige novos maquinários, novas práticas e novos conhecimentos;
- desenvolvimento da policultura: cultivo de milho em maior escala,
girassol, feijão, fumo, aveia, painço, pipoca, amendoim, etc;
- desenvolvimento da pecuária leiteira e de corte;
- piscicultura;
- fruticultura;
- horticultura;
- apicultura, entre outras ...
a) Plantio Direto
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__________
(69) Revista Globo Rural nº 103 - maio / 1994 - pág. 46.
Vantagens:
- solo mais protegido;
- solo menos compactado, pois reduz o uso de maquinários e de mão-de-obra;
- redução de custos com combustível, etc...
- aos poucos o solo volta a afofar-se devido à camada de palha que o protege do
efeito da chuva, do sol e amortece o próprio peso das máquinas;
- evita-se a erosão;
- protege-se os cursos d’ água e as vertentes;
- percebe-se, a partir do 4º, 5º ano, estabilidade da produção, não sofrendo tanto
com as intempéries.
Desvantagens ou dificuldades:
- exige aquisição ou adaptação de novas plantadeiras, que cortam as palhas e o
solo para, no corte, lançar as sementes;
- uso de herbicidas para dissecar a vegetação protetora, se esta não for colhida,
(como no caso a aveia) ou as ervas daninhas que, antes eram minimizadas pela pateação
ou gradeação das terras.
Desta forma, constata-se que, além dos ganhos imediatos, o plantio direto pode
representar para o agricultor, um investimento para o futuro, uma vez que um solo
protegido está menos exposto aos riscos da degradação e, conseqüentemente, da queda
de produção.
Conversando com agricultores que, já há mais tempo vêm desenvolvendo a
prática do Plantio Direto, houve-se afirmações como:
- depois que o solo tem uma boa camada protetora, o inço desaparece, pois é
abafado pela palha, reduzindo-se o uso de herbicidas;
- as terras protegidas, sofrem menos nos períodos de seca, pois a palha conserva
a umidade, evitando a rápida evaporação;
- a terra fofa, protegida pela palha, absorve mais a água da chuva, mantendo suas
reservas;
- quando chove pesado, a erosão faz poucos estragos em solo bem coberto;
- observe-se a água da chuva que corre pelas valetas - no plantio convencional é
abundante e vermelha (cor da terra); no plantio direto, é pouca e a cor altera muito
pouco, pois não leva a terra consigo;
- a fertilidade do solo, adubos, calcáreo e outros insumos, permanecem no solo
quando não ocorrem erosões.
b) Apicultura:
Segundo a literatura, a existência de abelhas semelhantes às atuais, remota a 42
milhões de anos.
No Brasil, a introdução das abelhas, está ligada a imigração européia,
destacando-se diferentes apicultores, dos quais pode-se destacar o alemão Hanemann,
Emílio Schenk, D. Amaro Van Emelen. Estes apicultores introduziram além das abelhas,
as primeiras literaturas sobre apicultura, e os primeiros instrumentos, como máquina
centrífuga, idealizadores de diferentes tipos de colméias e outros apetrechos apícolas.
Portanto, estes apicultores impulsionaram a apicultura no Brasil.
“Desde a chegada de Hanemann em 1839 até 1956, a apicultura nacional
crescia e progredia a passos largos, com muitos produtores de mel que praticavam a
apicultura por prazer, poesia, facilidade e sem incomodar ninguém. Isto porque até
então, as raças introduzidas eram todas mansas, permitindo o manuseio, usando-se
apenas máscara protetora e camisa de manga curta.” (70)
______________________________________________________________________
__________
(70) -Manual Brasil Agrícola - Criações Rurais - Vol 7.
c) Gado Leiteiro
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__________
(71) Revista Globo Rural, abril de 1994.
(72) Criações Rurais - Vol. 7 - pág. 328.
(73) Id Ibid.
O Rio Grande do Sul é o estado brasileiro que possui tradição agropastorial.
Apresenta condições naturais favoráveis, para criação do gado leiteiro, completada com
pastagem artificial, uma vez que o leite, principal alimento do homem, sempre encontra
mercado consumidor. A criação de gado leiteiro, encontra-se em todo o Estado, porém
apresentando maior concentração, próximo às grandes cidades, onde é maior o consumo
de leite.
O agricultor que pretende produzir leite para o comércio, em 1º lugar, deve-se
preocupar com a qualidade genética do rebanho e com as instalações adequadas, para
que o produto obtido, seja de boa qualidade.
“Houve uma linha de leite em 1967, que durou pouco tempo. O trajeto era
Esquina Boa Vista, Três Pedras, duas vezes por dia, feito pelo Sr. Leomar Barbetto.” ....
(81)
“No ano de 1973, começou a passar um leiteiro na nossa localidade. Isto foi
muito bom. O pessoal vendia leite e com o dinheiro, faziam as compras necessáias. mas
isto durou somente oito anos. A gasolina estava se tornando muito cara, não estava
dando mais lucro e o dono do caminhão desistiu”. (82)
“O primeiro leiteiro que transportava o leite, era o Sr. Siqueira, que levava a
Santa Rosa, fazendo a entrega na Laticínios Mayer. Naquele tempo, o pagamento em
dinheiro era recebido em casa, sendo que este, o mesmo leiteiro trazia. As pessoas
muitas vezes, pediam para o leiteiro trazer remédios de Santa Rosa e este trazia. Era
uma pessoa de muita confiança.” (83)
Com a implantação da mecanização da lavoura, esta iniciativa de produzir leite
para venda, foi praticamente abandonada.
A produção de leite, retornou como expressão econômica, a partir de 1985/87,
quando as cooperativas filiaram-se à CCGL, e passam a estimular a produção de leite.
A veterinária da COMTUL, Drª Beatriz Cristina Busanello, responsável pelo
atendimento dos municípios de Novo Machado e Tucunduva, nos relata a situação atual
da atividade leiteira deste município, cujo texto incluimos neste trabalho.
“No início desta nova fase (1985) produzia-se uma média de 40.000 litros/mês.
Em (1996), produzia-se cerca de 500.000 litros/mês, no município de Novo Machado.
A pecuária leiteira, surgiu da necessidade do produtor rural diversificar a sua
produção, aumentando a sua renda, uma vez que o município de Novo Machado,
formado por pequenas propriedades rurais (módulos de 15ha em média), não
conseguem mais sobreviver, num sistema de monocultura (soja), que inviabiliza a
pequena propriedade.
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__________
(77) In História da Localidade de Lajeado Gateadinhas - NOVO MACHADO - 1995.
(78) Id Ibid...
(79) In História da Localidade de Esquina Machadinho - NOVO MACHADO - 1995.
(80) In História da Localidade de Vila Pratos - NOVO MACHADO - 1995.
(81) In História da Localidade de Três Pedras - NOVO MACHADO - 1995.
(82) In História da Localidade de Belo Centro - NOVO MACHADO - 1995.
(83) In História da Localidade de Esquina Machadinho - NOVO MACHADO - 1995.
Dificuldades Encontradas:
- a falta de tradição em produzir leite, em escala comercial, visto que os
produtores estavam acostumados à culturas mecanizadas;
- a falta de matrizes de boa linhagem genética, que aumentariam a
produtividade média (litro/vaca/dia) devido à descapitalização dos produtores que não
conseguem adquirir estas matrizes
- a falta de uma política agrícola definida, por parte do governo federal, que
está inviabilizando o setor primário no país, (preço do produto, financiamentos, etc...);
- o pouco uso da inseminação artificial, que é uma das formas de melhorarmos
o plantel a médio e longo prazo.
Para incentivar a produção leiteira, as Cooperativas oferecem a Assistência ao
Produtor:
- assistência veterinaria, técnica e agronômica;
- programas de troca-troca: sementes, ordenhadeiras, resfriadores,
etc;
- aquisição de matrizes;
- incentivo ao uso da inseminação artificial;
- programa de criação de terneiras;
- programa de controle de mamite;
- cursos de capacitação do produtor rural;
- programa de alimentação: silagem, feno, pastagens, etc;
- coleta de leite à granel: com tanques isotérmicos”.
(Drª. Veterinária Beatriz Cristina
Busanello)
- Milho:
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__________
(87) Revista Globo Rural, dezembro 1994.
(88) Revista Globo Rural, dezembro de 1994.
(89) Revista Veja – edição especial – Agronegócio - Abril 2004 – Pág. 19.
Outro motivo que levou os agricultores a cultivar o milho, foi a sua garantia de
mercado, principalmente devido ao desenvolvimento da avicultura e suinocultura,
através de grandes empresas, como: Perdigão, Sadia, Prenda... Desta forma, toda
produção brasileira de milho, é absorvida, pelo mercado interno.
O período normal de plantio de milho, aqui no Brasil, ocorre de agosto a
novembro e a colheita de janeiro a maio. Porém há muitos agricultores, que após a
colheita, plantam novamente para colher a “safrinha”. Esta, posterior a grande colheita,
dependendo do clima, pode ser maior que a primeira colheita.
A seleção de sementes, para obter melhor produtividade, também é uma
preocupação do nosso agricultor. Após muitos estudos por parte de técnicos da
agricultura, objetivando a melhoria genética das sementes, foram realizados diversos
cruzamentos, obtendo-se a semente “híbrida”, considerada a de melhor qualidade.
Conforme dados obtidos junto à Secretaria Municipal da Agricultura, o
município de Novo Machado apresentou em 1995, uma área de 5.000 ha cultivada com
milho, obtendo uma produtividade média de 3.600 Kg/ha, o que representa um volume
total de 18.000 toneladas. Em 2003 foram cultivados 2.700 hectares, considerando-se
“safra e safrinha”, com uma produtividade de 3.300 Kg/ha, num volume total de 8.910
toneladas, tendo sofrido forte influência climática – estiagem.
Em 2004, considerando-se o período de “safra e safrinha”, foram cultivados
cerca de 1.600 hectares, os quais, em virtude da estiagem ocorrida, principalmente no
período da safrinha, permitiu ao município, uma safra de somente 5.408 toneladas,
correspondendo a 3.380 Kg/ha.
- Soja:
Originária do Extremo Oriente, “não se sabe ao certo em que país foi cultivada
primeiro: na China, Japão, Indonésia ou Mandchúria” (90), de onde ela é nativa.
Ao chegar no Brasil em 1800, trazida pelos chineses que, há muitos séculos,
extraíam dela vários alimentos, sendo o leite o principal, foi recebida com a seguinte
expressão: “Chegou a vaca chinesa.”
“Foi somente após a Grande Guerra Mundial, todavia, que a soja ingressou em
quase todos os países da Europa e nas Américas do Norte e do Sul, e depois na África”.
(91)
No Brasil, a soja foi introduzida como produto de cultura, em São Paulo através
de imigrantes japoneses, somente no início deste século (1908). No Rio Grande do Sul,
chegou seis anos mais tarde (1915).
No Rio Grande do Sul as primeiras regiões cultivadas com esta leguminosa,
foram: Missões, Alto Uruguai e Alto Taquari, aclimatando-se melhor nas duas
primeiras.
“Ao que consta, sua arrancada inicial no Rio Grande do Sul, aconteceu no 3º
Distrito do município de Santa Rosa.” ...
... “Em 1931, o Pastor Alberto Lehenbauer, introduziu na região a variedade
Amarelo-Rio Grande, de alto teor de proteínas”. ... (92)
Na região de Novo Machado, já no início da colonização, aconteceram as
primeiras tentativas de cultivo da soja, de uma forma muito restrita.
“Gretel Busse, contou que seu pai, Emílio Sturmhöbel e família, pioneiros,
residiam em terras da região de Esquina Machadinho. Certa vez, receberam do Pastor
Alberto Lehenbauer, uma caixinha de fósforo, contendo sementes de soja e este, lhes
disse:
- Plantem estas sementes, elas vão levantar o Brasil”. (93)
_____________________________________________________________________________________
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(90) Manual Brasil Agrícola - Principais Produtos - Vol. 4.
(91) Revista - Caminhos do Turismo - Secretaria do Turismo do Rio Grande do Sul - Nº 28.
(92) Id. Ibid.
(93) In História da Localidade de Esquina Machadinho - NOVO MACHADO – RS - 1995.
Na região do atual município de Novo Machado, “o cultivo da soja teve início
no final da década de 1920 e início da década de 1930. Esta, foi introduzida na região
pelo Rev. Pastor Alberto Lehenbauer que a trouxera dos Estados Unidos e em pequenas
porções distribuiu as sementes aos colonizadores, inicialmente na Colônia Guarani e
posteriormente nas novas colonizações.” (94)
As poucas sementes distribuídas a alguns poucos colonizadores, foram plantadas
e, as novas sementes colhidas, eram redistribuídas a vizinhos e amigos.
Assim, mais e mais pessoas foram cultivando estas sementes, com esperança de
um dia poder utilizá-las, motivados pelo rendimento de produção, embora, no momento,
não soubessem o que fazer com elas, conforme se vê no depoimento a seguir:
“Os poucos pés de soja, produziam muito. Rendiam mais que outra planta.
Colhíamos as sementes e as colocávamos no galpão, pois não sabíamos o que fazer
com elas. Comer ou tratar os animais, tínhamos medo. Vender, ninguém comprava.
Assim, íamos juntando as bolsas de soja no galpão, esperando que algum dia alguém
comprasse ou dissesse prá gente o que fazer com elas, como aproveitar a soja.
Plantávamos todos os anos, para não perder a semente” (Palavras da Srª Elmine Schulz).
“Começamos a plantar soja em Lajeado Terrêncio, ainda na década de 1930.
Inicialmente, utilizávamos as sementes para fazer café.
A gente plantava com alegria, porque as plantas produziam muito”. (Palavras da
Srª Hildegard Kaffka).
Inicialmente, todo o trabalho de plantio e colheita era realizado manualmente,
contando-se com o auxílio de animais.
Foi durante a década de 1940, que surgem nesta região, as primeiras trilhadeiras
que vêm amenizar as dificuldades do trabalho agrícola, substituindo o manguá e o
pisoteio dos animais, possibilitando uma maior produção.
Ressalta-se, que a partir desta época, a soja passa a ser produzida com dupla
finalidade: alimentação dos animais e comercialização.
Inicialmente as trilhadeiras eram poucas. Os colonos cortavam a soja e
aguardavam a sua vez para trilhar o seu produto. Quem possuia galpões, guardava a soja
em palha dentro deles, esperando a trilhadeira chegar. Os colonos que possuíam
trilhadeiras, trilhavam os produtos para os demais, mas para não perder tempo, pois as
mesmas eram transportadas com auxílio de bois, iam de casa em casa, respeitando a
proximidade.
A partir da 2ª metade da década de 1950, o cultivo da soja no Rio Grande do Sul,
passa a ter uma maior exploração em bases técnicas, através de análise das terras e
aplicação de sementes selecionadas.
Até o início da mecanização, a soja era plantada consorciada com o milho. Esta
prática, continua sendo desenvolvida até o final da década de 1990, nas lavouras
tradicionais, nas áreas não mecanizadas. Porém, atualmente, em 2004/2005, são muito
raros os casos onde este consórcio ainda é praticado
“A partir dos anos de 1960, o quadro agrícola transformou-se radicalmente,
pois através de uma política equivocada, a produção agrícola deveria ser em escala
industrial e ter uma alta rentalbilidade e, para isso, foram eleitos dois produtos: soja e
trigo. A soja, por ter excelente cotação no mercado internacional, cuja exportação para
outros países geraria a entrada de divisas e o trigo, por ser um cereal nobre, não era
produzido o suficiente para atender a demanda interna. Com a cultura da soja e do
trigo, os outros produtos agrícolas praticamente desapareceram. Florestas foram
cedendo espaço, indiscriminadamente, para as lavouras, e a terra ficando sem a
proteção natural, foi se desgastando.” (95).
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(94) In História da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO - RS - 1995.
(95) Revista Saga - Nº 5, 1991.
A falta de rotação de culturas e a exploração intensiva do binômio trigo-soja,
contribuiram, ao lado da desproteção do solo que, para o desgaste e o empobrecimento
do mesmo que, com pesados investimentos, teve que ser recuperado.
No início, tudo ocorreu bem, com boas safras, que capitalizaram o agricultor.
Com o aumento considerável das áreas cultivadas, o agricultor sentiu a
necessidade de equipar-se para atender a demanda da sua produção.
Na época, o crédito agrícola era abundante e com juros baixos. O agricultor
procurou modernizar seus equipamentos, adquirindo: tratores, implementos, ceifadeiras,
e insumos, mediante impréstimos bancários.
Porém, nos anos 1980, os créditos agrícolas foram reduzindo, o agricultor
começou a ficar descapitalizado e gradativamente, as safras foram perdendo sua
rentabilidade. Tudo isto, levou o agricultor a um dilema e ao questionamento: vale a
pena continuar plantando soja e trigo?
Uma das saídas que o agricultor encontrou, foi diversificar e fazer rotação de
cultura.
Nas gôndolas dos supermercados, é possível encontrar leite, sopa, molho, carne
e até macarrão feitos com soja. Nos Estados Unidos uma em cada três pessoas,
consome algum alimento do gênero.
A soja tem mais propriedades nutritivas que seu primo mais próximo, o feijão.
Além de ser rica em proteína vegetal, trem ferro, cálcio e vitaminas, principalmente às
do Complexo B. Pesquisas Científicas recentes, revelaram que o consumo diário de 25
gramas de proteína de soja, equilibra os níveis do colesterol no sangue e que as
isoflavonas – um fitormônio presente no grão – tem efeito benéfico sobre o climatério e
a tensão pré-menstrual. (99)
- Trigo:
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__________
(100) Jornal Correio Riograndense, 20 de dezembro de 1995.
(101) Cartilha do Agricultor - Vol. 3.
(102) Cartilha do Agricultor - Vol. 3.
(103) Jornal Correio Riograndense, 20.12.95.
A baixa qualidade do cereal, foi provocada pelo excesso de chuvas, pouco antes
da colheita, que causou a germinação dos grãos.
Comenta o agrônomo da Cotrirosa Jaír Dezordi: “As lavouras chegaram ao
ponto de colheita com potencial ótimo de produtividade, mas as chuvas verificadas em
outubro - 380 milímetros, o dobro do volume normal para o período - danificaram a
qualidade de grande parte de grãos.” (108)
Constata-se que a cultura de trigo no Brasil, está em processo rápido e contínuo
de declínio, cujos efeitos mais visíveis apresentam-se na redução de área cultivada e na
produção, determinando o sucateamento da infraestrutura de apoio ao processo
produtivo e, em conseqüência, dificuldades de comercialização, como um dos
exemplos, levando à deteriorização das atividades, gerando fome, desemprego e miséria
nas áreas rurais.
Neste contexto econômico e político, encontra-se o agricultor de Novo
Machado, sofrendo as conseqüências ditadas pelo mercado nacional e internacional e
pelos fatores climáticos.
Segundo dados fornecidos pela Secretaria Municipal da Agricultura, de Novo
Machado, o município possuía uma área cultivada com trigo de 4.000 hectares, com
uma produtividade média de 1.800 Kg/ha, atingindo um volume de 7.200 toneladas
(dados de 1995).
Conforme registros de 1998 a 2002, a média de produção de trigo em nosso
município, baixou para 1.440 Kg/ha. Em 2003, com 6.000 ha cultivados, alcançou-se
igualmente uma produtividade média de 1.440 Kg/ha.
Em 2004, com uma área cultivada de 4.500 ha, obtivemos um volume total
colhido de 5.400 toneladas, equivalente a uma produção média de 1.200 Kg/ha.
A partir das considerações acima mencionadas, e analisando a nossa prática
agrária, podemos nos questionar: - qual é a perspectiva do nosso pequeno produtor, se
esta é a terceira safra consecutiva, sem a chance de lucrar? - como vai saldar suas
dívidas e fazer novos investimentos? - será que estas freqüentes crises não vão gerar,
novos pequenos agricultores sem pão e sem terra? - qual é a qualidade da farinha que
consumimos, frente a utilização dos agrotóxicos? Estes e outros questionamentos
poderão ser levantados, a partir da nossa realidade.
- Fumo:
“Plantávamos muito fumo. Cheguei vender 250 arrobas para Vilmuth Rusch de
Esquina Barra Funda. Rusch trocava os produtos por tábua”.
(Palavras de D. Catarina Joana Ciotte Lagunde).
1ª Lavoura de Fumo Burley em fase de implantação – Esquina Barra Funda – Tucunduva – RS - 1970.
Instrutor: Adenir Boelter
1ª Lavoura de Fumo Burley em fase de colheita – Esquina Barra Funda – Tucunduva – RS - 1970.
Instrutor: Adenir Boelter
Carga de fumo com destino a Santo Angelo – diretamente para a Souza Cruz.
Freteiro: Armindo Ernest – Esquina Barra Funda – Tucunduva – RS.
1ª Carga de Fumo Burley misto entregue em Santo Angelo – diretamente para a Souza Cruz.
Freteiro: Otvino Justmann – Esquina Barra Funda – Tucunduva – RS.
Horta Comunitária:
Horta Comunitária
Comunidade de Rincão dos Claros
Horta Comunitária
Comunidade de Rincão dos Claros
Cítricos:
“Há alguns anos, precisamente sete ou oito, que, motivados pela EMATER de
Tucunduva, alguns agricultores acataram a idéia de estender o plantio de laranjas para
a lavoura, e não cultivar apenas o pomar”. (112)
Em 1996 o município contava com diversos produtores localizados em Lajeado
Limoeiro, Nova Esperança, Boa União, Três Pedras, Esquina Água Fria, Esquina Barra
Funda, Lajeado Corredeira, Barra Funda e Esquina Machadinho.
As variedades de laranjas plantadas é a valência e a natal, ambas produzem na
entre-safra. Porém no corrente ano, devido as alterações climáticas, o amadurecimento
dos frutos, foi mais precoce.
A plantação de cítricos, requer muitos cuidados, por isso os agricultores recebem
orientação técnica da Secretaria Municipal da Agricultura e das Cooperativas. “Sendo o
maior trabalho, o cuidado com os galhos doentes. As doenças mais comuns são: ácaro
e leprose. A utilização do enxofre tem recuperado um pouco. Requer também, muito
cuidado contra o ataque das formigas”. (113)
Quanto mais cuidados forem dispensados às laranjeiras, melhor será a produção
de seus frutos, conforme podemos constatar na citação abaixo:
“Não tem como deixar de ver, pela fartura e doçura dos frutos colhidos, que o
trabalho no cuidado com o pomar tem valido a pena. Principalmente o da adubação
das fruteiras. Primeiro foi a indispensável adubação feita na época da implantação do
pomar. Depois a cada ano, aquelas dosagens apropriadas à fase de crescimento e à
idade adulta da planta. Os resultados se vêem na boa carga de frutos”. (114)
As laranjas produzidas em nosso município, são comercializadas, aqui na região.
São vendidas para COTRIROSA, para fruteiras de Tucunduva, Horizontina, Santa Rosa
e também particulares de Novo Machado e Tucunduva.
Em busca de novos investimentos, e de novas alternativas econômicas, algumas
pessoas, iniciaram pequenas plantações de abacaxi.
O abacaxi é uma planta tropical que adaptou-se muito bem no Rio Grande do
Sul (na região do litoral nos municípios de Osório e Torres) e também em pequenas
áreas do Rio Caí, Taquari e Uruguai.
Em nosso município de Novo Machado, os moradores da região da Costa do Rio
Uruguai, sempre cultivaram abacaxizeiros, no fundo do quintal. Porém nos últimos
anos, alguns agricultores estenderam suas plantações para as lavouras, nas localidades
de Lajeado Saltinho, Lajeado Marrocas e Barra Funda. Estes produtores possuem
aproximadamente 13 mil pés.
Na última safra, 2004/2005, com uma área de cerca de 3 ha cultivados, obteve-
se uma colheita de aproximadamente 35.000 frutos colhidos.
