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Ética, direito e política

John Rawls e o problema da distribuição justa dos rendimentos

1. A posição contratualista

As teorias contratualistas (como a de John Locke) dão-nos uma


das possibilidades para abordar problema da justiça social. As nossas
obrigações morais, dizem-nos – e, mais especificamente, os princípios
da justiça – teriam na base um acordo livremente estabelecido entre
indivíduos (o contrato social) com a capacidade para compreender
conceitos morais. Este contrato estaria ainda na base da legitimidade
do Estado.
Sabemos, no entanto, que as teorias contratualistas tradicionais
enfrentam algumas dificuldades. A principal dificuldade refere-se à
própria ideia de contrato social, um acontecimento que teria tido lugar
numa época histórica difícil de situar mas que marcaria a transição do
estado natural da humanidade (em que não existiriam o Estado nem
leis comuns) para uma vida de cooperação social sob o controlo do
Estado. Este acontecimento de facto nunca existiu, e as tentativas para
superar as dificuldades teóricas daí decorrentes (eleições periódicas,
acordo tácito ou implícito, etc.) não souberam dar coerência à ideia de
contrato social. Esta situação acabaria por se modificar nos finais do
século XX.
O filósofo norte-americano John Rawls (1921-2002) foi o mais
influente renovador da tradição contratualista no último século. Com a
publicação, em 1971, do livro Uma Teoria da Justiça, Rawls viria a
marcar os debates em filosofia política nas últimas décadas. A teoria
da justiça proposta por Rawls baseia-se numa reinterpretação da ideia
de contrato social que evita as dificuldades de que padecem as teorias
tradicionais. Nesta reinterpretação, o contrato social é entendido não
como um acordo efetivamente celebrado numa determinada época
histórica (eventualmente sujeito a renovação periódica), mas como um
hipótese teórica que ajuda a decidir que princípios de justiça teriam a
preferência de seres racionais colocados numa situação de completa
igualdade.
Esta ideia já estava de certo modo presente em Locke. Como,
no estado natural, nenhuma pessoa está subordinada a qualquer outra
(ou tem um dever de obediência para com outrem), o contrato social
originalmente proposto por Locke traduz a ideia de que o fundamento
do poder político legítimo é a vontade livre e soberana de cada uma
das pessoas que participam no contrato, exercida em condições de
plena igualdade (uma situação que se reflete no facto de todos terem
os mesmos direitos). A ênfase deverá, portanto, ser colocada não na
ideia de contrato social entendido como um acontecimento histórico,
mas na situação de plena igualdade que caracteriza todos os que nele
intervêm.
Rawls acredita que a igualdade é algo que vale por si. Os bens
sociais primários – as liberdades, as oportunidades, os rendimentos e a
riqueza – devem ser distribuídos de igual forma entre todas as pessoas
a menos que uma distribuição desigual tenha como consequência um
benefício para os menos favorecidos. A igualdade entre os indivíduos
é obtida pela eliminação daquelas desigualdades que não representam
qualquer vantagem para os menos favorecidos e não, como se poderia
supor à primeira vista, pela eliminação de todas as desigualdades. Por
exemplo, é justo pagar acima da média a um médico para se instalar
numa zona remota se isso garantir que as pessoas que ai vivem tenham
acesso aos cuidados de saúde; este tipo de desigualdade beneficia os
menos favorecidos. Os menos favorecidos teriam, portanto, um direito
de impedir quaisquer desigualdades de que não sejam também eles
beneficiários.

2. Os princípios da justiça

Rawls pensa que, numa situação de completa igualdade, a opção


pelos princípios de justiça que a sua teoria propõe representa a escolha
mais racional.
Estes princípios são os seguintes:
■ Princípio da liberdade

Cada pessoa tem o direito ao maior número de liberdades (de expressão, de


associação, de reunião, de eleger e ser eleita para cargos políticos, etc.) que
seja compatível com o usufruto por todos os outros do mesmo conjunto de
liberdades.

■ Princípio da oportunidade justa

As desigualdades sociais e económicas devem estar associadas a postos (ou


carreiras profissionais, etc.) acessíveis a todos em condições de igualdade de
oportunidades.