O sucesso desta cultura está na dependência do clima, exigindo, para sua
produtividade, invernos brandos, com ausência de geadas, com boa ditribuição de
chuvas na primavera e verões quentes.
e) A Pesca
Os primeiros colonizadores encontraram os rios e lajeados desta região, assim
como em outras, povoados de uma variedade grande de peixes. Nesta reserva natural,
encontraram uma alimentação farta e saudável. Em qualquer lajeado próximo as suas
terras, os agricultores buscavam nos peixes as proteínas necessárias a sua alimentação,
razão pela qual, esta atividade era muito valorizada.
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_________
(112) In História da Localidade de Boa União -NOVO MACHADO –RS - 1995.
(113) Revista Globo Rural, março de 1995.
(114) Id Ibid.
Nesta época, as pessoas pescavam somente para a sobrevivência da família. Os
pequenos excedentes eram conservados, até 6 meses, na salmoura.
Quando alguém recebia visita para almoçar e quisesse oferecer carne fresca no
almoço, pegava o anzol e dirigia-se ao rio, principalmente os que residiam perto deste.
Para ilustrar esta questão, veja a citação que segue, que relata a situação de uma visita
realizada a colonizadores:
... “Sie hätten uns zum Mittagessen noch gern mit frischen Fischen bewirtet,
aber wir haben einen weiten Weg stromaufwärts vor uns und ziehen es daher vor
abzufahren. ...
... Schweißgebadet erreichen wir unser Ziel und wollen zuerst ein Bad nehmen.
Berthold Matschinski geht gerade angeln. ...
... Berthold Matschinski kommt mit einigen Fischen zurück und liefert sie in der
Küche ab. ...
Die Frau ruft uns zum Mittagessen. Erfrischt steigen wir aus dem Fluß. ...
... Nun haben wir doch noch frische Fische zum Mittagessen.” ... (115)
(... “Eles queriam nos servir com satisfação, um Almoço com peixes frescos, mas nós
temos um longo caminho a remar rio acima e preferimos sair...
... Suados alcançamos nosso destino e queremos primeiro tomar um banho. Berthold
Matschinski vai pescar...
... Berthold Matschinski retorna com vários peixes e os entrega na cozinha...
... A esposa nos chama para almoçar. Refrescados saímos do rio...
... Assim mesmo, ainda temos peixes frescos para o almoço” ... )
Hoje, somente no rio Uruguai a pesca continua sendo, além de uma atividade de
lazer, uma fonte de subsistência e para alguns, uma atividade econômica.
Segundo informações da Secretaria Municipal da Agricultura, na região de
Lajeado Corredeira e Lajeado Saltinho, há quatro profissionais habilitados (possuem
Carteira de Pescador) para pesca no Rio Uruguai. Sabe-se porém, que além desses, há
inúmeros pescadores clandestinos, que fazem desta atividade, uma fonte de renda.
Para habilitar-se como pescador profissional e obter a sua carteira, o interessado
não pode ter outra fonte de renda, nem terra em seu nome.
Embora não se perceba, o Rio Uruguai, fornece aos novomachadenses, uma
grande quantidade de peixes. O excedente, é comercializado em outros municípios.
Isto ainda é possível, em virtude da legislação que preserva os peixes, proibindo
a pesca na época da desova.
As principais variedades de peixes existentes no rio Uruguai são: dourado, piava,
pati, tamanco, cascudo, jundiá, surubi...
Hoje, para suprir a necessidade do consumo de peixes, desenvolve-se a
piscicultura.
- A Piscicultura:
- Produção de Alevinos:
_____________________________________________________________________________________
__________ (118) Revista Globo Rural, outubro de 1994.
(119) Id Ibid.
(120) In História de Novo Machado (cidade) - NOVO MACHADO – RS - 1995.
A sua vocação de criar peixes, vem de longa data. A atividade, já é um gosto da
família, pois desde pequeno, o Sr. Ademar viveu esta experiência, junto com seu pai e
seu avô, em Tuparendi. A família produzia peixes para o abate.
Em certa oportunidade, quando ainda morava em Tuparendi, ao passar próximo
a terra, onde hoje é sua propriedade, não foi levado a sério, quando demonstrou
interesse pela mesma, uma vez que esta era uma terra fraca e apresentava boa área de
banhado.
Na época, a criação de peixes, não era vista como uma atividade econômica
rentável e, conseqüentemente, a construção de açudes era considerada inviável.
Porém, 2 anos depois, conseguiu vender suas terras em Tuparendi e adquiriu a
propriedade que possui atualmente, que pertencia ao Senhor Henrique Krüger.
Chegando em Novo Machado e interessado em desenvolver a atividade, começou a
divulgar e discutir suas idéias em rodas de amigos. Porém, a idéia de criar peixes na
época, era considerada inviável. Mas aproximadamente nos anos de 1969/70, iniciou a
construção de açudes e a criação de peixes, com recursos próprios.
Mais tarde, a Secretaria Municipal da Agricultura de Tucunduva, incentivou-o a
desenvolver a desova artificial. Para tanto, foi elaborado e encaminhado um projeto pela
LBA, através do qual seriam financiadas as instalações necessárias. Infelizmente, o
Projeto não foi atendido.
Como já haviam encomendado as incubadoras, mesmo sem saber como
funcionavam, tiveram que adquirí-las, iniciando o processo com recursos próprios.
A partir daí, iniciou uma nova etapa em sua caminhada: ir em busca do domínio
do conhecimento. “Participamos de muitos cursos e realizamos muitas visitas à
pisciculturas, inclusive de outros estados. Em cada experiência, aprendemos um pouco.
Quem mais nos ensinou foi um japonês, doutor em Piscicultura, que trabalhava no
Paraná, que, percebendo o interesse do Ademar, chamou-o para o lado e explicou os
detalhes. Íamos sempre toda família, o que um não assimilava, tinha o outro para
aprender.”
(Palavras de D. Tabea Schröder).
“Fizemos muitos cursos, mas o que mais nos ajudou foi a prática. Nos cursos
geralmente, só se aprende a teoria. No início tivemos muitas dificuldades, pois
chegávamos a perder toda uma desova, por não dominarmos a técnica necessária”.
(Palavras de Ademar Schröeder).
Desova Artificial - Piscicultura Schröder
“CRIA O CONSELHO
MUNICIPAL DE
DESENVOLVIMENTO
AGROPECUÁRIO E DÁ
OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
JAIME REICHEL PORTO, Prefeito Municipal de Novo Machado, Estado do Rio
Grande do Sul;
Faço saber que a Câmara de Vereadores aprovou e eu sanciono e promulgo a seguinte
Lei:
Art. 1º - É criado o CONSELHO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO
AGROPECUÁRIO - CMDA - de Novo Machado, com a finalidade de integrar os esforços do setor
público e da iniciativa privada, colaborar com todas as atividades dirigidas ao desenvolvimento
agropecuário, consubstanciadas nos planos nacional, estadual e municipal, com o objetivo primordial de
fortalecer o setor primário da produção, desenvolver gradualmente a implantação do setor primário da
produção e comercialização, a implantação do setor da agroindústria e estabelecer diretrizes políticas para
o desenvolvimento deste setor, promover a articulação entre as associações; entre os grupos de
produtores e demais instituições; emitir parecer sobre convênios e induzir novas tecnologias.
Art. 2º - O CONSELHO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO
- CMDA -, será integrado pelas seguintes Entidades:
Jaime R. Porto
Prefeito Municial
Registre-se e Publique-se
Claudio S. Kopp
Secretário de Administração
Conforme Ata de Reunião Extraordinária nº 05/1995, realizada em 20 de agosto
de 1995, altera-se o Estatuto do CMDA, definindo-se que as entidades representadas
neste Conselho, deverão indicar um titular e um suplente e mais dois produtores, quais
sejam: Cooperativa Mista São Luiz Ltda., Cooperativa Tritícola Santa Rosa Ltda.,
Cooperativa Mista Tucunduva Ltda., Cooperativa de Crédito Rural, Sindicato dos
Trabalhadores Rurais, Secretaria Municipal da Agricultura e Secretaria Municipal de
Educação e Cultura, ao mesmo tempo em que são excluídas as seguintes entidades:
Banco do Brasil S/A, Banco do estado do Rio Grande do Sul (BANRISUL), Associação
de Esquina Barr Funda, Associação de Lajeado Limoeiro e Associação de Três Pedras.
Conforme Ata nº 03 de 1998, de reunião realizada em 1º de julho de 1998,
define-se que as Entidades representantes do CMDA, inducarão os seus representantes
produtores, de acordo com a sua Microregião que representam, ou seja: Secretaria
Municipal da Agricultura (SMA): Esquina Boa Vista e Lajeado Comprido; COMTUL:
Lajeado Limoeiro, Nova Esperança e Lajeado Touros; COPERMIL: Sede do Município,
Esquina Machadinho e Lajeado Gateados; SMEC: Lajeado Terrêncio e Barra do
Terrêncio; Sindicato dos Trabalhadores Rurais: Esquina Barra Funda, Esquina Carvalho
e Barra Funda; SICREDI: Três Pedras, Belo Centro e Boa União; COTRIROSA: Vila
Pratos e Esquina Água Fria; EMATER: Lajeado Corredeira e Lajeado Saltinho.
Nova alteração nos Estatutos efetivou-se em 23 de abril de 2003, conforme Ata
nº 01/2003, onde registra-se: “após análise e discussão – do Capítulo II – DA
CONSTITUIÇÃO – Artigo 3, Parágrafo 1º, foi substituído: produtores nomeados pelas
Entidades por Representantes das Localidades; foi criado o parágrafo 3º - Cada
Localidade deverá ter um participante efetivo e um suplente, com atuação de um
ano, podendo ser reeleito”. Para tanto, deverá ser feita uma reunião e o representante
deverá ser escolhido pela população da localidade, devendo o mesmo, apresentar a ata
com a assinatura dos votantes. Se este conselheiro não participar das reuniões do
CMDA, poderá ser substituído.
Este conselho, reúne-se mensalmente.
Em 1996, era presidente do Conselho, o Sr. Ademir Dallago e atualmente, em
2005, é o Sr. Nerci Ristow.
O Conselho é que estabelece as prioridades para a agricultura do Município,
gerindo também os Recursos do Fundo Agropecuário. Em 1996, foram estabelecidas as
seguintes prioridades:
- produção de leite, com aquisição de matrizes e implantação de pastagens
perenes;
- recuperação de solo com adubo e calcáreo, priorizando a região da Costa do
Rio Uruguai;
- levantamento de alternativas para o controle da erosão, ex.: plantio de cana-de-
açúcar;
- incentivo a piscicultura, apicultura, fruticultura.
Mais tarde, locais mais próximos foram suprindo estas necessidades, fazendo
com que os colonizadores buscassem seus mantimentos e produtos de primeira
necessidade, em Tuparendi, Tucunduva e, posteriormente, na própria localidade.
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(122) In História da Localidade de Barra Funda - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(123) In História da Localidade de Lajeado Gateados - NOVO MACHADO – RS - 1995
(124) In História da Localidade de Lajeado Terrêncio - NOVO
MACHADO – RS - 1995.
Ano Localidade Proprietário
1930 Esquina Rensch - Arthur Teske foi a Machado, em 1933.
- Christiano Timm que vendeu para Ervino Rensch.
- Desativada em 1968.
1930 Vila Pratos - Theodor Rudolf que vendeu para Miguel Pfitscher.
1935 Vila Pratos - Miguel Pfitscher.
- Desativada em 1974.
Início Vila Pratos - Henrique Altmann que em 1942 vendeu para Arlindo Alegrete,
1930 até 1943.
Início Vila Pratos (no - Emílio Sturmhöebel.
1930 Porto)
Final Vila Pratos - Brykalski.
1930
1940 Vila Pratos - Romaldo Schweig e Dorzobacher.
1950 Vila Pratos - Fritoldo Sauter que vendeu para Comercial Wojahn.
1933 Linha Machado - Arthur Teske, vendeu para Adão Huck a/c da década de 1940
1933 Linha Machado - Henrique Schlag, até o início de 1950.
1957 Linha Machado - Ricardo Guse e Alfredo Wipprich
------ Linha Machado - Arno Naujorcks.
---- Linha Machado - Erhard Mertens e outros.
1935 Lajeado Limoeiro - André Freddi e mais tarde Sigesmundo Sapiachinski.
1949 Lajeado Limoeiro - Dall Áqua.
------ Lajeado Limoeiro - Geraldo Boer.
1965 Lajeado Limoeiro - Genuino Tombini e Albino Turra.
1935 Belo Centro - José Gambim que em 1950 vendeu para Vicente Grzeca que
em 1962 vendeu para o irmão Benedito Grzeca. Existe até hoje.
1955 Belo Centro - ........ Bernardi que vendeu para Joaquin Binotti, este depois
para Fritoldo Costa e este para Hilário Winter
------ Belo Centro - Delmar Corrêa vendeu para Mindo Brum.
1960 Belo Centro - Arcênio Herber, até 1966.
1937 Esquina Matter - Gottlieb Priebe que vendeu para Adão Huck e este para Willy
Waldow e este, em 1954 para Edmundo Fitz. Desativada em
1966.
1962 Esquina Matter - Bernardo Matter, até 1971.
1938 Três Pedras - Guilherme Naujorks, Gambim, Arnaldo Naujorks, Reneu
a Petrowski,
1996 - Almiro Schröeder, Ermelindo Merlugo, Fritoldo Costa,
- Silvestre Damasco Fiut, Elmer Shlender.
Final Nova Esperança - Luiz Grisa, José Rigon, Capra, Aurélio Cavalheiro, Artibano
década Brum, Reinaldo Wentz, Isolam (ficavam em média um ano.)
1940
Final Esquina Barra - Estanislau Schluc vendeu para Vilmuth Rusch e Alberto Drost
década Funda e estes para Armindo Ernest e Teodoro Pritrowski.
1940
1989 Esquina Barra - FIBASAN Comércio e Representações
Funda
1943 Lajeado Saltinho - ?
1945 Esquina Boa Vista - Roberto Kickhöffel vendeu para Adolfo Busse em 1947.
- Otto Gerke, que vendeu para Ricardo Saulit em 1955 e este
para o filho Elemar Saulit em 1972. Funciona até hoje.
1945 Esquina - Adolfo Erbach e Augusto Bubans que venderam para Angelo
Machadinho Turra, este para Albino Winter, depois para Ervino Brincker e
Valdemar Wentz, depois para Edmundo Rensch e por último
para Albino Avrella. Fechando em 1967.
1948 Barra Funda - Arcido Rusch.
1950 Barra Funda - Reginaldo Hegele que vendeu para Antônio Ferreira.
1948 Boa União - João Menuzzi que vendeu a José Cichorski em 1960 e este
para Izidoro Menuzzi e este para Osório Brum, vendendo a
Arcido Rusch em 1970 e, de 1980 a 1982 com Gomercindo
Molinari e Edemar Bertê, fechando em 1990.
1951 Lajeado Marrocas - Pracídio Dias fechou depois de um ou dois anos.
1952 Lajeado Marrocas - Gerônimo Ribeiro que vendeu para Pedro Kraus que, em
1968 vendeu para Gomercindo Carvalho, que vendeu para
Waldemar Kicköffel.
1969/ Lajeado Marrocas - Eliseu Linck, Baldoino Glänzel até 1980 quando foi vendido
70 para o Sr. Darci Adão Glänzel que vendeu, em 1988 para
Jaime Edemar Weber, e este 1993, vendeu ao Sr. Lídio Glänzel.
1962 Lajeado Marrocas - Miro Ribeiro que vendeu para Eugênio de Vargas e fechou em
1965
- Ernani Müller (1968) funcionando 6 ou 7 meses.
- Alírio de Lima Martins - 1972 e vendeu para Danilo da
Rocha de Oliveira e este, para Lauri da Rocha de Oliveira. Em
1974 retorna Alírio de Lima Martins e abre outro bollicho, que
depois de 2 anos vendeu para o Sr. Ieribert Theobald Glänzel,
que continua até hoje.
- Edemar Glänzel – 1991.
1953 Esquina Água Fria - Guilherme Gehler que vendeu para Dorvalino Behrens, este
vendeu para Augusto Genro, este para Nehring e, por último,
Ervin Zinnau.
- Fechou em 1975.
? Esquina Fitz - Fridolino Freitag e a contar de 1957 Vili Fitz; encerrando as
atividades na década de 1960.
a) Os Carroceiros:
b) Os Viajantes:
______________________________________________________________________
__________
(137) In História da Localidade de Vila Pratos - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(138)
(“O Velho Cavaleiro-viajante ao seu Burro
Tens cerca de trinta anos de idade,
E vivenciaste alguma tempestade.
Sempre me carregaste com segurança
Em dias bons e maus
E nunca tremeste ou estremeceste.
Ficamos muitas noites
Na mata, só nós dois
Também fora, no campo aberto
Onde entre cobras, sapos e corujas
Ficamos completamente sozinhos.
Falar, tu nunca falaste
Porém eu te entendia
Eu reconheci, mesmo de longe,
O teu relinchar, e o distinguia.
O que era bom para mim.
Muitas vezes, a noite
Fugiste do potreiro.
Porém, tua voz maravilhosa
Te denunciava a minha ira
E logo se dizia: “Ele já o pegou”.
E, quando muitas vezes
Fiquei atolado com você no barro
Daí não adiantava esporrear ou bater
Eu tinha de descer do celim
E só então, saías do lugar.
Teu apetite era sempre
Sadio e nunca mau
Se era milho, raízes,
Brotos ou resteva seca
Com tudo estavas satisfeito.
Deixa que eles debochem de mim
Tu ficas com minha simpatia
Mesmo que muitas vezes,
por pouco descíamos a ponte
Tu nunca me abandonaste
Como uma mula fiel.
_____________________________________________________________________________
__________
(138) Die Riograndenser Musterreiter - Porto Alegre - 1913.
Se um dia eu mesmo for idoso
Tu nunca sofrerás miséria
Daí tu podes comigo em casa ficar
Eu só te cavalgarei a passeios
Até a morte te levar.
Artur Spindler.”)
Para fazer frente às necessidades cada vez maiores dos agricultores, surgem as
primeiras iniciativas cooperativistas.
Num primeiro momento, surgem as chamadas Cooperativas Rurais, organizadas
e gerenciadas pelos próprios agricultores, com o objetivo de comercializar seus produtos
por melhores preços, barateando o custo das mercadorias que precisavam adquirir.
Analisando-se a História das diferentes Localidades que constituem o atual
município de Novo Machado, constatamos que a primeira experiência cooperativista,
nesta região, ocorreu em Vila Pratos, em 1938, sendo esta “interligada à Imigração
Russa, constituída de russos, ucranianos, búlgaros e poloneses”... (143) sob a
denominação de Cooperativa Sul-Bras-Pol, sob a administração do Coronel, dicidente
das Forças Armadas Polonesas, Spiridion Bileski.
“Na matriz, haviam instalado uma enorme trilhadeira, fixa, estacionária,
movida a diesel e era utilizada pelos sócios, para trilhar: linhaça, cevada, trigo e
milho.” (144)
Como a colonização russa, estendia-se também as áreas que hoje compõe os
municípios vizinhos de Dr. Maurício Cardoso e Horizontina, esta Cooperativa mantinha
uma filial em Secção 19, Horizontina. Esta Cooperativa, além de comprar os produtos
coloniais, mantinha um comércio geral, encerrando suas atividades, no início da década
de 1950.
Posteriormente, iniciativas desta natureza foram surgindo em diferentes
localidades.
“Em 1955, surgiu uma Cooperativa Rural, que durou 10 anos, desaparecendo,
por motivo de concorrência de outros comércios maiores e, por dificuldades
financeiras.” (145)
Outra cooperativa, de que se tem notícia em Vila Pratos é a Cooperativa Mista
Pratos Ltda., que funcionou de 1957 a 1964, sendo seu primeiro presidente o Sr. Paulo
Barassuol e seu gerente administrativo o Sr. Osvaldo Barasuol. Esta contava,
inicialmente, com 22 sócios.
______________________________________________________________________
__________
(142) In História da Localidade de Lajeado Machado - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(143) I n História da Localidade de Vila Pratos - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(144) Id. Ibid.
(145) In História da Localidade de Lajeado Limoeiro - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(146) In História da Localidade de Vila Pratos - NOVO MACHADO - RS - 1995.
Cooperativa Mista Pratos Ltda - Vila Pratos
4.2.4. O Cooperativismo
A Cooperativa Mista São Luiz Ltda., chegou em nosso município, como filial da
matriz estabelecida em Cinqüentenário, em novembro de 1955.
______________________________________________________________________
__________
(147) Barsa - Vol. 6 - pág. 12.
Esta filial, permaneceu nesta localidade até o ano de 1984, sempre sob a
gerência do casal Ângelo e Vergínia Golin, em cuja propriedade estava estabelecida.
A pedido dos associados e de outros produtores agrícolas, esta filial, transferiu-
se para um lugar maior e mais centralizado, ou seja, para Vila Machado (hoje, 1996,
sede do município), em 1º de janeiro de 1984, onde inicialmente contava com 80 sócios.
A Filial de Novo Machado, situa-se na Avenida Pratos.
A COOPERMIL contava em 07 de abril de 2005, com um total de 4.221
associados, dos quais 239 pertencem à filial de Novo Machado – RS, a Unidade era
atendida por 15 funcionários.
4.2.6. Moinhos
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__________
(148) Enciclopédia do Estudante, vol. 4, pág. 926.
Também os imigrantes, inicialmente, utilizaram o pilão como instrumento
auxiliar para descascar ou triturar os cereais, além de outros inventos que lhes facilitava
o trabalho.
“O Sr. Daniel Hess, fez um descascador manual, de madeira, que funcionava da
seguinte maneira: em baixo, era colocada uma madeira mais grossa (cepo), no qual
tinham queimado uma espécie de cavidade (buraco). Em cima, uma madeira mais fina,
recortada como uma engrenagem, pendurada por um pino e que encaixava na cavidade
do cepo.
Para descascar o arroz, ou triturar o milho (fazer canjica), girava-se,
manualmente, com auxílio de um cabo, a madeira superior, cuja extremidade girava
sobre os grãos, colocados na cavidade do cepo.
Para retirar o cisco e limpar os grãos, usavam-se peneiras.” (149)
Aproveitando os conhecimentos, trazidos ao Brasil pelos europeus, aos poucos, à
medida em que foram sendo produzidos os grãos, surgiram os primeiros moinhos, em
sua maioria, movidos com a força natural da água. Inclusive, dada a sua importância,
uma vez que o “pão” constituía-se como parte essencial da alimentação das pessoas, os
moinhos surgiram por toda parte.
Também nas localidades que hoje constituem o atual município de Novo
Machado, à medida em que foram colonizadas, surgiram diversos moinhos.
Ano de
Fundação Localidade Proprietários
1931 Lajeado Gateados Adolfo Krüger
1934 Barra do Terrêncio Rodolfo Ickert
----- Lajeado Limoeiro Sr. Ribeiro
----- Esquina Água Fria Luís Spilari
----- Água Fria José Vieira
----- Lajeado Limoeiro Fioravante Dallago
1950 Linha Machado Carlos Stein e filhos
1950 Entre Esquina Barra Funda e Lajeado Corredeira Osvaldo Hecher
1954 Três Pedras Salvador Abbe
1960 Lajeado Marrocas Baldoino Glänzel
1965 Esquina Boa Vista Edmundo Schlender
1994 Novo Machado Willi Steinke
“Os engenhos, após longos anos de serviço aos produtores vizinhos, começaram
a sucumbir a partir de 1967 quando o governo assumiu o monopólio da
comercialização do trigo e a maior parte dessas pequenas unidades, foi obrigada a
parar a golpes de Decretos e Portarias. A instalação de novos moinhos foi proibida e
todos os já existentes foram obrigados a produzir a totalidade das respectivas quotas
registradas. Nem todos conseguiram cumprir a determinação. A política de subsídio ao
trigo, instituída em 1972, ajudou a enfraquecer os poucos engenhos sobreviventes:
para o produtor, era mais barato vender trigo ao governo e comprar farinha subsidiada
no supermercado, do que mandar moê-la. Em 1974, a SUNAB, com uma Portaria,
fechou todos os moinhos coloniais”... “Com o monopólio da comercialização nas
mãos do governo, os moleiros não tinham acesso ao trigo barato entregue aos grandes
moinhos” ...
“ “A indústria do trigo era o melhor negócio do mundo para os donos dos
grandes moinhos”... “O governo bancava a compra do trigo, estocava o produto e
ainda o entregava na porta da fábrica””... (150)
Esta foi a realidade, ou quem sabe, a fatalidade que atingiu os pequenos moinhos
coloniais, também em Novo Machado.
______________________________________________________________________
__________
(149) In História da Localidade de Esquina Machadinho - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(150) Revista Globo Rural, nº 110, dezembro 1994 - pág. 31 e 32.
Dos onze (11) moinhos instalados nesta região de Novo Machado, até a década
de 1960, os quais, em sua maioria passaram por diversos proprietários, dez (10) foram
desativados no momento em que a política agrícola do país passou a favorecer e
estimular a comercialização do trigo, subsídiando a farinha. Na época, somente o
moinho Krüger conseguiu sobreviver, graças à persistência de seus proprietários e à
qualidade de seus produtos.
______________________________________________________________________
__________
(159) In História da Localidade de Lajeado Saltinho - NOVO MACHADO – RS - 1995.
Aproveitando a matéria-prima, existente em grande quantidade, as serrarias
produziam tábuas, pranchas, ripados de diversos tipos, madeira quadrada... Num
primeiro momento, facilitando a construção de casas e galpões, dos colonizadores que
vinham chegando, ou já estavam estabelecidos em choupanas rudimentares, em suas
propriedades. Além disso, as serrarias existentes, contribuiram para a comercialização
da madeira, primeiro através dos carroceiros, depois transportada pelos caminhões que
surgiam, ou de balsas que, aproveitando o curso d’água, chegavam ao seu destino,
abastecendo regiões do estado ou de países vizinhos desprovidos desta riqueza natural,
que era a madeira.
A partir das pesquisas realizadas, conseguimos apurar algumas serrarias e seus
respectivos proprietários. Porém, como nenhum trabalho de pesquisa é completo e
acabado, também nesta área, cremos que, além das registradas, tenha havido outras que
não foram lembradas.
O Sr. Dorval Scheffer... “construia casas, galpões, pipas, raios para carroça.
Construiu a igreja de Nova Esperança. Também ajudou a construir a igreja de Lajeado
Limoeiro”. (161)
Com a extinção das reservas naturais de madeira, da nossa região e
consequentemente a desativação das serrarias, as carpintarias e marcenarias também
foram perdendo o seu espaço.
Tem-se informação que os Irmãos Hartwig, para fabricar os móveis, aberturas,
etc., compravam madeira no Paraná.
4.2.9. Ferrarias
4.2.12. Açougues:
b) Costureiras:
Assim como os homens dedicavam-se à costura na alfaiataria, confeccionando
principalmente roupas masculinas e casacos, também algumas mulheres dedicavam-se a
arte da costura, aperfeiçoando-se nesta atividade.
Verificando-se as Histórias das Localidades, encontramos diversos registros
referentes as costureiras que em épocas e situações diversas, marcaram sua presença,
contribuindo para a organização das famílias e a preparação das donas de casa,
conforme registra-se a seguir:
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(165) In História da Localidade de Lajeado Gateados - NOVO MACHADO – RS -1995
“A primeira costureira que se destacou nesta atividade, foi a Srª Olga Bender,
nos últimos anos da década de 1930 e no decorrer da década de 1940. Esta porém,
residia nas proximidades de Lajeado Gateados, mas atendia toda esta região.
Inicialmente, na atual cidade, destacou-se a jovem Carolina Luckrafka.
Outras costureiras que também se destacaram foram: Aldina Maske, Helena
Michalski, Elzira Scholze, Selma Gund, que além de realizar as costuras, ensinavam o
ofício à moças ou senhoras interessadas em aprender.” (166)
Um grupo de moças de Lajeado Gateados ocasião da
realização de um Curso de Corte e Costura - final da década de 1940
a Costureira era a esposa do Prof. Fischdick
Muitas outras se seguiram posteriormente, dentre elas: Olga Hess, Elsira Fenner.
______________________________________________________________________
__________
(166) In História da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO - RS - 1995.
4.2.14. Outros Empreendimentos Comerciais e Industriais:
a) Olarias:
b) Soques de Erva-Mate
c) Alambiques:
______________________________________________________________________
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(167) In História da Localidade de Vila Pratos - NOVO MACHADO – RS - 1995.
Data de Proprietário Localidade
Fundação
1930 Erich Wojahn Vila Pratos
----- João Fischer Lajeado Limoeiro
1940 Gottlieb Frank Vila Pratos
1940 Alfonso Ferreira Belo Centro
1940 Otávio dos Santos Lajeado Comprido
----- Francisco Bastiani Esquina Água Fria
----- Arthur Matschinski Vila Pratos
1987 Ermínio Menuzzi Boa União
1987 José de Oliveira dos Santos, Antoninho Boa União
Zamim e Alírio Carpenedo
1999 Dircei Vilson Schmidt Esquina Barra Funda
Canavial na propriedade da família Schmidt – Esquina Barra Funda – Novo Machado – RS.
d) Engenhos de Cana:
______________________________________________________________________
__________(170) In História da Localidade de Novo Machado - NOVO MACHADO – RS - 1995.
f) Padaria:
g) Estúdio Fotográfico :
Para registrar alguns fatos de sua vida, nos primeiros anos de colonização, vinha
para esta região, de carroça, uma fotógrafa da Colônia Guarani. As fotos tiradas por esta
senhora, possuem a seguinte impressão: “Foto Laranjeiras - José Sulek.”
Posteriormente, aqui, foram surgindo algumas iniciativas: Atanásio Demschuk e Bacilio
Prezief (Vila Pratos); Metke (Vila Machado).
Com o passar dos anos, as pessoas só procuram os serviços fotográficos em
ocasiões especiais, pois um bom número possui suas próprias máquinas fotográficas.
Além disso, atualmente, o vídeo, vem substituindo cada vez mais os registros
fotográficos.
A partir de 2003, surge em Novo Machado, um Estúdio Fotográfico, pertencente
à Srª Lurdeti Fitz Sipert, a qual, além de fotografar, realiza serviços de ornamentação,
decoração e filmagens de momentos importantes das pessoas.
h) Oficinas
A atividade que ainda permanece e que perdurou através dos tempos, foram as
oficinas.
Estas surgiram com a chegada dos maquinários agrícolas e dos carros. À medida
que estes foram aumentando, surgiram mais oficinas e, as existentes, foram se
atualizando.
Paralelamente à Oficina de Armando Ickert surge em Novo Machado, no ano de
2000, uma Fábrica de Torcidos, oferecendo à localidade e região, uma ampla variedade
de modelos para decoração, grades e portões. Esta máquina, porém, já foi vendida em
2004/2005.
A Oficina de Armando Ickert, além dos serviços de mecânica, implantou erm
2004, um serviço de torno, altamente tecnificado, produzindo peças para as duas
maiores fábricas de colheitadeiras da região: John Deer e Maxion.
Atualmente, no município de Novo Machado, há 16 mecânicos cadastrados, que,
dentro de suas possibilidades, fazem frente ao atendimento de consertos em geral,
oferecendo serviços de: mecânica, eletrecidade, chapeamento, pintura, etc...
i) Outros Serviços:
Hectares Quantidade
00 a 10 901 Propriedades - 62,00 %
11 a 20 395 Propriedades – 27,19 %
20 a 50 145 Propriedades - 9,98 %
50 a 100 008 Propriedades - 0,55 %
100 a 200 002 Propriedades - 0,14 %
200 a 500 -0-
mais de 500 002 Propriedades - 0,14 %
Da mesma forma, é interessante observar a distribuição das terras no
que se refere às diferentes culturas anuais cultivadas.
Produtos Área (há) Produtividade Volume
Cultivada (kg/há) Produzido (ton.)
Soja 12.000 2.400 28.800
Milho 5.000 3.600 18.000
Trigo 4.000 1.800 7.200
Feijão 1º safra 40 1.200 62.250
2º safra 15 950
Triticale 500 2.400 1.200
Outros (Fumo) 236 1.800 425,8
D E C L A R A:
Artigo 1º - Estado de Emergência em todos os municípios que
compreende a região da Grande Santa Rosa.
Artigo 2º - Fica cada Executivo Municipal a seu critério, a prerrogativa de
Decretar Estado de Emergência, conforme lhe confere a lei Orgânica Municipal.
A exemplo de todas as áreas, também o setor agrícola foi e está sendo palco de
profundas transformações tecnológicas, que visam, acima de tudo, o aumento da
produtividade e a redução de custos. O elemento primordial que preconiza esta
modernização é o amplo emprego de maquinários, o uso de insumos químicos e
biotecnológicos fornecidos pela atividade industrial, introduzindo um processo intenso
de mecanização e de divisão de trabalho.
Segundo Antônio Márcio Berainaim, especialista em Economia Agrícola, “Hoje
o Agronegócio é o setor que segura a Economia Nacional”, ao mesmo tempo em que se
questiona: “Quem tem acesso à Tecnologia?”. Sabe-se que, a nível de Brasil, de 4,6
milhões de agricultores do país, 4,1 são agricultores familiares, com pouca terra e
acessos limitados a créditos, conhecimentos e tecnologia. Isto explica que os avanços
tecnológicos, tanto no que se refere à produção agrícola, quanto à pecuária de leite, de
corte e também outras áreas do agronegíocio, em sua maioria, são realidades distantes
da maioria dos produtores.
Segundo Denise Elias, o estreitamento das relações entre a produção agrícola e
o restante da economia é um fator importante quando se quer distinguir a agricultura
contemporânea daquela existente antes da revolução tecnológica, sendo que esta
processou-se de forma extremamente seletiva.
José Augusto Padua, resume esta situação da seguinte forma:
a) Estímulo à transformação da grande propriedade em grande empresa, com o
crescimento da mecanização em detrimento da permanência de famílias pobres no
campo.
b) O desinteresse pela Agricultura Familiar, que ficou praticamente excluída, até
recentemente do crédito e da assistência técnica, provocando o abandono de milhares de
pequenos proprietários, pela incapacidade de competir nesse novo ambiente sócio-
econômico.
A Nível de Novo Machado, a realidade não é outra. Temos que considerar que
hoje, em 2005, ainda convivemos com duas faces da economia rural:
a) Há quem trabalha sob a luz da orientação tecnológica, empregando maquinários
cada vez mais sofisticados, modernos e potentes;
b) Há quem luta para melhorar o que tem e faz, buscando informações, recursos,
aplicando-os à medida de suas possibilidades, muitas vezes endividando-se de forma
preocupante;
c) E, há os que se vêem envolvidos por este tumulto tecnológico e já não encontram
forças e motivação para continuar trabalhando a terra, como vinham fazendo, e
acabam migrando, vendendo suas pequenas propriedades, indo em busca de trabalho
nos centros urbanos. Estes são os que caracterizam o êxodo rural, ainda muito
presente em nossas localidades do interior, especialmente onde as terras são mais
difíceis de serem trabalhadas e onde as propriedades são menores.
Por outro lado, merece destaque a atividade agropecuária do nosso município,
apesar de todas as dificuldades, caracterizam-no como um município essencialmente
agrícola, onde se produz soja, milho, fumo, trigo e forrageiras das mais diversas,
possibilitando a produção de leite, como fonte de renda alternativa.
5. VIDA SOCIAL E CULTURAL
5.2. O Trabalho
Antes de ser uma obrigação, o trabalho é uma necessidade do ser humano, quer
seja, econômica, social, mas sobretudo, cultural. A vontade de trabalhar, a organização e
a disciplina do trabalho, está, como se diz, no “sangue dos nossos antepassados - do
europeu”.
Para gozar de respeito e prestígio, entre os colonizadores, de qualquer
nacionalidade, a pessoa precisava ser “trabalhadora”, esforçada, dedicada, “caprichosa”,
no sentido de trabalhar bem sua terra, sua lavoura, administrar bem o que é seu.
Não quer dizer que, entre os colonizadores não houvesse aqueles que, como
dizem os mais velhos, “estão à procura de quem inventou o trabalho”. Mas estes, com
certeza, não são os amigos preferidos, valorizados.
A idéia “do suor do teu rosto, comerás o pão de cada dia”, foi e continua sendo,
o lema para muitas, talvez para a maioria das pessoas.
Algumas canções e/ou poesias, refletem esta valorização do trabalho, como por
exemplo esta:
“Trabalho é glória, e quem trabalha,
Vive feliz, sereno e são”...
Neste enfoque, há também uma notável inclinação no sentido de que, na prática,
somente conta o trabalho braçal, que exige esforço físico. Razão pela qual, o trabalho
intelectual, muitas vezes, não é considerado, fazendo surgir coisas do tipo: “suor de
Funcionário Público, cura até câncer”; ou “este sim, ganha fácil o seu dinheiro”...
5.3. A Língua
Sem dúvida, o maior fator de desenvolvimento e de preservação cultural, foi e é,
a Língua. Através da comunicação, cujo principal veículo é a “Língua”, é que se
desenvolvem os mais diferentes aspectos culturais.
Tradicionalmente, todos os grupos que constituiram e efetivaram, a colonização
de Novo Machado, cultivaram com ênfase e fervor a sua Língua de origem: alemães,
italianos, russos e outros, falavam, cantavam, liam e escreviam, quando o faziam, em
sua língua materna.
Revendo-se a história das diferentes etnias, constata-se que, na verdade, foram
os Alemães que cultivaram sua Língua de origem com maior ênfase, conforme se
percebe também em Novo Machado, nas diferentes comunidades onde predomina a
colonização alemã.
Com referência a esta questão achamos oportuno registrar aqui a seguinte
poesia, que retrata bem o carinho e importância dada ao assunto.
“Obiges Gedicht hat mir meine Mutter, Johanna Uhlig, auf meine Reise
mitgegeben, als ich nach Brasilien auswanderte.
______________________________________________________________________
__________
(177) Brasil Post - Ijuí - RS / 22/07/1989.
Tradução:
(Não esqueça a Língua Alemã!
Vocês, que ao solo natal alemão
Desejaram para sempre um “Viva bem”.
E aqui, na nova colonização
No coração carregam silenciosamente a saudade
A vocês eu conclamo com fé, convicto
E peço cheio de confiança
“Não vos deixem roubar a cultura!
Não esqueçam a língua alemã”!
Como os heróis alemães um dia lutaram
Por aquilo que o espírito altivo construiu
O que Liberdade e União almejavam,
Não caiam no domínio do esquecimento;
Deixem os netos ler surpresos
Em língua alemã, fiéis e serenos.
E assim ficará o que havia
Não esqueçam a língua Alemã!
Por isso pai, que após um dia de trabalho,
Conduz a mão insegura do filho
Não esqueça de criá-lo no sistema alemão.
Cuide para que ele cante músicas alemãs
Ensine-lhe, em alemão, os dez mandamentos
E diga-lhe que um décimo primeiro diz:
“Permaneça fiel à Alemanha até a morte
Não esqueça a língua paterna!”
Lembrem-se das últimas palavras de bênção
De advertência, que no coração ressoam,
Com as quais, na despedida
Chorando saiste da Pátria;
Por vocês chamavam corações alemães
“Até a vista! Não esqueçam de nós!
Pensem nisto, na alegria e na dor,
Não esqueçam a língua Pátria!”
Quem cansar da própria língua,
Sentindo-se melhor com linguagem estrangeira,
Quer negar, no compromisso.
Estes, afastem com rancor e vergonha.
A cultura alemã não quer descompromissados.
Mas exige corações de peso
E quem se oferta a mediocridades
Este, a língua alemã não saúda!
A língua alemã deve ecoar,
Onde a mão alemã construiu o teto
Livre dos corações deve ecoar
O hino pátrio com vigor.
O bonito, o perene, o sério e grande
O fiel, verdadeiro, os valores, a luz,
Fique nos corações a língua -
“Não esqueçam a Língua Alemã!”)
(Poesia que minha mãe, Johanna Ulig, me deu para me acompanhar na viagem, quando imigrei para o Brasil.
Carlos Werner Uhlig - Porto Alegre - RS.
Publicada no Jornal Brasil Post de Ijuí em 22/07/89.)
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(178) COSTA, Rovílio e BATTISTEL, Arlindo. Assim vivem os Italianos - Vol. 2, Pág. 902.
Salada Mista
De manhã eu me levanto
Wens zum frischtik apitirn tut
Den forher ist muito frio
und dan schleft sich noch so gut
Morgens frie o galo canta
ki ki ri ki das stert mich nicht
vai tu lá plantar batata
unt ich rier noch lang mich nicht.
A Srª Emma Buss, uma imigrante que veio ao Brasil em 1926, escreve em sua
Autobiografia:
... “Meine freude die ich hatte war Singen. Ich habe über 30 Jahr im Choor
gesungen, und Abens haben wir viel Volkslieder gesungen, mitt unsre Nachbars und mitt
unsre Kinder”...
(Minha alegria era cantar. Eu cantei no Coral por mais de 30 anos, e de noite,
cantavamos muitas canções folclóricas com nossos vizinhos e com nossos filhos)...
Nota: Coral na Igreja, música sacra.
Tradução:
(A vida na Colônia
Tradução:
Tradução:
Tradução:
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__________(181) WOLFF, Herbert. Pionire im Land der Gaúchos. Alemanha, 1984 - pág. 83.
Conjunto de Sopro da Comunidade Conjunto de Cordas da
Evangélica Luterana Trindade (IELB) Igreja Batista Zoar
Regente: Gustavo Gund Regente: Berthold Rosennau
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(182) In História da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO - RS - 1995.
5.5. As Visitas
Talvez, a maneira mais comum e mais marcante que os colonizadores,
respeitando-se principalmente os grupos étnicos, encontraram para manter vivas suas
raízes culturais, foram as visitas.
Para realizar as visitas, os colonizadores não conheciam distâncias, nem
dificuldades, nem falta de tempo. As pessoas sentiam necessidade de aproximação, de
calor humano, para encontrar forças para lutar e vencer as agruras do seu
empreendimento.
5.6. Festas
5.6.1. Aniversários e Casamentos:
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(187) In História da Localidade de Três Pedras - NOVO MACHADO - - RS - 1995.
(188) In História da Localidade de Lajeado Marrocas - NOVO MACHADO – RS - 1995.
“Casamento de Teobaldo Herbert e Helga Uhlmann - 1951 - Três Pedras.”
À noite, muitos jantavam na casa da noiva, onde era servido o que sobrou, com
galinha assada, salame e cuca.
A festa de casamento, era muito animada com música e foguetes. Em algumas
localidades “durante o casamento, haviam pessoas que declamavam poesias.
No passar da meia-noite, isto ainda nas festividades, era retirada a grinalda da
noiva, sendo bem cerimoniosa. Era sorteada uma pessoa, esta devia cantar uma
canção, ao retirar a grinalda.
Os noivos retiravam-se do local da festa, só após, todos os convidados saírem.”
(189)
Em algumas localidades, onde a dança fazia parte dos costumes e tradições, após
a janta, realizava-se o baile, que muitas vezes estendia-se até a madrugada do dia
seguinte.
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(189) In História da Localidade de Esquina Machadinho - NOVO MACHADO – RS - 1995.
Anos atrás, “as festas de casamento eram o dia todo e convidava-se toda a
família. Hoje, só convidam 2 pessoas por família”. (190) Hoje, geralmente, os
casamentos realizam-se à tardinha, e à noite, é servida a janta.
“As pessoas se divertiam muito mais do que hoje.
Atualmente a Festa de Casamento é só umas horas da noite, nem dá para
conhecer a noiva direito”. (191)
“Das Fest beginnt mit einer kurzen Andacht. Dann bläst die Musikkapelle, die
von Buricá gekommen ist. Sie spielt muntere Weisen und deutsche Lieder. Es gibt
Verlosung, Versteigerung, Spießbraten, Kaffeetrinken und viele Spiele. Sogar eine
Kegelbahn haben sie aufgebaut. Der lange Freiherr von Specht verkauft Lose.
Edmundo beschäftigt sich auf der Kegelbahn. Ich versuche mein Glück am
Schießstand.” (192)
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(190) In História da Localidade de Lajeado Limoeiro - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(191) Id. Ibid.
(192) WOLFF, Herbert. Pionere im Lande der Gaúchos. 1981.
(A festa inicia com um breve culto. Daí toca o conjunto de Sopro que veio de Buricá.
Eles tocam músicas alegres e hinos alemães. Há sorteios, leilões, churrasco, café e muitos jogos.
Até um bolão foi construído. O velho “Freiherr von Specht” vende números de rifa. Edmundo
ocupa-se com o jogo de bolão. Eu tento minha sorte no Tiro ao Alvo).
Às vezes, havia ainda as tortas de segredo, onde as pessoas pagavam uma certa
importância pelo direito de procurar adivinhar o “segredo”. Quem acertasse, levava a
torta como prêmio.
“Durante os anos da década de 1930, os “Conjuntos de Sopro” existentes nesta
região, realizavam, no Rio Uruguai, a “Festa dos Conjuntos”. Era uma festa muito
bonita e, quando havia Balsas no rio, os conjuntos colocavam-se sobre ela tocavam
suas canções.”
(Palavras do Sr. Léo
Lúcio Fenner).
Atualmente, além das festas do Padroeiro da Capela, os católicos de Novo
Machado, participam da Festa de São Roque, padroeiro da Paróquia, que é realizada em
Tucunduva, no mês de agosto. A Festa de São Roque é uma das mais tradicionais da
Diocese e reúne um grande número de fiéis.
As demais denominações religiosas a IELB, IECLB, as Igrejas Batistas,
Congregacionais e outras, também realizam anualmente suas festas comunitárias, de
confraternização, cada uma respeitando os seus princípios.
Parece-nos que hoje, as festas religiosas têm decaído no sentido religioso. Há
uma preocupação maior com a parte social, conforme podemos perceber no depoimento
a seguir:
“As festas, inicialmente, eram encontros fraternos onde o importante era a
pessoa, a conversa, o canto, a gratuidade e a coparticipação. Seus esportes não eram
competitivos, violentos, individualistas como o é o futebol, mas eram comunitários,
artísticos como o são a mora, o jogo de cartas, jogo de bochas... Hoje, as festas
perderam a graça justamente por se tornar um comércio, uma feira. Perdeu-se a
espontaneidade, a gratuidade e o canto. No campo religioso, esvaziaram-se pela
introdução do comércio consumista e dos objetivos de lucros. Não são um momento
alto da vida espiritual das comunidades. No campo cultural, propiciam o esvaziamento
dos valores rurais, com a introdução das coisas da cidade, por exemplo, o Whisky em
vez da graspa, a cerveja em vez do vinho... A liturgia foi empobrecida: Não se fazem
mais procissões...” (193)
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(193) BATTISTEL, Arlindo S. Colônia Italiana, Religião e Costumes, 1981 - pág. 91.
(194) Revista Saga. Ano I, nº 1, dezembro de 1990.
(195) In História da Localidade de Esquina Barra Funda - NOVO MACHADO – RS - 1995.
“A primeira festa realizou-se em 1953, no salão do Jacó Salvador. Em 1956, foi
mudada para o armazém do Alberto Drost. Armazém este, que servia para armazenar
os produtos comprados na região e para realizar a Festa de Kerb.
Alguns anos depois, mais ou menos, em 1960, Teodoro Pitrowski construiu um
salão, passando a realizar-se a festa neste salão. Mais tarde ainda, construíram um
pavilhão aberto, onde as pessoas festejavam ao ar livre de dia. À noite, para o baile,
passavam para o salão. Comentam os mais antigos, que nesta época, era bem mais
bonito e com mais respeito e não visava tanto lucro como hoje. Era mais um encontro
de amigos e parentes, que se reuniam para se divertir.
Em 1988 foi construído, com grande sacrifício, o pavilhão, onde hoje se realiza
a festa de Kerb. Este pavilhão ainda não está pronto, mas a comunidade está se
esforçando, para que fique pronto o mais rápido possível.” (196)
Esta festa, é uma tradição trazida pelos colonos alemães, procedentes de Santa
Cruz do Sul. A comunidade definiu realizá-la todos os anos, no quarto domingo e na
quarta terça-feira do mês de maio.