■ Princípio da diferença

As desigualdades sociais e económicas apenas se justificam se beneficiarem


os menos favorecidos.

Estes princípios, tomados em conjunto, destinam-se a justificar


uma distribuição equitativa (ou tendencialmente igualitária) dos bens
sociais entre todos os indivíduos. Mas dispor de princípios de justiça
pode ser insuficiente para tornar operacional a teoria, em particular
quando se trata de lidar com situações em que os interesses envolvidos
entram em conflito.
Imaginemos que limitar as liberdades democráticas (proibindo
os sindicatos, introduzindo a censura prévia nos jornais e na televisão,
etc.) permitiria aumentar a produtividade do trabalho e, nessa medida,
o rendimento das pessoas, incluindo o das menos favorecidas. Eis uma
situação em que os princípios da liberdade e da diferença podem estar
em conflito. Para ser útil, uma teoriza da justiça tem de dar resposta a
estas situações.
Segundo Rawls, alguns bens sociais são mais importantes (mais
valiosos) do que outros. A ordem pela qual os princípios de justiça são
habitualmente apresentados reflete, por um lado, o seu peso relativo e,
por outro lado, a ordem de prioridades a que se encontra sujeita a sua
aplicação. Dado que o princípio da liberdade tem mais importância do
que os restantes, no caso hipotético descrito acima é clara a resposta
de Rawls: não é permissível limitar – nem abolir – as liberdades civis
em nome de uma maior disponibilidade de recursos económicos para
todos. Tal como o princípio da liberdade tem sempre prioridade sobre
os princípios da oportunidade justa e da diferença, também o princípio
da oportunidade justa tem igualmente prioridade sobre o princípio da
diferença.
Compete ao estado garantir direitos iguais a todos os cidadãos e,
em particular, que todos possam beneficiar de condições de igualdade
no acesso aos níveis de escolaridade compatíveis com a aquisição das
competências (científicas, etc.) necessárias ao exercício das profissões
melhor remuneradas. A ideia é que cada pessoa deve ocupar a posição
social que resultar das suas escolhas e mérito – e não de fatores pelos
quais não é responsável. Tal como ninguém escolhe nascer homem ou
mulher, africano ou caucasiano, ninguém escolhe o nível económico
da sua família. O princípio da igualdade de oportunidades destina-se a
corrigir as desigualdades que afetam as pessoas mas pelas quais elas
não são responsáveis.
Imaginemos que a Catarina é uma estudante aplicada e talentosa
que deseja seguir engenharia. Imagine ainda que a Ana, uma amiga da
Catarina, também pretende seguir engenharia mas o seu empenho é
menos regular e os seus resultados habitualmente inferiores aos da
Catarina. Por fim, suponha que os rendimentos da família da Catarina,
ao contrário do que acontece com a Ana, não lhe permitem prosseguir
estudos universitários. Parece injusto que o mérito da Catarina não
seja recompensado; que, apesar do seu esforço e talento, não lhe fosse
permitido – por razões que em nada dependem dela – o ingresso no
curso desejado.
Para que o estado possa corrigir este tipo de situações (através
da gratuitidade do ensino ou da isenção de propinas para alguns tipos
de estudantes, por exemplo) é necessário proceder à redistribuição da
riqueza. Os custos de frequência do sistema de ensino não deixam de
existir pelo facto de os estudantes que nele se matriculam não estarem
em condições de os suportar. O que acontece é que passam a ser pagos
por todos os cidadãos através dos impostos. Dado que os impostos são
progressivos (quem beneficia de rendimentos mais elevados paga mais
impostos), os custos do curso da Catarina irão ser suportados numa
percentagem superior pelos economicamente mais favorecidos. Por
via dos impostos, o estado transfere uma parte do rendimento dos mais
favorecidos para os que menos têm sob a forma de diferentes tipos de
serviços públicos – educação, saúde, etc. –, favorecendo a igualdade e
a justiça social.
O estado social ou de bem-estar – da expressão inglesa welfare
state – que viria a caracterizar as principais sociedades europeias após
a Segunda Guerra Mundial foi, em grande medida, uma consequência
desta conceção distributiva geral. Muitos governos social-democratas
desenvolveram e aplicaram políticas de redistribuição da riqueza por
via fiscal em benefício das classes sociais menos favorecidas que lhes
garantiu um nível de bem-estar até então muito menos abrangente. As
políticas de redistribuição da riqueza permitiram ainda o acesso quase
gratuito a um conjunto de serviços – como a saúde e a educação – que
constituem uma forma indireta de aumentar os salários e o rendimento
das famílias.
O princípio da igualdade de oportunidades pode, no entanto, ser
utilizado para justificar a existência de diferenças de rendimento entre
os indivíduos, por maiores que sejam. Dado que todos têm acesso em
igualdade de circunstâncias aos bens sociais necessários ao exercício
das profissões melhor remuneradas, todas as diferenças de rendimento
que se verifiquem no futuro resultarão apenas das diferentes escolhas
e do mérito de cada indivíduo. Nada a objetar, portanto, a que algumas
pessoas beneficiem de elevados rendimentos e outras de rendimentos
modestos.
Esta posição (que, por vezes, é considerada de bom senso) é, no
entanto, incompatível com o princípio da diferença, segundo o qual as
desigualdades na distribuição da riqueza só se justificam se também
beneficiarem os menos favorecidos. Por que haveriam, no entanto, de
beneficiar do esforço dos mais empreendedores os que menos méritos
revelaram possuir? Dado que as condições de partida são as mesmas,
por que deveriam os que alcançaram maiores rendimentos compensar
os restantes?
A diferença de pontos de vista deixa-se traduzir nos seguintes
princípios antagónicos:
■A perspetiva da igualdade de oportunidades