Na parte da manhã, realiza-se o culto, ao meio-dia almoço, com churrasco,
galinha assada, salada, pão e cuca. O chopp é bastante consumido, durante a tarde e à
noite. Mas o essencial da Festa do Kerb é o baile. Há muita dança, que acontece no
domingo à tarde e à noite e na terça-feira à noite.
Segundo pessoas mais idosas da localidade, esta festa tornou-se tradicional,
porque era a maior e mais bonita festa do ano.
De acordo com os participantes da Festa de Kerb, a realizada na terça-feira, é
maior e mais divertida do que a de domingo, porque tem brincadeiras tradicionais e
típicas dos alemães. A seguir mencionamos algumas dessas brincadeiras.
Hoje, em 2005, a Festa de Kerb da Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana no Brasil, realizou-se em sua 52ª Edição.
a) A Brincadeira da Garrafa
“A brincadeira da garrafa, consiste em 1º lugar, em esconder uma garrafa
enfeitada com papel colorido, uma noite antes do Kerb, em lugar próximo a estrada e
numa distância em torno de uns 100 metros do salão ou pavilhão.
O conjunto musical sai tocando juntamente com o público, que vai a procura da
garrafa. Quem encontrar, deverá entrar no salão com a garrafa escondida, pois existe
um grupo de jovens, formado por casais, que se chamam “Kerb Jungs” que cuidam a
porta do pavilhão, para que a pessoa, que tem a garrafa, não consiga entrar com ela.
Caso a pessoa de posse da garrafa, consiga entrar com ela no salão, os casais
chamados “Kerb Jungs”, terão que pagar uma dúzia de cerveja para ela; caso
contrário, a pessoa de posse da garrafa, terá que pagar também uma dúzia de cervejas.
(197)
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(196) In História da Localidade de Esquina Barra Funda - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(197) In História da Localidade de Esquina Barra Funda - NOVO MACHADO – RS - 1995.
Brincadeira da Garrafa
Kerbfest - Esquina barra Funda
b) A Dança da Fita
“A Dança da Fita foi trazida pelas senhoras Ana Junker e Hedvirges Pöersche
de Santa Cruz e elas, foram as coordenadoras desta dança, aqui na comunidade. Esta
dança era apresentada nas festas de Kerb e de escola. Atualmente não é mais dançada,
por falta de coordenador e ninguém quer mais responsabilidade.” (198).
Dança da Fita. Entre as participantes estão as Srªs
Cecília Drost, Alicia Rusch, Verena Drost e Ingrid Junke.
Coordenadoras: Hedvirges Pöersche e Ana Junke.
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(198) In História da Localidade de Esquina Barra Funda - NOVO MACHADO - RS - 1995.
Já na festa de 1996, conseguiu-se resgatar algumas comidas, ornamentação,
trajes típicos, etc.
O grupo de jovens da IECLB, tentou resgatar a Dança da Fita e empenhou-se no
sentido de organizar um grupo de Dança Folclórica Alemã, o qual manteve-se ativo por
diversos anos.
Realizou-se também, em 1999, o “I Seminário da Etnia Alemã” na sede no
município, sendo palestrante, um filho desta terra, Professor da UFRGS, e da PUC de
Porto Alegre, Prof. René Ernani Gertz.
Grupo de Danças da Etnia Alemã, aprensentando a Dança da Fita no
Desfile Cívico-Cultural em Novo Machado - Setembro / 96
Grupo de Danças “Frölich Kerb Tanz” – Esquina Barra Funda – Município de Novo Machado – RS
– participando da 2ª Noite da Cultura Popular de Novo Machado, em 1999.
Cartão do almoço
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(203) BATTISTEL, Arlindo Itacir - Colonia Italiana - Religião e Costumes. 1981 - pág. 46.
Von 15.00 bis 17.00 Uhr läuft dann pausenlos unser Singspiel, d. h. in den
Pausen singen wir alle zusammen immer ein Volkslied, das in das Singspiel hineinpaßt.
Es sind immerhin zweihundert Jugendliche zusammen, die auch beschäftigt werden
wollen. Um 18.00 Uhr müssen die Busse schon wieder abfahren, damit die
Jugendlichen vor Sonnenuntergang zu Hause sind”. (205)
(Senhor Edmundo não me dá sossego. Com o Coral da Comunidade ele quer participar.
Estou planejando uma Festa da Juventude, para a qual o professor de Tucunduva - Machado e o
professor de Pessegueiro com seus jovens, estão convidados. A nossa juventude está ensaiando
uma Peça Teatral: Hans na Felicidade. A participação do coral significa um enriquecimento.
Edmundo, está ensaiando três músicas folclóricas que se encaixam na peça. Pelo seu calendário,
ele escolheu um domingo sem chuvas. Nossa festa inicia com um Culto Jovem, na Igreja. Sobre
carros de carga chegam os jovens. Churrasco não vai haver, porque não conseguimos dinheiro
para isso. Os jovens que vem da mata simplesmente não têm dinheiro. Já é um milagre eles
terem conseguido juntar o dinheiro para a passagem (viagem). Logicamente ajudaremos com
um oferta voluntária (coleta). Mas para o almoço, abrigamos os jovens nas famílias. Isto força a
solidariedade e forma amizades e a união da comunidade.
Das 15:00 até às 17:00 horas, sem intervalo, decorre nossa apresentação, isto é, nos
intervalos cantamos em conjunto, uma música folclórica que combina com a apresentação. São
aproximadamente 200 jovens que se reuniram que também querem ser entretidos. Às 18:00
horas, os carros já precisavam sair, para que os jovens possam estar em casa, antes do sol
entrar).
Enquanto em algumas regiões os jovens se envolviam com danças e bailes,
desenvolvidos sempre com muito respeito, em outras, preferia-se as reuniões juvenis,
onde além do cultivo da língua e da cultura, enfatizava-se a vivência religiosa e cristã.
Ali cantavam, apresentavam e assistiam a peças teatrais e brincadeiras (brincadeiras de
roda e jogos).
Esta prática das reuniões juvenís tomaram forma em praticamente todas as
denominações religiosas, perpetuando-se ao longo dos anos.
Porém, em muitos casos, com o passar do tempo, o espaço destinado ao lazer e à
vivência folclórica e cultural foi sendo absorvido, quase que exclusivamente, pela
música sacra e outras atividades essencialmente religiosas.
Hoje, em algumas denominações religiosas, busca-se resgatar os aspectos
culturais e folclóricos, envolvendo os jovens em músicas, canto, teatro e dança
folclórica, levando a efeito apresentações artístico-culturais, enquanto que em outras, as
atividades restringem-se essencialmente ao fortalecimento da fé cristã: palestras,
estudos, teatro com temas religiosos, músicas e canto, retiros espirituais, congressos...
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(205) WOLFF, Herbert. Pionere im Lande der Gaúchos, 1981, Alemanha.
5.7. Os Bailes:
Uma das formas de lazer, desenvolvidas em algumas localidades, foram os
bailes.
Os bailes das gerações passadas, eram diferentes dos de hoje em todos os
sentidos, como demostra a seguinte citação:
“De quando em vez havia um baile. Mas não bailes como hoje, nos bailes de
então, podia dançar até Nosso Senhor, pois eram bailes decentes e quem não se
comportava direito, não podia entrar. Eram bailes de sociedade seleta e, por isto, o
baile era um bom divertimento. Começava-se às 20 horas e, à meia-noite, estava tudo
acabado. Sucedia sempre algo desagradável, como acontece hoje também, porque não
quero dizer que nós éramos todos anjos. Mas, nada de vergonhoso como hoje.” (206)
Os bailes reuniam muita gente e eram animados.
A divulgação era feita pessoalmente de pessoa para pessoa. À tardinha largava-
se foguetes, como forma de convidar o público.
O início do baile acontecia no escurecer ou em torno das 20 horas prolongando-
se até meia-noite. Mas, tem-se informação de que, quando o baile estava animado, ia até
o clarear do dia.
Quando os músicos começavam a tocar, largava-se foguetes para anunciar o
início do baile.
As pessoas deslocavam-se para ir ao baile de carroça, cavalo ou a pé. As moças
quando iam a pé, tiravam os calçados e iam pé descalço, para evitar calos ou mesmo
para não estragar. Quando chegavam no salão, lavavam os pés e colocavam os sapatos
ou sandálias.
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(206) BATTISTEL, Arlindo J. e COSTA, Rovílio. Assim vivem os Italianos - Vol 1. Escola Superior
São Lourenço de Brindes e Ed. da Universidade de Caxias do Sul, 1982.
A animação do baile, geralmente estava a cargo de um conjunto muito simples
formado por gaita, acordeão, violão e alguns possuiam jaz, pandeiro, pistão, saxofone.
As músicas eram largadas, não havia música lenta.
Nem todas as localidades possuiam salão de baile, porém não abriam mão dos
bailes, usando para isso, casas particulares.
“Os bailes eram feitos em casas particulares, que serviam como salão. Eram
freqüentes. Fazia-se baile até para inaugurar casas novas. Iniciavam cedo. O convite
era feito verbalmente.” (207)
Não havia venda de mesas. Ao redor do salão, colocavam-se bancos para as
pessoas sentarem. Geralmente, as moças ficavam num lado do salão e os rapazes no
outro.
Os pais acompanhavam as filhas e muitos levavam os filhos menores junto.
Quando estes adormeciam eram colocados num quarto, sobre cobertores.
Com relação aos ingressos, estes variavam de localidade para localidade. Em
alguns salões os adultos pagavam ingresso e tinham direito a janta, na qual era servido:
café, cuca, salame fervido, carne de porco assada e galinha assada.
Em outros salões ou localidades, tinha-se outros procedimentos, como podemos
ver na citação a seguir:
“Não eram cobradas entradas. Todos entravam no salão e só após algum
tempo, depois do início do baile, é que se cobrava alguma taxa, mas somente de quem
dançava. Quem pagava era identificado com uma fita, que era anexada na camisa do
homem e lhe dava o direito de dançar no baile. Em cada baile, era trocada a cor da
fita, para evitar que alguém usasse a fita do baile anterior. Mas como sempre tem
algum esperto, a turma começou a repassar a fita para os colegas, em troca de uma
cerveja. Para evitar essas atitudes, começou-se a anotar o nome de quem pagava. As
mulheres e moças não pagavam nada. O dinheiro arrecadado era dado como
pagamento, para os músicos.” (208)
Nos Bailes de Dama ocorria o inverso, só as moças pagavam ingresso.
Nem sempre os bailes eram a noite, em algumas localidades, realizavam os
matinés, nos domingos à tarde. A exemplo disso, temos hoje as reuniões dançantes.
Como não havia luz elétrica, a iluminação era feita com lampiões, que eram
pendurados no salão. Os lampiões também foram mudando de acordo com a evolução e
o progresso. Assim tivemos lampiões simples, Petermax, Aladim, Liquinho a Gás, até
chegar à luz elétrica.
Para conservar a bebida fresca, empregava-se diferentes estratégias, tais como:
colocar no porão, largar no poço dentro de um balde ou colocar sacos de estopas,
molhados sobre as garrafas. Na época vendia-se gasosa, vinho e cerveja.
Os russos também, apesar dos rigores com que viviam, gostavam de festas,
músicas e danças.
Uma dança típica, trazida pelos russos e que chegou a ser cultivada também na
colônia russa desta região, foi a “Dança dos Kosakos”.
Outra característica marcante dos bailes da época, eram os bailes de Rei e de
Dama, cultivados principalmente entre alemães.
“No ano de 1960, surge outro salão, este de sociedade, com bolão e bolãozinho.
Fazia-se bailes de Rei (o melhor do Bolão) e os Bailes de Damas. Para estes bailes,
outras Sociedades Esportivas e Recreativas eram convidadas, entre elas: Esquina
Barra Funda, São Roque (Tuparendi) e Tuparendi. Posteriormente, devolvia-se a visita.
Nestes bailes, dançava-se a “Polonesi” ou “Polonesa” e, depois da meia-noite, os
casais e namorados que quisessem, degustavam um café, com lingüiça cozida e cuca,
mediante o pagamento de uma importância em dinheiro, podiam comer a vontade”.
(209)
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(207) In História da Localidade de Lajeado Limoeiro - NOVO MACHADO – RS -1995.
(208) In História da Localidade de Vila Pratos - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(209) In História da Localidade de Três Pedras - NOVO MACHADO - 1995.
“BRIGA NA CARREIRADA
Autor: Reinoldo Bastiani
Mais tarde o senhor Ângelo Turra construiu outra cancha de carreira, em sua
propriedade. Esta cancha foi desativada em 1965, por ocasião do início da mecanização
da lavoura.
Nas carreiras de Esquina Água Fria, vinha muita gente dos municípios vizinhos,
principalmente de Horizontina e Tuparendi.
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(210) In História da Localidade de Esquina Água Fria - NOVO MACHADO - RS - 1995.
Corrida de cavalos Cancha de Carreira
Esquina Água Fria
5.9. Esporte
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________(211) In História da Localidade de Vila Pratos - NOVO MACHADO - 1995.
Ata de Fundação
Sociedade Esportiva e Recreativa Pratos conquistou o 1º lugar (taça maior) no torneio de
Inauguração do Bolão do Clube Concórdia de Santa Rosa em 12.05.57.
Titulo Patrimonial
(Frente)
(verso)
Lamentavalmente, por razões diversas, a Sociedade encerrou suas atividades no
final da Década de 1960, deixando inacabado o projeto de Construção de uma sede
própria.
b) Sociedade de Damas
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(212) In Historia da Localidade de Esquina Barra Funda - NOVO MACHADO - RS - 1995.
Nesta Sociedade, os sócios eram admitidos através da votação dos membros,
isto é, não bastava a pessoa querer, era preciso que fosse uma pessoa idônea, aceita
pela sociedade. Os seus associados, reuniam-se a cada dois meses, sendo que num
encontro praticavam Tiro-ao-Alvo e noutro, Jogo de Bolão. No final do ano, realizava-
se um baile para a Coroação do Rei - num ano, do Bolão; noutro do Tiro-ao-Alvo. O
Rei, era sempre aquele sócio que fazia mais pontos num ou noutro esporte.
Esta sociedade foi muito ativa, chegando a participar de competições com
outras sociedades, inclusive em outros municípios.
Encerrou suas atividades durante a década de 1970, porque muitos dos seus
idealizadores e sócios mudaram-se e os mais novos não tiveram interesse em manter a
entidade.” (Depoimento do Sr. Valdir Bubans).
5.9.3. O Futsal
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(214) In História da Localidade de Vila Pratos.- NOVO MACHADO – RS – 1995
Lajeado Limoeiro - uma sintética (comunidade religiosa católica e uma lisa particular)
Esquina Água Fria - uma sintética (comunidade religiosa católica)
Lajeado Marrocas - uma de areia (comunidade religiosa católica)
Nova Esperança - uma sintética (comunidade religiosa católica)
Esquina Barra Funda - duas lisas (uma comunidade religiosa católica e outra particular)
Lajeado Corredeira - uma lisa (particular)
Boa União - uma de areia (comunidade religiosa católica)
Vila Pratos - três de areia (uma no CTG e duas particulares)
Lajeado Saltinho - uma lisa (comunidade religiosa católica)
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(215) In História da Localidade de Nova Esperança - NOVO MACHADO - RS - 1995.
Até poucos anos atrás, o jogo de bochas era visto como jogo dos “velhos”,
porque geralmente os que mais jogavam eram pessoas de meia idade e idosos. Mas hoje,
com a decadência do futebol e com o aperfeiçoamento das canchas, muitos jovens estão
jogando e se interessando pelo esporte.
Nos últimos anos, algumas entidades organizaram torneio de casais, onde as
mulheres, nestas ocasiões, também participam deste jogo.
5.9.6. O Bolão:
5.11. Artesanato:
Após a realização do baile, que deixou um bom lucro para a Escola, o grupo
continuou reunindo-se, discutindo a forma de organização. Conseguiu estruturar-se,
efetivando a Fundação do CTG João Tucunduva.
Inauguração do CTG João Tucunduva - 12.06.86
Nos seus dez anos de existência, o CTG João Tucunduva tem participado e
promovido diversas atividades, marcando presença em Desfiles, Bailes e outros eventos
de natureza tradicionalista.
Recebimento da Lança Farroupilha (que percorreu o Rio Grande do Sul
por ocasião dos 150 anos da Revolução Farroupilha - 1985). Salão Paroquial - Tucunduva.
Festa Nossa Senhora dos Navegantes. Procissão no Rio Uruguai. Início da década de 1950.
Festa Nossa Senhora dos Navegantes. Procissão no Rio Uruguai. Início da década de 1960.
b) Trilha Ecológica:
c) Balneário Griger:
Nesta propriedade, em 2003, foi construída uma pista de Motocross, onde foram
realizadas duas competições.
Antes Depois
- Missa - rezada em Latim; - missa na língua do povo (no nosso caso:
- Padre de costas para o povo; Português);
- o povo rezava o terço durante a - Padre voltado para o povo;
missa; - Povo participa da liturgia e dos cantos;
- Na Igreja - O Santo Padroeiro ocupava - A cruz de “Nosso Senhor Jesus Cristo” passa a
o centro do altar. ser o centro.
- Altares altos. - Altares rebaixados.
- As Igrejas possuíam torres - Igrejas sem torre.
altas.
- Igreja com poder totalmente - Igreja participativa: Abriu-se para os
centralizado na mão do clero ministérios. Há maior participação de leigos.
(Papa, Bispos e Padres). - A Catequese, baseada em textos bíblicos,
- A Catequese, era exclusiva- envolvendo a participação dos catequizandos,
mente na base de perguntas e com atividades práticas.
respostas (memorização). - A Bíblia foi colocada na mão do povo. Todo o
- A Bíblia estava exclusivamente cristão tem acesso.
na mão dos religiosos. Só eles - Houve muitos cursos para orientar os leigos na
podiam lê-la. interpretação da Bíblia.
7.1.1. Correio:
Por outro lado, a comunicação escrita, cujo principal veículo é a carta, já chegou
a esta região, com os colonizadores, principalmente para satisfazer necessidades
afetivas. Os que vinham, deixavam laços de amizade e parentesco e, faziam o possível,
para manter viva esta aproximação, mesmo que fisicamente estivessem separados pelo
Oceano.
“Ainda no navio Monte Sarmiento - Monte Oliva, com o qual viemos ao Brasil
(1925), eu escrevi a primeira carta depois que saímos de Berlim. Esta carta era para a
minha prima e colega de aula que ficou na Alemanha”. (Depoimento da Sr. Gretel Busse).
Embora os Serviços Postais em sua origem, tenham se constituído em forma de
livre comunicação entre as pessoas de quaisquer partes do mundo, desde que houvesse
meios de transporte, estes estiveram sujeitos a severas restrições e fiscalizações no
período da 2ª Grande Guerra, quando, no Brasil, se desencadeou o movimento
Nacionalista.
Prova disto são as cartas, cujo envelope era aberto e novamente fechado, com o
Selo da Censura e só depois disto, encaminhadas aos destinatários, como se vê no
envelope a seguir.
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__________225) Enciclopédia BARSA - Vol. 5. Pág. 439.
No início da colonização desta região, o Serviço de Correio mais próximo,
localizava-se em Santa Rosa. Para enviar ou receber correspondências, as pessoas
tinham que comunicar-se com o “Correio”. Para vencer as distâncias, valiam-se do
auxílio do cavalo, das carroças que eventualmente dirigiam-se para esta localidade, ou
desta, para locais onde havia estes serviços.
Posteriormente, passaram a utilizar-se dos “carroceiros” e dos “viajantes” que, a
partir das casas comerciais, encarregavam-se de levar as correspondências das
localidades e também, trazer as que se destinavam aos moradores da mesma.
Taxa Postal
Cartas: As cartas simples, até 20 gramas devem levar o selo de 400 réis, se são
destinadas para o Brasil ou qualquer república americana e da Espanha; para o resto do
mundo a taxa é de 1$200.
As cartas que pesam mais de 20 gramas, exigem o aumento de 200 réis para outras 20
gramas ou sua fração, se são dirigidas a qualquer parte pan-americana, e 700 réis se são
destinadas para qualquer outro país.
Para a correspondência dentro do município o selo para cada 20 gramas é de 200 réis.
Bilhetes postais simples: endereçados para o Brasil, ou outras repúblicas americanas
e Espanha, têm a taxa de 200 réis, e 500 réis para qualquer outra parte do mundo.
Impressos em geral: até 50 gramas, na América e Espanha, 100 réis; até 100 gramas,
200 réis, até 200 gramas, 300 réis, e para cada 100 gramas, mais 150 réis, sendo aceitáveis até
o peso de 2 kilos.
Para os outros países os impressos pagam 250 réis para cada 50 gramas de peso.
As taxas dentro do município são 100 réis para cada 100 gramas.
Amostras: na América e Espanha 200 réis para cada 100 gramas; para outras partes
do mundo, 250 réis para cada 50 gramas, taxa mínima de 500 réis. No município para cada
100 gramas, 100 réis.
Pequenas encomendas: No Brasil, América e Espanha, 600 réis até 100 gramas e mais
200 réis para outras 100 gramas ou fração. Para o resto do mundo, 500 réis para cada 50
gramas, sendo a taxa mínima de 2$500.
Registro: de uma carta 800 réis, para outros paizes 1$300.
Cartas de valor declarado: pagam além da franquia e o registro, 200 réis para cada
20$000.
Para o aviso de recebimento mais 600 réis.
Fechamento da Mala para Porto Alegre 16 horas 2ª, 3ª e 5ª feira.
Assim como em 1996, ainda hoje, em 2005, a Agência local, possuí três postos
no interior, conforme mencionamos abaixo:
- Vila Pratos - efetua as seguintes atividades: entrega e recebimento de
correspondências simples; entrega de correspondências registradas, encomendas e
sedex.
- Esquina Barra Funda - entrega de correspondências simples.
- Três Pedras - entrega de correspondências simples.
A Agência do Correio local, possuía em 1996, um movimento diário, em média
de:
- correspondências entregues nas residências: 58.
- correspondências restantes, que permanecem no correio: 49.
- emissão diária: 28.
- registros expedidos: 3.
- registros recebidos: 3.
Como a Empresa de Correios é um Órgão Federal, os funcionários ingressam na função
de Agentes, mediante Concurso Público. A agência de Novo Machado contou desde a
sua fundação, com as seguintes Agentes: Magali Luiza Envall e Ingrid Cristina
Scheunemann (atual).
Em 15 de abril de 2002, foi inaugurado o Banco Postal, uma parceria dos
Correios com o Banco BRADESCO, funcionando como correspondente bancário e não
como Agência.
Este BANCO POSTAL, oferece os principais serviços Bancários, desde
abertura de contas, pedido de talões de cheques, recebimentos de títulos, extratos e
depósitos, facilitando o acesso da população aos serviços do BANCO BRADESCO.
Atualmente, em 2005, a Agência mantém seu funcionamento através dos
serviços da Agente Ingrid Cristina Scheunemann Sell e Rodrigo Cassarotti, que realizam
uma entrega diária de cerca de 100 objetos e correspondências simples e registradas,
expedindo igualmente, cerca de 40 objetos.
7.1.2. Rádio:
7.1.3. Televisão:
A exemplo da surpresa que causaram os primeiros rádios, a chegada da Televisão
causou um impacto ainda maior. O grande rádio, onde podia-se ver o homem que
falava, era uma novidade enorme e todos queriam ver como era este aparelho,
aguardando com expectativa a oportunidade de vê-lo.
Tem-se notícia que as primeiras televisões que entraram em nosso município,
foram adquiridas com a finalidade para assistir a Copa do Mundo em 1970.
Os primeiros televisores eram preto e branco, mas assim mesmo chamavam
muita atenção:
“Muitas vezes, a imagem não permitia identificar bem o que se passava na tela.
Mesmo, não sendo boa a imagem, a mesma chamava muita atenção e freqüentemente,
aglomeravam-se pessoas nas casas, para assistir algum programa”. (230)
“Muitas pessoas dessa comunidade, assistiram a primeira copa do mundo pela
TV no ano de 1970. A vizinhança toda ia assistir. O proprietário não cobrava dos
telespectadores, e sim, oferecia chimarrão, pé-de-moleque”. (231) elétrica, no decorrer
dos anos da década de 1970 e início de 1980, praticamente em todas as localidades,
chegou a televisão, inicialmente em preto e branco, sintonizando somente a TV Globo.
Mais tarde, chegaram as primeiras TVs coloridas e logo em seguida, os Buster’s
UHF, as antenas Parabólicas, possibilitando à população novomachadense o acesso a
outros canais e emissoras. Há inclusive, pessoas que hoje sintonizam, além dos canais
nacionais (cerca de 22), canais internacionais (Argentina, Alemanha...)
______________________________________________________________________
(227) In História da Localidade de Belo Centro - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(228) In História da Localidade de Barra do Machado - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(229) In História da Localidade de Lajeado Limoeiro - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(230) In História da Localidade de Vila Pratos - NOVO MACHADO - RS - 1995.
(231) In História da Localidade da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO – RS - 1995.
Com a interiorização da televisão, que trouxe muitas informações, as famílias
passaram a ter mudanças radicais em sua estrutura familiar. O diálogo entre as pessoas
da família, (casal, pais e filhos) foi substituido pelos programas de TV: novelas,
notícias, filmes, jogos, etc. passando a transformar os hábitos da família, principalmente
dos jovens, que passaram a incorporar no seu comportamento outros valores, regeitando
muitas vezes, as orientações dadas pelos pais e sociedade local.
As visitas de parentes, amigos e vizinhos, também reduziram, porque as pessoas
ficam presas à “telinha” e alegam “não ter tempo”.
As leituras também foram substituídas pelos programas de TV.
Com a TV, o mundo tornou-se pequeno. Fatos e acontecimentos ocorridos em
qualquer parte do mundo, imediatemente, são transmitidos a todos os povos. Os casos
mais trágicos, transmitidos com maior ênfase, afetam o sentimento das pessoas,
principalmente as mais sensíveis.
Através da propaganda, a TV passa a criar “necessidades” nas pessoas. Objetos,
produtos, moda... até então desconhecidos, passam a ser adquiridos, muitas vezes, sem
necessidade.
Por outro lado a TV transmite cultura e conhecimento. Porém, devemos ser
críticos diante das informações dadas, selecionar os programas e saber aproveitar aquilo
que é bom e útil.
7.1.4. Telefone:
_____________________________________________________________________
(232) Enciclopédia Barsa, vol. 5 - pág. 441.
(233) Id Ibid.
(234) In História da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO – RS - 1995.
Após a emancipação de Novo Machado, uma das grandes metas da
Administração Municipal, foi a de viabilizar uma melhor comunicação do município
com o mundo, através da Implantação do Sistema DDD.
“Neste sentido, a Administração Municipal de Novo Machado, empenhou-se em
dotar, a Sede do Município e o Distrito de Vila Pratos, com os benefícios de Telefonia
Automática. A administração intensificou os contatos com a CRT e a empresa que
desenvolve estudos de viabilidade, sendo que o número mínimo de terminais exigidos
foi ultrapassado, cujo fato, contribuiu para a efetiva implantação do Sistema DDD em
Novo Machado.
No dia 08 de fevereiro de 1994, realizou-se uma Assembléia Geral para a
formação da Associação de Desenvolvimento Urbano de Novo Machado, entidade esta,
que administrou a instalação do Sistema de Telefonia Automática no município. Após
instalado o sistema, esta entidade repassou a CRT, a Central.
A entidade elegeu como presidente, Guilherme Alfredo Arndt; Vice-presidente,
Walter Janke, Secretário, Valdi Gerstberger e para Tesoureiro, Mário Reimann.
A participação da Prefeitura Municipal neste empreendimento, foi a doação do
terreno e a construção do prédio. Localiza-se na Rua Independência, ao lado do Posto
Atlantic, bem próximo a Prefeitura, numa área central da cidade.
No dia 08 de março de 1994, foi efetuado o pagamento do terreno. O referido
imóvel, foi declarado de utilidade pública, para fins de desapropriação por convenção
amigável, o que agilizou a transação.
No dia 25 de maio de 1994, aconteceu a abertura das Cartas Convites, com
vistas a construção do prédio da CRT. Na oportunidade, habilitaram-se para a
construção da obra, várias construtoras. Abertas as propostas, foi vencedora a
Empresa Matiazzi Engenharia. Ficou determinado, que as obras deveriam ser iniciadas
no dia 01 de junho/94.
No início do mês de setembro/94, chegaram os primeiros equipamentos, para a
instalação da Central de Telefonia Automática de Novo Machado. Esses equipamentos,
foram entregues pela Empresa TECMA. Esta empresa foi a encarregada de instalar o
sistema.
Concluída a construção do prédio, a Administração Municipal aguardou a
liberação oficial do mesmo, pelo Departamento de Engenharia da CRT, bem como a
conclusão do levantamento que a CEEE realizava com vistas a utilização dos postes
para a distribuição da rede telefônica, tanto da cidade como de Vila Pratos.
Com um sistema totalmente informatizado, foi inaugurado dia 14 de julho de
1995, a nova Central Automática da CRT do município com o código (055) 544. Esta
central DDD, é uma das mais modernas do Estado, por possuir um sistema totalmente
informatizado, segundo informações do Supervisor Regional da CRT. A nova central,
conta com 150 assinantes, mas tem capacidade para 2.000.” (235)
Para viabilizar a instalação e o funcionamento da CRT em Novo Machado, o
município construiu e doou, através da Associação de Desenvolvimento Urbano de
Novo Machado, o terreno e o prédio, cedendo também os funcionários para o
atendimento dos serviços ao público.
Com a Implantação do Sistema DDD em Novo Machado, possibilitou-se a mais
algumas localidades, embora seja a particulares, o acesso aos serviços telefônicos:
Esquina Machadinho, Lajeado Touros e Nova Esperança.
No decorrer do ano de 1996, houve inscrições para novos assinantes, cuja
relação chegou a aproximadamente 100 (cem) interessados.
A História da telefonia em Novo Machado, está ligada a D. Etelvina Fronza
Busanello, pela prestação deste serviço como telefonista, a esta comunidade, por mais
de 20 anos, razão pela qual, registramos neste espaço, alguns dados sobre sua vida e seu
trabalho.
______________________________________________________________________
(235) In História da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO – RS - 1995.
“Na nossa Igreja (IECLB) em Linha Machado, o Sr. Metke, um homem que lia
muito e ouvia as notícias pelo rádio, quando chegava, estava sempre rodeado por
pessoas que queriam ouvir o seu relato”.
(Depoimento do Prof. René Gertz).
______________________________________________________________________
__________
(240) In História da Localidade de Esquina Machadinho - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(241) In História da Localidade de Barra do Machado - NOVO MACHADO – RS - 1995.
Caso idêntico, registra-se em Esquina Barra Funda, pois a estrada que ligava
esta localidade a Lajeado Saltinho, oficialmente é a que passa por cima, entrando na
esquina do “moinho velho”, como é chamada. A estrada a Lajeado Corredeira e dali a
Saltinho, costeando o rio, é bem posterior.
Dentre as maiores dificuldades encontradas nos primeiros anos da emancipação
de Tucunduva, destacam-se:
- os maquinários rudimentares, com poucos recursos;
- os atoleiros que se formavam a partir da água que se acumulava nas baixadas
e nos divisores de água.”
(Sadi Pacheco).
No projeto de Colonização da região costeira do Rio Uruguai, empreendido e
desenvolvido pela Companhia Dahne Conceição, a estrada oficial projetada, ligando, no
nosso caso, Belo Horizonte (atual Horizontina) ao atual município de Novo Machado,
estendia-se de Vila Pratos, Barra do Machado, por Esquina Carvalho, Esquina Boa
Vista, até Esquina Fitz, conforme pode ser visto no mapa de colonização da Companhia
Dahne Conceição, no item 3.4 (Terras demarcadas na Zona do Rio Uruguai).
Com a emancipação, Novo Machado, herdou do município mãe, uma malha
rodoviária de aproximadamente 300 Km de estradas municipais e cerca de 100 Km de
estradas particulares.
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(242) BARSA, vol. 15, pág. 170.
(243) Id Ibid
“Viemos com o navio alemão até o Rio de Janeiro, em 1924. De lá até Porto
Alegre, com um navio brasileiro, pequeno. Depois, de trem até Santo Ângelo. Até Santa
Rosa, de carroça alugada, esta de 5 m de comprimento, puxada por 8 mulas, na qual,
vieram 4 famílias.
De Santa Rosa até na barca do Rio Santa Rosa e de lá, até Linha Machado,
(Lajeado Terrêncio) 25 Km, a pé, com auxílio de um cavalo, que nosso pai adquiriu, o
qual transportou os pacotes.”
(Palavras do Sr. Helmuth Kaffka).
Não se tratava mais da falta de conhecimento, dos diferentes meios de
transporte. Tratava-se sim, da total ausência de condições: estradas e recursos.
Porém, tão logo os colonizadores começaram a instalar-se em suas propriedades,
produzindo os elementos básicos para a sobrevivência, com a possibilidade de vender os
excedentes, começaram a construir seus meios de transporte e transformar suas picadas
em estradas.
“Em nossa localidade, a primeira pessoa a ter uma carroça, foi o Sr. Rudolfo
Nickel, que já a trouxe com a sua mudança.
Em 1924, foram compradas as primeiras carroças na região” ... (244)
Já em 1935 começaram a surgir as primeiras ferrarias, com o principal objetivo
de construir carroças, com múltiplas finalidades.
Mais tarde, algumas ferrarias passaram a fabricar “Carrocinhas de Mola”, as
quais serviram, durante muitos anos, ou melhor, até meados de 1970, como confortáveis
“carros de passeio”, quando foram substituídos pelos automóveis.
Sr. Júlio Buchholz - Linha Machado – Município Santa Rosa – RS - com o seu carro 27.
Õnibus 06
Reboques 05
Caminhões 130
Motonetas 06
Automóveis 749
Camionetas e Caminhonetes 123
Microônibus 02
Motocicleta 213
Semi-Reboque 19
Caminhão trator 13
T O TAL 1.266
(247)
7.2.2.1. Transporte Fluvial
É interessante observar-se que, a ocupação da região mais costeira do atual
município de Novo Machado, no caso: Barra Funda, Lajeado Corredeira, Belo Centro...
aconteceu via Rio Uruguai, que assim, para estas localidades, tornou-se o primeiro
caminho, através do qual, comunicavam-se com outras localidades.
_____________________________________________________________________________________
__________
(246) In História da Localidade da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO - RS - 1995.
(247) DETRAN// INTERNET/ 2004.
“A localidade, era totalmente coberta de mata. O rio, era a principal estrada. O
transporte dos produtos, das mudanças e dos animais, era feito por água.” (248)
Além disso, o Rio Uruguai serviu também como importante via de escoamento
de uma das primeiras e maiores riquezas da região: a madeira. Retirada da mata com
muito sacrifício, as toras eram amarradas com cipós, formando as famosas “balsas”, que
transportadas através das águas do Rio Uruguai, passavam a ser comercializadas em
Uruguaiana, abastecendo principalmente a fronteira gaúcha e a Argentina.
__________________________________________________________________________________________________________
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(249) In História da Localidade de Vila Pratos – NOVO MACHADO – RS – 1995.
Para ter-se uma idéia, do surgimento e evolução do Transporte Coletivo, na
região que hoje compõe o município de Novo Machado, reportamos o leitor ao quadro
seguinte:
Em 2005:
A contar
1 – Lajeado Corredeira, Lajeado Saltinho, de 1997
Barra Funda, Esquina Barra Funda, Vila
Pratos, Novo Machado, com destino a
Tucunduva, Santa Rosa.
8.2.1. As parteiras
______________________________________________________________________
__________(255) In História da Localidade de Esquina Barra Funda - NOVO MACHADO – RS -
1995.
(256) In História da Localidade de Lajeado Saltinho - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(257) In História da Localidade de Lajeado Marrocas - NOVO MACHADO – RS - 1995.
Este carinhoso “vovó”, deve-se merecidamente, ao fato de que, na verdade, ela
não desempenhava apenas uma função técnica, mas era sobretudo, uma presença
positiva nas famílias, onde, muitas vezes, permanecia por vários dias, antes e depois do
nascimento dos bebês. Assim, ela conhecia as situações familiares e convivia com a
família, auxiliando e aconselhando-a, a partir de suas experiências e convicções. ...
“Quando meu marido foi encomendar a parteira para o parto, ela quis vir junto,
porque faltava apenas 4 a 5 dias para o parto, permanecendo na nossa casa, alguns
dias após o nascimento do nenê.” (258)
Ela tornava-se muitas vezes, a mãe, a irmã mais velha, a enfermeira, a psicóloga,
e a médica da parturiente. Mas sobretudo, era uma “grande amiga”, em quem a mãe que
estava por dar a luz, confiava, aceitando seus conselhos.
Em geral, tinha grande conhecimento de medicina caseira: receitava chás, fazia
massagens e consultava as parturientes. Muitas vezes, posicionava o bebê corretamente,
através de massagens pré-natais, facilitando-lhe o nascimento.
Mais tarde, às vezes, dadas as dificuldades existentes, os poucos médicos e
hospitais que haviam, encarregavam-se de treinar pessoas interessadas e habilidosas,
para que pudessem auxiliar as parturientes que as procurassem, uma vez que poucas
destas, procuravam os hospitais para dar a luz a seus filhos. Exemplo disto, registramos
a seguir:
“No início de 1964, por um período de três meses, (D. Luisa Rehfeld), obteve
treinamento no hospital de Tucunduva, junto ao médico Dr. Osvaldo Teixeira e
enfermeiras”... (259)
Porém, a maioria destas senhoras corajosas e dedicadas, não possuíam preparo
técnico algum, mas contavam unicamente com coragem e a graça de Deus, como relata
o Sr. Helmuth Kaffka, em sua autobiografia: “Auch war keine Diplomirte Hebame hier.
Aber, es gab koraghirte Frauen, Die die arbeit taten”, (260) o que traduzindo que dizer:
(Também não havia Parteiras diplomadas aqui. Mas, havia senhoras corajosas que realizavam
este trabalho).
Quando, por ventura, um parto “ia mal”, a parteira sofria com a família e com
ela se solidarizava. Às vezes tinha que encaminhar as parturientes a médicos e hospitais
distantes, o que em geral, já muito tarde, resultava na morte da criança ou da mãe,
quando não das duas. Estas situações eram para as famílias e para ela, muito dolorosas,
porém faziam parte das condições de vida de uma nova colonização.
Com a interiorização da medicina e o surgimento de hospitais, as “parteiras”
foram cedendo seu espaço, ao atendimento hospitalar mais eficiente e seguro.
Também nas localidades do atual município de Novo Machado, havia diversas
parteiras, hoje lembradas com carinho por pessoas que, ou tiveram a assistência destas
no nascimento de seus filhos, ou então, nasceram com a ajuda da “vovó”.
Dentre as muitas parteiras que, com ou sem treinamento especial, serviram às
famílias, foram lembradas as seguintes: Luisa Rehfeld, Elena Bortoli Mistura, Stefânia
Rigon, Maria Freddi, Mina Klats, Alélia dos Santos, Margarida Vineis, Rosalina
Schimitz, Leopoldina Padilha, Lúcia Ferrari, Anastácia Golevski, Armanda Morais,
Maria Hartfeil, Natália Hess, Srª Matais. Além destas, muitas pessoas lembram da “D.
Josefa” que morava em Tucunduva e atendia também esta região. Esta, diziam, era
“Diplomada na Polônia”. Certamente havia outras, que no transcorrer dos anos,
prestaram seus serviços com dedicação e lealdade, porém hoje, permanecem no
anonimato.
Alguns fatos relacionados a este importante trabalho, lembram a precariedade
das situações em que viviam as pessoas e a maneira como elas procuravam resolver suas
dificuldades.
“D. Maria preparava uma mistura de cachaça, açúcar, canela, manteiga ou
banha e dava para as mulheres tomar. Isto funcionava como anestésico.” (261)
_____________________________________________________________________________________
__________
(258) In História da localidade de Barra do Machado - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(259) In História da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO - RS - 1995.
(260) In História da Localidade de Novo Machado - NOVO MACHADO - RS - 1995.
(261) In História da Localidade de Lajeado Gateados - NOVO MACHADO - RS - 1995.
8.2.2. Curandeiros(as) e Benzedeiros(as)
Salvo-Conduto
Documento exigido para que as pessoas pudessem deslocar-se de uma localidade a outra.
Acompanhou a família Reinke na sua mudança de residência de Santa Cruz do Sul para Ijuí - RS.
Carroça que o Sr. Carlos mandou fazer em Horizontina (Lajeado Guilherme) .
Na foto, a carroça com a junta de bois que trouxe a mudança da família para
Esquina Barra Funda – Santa Rosa - 1944.
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__________
(262) In História da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO - RS - 1995.
...“O senhor Adolfo Krüger que dirigiu os destinos desta Sociedade Hospitalar
desde a sua fundação até esta data como presidente desta instituição, dirigiu breves
palavras a assembléia esclarecendo, que pelo motivo de ter vendido suas quotas, não
pretende mais ser eleito para exercer cargos e por se achar muito ocupado em seus
interesses que o rodeiam, agradece a assembléia tanto os presentes como os ausentes,
pelos votos de confiança e dignidade que a sociedade tem confiado e depositado em sua
pessoa.
___________________________________________________________________________________
(263) Fonte: Instrumento Particular de Contrato da Sociedade por Quotas de responsabilidade da
“Sociedade
Hospitalar Linha Machado Limitada.”
In Secretaria do Hospital - Novo Machado-RS, 1996.
(264) Livro de Atas da Sociedade Hospitalar Linha Machado Limitada - In Secretaria do Hospital
– Novo Machado – RS – 1996.
Em ata da sessão do dia 9 de junho de 1962, encontramos o seguinte registro:
Em retribuição: Eu como Secretário da Sociedade Hospitalar Linha Machado
Ltda, tomo a liberdade de agradecer em nome da sociedade o dinâmico presidente da
Sociedade Hospitalar Linha Machado, o senhor Adolfo Krüger, que em momentos mais
difíceis da organização desta sociedade, soube prestar os seus mais valorosos serviços,
dirigindo os destinos desta sociedade em toda plenitude, colocando os interesses da
sociedade acima de todos interesses particulares, sacrificando até a própria vida, não
medindo esforços, trabalhando sempre em benefício da coletividade, mostrou assim o
seu alto valor moral e intelectual, merecendo portanto os nossos mais profundos
agradecimentos ficando aqui o seu nome registrado na história, para servir de exemplo
para outros que vem ocupar um cargo tão significativo, portanto não posso deixar de
escrever aqui um lema do qual é merecedor: Trabalhando pelo gosto de servir, e ser
útil, realmente é uma obra divina.
Também ao Sr. Arnaldo Saft, que veio ao mesmo tempo exercendo as funções de
vice-presidente desta sociedade, quero expressar em nome da sociedade a minha
satisfação, eu como secretário e diretor-gerente desta sociedade, cargo este que venho
exercendo aproximadamente três anos e meio, devo confessar sinceramente, que
tivemos como vice-presidente um homem de valor, que trabalhou, até altas horas da
madrugada comigo na administração, e organização da sociedade, servindo-me de
bom conselheiro, e exemplo para outros, merecendo meus mais profundos
agradecimentos”...
(Secretário da Sociedade: Albino Fridolino Hegele) (265).
Como em qualquer outra sociedade, também nesta surgiram diferentes
dificuldades, entre elas: financeiras, divergência de idéias e decisões, dificuldades em se
conseguir médicos dispostos a assumir um hospital pequeno, de interior. Assim sendo,
ainda em 1962, levantou-se a idéia da venda de quotas, reduzindo-se os associados e,
assim, as idéias divergentes. Buscou-se, entre outras soluções, a colaboração do Dr.
Osvaldo de Aguiar Teixeira, Diretor da Sociedade Hospitalar São Francisco de Assis,
de Tucunduva, com o qual realizou-se uma reunião no dia 03/11/62, com o fim de tratar
sobre os destinos técnicos, comerciais e administrativos da Sociedade. Conhecedor das
principais
dificuldades, “traçou-se um esquema sobre as primeiras metas à atacar, iniciando-se
com a pintura do Hospital, cuja despesa o Dr. Osvaldo se propôs a custear em troca de
medicamentos que se encontravam em excesso na farmácia (266). A Assembléia ainda
decidiu “organizar uma junta de quatro pessoas para tomar as decisões necessárias,
constituindo-se esta, pelos Srs.: Sigismundo Hitz, Samuel Gertz, Ricardo Guse e o
Pastor Guilherme Lüdke, com poderes ilimitados para contratar médicos, enfermeiras,
ecônomos, empregados, farmacêuticos”..., por um espaço de 3 anos. (267)
Analisando-se algumas Atas da Sociedade, destacamos alguns fatos que
julgamos interessantes:
- 09/06/62 - a assembléia decide que os médicos não terão mais a participação de
25% do lucro líquido da farmácia, mas em troca não pagarão mais porcentagem de uso
das “ferramentas cirúrgicas”.
- 04/07/62 - em sessão extraordinária da diretoria, decide-se oferecer ao médico
10% do lucro líquido da farmácia e 10% da seção Hospitalar, após o balanço.
- 20/06/64 - em assembléia, os sócios decidem oferecer suas quotas ao Dr. Ailton
Lovato da Rocha, médico de Vila Pratos e ao Sr. Valmor Arany da Rocha, de Passo
Fundo.
- 27.04.66 - “foram abertos os trabalhos estando presentes o Sr. Arnaldo Saft, o
Dr. Claro Ayrton da Trindade Santos, médico do Hospital, e Dr. Ailton Lovato da
Rocha e o Sr. Valmor Arany da Rocha, estes últimos representando por procuração, os
seguintes sócios:
_____________________________________________________________________________________
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(265) Livro de Atas da Sociedade Hospitalar Linha Machado Limitada - Ata de 09/06/62.
(266) Livro de Atas da Sociedade Hospitalar Linha Machado Ltda - Ata do dia 03.11.62. In Secretaria
do Hospital.
(267) Id Ibid.
Sucessores de Rudolfo Leske, Ervino Rensch e Guilherme Much, Gottlieb
Baumgard, Carlos Stein, Mattilde Olsen - Balduino, Gerhard Kleinert, Adolf Fritz,
Mathes Kroll, Bernardo Schulz, Arthur Fernando Ladwig, Benjamin Horning, Ricardo
Kleinert, Erich Friske, Edvino Wutzke substabelecido por Alfredo Kelm, Ervin Fritz,
Frederico Guilherme Puffal, Alfredo Mayer substabelecido por Emilio Arnd, Alexandre
Pudel, Augusto Jerke, Helmuth Kaffka, Reinhard Fipke, Helmuth Welke, Otto Neumann,
Herberto Leopoldo Puhl, Bernardo Scholz, Wladimer Ermakowitch, Reinaldo Bubans,
Hilda Abel, Sigismundo Hitz, Alberto Gunsch, Gustavo Schröder, Henrique Kopp,
Antonio Felix Weber, Emílio Schulz, Edvino Dassow, Albino Wutzke, Ricardo Guse,
Jonathan Wutzke, Erich Germano Braun, Paulo Sonnenberg, Alberto Werner, Ricardo
Schive, Emílio Jek, Teodoro Giese, Adolfo Mayer, Gustavo Stein, Emílio Neumann,
Alfredo Herwich Jerke, Reinoldo Sipert, Alexandre Tiemer, Adolfo Ikert, Emanuel
Hartfeil, Alberto Maier, Gerhardt Fitz, Ervino Sonnenberg, Evaldo Pootz, Samuel
Gertz, e Hermann Kleinert.” (268)
Em Ata de 11/12/1971, encontramos o seguinte registro:
“Aos onze dias de dezembro do ano de mil novecentos e setenta e um, reuniram-
se os Sócios da Sociedade Hospitalar Linha Machado Ltda, tendo por ordem do dia:
1º: Eleição de nova Diretoria.
2º Assuntos Gerais.
Aberto os trabalhos com a presença do Sr. Arnaldo Saft, do Dr. Ailton L. da
Rocha, e do Sr. Jaime R. Porto, procurador da Sociedade e secretário da Reunião e do
Dr. Pedro Roman Ros, médico, estando ausente o Sr. Alberto Drost.
De comum acordo, resolveram confirmar o Dr. Ailton L. da Rocha na
Presidência, com as mesmas atribuições anteriores, ficando a parte técnica com o Dr.
Pedro Roman Ros.
O Sr. Arnaldo Saft continua como secretário e o Sr. Jaime R. Porto como
Administrador (Diretor Comercial)”... (269)
Anteriormente registra-se que as quotas do Sr. Valmor Arany da Rocha, foram
passadas também ao Dr. Ailton Lovato da Rocha.
Na última ata a que tivemos acesso datada de 29/12/75, (desconhecemos a
existência de outras posteriores), mencionam-se as pessoas presentes: Dr. Ailton Lovato
da Rocha, Arnaldo Saft, Jaime Reichel Porto, Dr. Luiz Humberto de Matos Meireles, e
registra-se a ausência do Sr. Alberto Drost.
Durante sua existência o Hospital foi administrado pelas seguintes pessoas:
Herberto Krapp, Albino Fredolino Hegele, Dr. Ailton Lovato da Rocha, Jaime Reichel
Porto, Lourdes Maria K. Porto e Álvaro Antônio Lovato da Rocha.
“A contar de 1985, o prédio hospitalar sofreu uma total reforma em sua
estrutura física, Bloco Cirúrgico, Apartamento, Instalações Elétricas e Hidráulicas que
remanesciam a sua fundação. Posteriormente, houve outras melhorias, pintura e
reformas, visando conservar o estabelecimento.” (Depoimento do Sr. Jaime Reichel Porto).
O Hospital de Vila Machado, no decorrer dos seus 38 anos de funcionamento,
manteve e mantém convênio com os diferentes órgãos do Sistema Previdenciário,
público e privado: FUNRURAL, INPS (depois INAMPS, INSS e hoje representado
pelo SUS), IPERGS, UNIMED, respeitando as normas estabelecidas nos diferentes
contratos.
Lamentavelmente, a deficiência dos recursos que o Sistema Previdenciário
destina aos Hospitais, tem criado, através dos tempos, mais e mais dificuldades para a
manutenção das entidades.
_____________________________________________________________________________________
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(268) Ata de 27/04/66 - Sociedade Hospitalar Linha Machado Ltda. In Secretaria do Hospital – NOVO
MACHADO – RS.
(269) Ata de 11/12/71 - Sociedade Hospitalar Linha Machado Ltda. In Secretaria do Hospital – NOVO
MACHADO - RS.
Diz Darcísio Perondi, Presidente do HCI de Ijuí: “Um hospital, hoje, depende
90% dos recursos oriundos da Previdência Social. Estes recursos são repassados
através do Ministério da Saúde, via INAMPS de Brasília, sob forma de pagamento dos
serviços prestados. Portanto, o hospital já gastou, já pagou o material, a hotelaria, e só
depois de 30 dias irá receber o atendimento realizado. O valor pago obedece a uma
tabela que é feita pelo INAMPS, em Brasília, a qual sempre está com os preços
defasados.
“Também em Novo Machado, esta luta não foi diferente. Na época em que os
medicamentos eram controlados pela URV, que sofria reajustes diários e só depois de
30 dias, recebíamos o ressarcimento previdenciário, sem reajustes, a manutenção do
Hospital era um caos.
Além disso, o que mantém mesmo o Hospital em Novo Machado, é o
atendimento particular, pois o que recebemos do SUS, mal dá para cobrir a folha de
pagamento dos 14 funcionários.
Hoje, o melhor convênio que o Hospital mantém é o da UNIMED, seguindo-se o
IPERGS, que neste último ano, tem melhorado seu tratamento com os hospitais, sendo
que anteriormente, também este chegava a atrasar seus pagamentos por 5 ou 6 meses.
O Hospital de Novo Machado, possuía, em 1996, 18 leitos e contava com 40
AIHs / mês (Autorizações para Internações Hospitalares), pelo SUS (Sistema Único de
Saúde), calculadas e destinadas ao município, de acordo ao seu nº de habitantes, quer
dizer, proporcionalmente à população existente, além das internações particulares ou
por algum convênio, no caso, IPERGS ou UNIMED”.
(Lili Sipert/96.)
Desde a sua fundação, a Sociedade Hospitalar Linha Machado Ltda, tem
oferecido relevantes serviços de Farmácia, sendo esta, até o momento, a única farmácia
da cidade.
“Quando vim trabalhar na Farmácia, em 1976, fiquei apavorada com o estoque
de medicamentos que havia em depósito. Naquele tempo, o prazo de validade era muito
maior. Hoje não é possível manter muito estoque e, o que existe, está na Farmácia.”
(Elci Krombauer/96.)
Em 1997, com o fechamento do Hospital, hoauve também a desativação da
farmácia, cujo estoque, foi adquirido pela Farmácia Indiana de Tucunduva, de
propriedade do Sr. Romir Knorst. Com o leilão do prédio, a Farmácia Indiana passou a
alugar o mesmo espaço onde a farmácia sempre esteve instalada.
Por um curto espaço de tempo, o Hospital contou também com um aparelho de
RX, de propriedade do Dr. Ailton Lovato da Rocha.
Nas pesquisas realizadas, evidenciaram se ainda, os serviços especializados em
Oftalmologia, prestados pelo Dr. Ailton Lovato da Rocha. “O Dr. Lovato vinha durante
uma quinzena então só atendia consulta dos olhos “Oftalmologia”, quando ele foi
morar em Porto Alegre”.
(Palavras de um paciente).
Nos seus 39 anos (1997) de existência, este Hospital, sem dúvida, fez parte da
vida da comunidade novomachadense, especialmente, por ter gozado em muitos casos,
do abnegado trabalho de profissionais competentes e dedicados, que fizeram desta
tarefa, não uma simples profissão, mas um sacerdócio, desempenhando seu papel com
extrema consciência e seriedade.
Dentre os profissionais anteriormente mencionados, tomamos a liberdade de
destacar alguns que, pelos longos anos com que serviram esta comunidade, deixaram
aqui suas marcas e consideramos justo, que esta obra lhes conceda um espaço que
registre suas Histórias.
Para nortear o trabalho, encaminhamos aos profissionais, questões, através das
quais, pensamos enfocar os principais aspectos da sua vida profissional: sua
procedência, o enfoque do seu trabalho, sua experiência como profissional desta área
tão importante e necessária, para as pessoas de todos os níveis sociais e culturais.
“Formei-me em 1959. No mês de setembro daquele ano, fui procurado pelo Sr.
Arnaldo Saft que estava em Porto Alegre à procura de médico, para substituir o Dr.
Tufi Haider que deixara o Hospital.
Naquela época, a preparação dos estudantes de medicina era diferente dos dias
de hoje. Não havia obrigatoriedade em freqüentar enfermarias e não havia residência
médica. Cada aluno, escolhia sua especialidade e freqüentava os serviços
correspondentes. Os que pretendiam seguir cirurgia começavam no segundo ano
fazendo anestesia, que era praticada com éter, que muitas vezes, era usado em máscara
aberta (em uma gaze sobre o nariz era derramado o anestésico) e todos, na sala de
cirurgia, saiam impregnados com o cheiro do mesmo. Foi neste período que surgiram
os anestesistas. Antes disso, eram as enfermeiras ou irmãs de caridade que faziam o
paciente dormir. Durante um ano trabalhei na enfermaria 13, da Santa Casa, usando
éter e o Nesdonal (que se usava por via endovenosa).
Em 1956, quando estava no terceiro ano, comecei a auxiliar cirurgias na mesma
enfermaria e em 1957 passei a atuar na Beneficência Portuguesa, que era um dos
melhores hospitais de Porto Alegre. Foram 3 anos de muito trabalho, muito estudo e
muita experiência. Esse trabalho, era realizado diariamente das 10 horas da manhã às
14 horas, nos dias úteis. Pela tarde aulas, enfermaria de pediatria, cardiologia,
urologia, clinica médica, etc. À noite, às vezes varando a madrugada, sala de parto
onde atendia até 20 parturientes. A dívida que tenho com as parteiras que me
ensinaram, é impagável. Em 1958 e 1959, trabalhei no SAMDU que se dedicava a
atendimento de urgência. Como a minha experiência em ortopedia e traumatologia era
pequena, fiquei alguns meses no Pronto Socorro, atendendo no ambulatório da
especialidade.
Quando saí da Faculdade, estava preparado para trabalhar no interior, tanto
que o Sr. Arnaldo Saft ficou admirado quando me perguntou qual o mínimo que eu
exigia para atender Machado e eu respondi, que não queria garantias e que se não
ganhasse o suficiente, tinha ofertas de Arroio do Tigre, Selbach e outros lugares que
estavam sem médicos.
Ao chegar em Tucunduva, que ainda não tinha se emancipado, a quantidade de
colegas era muito pequena. Três de Maio tinha o Dr. Portinho e mais um ou dois
médicos e o Dr. Einckoff estava chegando. Em Horizontina, Dr. Ambros e Dr. Walter
Simm. Em Tucunduva, Dr. Oswaldo Teixeira e depois Dr. Júlio. Em Tuparendi, Drs.
Hugo e Ruben Haase, Dr. Egon Muller e Dr. Danilo De Martinni. Em Santa Rosa, Dr.
Russo, Dr. Cecconi, Dr. Arlindo Casarin, Dr. Emílio Lovato, Dr. Lang, Dr. Steffen. Em
Maurício Cardoso Dr. Irio C. da Rocha.
Estes médicos, fazem parte da história da medicina da região. Faziam medicina
examinando, observando, escutando e palpando. Dependiam mais de si próprios do que
de exames sofisticados. Em relação às facilidades que se tem hoje em dia, faziam
milagres. Se aprendia medicina, sentado no leito do doente.
Foi com muito entusiasmo e desejo de trabalhar que assumi a direção do
Hospital de Linha Machado. Era um hospital novo, com material cirúrgico de primeira
qualidade, com algumas deficiências que aos poucos foram sendo sanadas. Os
funcionários vinham da colônia, tinham que ser ensinados e em geral foram
excepcionais. As enfermeiras, também tiveram que aprender todo serviço do
atendimento ao doente, anestesias (sempre com o olho do médico fiscalizando),
urgências, esterilização do material, etc. Todas foram incansáveis e inesquecíveis.
Aprendi a atender chamados viajando em carrocinhas ou carrocerias de
caminhões. Caminhei em picadas, onde não entravam carros, só de bicicleta ou a pé.
Passei noites atendendo parturientes em casa, as vezes fazendo sutura com linha de
bordar, por que tinha esquecido os fios no hospital, e para descontrair o ambiente,
perguntava se a paciente tinha preferência por alguma cor. Aquelas que passaram por
isso, que são poucas, vão se lembrar e dar risada.
Sempre tive um carinho todo especial com as crianças. Nos primeiros anos
quando a vacinação não era obrigatória, quase todos os meses apareciam casos de
difteria, de tétano, de meningite, de paralisia infantil (estes menos frequentes). Nos de
difteria, em geral os pais traziam as crianças tarde demais. Não havia mais recurso.
Mesmo nos casos em que foi feita traqueostomia, as crianças sofriam asfixia por
entupimento da cânula, enquanto os pais esgotados, dormiam. Muito antes de o Estado
assumir a responsabilidade da vacinação, eu recomendava às mães, que vacinassem
seus filhos na época certa. Tive a satisfação de ver reduzidos os casos dessa doença.
Principalmente em Três Pedras e Saltinho, que eram regiões mais pobres.
No campo da verminose, pesquisei através de exames de fezes das crianças das
escolas, os tipos de vermes que afetavam os menores e provocavam enfraquecimento e
anemia nos mesmos. Descobri que: na sede do atual município, predominavam os
ancilostomos (que causam anemia) e que em Três Pedras os ascaris (lumbrigas).
Lembro-me de um fiscal do INPS que, para efeito de classificação do hospital,
perguntou se o mesmo tinha eletrocardiógrafo e eu disse que não, colocando o
estabelecimento numa categoria inferior. Discuti com o mesmo, discordando do ponto
de vista dos dirigentes do órgão, dizendo que aquela classificação era feita por pessoas
que não conheciam o povo brasileiro, que morria mais de verminose e anemia do que
de infarto do miocardio; e que deveria ter mais valor, um hospital do interior que
tivesse um microscópio, para fazer exames de fezes, do que um aparelho para fazer
eletrocardiograma.
Os prematuros e as crianças desidratadas, tiraram de mim muitas noites de
sono. Tive 2 partos de crianças que nasceram com 900 gramas. Uma de Três Pedras,
que aos 4 anos contraiu difteria e a avó que criava a menina, fez de tudo em casa,
inclusive mandou benzer e, quando veio ao hospital, chegou praticamente sem vida. A
outra, se chama Terezinha Mosquera (a quem peço licença para citar). Morava em
Água Fria e quando a vi pela última vez, tinha em torno de 7 anos, era uma menina
miudinha, mas muito inteligente. Quando nasceu cabia numa caixa de sapatos e ficou
mais de trinta dias no hospital, sendo cuidada pelas enfermeiras, até ter condições de ir
para casa. Não se tinha estufa para crianças, no hospital.
Quando estive em Pratos, tive dois meninos desidratados. Um deles era
sobrinho de uma enfermeira, e filho de uma ex-enfermeira, com vômitos e diarréia em
tal estado, que os parentes saíram do quarto para não ver morrer. Suspendi todo
atendimento de consultas e só tratei do menino. Dei soro de conta gotas e com a ajuda
de Deus “o bombachudo” escapou. Outro, o avô pediu que não “judiasse” mais da
criança, que deixasse a mesma morrer em paz. Fiz a mesma coisa que fiz com a
anterior. Dois dias depois, o mesmo avô, alemão duro, daqueles que falam pouco, veio
chorando, me pedir desculpas. Minha resposta: Agradeça a Deus. O Sr. tem que ter
mais fé.
Fiz muitas cirurgias. Todas feitas quando o tratamento não dava resultados e a
maioria foi bem sucedida. Cada uma tem a sua história. Não vou citar nomes.
A moça era cega e bem magrinha. Além de tudo era muito pobre mas de família
muito séria e honesta. De repente a barriga da menina começou a crescer e o povo a
falar. Tanto falaram que o pai a trouxe para consulta e ao exame, constatei que era um
fibroma (tumor benigno do útero). Foi à cirurgia e o tumor era tão grande que teve de
ser partido em dois, para ser retirado do abdômen. Fotografei o mesmo, para
apresentar em algum Congresso ou para alguém, a quem pudesse interessar. Mesmo
assim, as más línguas continuaram falando.
O rapaz era do Limoeiro. Chegou no hospital de noite, com uma hérnia
estrangulada. Faltava luz e o caso era grave. Tivemos que operar com duas lanternas
de três elementos. Foi perfeito. No outro dia, o gringo estava caminhando.
O menino tinha 10 anos e chegou com apendicite. Tudo saiu certinho e a
cirurgia levou 6 minutos, desde a abertura até o fechamento da pele. Ele acordou duas
horas depois e se propôs a correr até na esquina. Eu duvidei e ele correu sem sentir
nada. Foi o caso de recuperação mais rápido que tive.
Setenta anos de idade. A calça estava molhada de urina. Não era coisa rara,
pois seguidamente apareciam pessoas de idade com incontinência urinária. Ao
examinar o paciente, notei que a urina saia de um vazamento no baixo ventre. A bexiga
estava perfurada. Descobri, que dentro da bexiga tinha uma pedra que a enchia
completamente. Foi à cirurgia. Para tirar a pedra, tive que usar 2 curetas como
alavanca. Pesou 130 gramas, e até hoje, está comigo. Como curiosidade, era uma
pedra de fosfato de cálcio, formada a partir do leite de vaca. Cada vez que o paciente
tomava leite, aparecia areia na urina. Apesar da idade, o mesmo ficou bom.
Foi um período de trabalho duro. As urgências não escolhiam hora ou dia. Não
sobrava tempo para visitas ou saídas prolongadas. O hospital era uma prisão e os
paciente exigiam cuidado permanente. Fiz amizades dentro do hospital. Amigos que
não esqueço, apesar de não freqüentar suas casas.
Relembrando o que realizei, concluo com satisfação, que cumpri a minha
função de Médico, e honrei o juramento que fiz ao me formar.
Em 1962, por divergências com alguns membros da Sociedade, deixei o
Hospital e comprei casa e terrenos de Camilo Weiler, que reformei e adaptei,
transformando-a no Hospital de Vila Pratos. Nesse momento, quero agradecer à
população de todo Município, pelo apoio que me deram e apesar da falta de conforto e
da precariedade das instalações, confiaram na seriedade do meu trabalho.
Por solicitação dos clientes de Linha Machado, instalei consultório na casa da
família Gund, onde atendia uma ou duas vezes por semana.
Pela dificuldade de encontrar médico permanente para o Hospital, fui
procurado por uma comissão chefiada pelo Pastor Lüdke, com a finalidade de passar
às minhas mãos, a responsabilidade de administrar o estabelecimento, juntamente com
Valmor Arany da Rocha, já falecido e a quem rendo minhas homenagens. Conseguimos
recuperar o prestígio e o movimento do Hospital.
Em Vila Pratos, por falta de espaço, tive que construir sala de cirurgia,
consultório, sala de raios X, e mais dois quartos (tudo de madeira). No mês de julho de
1967, inaugurei o Hospital São Lucas, que naquela época, era um dos quatro hospitais
do Estado a ter oxigênio canalizado. Era a menina dos meus olhos.
Com uma administração atuante e sempre presente, com auxílio das
funcionárias, desde a cozinheira até as enfermeiras, dando atenção especial aos
pacientes e acompanhantes, nós conquistamos a clientela de toda a região.
Após a saída do Dr. Paulo Caldas por motivos alheios à minha vontade, os
administradores do Hospital na época, resolveram encerrar as atividades do
estabelecimento, que atualmente foi desapropriado pela Prefeitura. Espero que suas
novas funções sejam tão nobres e úteis, quanto as que foram quando eu o dirigia.
Considerações Finais
Até aqui, falei sobre o passado da Saúde no Município. Quero agora falar sobre
o futuro. Passei a maior parte da minha vida, trabalhando para melhorar a saúde da
população. Tive mais alegrias do que decepções. Tive amigos que me ajudaram e tive
“amigos” que tentaram me derrubar. Sempre trabalhei com a verdade e honestidade.
Aos meus amigos, dedico a minha eterna gratidão. Aos outros, entrego à justiça divina.
Antigamente, as condições da população e dos hospitais era diferente. Usavam-
se menos aparelhos e o povo exigia menos exames. A medicina era mais barata e as leis
sociais menos pesadas. Hoje, os governos dão pouco e exigem muito. As coisas baratas,
são de resultados incertos e de baixa qualidade. O bom custa caro, em qualquer ramo
de atividade.
Tirei um Hospital da falência e construi outro, aplicando praticamente todo o
meu ganho, para melhorar o atendimento aos doentes. Se me perguntassem se hoje eu
faria o mesmo, minha resposta seria NÃO. Os hospitais estão em agonia. Se não houver
compreensão da comunidade, a médio prazo, os hospitais fecharão suas portas.
Sobrarão poucos, sempre lotados, sujos, mal atendidos e sem possibilidade de
recuperação. Não acreditam? Olhem o Rio de Janeiro. Solução: União de todos-
Estado, Prefeitura, Igrejas, Comunidade, todos unidos para o bem comum.
DESUNIÃO=CAOS./ DEUS PROTEJA NOVO MACHADO.” (Dr. Ailton Lovato da Rocha).
_____________________________________________________________________________________
__________
(271) CLAUSS, Romualdo Justmann. Evolução Histórica - Geográfica de Tucunduva - CORAG,
Porto Alegre - RS - 1982.
No entanto, este empreendimento, só veio a concretizar-se nove anos depois.
Com a aquisição de uma área de terra (terrenos) em 05/02/63 pelo médico Dr.
Ailton Lovato da Rocha, com o objetivo de construir ali um estabelecimento hospitalar,
concretizou-se, não somente um anseio da comunidade, mas também, o atendimento a
uma grande necessidade. Como a legislação, na época, não permitia que o médico fosse
também o proprietário do estabelecimento, a alternativa encontrada foi a de registrar a
Razão Social da entidade em nome de outra pessoa. No caso, a enfermeira Wilma
Adiers, emprestou seu nome para registrar a entidade que surgia.
DECRETA
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__________
(272) Enciclopédia do Estudante - Nova Cultural, vol. 4 - pág. 1009
(273) Id Ibid...
(274) Barsa - Vol. 11 - pág. 399.
(275) Id Ibid.
8.4.1. Dentistas em Novo Machado
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__________
(276) In História da Localidade de Lajeado Gateados - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(277) In História da Localidade de Lajeado Terrêncio - NOVO MACHADO - RS - 1995.
Para os colonizadores, ir ao dentista, era muitas vezes, uma experiência
totalmente estranha e até assustadora. É de se entender, pois não havia o hábito e as
práticas eram rudimentares. Em algumas localidades, as pessoas chegavam a fazer
lotação de carroça, para ir ao dentista.
“Em certa ocasião, veio um cliente que, tremia de medo enquanto aguardava
para ser atendido. O dentista então, sugeriu-lhe que fosse tomar um “trago” no
“bolicho”. Porém, o coitado exagerou e, quando foi sentar-se na cadeira, caiu sobre a
cuspideira.
Tal era o medo de extrair ou restaurar um dente”.”
(Palavras do Sr. Vendolino Baucken).
(Entrevista realizada com os filhos do Sr. Theodoro Baucken: Mário,
Vendolino e Olívia).
Dentista Baucken e esposa, no seu consultório
Neste período, havia também um outro dentista que, com um gabinete instalado
numa Kombi, (a broca era movida a Bateria), vinha de Dr. Maurício Cardoso e atendia
diversas localidades do atual município de Novo Machado. Trata-se do Dr. Cassildo
Tesch.
Vinha de Dr. Maurício Cardoso, estacionava sua Kombi na sombra das árvores,
em uma propriedade, moradia anteriormente definida, em diversas localidades e ali,
atendia seus pacientes.
“Às vezes, as pessoas, aguardavam-no a beira da estrada, quando era muito
longe para irem ao local onde, naquele dia, seria o atendimento. Não tinha problema.
Ali mesmo o Dr. Cassildo as atendia.” (Palavras da
Srª Cereni Françoes Perassolo).
Assistente Social:
* Aline Maria Bizarro Lopes De 25/05/94 a 03/07/95
De 13/09/95 a 10/11/95
* Edla Hoffmann De 21/11/95 a 30/06/96
De 01/07/96 a 20/12/96
(Trabalho via contrato com o CODIS.)
* Sonia Maria da Silva Homem De 02/01/97 a 23/07/97
* Isaura Groos De 16/12/97 a 16/03/98
* Lislei Teresinha Preuss De 13/04/98 a 24/02/2004
* Fernanda Morari De 06.04.2004 a 05/04/2005
* Samara Arpini A contar de 21/06/2005.
Dentista:
* Dr. Dirlei José Bottega De 18/08/94 a 31/07/95
* Dr. Neri Naumann De 01/08/95 a 31/03/98
* Elói Scheid De 01/06/98 a 02/05/2000
* Erni José de Vargas De 29/05/2000 até a presente data.
* Tiago Camera De 03/12/2001 a 13/03/2002.
* Aneli Schneider De 17/03/2003 até a presente data.
Médico:
* Dr. Jones Ernani Schuster De 01/05/93 a 31/05/93
* Dr. Cornelius Roberto Bohnert De 13/09/93 a 15/10/93
* Drª. Sirlei Jaqueline Hepp Bombardelli De 11/04/94 a 10/10/94
* Dr. Claudio Luis Karlec De 13/07/94 a 06/01/95
* Dr. Aureo Paulo Zimmermann De 24/07/95 a 01/11/95
* Dr. Mauricio de Carvalho Braga De 19/01/96 a 31/12/96
* Drª Sirlei Jaqueline Hepp Bombardelli De 07/01/97 a 17/06/98
* Dr. Sixto Bombardelli De 07/01/97 a 12/06/98
* Dr. Antônio Enofre da Silva De 16/06/98 a 31/03/99
* Drª Denise Kalisz de Oliveira De 05/04/99 a 30/06/99
* Drª Eolá Mar Siqueira Dino De 04/04/99 a 16/10/2001
* Dr. André Meira De 12/08/98 a 29/01/99
* Dr. Rogério Silbermann De 15/01/2001 até a presente data.
* Drª.Gerisa Francine dos Santos De 30/10/2001 até a presente
data.
Capítulo I
Dos Objetivos
Capítulo II
Da Estrutura e do Funcionamento
Seção I
Da Composição
Art. 3º - O C.M.S. terá a seguinte composição:
I - Dos Governos Municipais
a - 2 representantes da Sec. Municipal de Saúde e Assistência Social;
b - 1 representante da Sec. Municipal de Educação e Cultura;
c - 1 representante da Sec. Municipal de Finanças;
d - 1 representante da Sec. Municipal de Obras e Saneamento;
II - Dos Prestadores de Serviços Públicos e Privados
a - 2 representantes dos prestadores privados contratados pelo SUS.
III - Dos Profissionais da Área
a - 1 representante dos médicos, dentistas ou farmacêuticos.
IV - Dos Usuários
a - 5 representantes dos conselhos comunitários;
b - 1 representante dos sindicatos e entidades patronais;
c - 1 representante das associações de portadores de deficiências e patologias;
d - 1 representante das cooperativas.
§ 1º - A cada titular do C.M.S., corresponderá um suplente;
§ 2º - Será considerada como existente, para fins de participação no C.M.S., a
entidade regularmente organizada;
§ 3º - O número de representantes de que trata o inciso IV do presente artigo,
não será inferior a 50% (Cinqüenta por cento), dos membros do C.M.S.
Art. 4º - Os membros efetivos e suplentes do C.M.S., serão nomeados pelo
Prefeito Municipal mediante indicação:
I - das respectivas entidades:
§ 1º - Os representantes do Governo Municipal serão de livre escolha do
Prefeito.
§ 2º - O Secretário Municipal de Saúde é membro nato do C.M.S.
§ 3º - Na ausência ou impedimento do Presidente a presidência do C.M.S. será
assumida pelo seu vice-presidente.
Art. 5º - O C.M.S., reger-se-á pelas seguintes disposições, no que se refere a
seus membros:
I - o exercício da função de Conselheiro não será remunerada, considerando-se
como serviço público relevante.
II - os membros do C.M.S. serão substituídos caso faltem, sem motivo
justificado, a duas (2) reuniões consecutivas ou 4 (quatro) reuniões intercaladas no período de 1
(um) ano.
III - os membros do C.M.S., poderão ser substituídos mediante solicitação da
entidade ou autoridade responsável, apresentada ao Prefeito Municipal.
Seção II
Do Funcionamento
Registre-se e Publique-se
Para fazer frente aos problemas, como por exemplo: o desperdício ou o mau uso
dos recursos disponíveis, a sonegação, a ineficiência administrativa, o modelo
assistencial inadequado ou quaisquer outras formas de corrupção, que muitas vezes
atingem os serviços de Saúde Pública, criam-se instrumentos diversos, que visam
aumentar e garantir a existência de recursos, provenientes de fontes definidas, bem
como, o aperfeiçoamento do processo de gerenciamento orçamentário e financeiro do
setor.
Por essa razão, foi criado o Fundo Municipal de Saúde, ou seja: “um Fundo
especial, o produto de receitas especificadas, que, por lei, se vinculam à realização de
determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de
aplicação” (Lei 4.320 1.989.22).
A Lei que cria o Fundo, no município, poderá determinar as normas de controle,
prestação e tomada de contas, desde que não contrarie a legislação existente.
A Lei Federal nº 8.142/90, estabelece o que cabe aos Conselheiros Municipais de
Saúde, que têm caráter permanente e deliberativo, a definição da política de saúde e
suas prioridades. A definição de prioridades, por sua vez, deve ser feita a partir de
demandas socialmente legitimadas, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros.
Assim, a existência de um Fundo Municipal da Saúde, possibilita ver com
clareza: as fontes de receita, seus valores e data de ingresso; as despesas realizadas; os
rendimentos das aplicações financeiras. Também facilita o controle social e permite a
autonomia na aplicação dos recursos, com a garantia de sua aplicação exclusivamente
na saúde.
Uma porcentagem deste Fundo é administrado pelo Conselho Municipal da
Saúde e outra pela Secretaria Municipal da Saúde e Assistência Social.
Em Novo Machado, o Fundo Municipal da Saúde, existe desde que foi criado o
Conselho Municipal da Saúde.
(Informaçãoes obtidas com a Assistente Social Edla Hoffmann).
Nestas escolas, os pais, além de construir e manter o prédio, tinham que escolher
e pagar o professor. O professor, nesta época, gozava de grande prestígio na
comunidade. Além de atuar como professor, assumia também as tarefas religiosas, na
ausência do pastor ou do padre. A importância do professor era muito grande, uma vez
que cabia a ele, zelar pela vida social e cultural da comunidade bem como, pelos valores
preconizados pelas famílias. O magistério neste contexto, era entendido como vocação,
sacerdócio, uma missão a cumprir.
Nas escolas comunitárias, com relação aos conteúdos programáticos, não havia
preocupação com a quantidade, mas sim, com a qualidade. Os conteúdos não deveriam
ser ministrados em grande quantidade, mas exigia-se que os mesmos fossem
significativos e estes realmente deveriam ser aprendidos. Dava-se ênfase
principalmente, aos conteúdos relacionados aos problemas da agricultura: cubagem de
madeira, medidas de terra...
Com relação ao pagamento, nem sempre o professor da Escola Comunitária,
recebia o salário em dinheiro. Geralmente o seu trabalho era remunerado com produtos
agrícolas, que eram aproveitados para alimentação da família ou para o trato dos
animais.
Professor Martin Grajewski com seus alunos - 1926 a 1931.
1ª Escola do Município de Novo Machado (atual sede)
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(278) In História da Localidade de Lajeado Marrocas - Novo Machado – RS - 1995.
(279) Revista Educação nº 01 - 1994, pág. 76.
A partir disso, estas escolas são obrigadas a ministrar o Ensino na Língua
Portuguesa, ao mesmo tempo que a língua estrangeira é oficialmente proibida nas
escolas, nas igrejas, no convívio social e até na própria família. Livros, revistas e
documentos bem como registro das entidades religiosas, foram recolhidos pelas
autoridades, destruindo-se assim, parte da história destes povos que fizeram do Brasil a
sua Pátria, dedicando-se de corpo e alma ao seu desenvolvimento.
Referente a isto, escreve Norma Viapiana Golfeto em sua dissertação de
mestrado, publicada na Revista Educação nº1 - 1994 da UFSM, pág. 72: “... a pretensa
“Unidade Nacional” defendida por Vargas, significava mesmo a “Uniformidade
Nacional”, pela exclusão de qualquer outra forma cultural que não fosse a brasileira.
Nesse sentido, as comunidades de descendentes de imigrantes foram fortemente
atingidas e controladas. Sua cultura, sua língua e seu modo de vida foram
considerados perigosos à Segurança Nacional. Por isso, os livros em língua
estrangeira, foram recolhidos e queimados, as inscrições em igrejas, cemitérios e
clubes recreativos foram substituídos por inscrições em língua portuguesa; as escolas
passaram a receber nomes de personagens da História do Brasil”... (280).
Como já mencionamos acima, as quatro escolas Particulares Confessionais, no
decorrer dos anos, foram extintas. Entre os fatores que contribuíram para a extinção
destas escolas, destaca-se:
1º - O aumento significativo das escolas públicas gratuitas, tornaram-se fortes
concorrentes da escola particular, especialmente em comunidades menores e com
dificuldades financeiras. Alunos que enfrentavam grandes distâncias, para freqüentar a
escola, agora passam a ter uma escola gratuita e próxima a sua residência. As famílias
optam por esta, devido também, as dificuldades financeiras.
2º - A migração de muitas famílias, pertencentes as comunidades religiosas que
mantinham a escola, para outras regiões ou para outros estados, contribuiu para reduzir
o número de alunos.
3º - Com a implantação da Reforma do Ensino através da Lei 5.692/71, mudam-
se as exigências quanto a Legalização e o Funcionamento das Escolas. É extinto o
Ensino Primário e implanta-se o Ensino de 1º Grau, de 1ª à 8ª série, criando sérias
dificuldades às Escolas Confessionais, já enfraquecidas pela redução da clientela,
levando-as à desativação.
Assim sendo, as Escolas Particulares Confessionais, que existiram na área de
abrangência de nosso município, ficaram apenas na lembrança de muitas pessoas, que
nelas buscaram a sua formação.
Aspecto da E.E. de Ensino Médio Professor Antônio Barella – NOVO MACHADO – RS – 2004.
______________________________________________________________________
__________(282) SCHALLENBERGER, Erneldo e outro, 1981. pág. 143.
(283) Revista Educação nº 1/94 da UFSM - pág. 80.
(284) SCHALLENBERGER, Erneldo e outro, 1981, página 143.
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(286) CALLAI, Dolair Augusta e GRISON, Lori Inês Feigel - Aula Integrada - uma Proposta
Metodológica - Cadernos da Fidene - Abril / 83 pág. 36.
Num segundo momento, parte-se para um “Trabalho Específico”, onde “... os fatos,
fenômenos e/ou acontecimentos do dia-a-dia serão estudados numa preocupação, mais
direta com os conhecimento das Áreas de ensino...” (287)
Estes dois momentos, embora distintos, estão intimamente relacionados, dentro
do processo do Jogo da Vida, que graficamente, podemos assim representar.
Jogo da Vida
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__________
(287) CALLAI, Dolair Augusta e GRISON, Lori Inês Feigel - Aula Integrada - uma Proposta
Metodológica - Cadernos da Fidene - Abril / 83 pág. 36.
Registre-se e publique-se
ADILSON MELLO
Prefeito Municipal
Registre-se e publique-se
ADEMIR RIBEIRO
Secretário da Administração
Aquisição
Veícu- Situação de Passagem / Dia
los Passagem
Distância
Tipo Pró- Loca- Sim Não 1º 2º APAE Supe- Total Custo Média
prio do Grau Grau rior R$ Km/dia
Ônibus 01 -- -- x 01 83 03 18 105 2.876,15 80
Ônibus -- 03 X -- 62 41 11 -- 114 3.116,32 190
Kombi 03 -- -- x 63 09 07 -- 79 1.660,60 190
Kombi -- 07 X -- 139 19 03 -- 161 3.827,54 219
Total 04 10 -- -- 265 152 24 18 459 11.480,61 679
Fonte: Lista de Controle “Transporte Escolar” - SMEC / 1996 - Abril / 1996.
Para realizar o Transporte Escolar, o município conta com 10 Kombis, das quais,
3 pertencem ao município e 4 ônibus, dos quais, um é do município.
O Sistema de Transporte Escolar, atende a um total de 391 alunos, totalizando
459 passagens. Dos quais, 104 alunos transportados para a Escola de 2º Grau, em
Tucunduva, 48 utilizam dois veículos, totalizando 152 passagens.
9.6.2.1.2. Dados de 2005:
O nosso município, pela sua localização geográfica, fazendo limites com o Rio
Uruguai, sofre as influências deste, principalmente no inverno, pela presença de
cerração (neblina) o que expõe estes alunos, que saem de casa muito cedo (alguns por
volta das 5 horas da manhã), a problemas de saúde, em virtude dos rigores do clima. O
deslocamento destes alunos, é ainda dificultado pelas características do relevo
acidentado, o que implica no aumento da quilometragem percorrida.
ADILSON MELLO
Prefeito Municipal
Registre-se e Publique-se
ADEMIR RIBEIRO
Secretário Municipal de Administração
TERMO DE CONVÊNIO
__________________________
MUNICIPIO DE TUCUNDUVA
(Lauri Bottega)
______________________________
MUNICIPIO DE NOVO MACHADO
(Jaime Reichel Porto)
Testemunhas:
1 - _____________________________
2 - _____________________________
_______________________________
___________________________________
Município CONTRATANTE Município CONTRATADO
Test.:
1. ________________________________ 2.
______________________________
Nome: ADEMIR RIBEIRO Nome: MOACIR
RIBEIRO
CPF: 611.095.840 – 91 CPF: 967.665.490 –
68
Visto em 03.01.05
___________________________________
BEL: VILI R. KRAPP
OAB/RS 19.942
NOMEIA A COMISSÃO DO
NÚCLEO DE CONTROLE DE
QUALIDADE DA MERENDA
ESCOLAR DO MUNICÍPIO DE
NOVO MACHADO.
Registre-se e Publique-se
NOMEIA O CONSELHO DE
ALIMENTAÇÃO ESCOLAR DO
MUNICÍPIO DE NOVO
MACHADO.
Registre-se e publique-se
NOMEIA OS
MEMBROS DO
CONSELHO DE
ALIMENTAÇÃO
ESCOLAR PARA
OS ANOS DE 2005
E 2006.
ADILSON MELLO
Prefeito Municipal
Registre e Publique-se
Ademir Ribeiro
Secretário de Administração
Escolas/Rede de
Ensino Nº de Alunos Recursos do Recursos do Total
Atendidos Estado FNDE/PNAE
Rede Estadual 534 – Fundamental
35 – Educ.Infantil 3.698,50 18.133,20 21.831,70
Rede Municipal 88 - Fundamental
T O TAL 657 Alunos 3.698,50 18.133,20 21.831,70
FONTE: SMEC/CAE – 2005.
CRIA A BIBLIOTECA
PÚBLICA MUNICIPAL E DÁ
DENOMINAÇÃO A MESMA.
Registre-se e Publique-se
3º) Palestra com a professora e escritora Mara Regina Rösler, com sessão
de autógrafos.
Grupo de alunos da Escola Estadual de 1º Grau Professor Antônio Barella,
interpretando o poema “Barquinho”
CRIA O CONSELHO
MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
DO MUNICÍPIO DE NOVO
MACHADO.
Registre-se e Publique-se
Posse dos Conselheiros juntamente com o Sr. Prefeito Municipal (Jaime Reichel Porto),
o Prof. Palestrante (Leopoldo Justino Girardi) e o Secretário da SMEC (Profº Leocir José Faccio).
ART. 1º , parágrafo 1º, inciso III: “1/3 dos membros serão professores
ou pessoas ligadas à área da Educação, indicados pelas entidades representativas do
município”.
Parágrafo 2º: desta forma, 1/3 dos Membros do CME, terá mandato de
1 (um) ano; 1/3 terá mandato de 02 (dois) anos;
THEOMAR HIRSCH
Prefeito Municipal
Registre-se e publique-se
Rosângela Angelin
Secretária de Administração
Registre-se e publique-se
NOMEIA OS MEMBROS DO
CONSELHO MUNICIPAL DE
ACOMPANHAMENTO E
CONTROLE SOCIAL DO FUNDO
DE MANUTENÇÃO E
DESENVOLVIMENTO DO
ENSINO FUNDAMENTAL E DE
VALORIZAÇÃO DO
MAGISTÉRIO.
BEATRIZ CRISTINA
BUSANELLO
Prefeita Municipal
Registre-se e Publique-se
Rosângela Angelin
Secretária da Administração
Atualmente, atuam neste Conselho do FUNDEF, 10 (dez) Conselheiros, sendo
respectivamente os Titulares e os Suplentes, conforme Portaria que segue:
ADILSON MELLO
Prefeito Municipal
Registre-se e Publique-se
ADEMIR RIBEIRO
Secretário de Administração
CRIA O MUSEU
MUNICIPAL DE NOVO
MACHADO E DÁ OUTRAS
PROVIDÊNCIAS.
Registre-se e Publique-se
Rosângela Angelin
Secretária de Administração.
NOMEIA A COMISSÃO
JULGADORA DO CONCURSO
“DENOMINAÇÃO DO MUSEU
MUNICIPAL”
Adilson Mello
Prefeito Municipal
Registre-se e Publique-se
Ademir Ribeiro
Secretário de Administração.
FICA CRIADA A
DENOMINAÇÃO DO
MUSEU MUNICIPAL DE
NOVO MACHADO.
D E C R E TA
Art. 3º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, com seus efeitos
retroativos a 19 de março de 2002.
ADILSON MELLO
PREFEITO
MUNICIPAL
Registre-se e Publique-se
ADEMIR RIBEIRO
Secretário da Administração.
Em 1873, o Rio Grande do Sul passa a ter 33 municípios, quando esta região
passa a integrar o recém emancipado município de Santo Ângelo.
Foi ainda, no período que compreende 1873 - 1931, que inicia um efetivo
processo de Colonização na região do atual grande Santa Rosa, ocorrendo uma série de
emancipações político-administrativas, das quais, entre outros, resultou, num primeiro
momento, o município de Santa Rosa.
0 55 110 Km
1º Distrito 2º Distrito
1. Cidade - Novo Machado 15. Vila Pratos
2. Esquina Machadinho 16. Esquina Àgua Fria
3. Lajeado Terrêncio 17. Barra do Terrêncio
4. Esquina Boa Vista 18. Barra do Machado
5. Lajeado Marrocas 19. Rincão dos Claros
6. Lajeado Comprido 20. Barra Funda
7. Belo Centro 21. Lajeado Saltinho
8. Boa União 22. Lajeado Corredeira
9. Três Pedras 23. Esquina Barra Funda
10. Nova Esperança
11. Lajeado Limoeiro
12. Lajeado Touros
13. Lajeado Gateadinhas
14. Lajeado Gateados
_____________________________________________________________________________________
__________
(294) In Livro de Atas da Comissão Emancipacionista de Vila Pratos.
(295) In Livro de Atas da Comissão Emancipacionista de Vila Machado.
(296) In Arquivo da Comissão Emancipacionista de Vila Machado.
“Exmº Sr.
Dep. César Schirmer
DD. Pres. da Assembléia Legislativa
PORTO ALEGRE - Rio Grande do Sul.
SENHOR PRESIDENTE:
N. Termos
P. Deferimento
P L E B I S C I T O
- Total de Eleitores inscritos: ............................. 3.704 eleitores
- Compareceram e votaram no Plebiscito: .......... 2.644 eleitores
- Abstenções: .................................................... 1.060 eleitores
- Votos: .................................... Sim ................ 1.452 eleitores
Não ................ 1.139 votos
Brancos .......... 18 votos
Nulos .............. 35 votos
AO SUL:
Do ponto acima referido segue, em direção sudoeste, pela divisa dos
lotes rurais 156 e 156-A (inclusive) com o lote 157 (exclusive), todos da 12ª secção Santa
Rosa, e na mesma direção prossegue pela divisa entre os lotes 108, inclusive, e 107,
exclusive, também da 12ª secção Santa Rosa; daí, continua pelo travessão que divide os lotes
87 e 26. Dos lotes 88 e 25, até a divisa do lote 13 secção 12ª Santa Rosa; daí infleto, em
direção sudeste até a divisa entre os lotes 13 e 14, também, da 12ª secção Santa Rosa,
continua, em direção sudoeste, pelo travessão que limita os lotes 13 e 14 até a estrada vicinal
esquina Rench/Gateadinhos, segue por esta estrada, em direção geral sudoeste, até sua
intersecção com o Rio Santa Rosa.
AO OESTE:
No Rio Santa Rosa, no ponto de encontro com a estrada esquina
Rench/Gateadinhos, segue por este rio, água abaixo, até o limite dos lotes rurais 31,
inclusive, a 32 exclusive, até alcançar o Rio Uruguai.
Art. 3º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art.4º - Revogam-se as disposições em contrário.
Alceu Collares
Governador do Estado
Geraldo H. da Cunha
Secretário do Estado da Justiça do
Trabalho e da Cidadania
Saúde:
* Construção de um Posto de Saúde em Esquina Barra Funda;
* Formação de um Conselho Municipal de Saúde;
* Serviços médicos e odontológicos nos Postos de Saúde.
Gerais - Administrativos:
* Instalação de casas Bancárias;
* Brigada Militar;
* EMATER;
* Urbanização de áreas com infra-estrutura e venda de terrenos a preços compatíveis
aos assalariados;
* Ampliação da Iluminação Pública;
* Incentivos Públicos para a instalação de fábricas (isenção de impostos, doação de
terreno e infra-estrutura);
* Construção de casas populares;
* Infra-estrutura no Porto Pratos, para sua oficialização;
* Controle da máquina administrativa, com pessoal competente e bem remunerado:
(mínimo possível de funcionários);
* O Prefeito e o Vice-Prefeito, teriam somente verbas de representação, nos quatro
primeiros anos, sem salários fixos.
* Saúde:
Esta é uma área que Jaime e Vili vão investir muito. As prioridades são:
1) tratar da questão da municipalização da saúde (hospital comunitário);
2) estabelecer convênios com entidades para serviços médicos-odontológicos;
3) construção de postos de saúde;
4) formação de agentes de saúde.
* Agricultura:
Em agricultura, a idéia é atuar em três níveis principais. 1) Agrícola: investir na
recuperação do solo, através de terraceamento, adubação verde, entre outros; implantação do
Viveiro Municipal; cursos para agricultures e incentivo à irrigação. 2) Agricultura e Pecuária
Alternativas: incentivo à implantação de agro-indústrias e de melhorias na alimentação de
animais. Além disso, a criação de projetos de piscicultura, avicultura, suinocultura, horticultura
e fruticultura. 3) Pecuária: investir em inspeção veterinária e estabelecer convênios para trazer
ao Município novas tecnologias, em especial no que se refere à Bacia Leiteira.
* Educação e Cultura:
A educação é o princípio de todo o progresso. Por isso, Jaime e Vili vão apostar alto
nesta área. Eles querem:
1) a instalação de uma escola de 2º grau;
2) melhor planejamento do transporte escolar;
3) incentivar a criação da Biblioteca Pública Municipal;
4) construir um ginásio de esportes;
5) desenvolver o turismo no município;
6) estimular os eventos locais, como a Festa de Kerb, em Barra Funda, assim como
outras.
* Obras e Saneamento:
1) Saneamento, iluminação pública;
2) a conservação e construção de pontes, boeiros e estradas vicinais, obras básicas de
qualquer Prefeitura;
3) viabilizar o asfaltamento da estrada que liga Pratos-Machado e Tucunduva
4) instalação da central telefônica DDD, entre outros.
* Administração:
Jaime e Vili acreditam que uma administração competente só pode ser feita com uma
atuação conjunta e ordenada das secretarias, que é o que eles vão fazer, sempre com muita
transparência, em especial no trato do dinheiro público. Associado a isso, a nova administração
quer realizar concurso público e propiciar a instalação de órgãos estaduais, como a Brigada
Militar, CRT, CEEE e outros.
A campanha eleitoral, como toda e qualquer campanha, teve seus altos e baixos,
ocorrendo algumas ofensas e agressões verbais.
Os resultados, obtidos na eleição de 3 de outubro de 1992, mostraram-se
favoráveis à Coligação, ou seja, à Frente Democrática Progressista, conforme pode ser
constatado no quadro a seguir:
Pratos 01 68 74
Pratos 02 105 133
Barra Funda 03 56 177
Machado 04 75 155
Marrocas 05 17 146
Corredeira 06 77 98
Três Pedras 18 96 163
Nova Esperança 21 08 75
Boa Vista 24 17 96
Limoeiro 25 100 103
Pratos 27 61 55
Boa União 29 49 56
Barra Funda 30 19 89
Pratos 31 92 112
Comprido 32 18 71
Machado 33 74 145
Barra Funda 35 30 89
Pratos 39 40 66
Machado 41 63 142
Saltinho 44 14 81
Total 1.081 2.125
Beatriz
Cristian
Adilson
Comunidades Seção a Total Brancos Nulos Total
Mello
Busanell
o
Vila Pratos 01 70 119 189 05 01 06
Vila Pratos 02 106 173 279 05 02 07
Barra Funda 03 145 66 211 01 00 01
Novo Machado 04 115 128 243 05 04 09
Lajeado Marrocas 05 118 63 181 07 01 08
Lajeado Corredeira 06 68 113 181 00 00 00
Três Pedras 18 153 134 287 11 03 14
Nova Esperança 21 66 27 93 01 02 03
Esquina Boa Vista 24 91 42 133 03 00 03
Lajeado Limoeiro 25 105 98 203 00 00 00
Vila Pratos 27 68 146 214 01 01 02
Boa União 29 72 54 126 01 00 01
Esquina Barra Funda 30 71 46 117 01 02 03
Vila Pratos 31 83 107 190 03 01 04
Lajeado Comprido 32 59 29 88 01 02 03
Novo Machado 33 113 131 244 08 04 12
Esquina Barra Funda 35 125 62 187 01 00 01
Vila Pratos 39 60 126 186 01 04 05
Novo Machado 41 125 123 248 04 02 06
Lajeado Saltinho 44 74 35 109 00 01 01
Total de Eleitores: 4.348
Beatriz Cristina Busanello 1.887
Adilson Mello 1.822
Total de votos válidos 3.709 | Difer. 50,87%
Brancos ............................................................................................................................................... 58
Nulos .............................................................................................................................. ....................... 31
Total ............................................................................................................................. ....................... 89
10.4.6. Escolha da 3ª Administração
% VÁLIDOS RESUL-
NOME E Nº DO CANDIDATO LEGENDA VOTOS TADO
FINAL
CAPÍTULO II:
ART. 9º - À Equipe de Saúde e Bem Estar Social cabe a promoção da Saúde e do Bem
Estar Social, através de atividades comunitárias, voltadas à recuperação, preservação
e a melhoria de qualidade de vida.
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
ART. 16 – Dentro do prazo mínimo de quarenta e cinco dias, o Prefeito Municipal terá
que editar, por Decreto, o Regimento Interno da Prefeitura, que discriminará a estruta
administrativa interna dos órgãos referidos no Artigo 1º desta lei e as respectivas
atribuições e subordinações, assim como as subunidades administrativas.
ART. 1º - O Artigo 1º, inciso I, item 5, da Lei Municipal nº 002/93, passa a vigorar com
a seguinte redação:
ART. 5ºM – A Secretaria Municipal de Obras, Saneamento e Trânsito, passa a ter mais
as seguintes atribuições de Trânsito:
GABINETE DA PREFEITA
MUNICIPAL
Novo Machado, 19 de abril de
1999.
Registre-se e Publique-se
Roângela Angelim
Secretária da Administração.
A maior dificuldade, no entanto, no início da Administração Municipal, com a
instalação deste novo município, constituiu-se no espaço físico. Encontrar um lugar
amplo que comportasse a instalação da Administração Municipal e das respectivas
Secretarias, com certeza não foi uma tarefa fácil. Faltava tudo: dinheiro, espaço,
móveis, equipamentos, materiais de toda ordem, inclusive de consumo.
As primeiras atividades desenvolvidas, fizeram uso de outros espaços, cedidos
pela comunidade, como por exemplo, a Escola Estadual de 1º Grau Professor Antônio
Barella, comunidades religiosas e até casas particulares.
O prédio alugado para instalar a Prefeitura, foi construído na década de 1950
para fins comerciais, pelo Sr. Arno Naujorks. Ali havia uma das maiores lojas de Vila
Machado, que oferecia uma ampla variedade de produtos: tecidos, móveis, ferragens,
secos e molhados. Após a venda da propriedade e a desativação da Casa Comercial, o
prédio ficou fechado parcialmente, até firmar-se o contrato com a Prefeitura Municipal.
Situa-se à Rua Independência, sob número 1367.
Em 2003, com Projeto de Construção elaborado pelo Setor de Engenharia e
valendo-se de recursos próprios, efetivou-se a construção do atual prédio da Prefeitura
Municipal de Novo Machado.
Coordenação Geral:
- Cálculo de cobrança de ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis); IPTU
(Imposto Predial e Territorial Urbano) e cálculo de cobrança de taxas.
- Elaboração de Projetos de Leis, Decretos, Portarias e correspondências
expedidas pelo Prefeito Municipal, controle e arquivamento dos documentos da
Secretaria e Gabinete do Prefeito, Protocolo de requerimentos.
- Fiscalização dos serviços municipais de acordo com a Legislação Federal,
Estadual e Municipal.
- Realização de Concurso Público.
Contabilidade:
- Emissão de notas de empenho.
- Organização e elaboração da proposta orçamentária.
- Supervisão das prestações de Contas.
- Elaboração de créditos suplementares.
- Controle de cobrança de serviços prestados.
- Elaboração de balancetes: Despesa, Receita e Contábil.
- Conferência do boletim de caixa e lançamentos contábeis.
- Organização de planos de amortização da dívida ativa municipal.
Tesouraria:
- Controle de contas bancárias.
- Pagamento de despesas realizadas pelo município.
- Recebimento de tributos e serviços.
- Conciliação de saldos bancários e fechamento do caixa.
Setor de Pessoal:
O setor de pessal cuida de toda parte legal dos funcionários. O setor de pessoal é
responsável pela aplicação dos direitos dos servidores e cobrança dos deveres e
responsabilidades do servidores municipais.
- Regularização do Regime Jurídico dos servidores vinculados de Tucunduva
(município mãe).
- Elaboração do Regime Jurídico dos servidores municipais.
- Elaboração do quadro de Cargos e Funções e Plano de Carreira dos Servidores
Municipais.
- Elaboração do Plano de Carreira do Magistério Público Municipal.
- Elaboração do Fundo de Aposentadoria e Auxílio dos Servidores Municipais.
- Admissão e demissão de servidores.
- Registro dos servidores.
- Elaboração da Folha de Pagamento da Prefeitura e Câmara de Vereadores
(CPD).
- Preenchimento e controle de pagamento de I.N.S.S, F.G.T.S., F.A.A.S. e
UNIMED.
- Controle de faltas e atrasos dos servidores.
- Concessão de certidões e declarações comprovando as atividades e tempo de
serviço dos servidores.
a) Pedagógicos:
- Atualização e aperfeiçoamento de Recursos Humanos (cursos, seminários,
encontros).
- Criação e organização da Biblioteca Pública Municipal Machado de Assis.
- Elaboração e execução de projetos especiais da Biblioteca Pública Municipal,
como: Hora do Conto e instalação e funcionamento da Brinquedoteca.
- Melhoria e atualização do acervo Bibliográfico das Bibliotecas Escolares.
- Participação da SMEC em reuniões, cursos, encontros, seminários etc. fora do
município.
- Organização e distribuição do Jornalzinho “Nossas Histórias” com textos
produzidos pelos alunos.
- Visitas de supervisão e acompanhamento para orientação pedagógica,
administrativa e outras, às Escolas Municipais.
- Organização e implantação de uma oficina de computação.
b) Administrativo:
- Aquisição de equipamentos básicos, instalação e organização da Secretaria
Municipal de Educação.
- Criação e instalação do Conselho Municipal de Educação.
- Elaboração e encaminhamento de Projetos diversos a diferentes órgãos: MEC,
SE/RS BID, AMME e outros.
- Estudo e adaptação do 1º Plano Municipal de Educação (elaborado por
Tucunduva para o período de 1991/1994).
- Elaboração do 2º Plano Municipal de Educação, (período 1995/1998) com
participação das escolas e comunidades.
- Elaboração do Processo para Implantação do 2º Grau, junto à Escola Estadual
de 1º Grau Professor Antônio Barella.
- Desenvolvimento de atividades burocráticas, pertinentes ao setor.
- Aquisição de veículos para o Transporte Escolar.
c) Artístico-Cultural:
- Organização e programação de Eventos artísticos e culturais: Natal Esperança,
Desfile Cívico-Cultural, Feiras, Semana do Município, etc.
- Apoio na organização e realização de Festas Típicas: Kerb em Esquina Barra
Funda e Festa da Integração da Etnia Italiana (Lajeado Limoeiro, Nova Esperança e Boa
União).
- Pesquisa, organização e redação da História das localidades e do Município.
- Organização anual do Calendário de Eventos.
- Apoio e organização de grupos de 3ª Idade, paralelo ao resgate da História das
localidades e do Município.
- Levantamento do potencial turístico do município.
- Organização de um grupo de Danças Italianas e incentivo ao resgate das danças
típicas alemães.
d) Esportivo:
- Organização de campeonatos diversos como: FUTSAL, fotebol de campo,
futebol sete sênior, bocha, canastra.
- Desenvolvimento de atividades recreativas com professores e alunos.
- EPTs. (Esporte para todos).
- Organização e execução de passeios ciclísticos, rústicas, olimpíadas estudantis
(1ª a 4ª e 5ª a 8ª séries).
- Participação dos JIRGS (bocha futebol e atlestismo.
- Desenvolvimento de atividades lúdico-criativas com a brinquedoteca.
e) Assistenciais:
- Desenvolvimento de atividades de Assistência ao Educando: odontológica,
médica, merenda escolar, bochechos de flúor, encaminhamento de alunos a educação
especializada e atendimento psicopedágogico para alunos com dificuldades de
aprendizagem.
- Transporte Escolar para o 1ª e 2ª Graus.
- Aquisição, distribuição e controle dos produtos de Merenda Escolar.
- Aquisição e distribuição de material didático-pedagógico às escolas.
Entendemos que o trabalho pedagógico, de forma alguma possa ser isolado dos
aspectos histórico-culturais. Assim sendo, desenvolvemos diversas atividades na Área
Cultural, tais como:
- Feira Municipal de Estudos Sociais, Desenvolvimento e Integração, denominada
em sua última edição de Feira Municipal de Educação, Cultura, Desenvolvimenhto e
Integração.
- Organização do Museu Municipal.
- Dinamização e atualização da Biblioteca Pública Municipal Machado de Assis.
- Encontro Municipal de Corais, Orquestras e Grupos (de Música Sacra).
- Festival Municipal Estudantil da Canção.
- Desfile Cívico-Cultural.
- Mostra de Trabalhos Ambientais das escolas.
- Recital de Música.
- Natal Esperança.
- Noite da Cultura Popular.
- Apoio a Festas e Atividades Típicas, onde solicitado.
- Comemorações Diversas – nas Escolas, Comunidades, no Centro Cultural.
- Manutenção das Oficinas Municipais de Complementação Pedagógica: Teatro e
Dança, Música, Informática e Trabalhos Manuais.
- Organização e impressão da Coleção de 25 livros de História das Localidades do
Município.( Atualizado 2004)
- Organização, Imptressão e Distribuição Anual do Calendário de Eventos do
Município.
- Atualização, Impressão e encadernação da 2ª Edição, Atualizada em 2005, do
presente livro “Novo Machado Conta sua História”.
16
17 c)ATIVIDADES E PROJETOS RECREATIVOS E ESPORTIVOS:
Sendo a Rrecreação e o Esporte, momentos de atividades fundamentais, através
dos quais os alunos revelam suas potencialidades e tendências, realizamos as
Olimpíadas Estudantís para os alunos de 5ª a 8ª série para as Escolas Estaduais e
também, de 1ª a 5ª série, para as Escolas Municipais e Estaduais.
Através da Diretoria de Desporto, Turismo e Recreação, são realizados
campeonatos, destacando-se Futsal e Voleibol Misto e Futebol Sete.
18 d) TRANSPORTE ESCOLAR
Esta Secretaria é a responsável pelo Sistema Municipal de Transporte Escolar,
através do qual possibilita-se o acesso e a permanência na escola, dos alunos do Ensino
Fundamental e Médio, beneficiando também a Educação Especial e o Ensino Superior.
Para viabilizar este atendimento, a Secretaria mantém veículos próprios e também
terceiriza as linhas de algumas localidades.
19 e) MERENDA ESCOLAR
Com o objetivo de oferecer aos alunos do Ensino Fundamental, uma
Alimentação de Qualidade, a SMEC adquire os produtos de acordo com as solicitações
das escolas e valendo-se de recursos diversos, levando em conta as necessidades dos
alunos e o valor nutritivo dos alimentos. Juntamente com o Conselho da Alimentação
Escolar, a Secretaria realiza visitas diversas às escolas, para auxiliar e orientar quanto à
Higiene, armazenamento e preparo dos produtos alimentares.
Flagrante da Sessão Solene realizada pela Câmara Municipal de Vereadores, pela primeira vez descentralizada (fora da
Câmara Municipal de Vereadores) – em Homenagem ao Centenário de Fundação da Igreja Evangélica Luterana do Brasil –
IELB
Realizada na Congregação Evangélica Luterana Trindade - Novo Machado – RS, em 30.06.2004.
Momento em que o Presidente da Câmara Municipal de Vreadores, Vereador Darci Pereira Duarte, passa às mãos do
presidente da Paróquia Evangélica Luterana Trindade, uma Placa comemorativa.
“INSTITUI O BRASÃO E A
BANDEIRA DO MUNICÍPIO
DE NOVO MACHADO”.
CORES:
Branco - a paz desejada entre todos os seres humanos;
Azul - o céu que queremos ter, tendo a natureza preservada;
Verde - cobertura vegetal e a necessidade de preservar e recuperar as
matas, o solo e as águas;
Branco Margeado de Verde - as riquezas hidrográficas e a necessidade
de recuperação vegetal;
Faixa Cor Telha - (onde consta o nome do Município e a data de
emancipação), o laço de união entre as comunidades;
Animais - pecuária existente no Município;
Arranjo de Frutas - a proposta de diversificação da agricultura;
Computador - a mão do homem buscando a tecnologia moderna;
Ramos de Trigo e Soja - as principais fontes de riqueza do município;
Cinza - o produto colhido;
Homem - o trabalho braçal no início da colonização;
Ferramenta na Mão do Homem - simboliza a origem do nome
Machado;
Art. 2º - Fica também instituída a Bandeira do Município
composta de um pano branco tendo ao centro o Brasão descrito no art. 1º desta Lei.
Art. 3º - Revogadas as disposições em contrário, esta Lei entrará
em vigor na data de sua publicação.
Novo Machado, 07 de abril de 1993.
Jaime Reichel Porto
Prefeito Municipal
Registre-se e publique-se
Cláudio S. Kopp
Secretário da Administração
1. Do Objetivo:
1.1. O Concurso tem por objetivo incentivar e valorizar as produções culturais do
município, no que se refere à letra, música e arranjo (notas), possibilitando aos
participantes, a reflexão sobre a nossa realidade municipal, nosso contexto
histórico e ambiental, bem como, nossas perspectivas em termos de futuro e a
relação com o mundo.
2. Do Objeto do Concurso:
2.1. O Concurso destina-se à Comunidade Novomachadense, incluindo-se pessoas
que residem ou atuam profissionalmente neste município.
2.2. Falculta-se a participação individual ou em grupos de até no máximo três(03)
pessoas, sendo que, necessariamente, uma delas deverá ter algum vínculo com o
município, quer seja de residência ou de atuação profissional.
2.3. Os textos do Hino deverão ser apresentados por escrito, em três (03) vias.
2.4. A Música (cantada), deverá ser apresentada em Fita K7.
2.5. O arranjo (notas) é optativo, porém, quem o apresentar, constituirá a Categoria
que será valorizada prioritariamente, realizando-se, em primeiro lugar, o
Concurso entre estes participantes.
2.6. Cada participante poderá concorrer com apenas uma música, devendo esta,
manter-se dentro da temática, contemplada no objetivo, ou seja, caracterizar o
contexto histórico, cultural e ambiental de nosso município.
2.7. A música apresentada, deverá ser de fácil aprendizagem, de forma que as
pessoas de modo geral, e os alunos, a aprendam a cantar com relativa
facilidade.
3. Da Seleção:
3.1. A seleção dos trabalhos será realizada por uma “Comissão de Avaliação”,
nomeada pelo Prefeito Municipal, com o objetivo específico de realizar este
trabalho.
3.2. Reserva-se a possibilidade de promover, em ocasião especial, a apresentação
das três (03) melhores músicas, pelos respectivos autores, em data a ser
divulgada com quinze (15) dias de antecedência.
3.3. A Comissão Julgadora, denominada “Comissão de Avaliação”, julgará os
trabalhos com base no que estabelece o objetivo deste Concurso.
4. Dos Prazos:
4.1. A data limite para entrega dos trabalhos (Cópia da letra, música cantada,
gravada em Fita K7 e arranjo em papel Ofício ou A4) será dia 31 de dezembro
de 2001.
5. Da Premiação:
5.1. O (a) participante vencedor do Concurso será premiado.
5.2. Os demais participantes receberão um troféu e um Certificado de Participação.
7. Da Oficialização:
7.1. A oficialização do Hino do Município, acontecerá por ocasião das
Comemorações do 10º Aniversário de Emancipação do Município de Novo
Machado – RS, em março de 2002.
Adilson Mello
Prefeito Municipal
Registre-se e Publique-se
Ademir Ribeiro
Secretário Municipal de Administração
Decreto nº 564/2002 DE 25 DE
MARÇO DE 2002.
FICA
ESTABELECIDA A
LETRA E MÚSICA
DO HINO OFICIAL
DO MUNICÍPIO DE
NOVO MACHADO.
D E C R E TA
Art. 3º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, com seus
efeitos retroativos a 19/03/2002.
ADILSON MELLO
PREFEITO
MUNICIPAL
Registre-se e Publique-se
ADEMIR RIBEIRO
Secretário Municipal da Administração
NOVO MACHADO
Uma vez, de posse destes recursos, adquiriu-se uma bomba d’ água da marca
“Jacuzi” e os demais acessórios necessários, entre eles, uma caixa d’ água com a
capacidade para 2.000 litros.
Mais tarde, o Prefeito Municipal, Sr. João Puhl, do então município de
Tucunduva, destinou verbas para construir a atual caixa de água”. (313)
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(312) In História da Comunidade Evangélica Luterana Trindade - NOVO MACHADO - RS - 1995.
(313) In História da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO – RS - 1995.
14.2. Sociedade Hidráulica
Localidade Ano
- Vila Pratos ± 1975
- Lajeado Limoeiro 1983
- Três Pedras 1984
- Esquina Barra Funda 1984
- Boa União 1985
- Nova Esperança 1985
- Belo Centro 1987
- Esquina Boa Vista 1988
- Lajeado Comprido (parte da comunidade) 1989
- Lajeado Touros 1990
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(314) In História da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(315) In História da Localidade de Esquina Boa Vista - NOVO MACHADO – RS - 1995.
A Luz Elétrica, facilitou e trouxe conforto às pessoas, uma vez que com a sua
instalação, possibilitou a aquisição de eletrodomésticos, motores, etc.
As localidades próximas das vilas, ficaram almejando tal conforto, migrando das
suas terras para as vilas, como podemos perceber no depoimento a seguir:
“A falta de energia elétrica e o conforto que a mesma proporciona, foi o grande
motivo para a saída de muitas famílias desta localidade. Muitos foram morar em Vila
Machado, para usufruir dos benefícios da luz elétrica, conservando e cultivando suas
terras nesta localidade.” (319)
Na época, em que foi instalada a iluminação pública em Vila Pratos, aconteceu
um fato pitoresco, que passamos a relatar.
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(316) In História da Localidade de Belo Centro - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(317) In História da Localidade de Esquina Machadinho - NOVO MACHADO - RS - 1995.
(318) In História da Cidade de Novo Machado - NOVO MACHADO - RS - 1995.
(319) In História da Localidade de Lajeado Gateados - NOVO MACHADO - RS - 1995.
... “Uma turma de rapaziada, fez uma brincadeira, a mando de um certo senhor da
vila. Numa noite de sábado para domingo, foram até as matas próximas e recolheram
cipó. Colocaram cipó em todos os postes, e em cada poste uma vela acesa. Na manhã
de domingo, os moradores ficaram surpresos, com os cipós amarrados aos postes e
algumas velas ainda acessas”. (320)
Após a instalação da luz elétrica, na sede dos distritos, na década de 1960, as
demais localidades do município no final da década de 1970 e 1980, gradativamente,
foram contempladas com este serviço.
Atualmente, o município de Novo Machado, é servido pelos trabalhos da CEEE,
hoje RGE, e da CERTHIL.
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(320) In História da Localidade de Vila Pratos - NOVO MACHADO - RS - 1995.
16. OS BANCOS
16.1. Antecedentes
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(321) In História da Localidade de Boa União - NOVO MACHADO – RS –1 995.
(322) Id. Ibid.
(323) In História da Localidade de Lajeado Saltinho - NOVO MACHADO – RS - 995.
(324) In História da Localidade de Lajeado Gateados - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(325) In História da Localidade de Lajeado Terrêncio - NOVO MACHADO - 1995.
16.2. Novomachadenses X Serviços Bancários
16.2.2. “BRADESCO: vinha uma vez por semana na casa do Sr. Armindo Ernst
atender seus clientes. Iniciou mais ou menos em 1978 e durou alguns meses (menos de
um ano).” (329)
Somente em 15 de abril de 2002, o BRADESCO retorna a Novo Machado, em
forma de Banco Postal, uma parceria entre este e o Governo Federal, através das
Agências de Correios, facilitando à população o acesso aos diferentes Serviços
Bancários por ele oferecidos.
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(326) In História da Localidade de Vila Pratos - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(327) In História da Localidade de Lajeado Saltinho - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(328) In História da Localidade de Belo Centro - NOVO MACHADO – RS - 1995.
(329) In História da Localidade de Esquina Barra Funda - NOVO MACHADO - 1995.
16.2.4. BANCO DO BRASIL: Houve época em que esta agência prestava seus
serviços em Vila Pratos, no Nedel. Iniciou seu atendimento na Sede deste município em
08.11.93, durando até meados de 1995.
Somente em maio de 2004, o Banco do Brasil volta a Novo Machado, instalando
junto à Prefeitura Municipal desta cidade, um Caixa Eletrônico, possibilitando aos
usuários, a optenção de Extratos e Saques.
Com os empréstimos bancários oferecidos, algumas famílias foram bem
sucedidas e conseguiram ampliar seus bens (terras, maquinários, benfeitorias...),
enquanto outras, endividaram-se ao ponto de se desfazerem de seus bens, inclusive de
suas terras, para saldarem suas dívidas, sendo obrigados a buscarem outras formas de
sobrevivência, muitas vezes em outras regiões.
As Autoras
Palavras Finais em 2005.
Oitenta e sete anos se passaram, desde que estas terras receberam seus primeiros
colonizadores, vindos da distante Europa e/ou das Colônias Velhas, ou seja, de outros
núcleos de colonização anterior, com o firme propósito de construir aqui, uma
colonização forte e próspera.
Nove anos se passaram, desde que esta História, registrada na primeira edição deste
Livro: “Novo Machado conta sua História”, pode ser colocada na mão dos leitores,
filhos desta terra e todos aqueles que sentem o gosto de conhecer a caminhada
histórica de um povo.
Desejamos que a Caminhada Histórica deste povo, possa prosseguir com êxito, na
construção de um município cada vez mais humano, solidário, respeitoso e próspero,
onde o progresso possa ser uma realidade na concretização dos sonhos dos nossos
antepassados.
As
Autoras
UM CAMINHO A CONSTRUIR
Viver é caminhar...
Porque a vida é um caminho a percorrer.
Um único caminho;
Caminho cheio de surpresas... de encantos... de belezas... dificuldades...
riscos...
Não sozinhos.
Mas com aquele que caminha ao nosso lado.
Partilhando das mesmas supresas e peripécies do caminho.
O Caminho do Amor,
da Paz,
da Justiça,
do Engajamento,
da Luta do Dia-a-dia,
do Serviço,
da Esperança,
da Comunhão,
da Coragem de SER HOMEM,
da Coragem de SER CRISTÃO.
BIBLIOGRAFIA