Se as oportunidades são iguais para todos, quaisquer desigualdades futuras de


rendimento são legítimas independentemente de beneficiarem ou não os mais
desfavorecidos.
■A perspetiva de Rawls

Qualquer desigualdade de rendimentos é legítima unicamente se beneficiar os


mais desfavorecidos.

Para defender o princípio a diferença e justificar a ideia de que a


igualdade de oportunidades é, por si só, insuficiente para garantir uma
sociedade justa, Rawls recorreu a dois argumentos: o da desigualdade
dos talentos naturais e o do contrato social. A seguir iremos analisar
cada um deles.

3. A desigualdade dos talentos naturais

A ideia de que é justo que as pessoas usufruam do produto do


seu esforço se todos os outros tiveram as mesmas oportunidades tem
como pressuposto que o sucesso ou o insucesso de cada indivíduo
deve depender unicamente das suas escolhas, e não das circunstâncias
que o envolvem, pelas quais não é responsável, e que, pelo menos nos
casos mais típicos (posição social de partida, raça, género, etc.), não
pode modificar.
Podemos escolher a forma como ocupamos o tempo. Somos, em
última análise, os únicos responsáveis pelos resultados decorrentes da
maneira como o utilizamos (se estudamos arduamente ou preferimos
fazer outra coisa, por exemplo). Se formos bem-sucedidos nos nossos
esforços, é natural pensar que o produto desse sucesso é inteiramente
merecido. Não parece haver aqui lugar para compensar os outros pelo
seu fracasso.
Em caso de insucesso, a situação é idêntica. Como a pessoa teve
exatamente as mesmas oportunidades que todos os outros, qualquer
posição social menos favorável que possa vir a ocupar no futuro é, em
última análise, da sua exclusiva responsabilidade; não tem, portanto, o
direito de esperar dos outros qualquer tipo de compensação pelo seu
insucesso.
As pessoas são responsáveis pelas escolhas que fazem, não são
responsáveis pelas circunstâncias que envolvem a sua vida e que não
dominam. Merecemos os frutos do caminho que escolhemos e que nos
esforçámos para trilhar. Não merecemos ser homem ou mulher, nascer
numa família de altos ou baixos rendimentos, ter origem caucasiana
ou africana, etc. Numa sociedade onde as oportunidades são idênticas
para todos (independentemente da raça, género, etc.) as desigualdades
sociais seriam inteiramente justas porque o sucesso ou o insucesso são
merecidos.
O ponto forte do argumento a favor do conceito de justiça social
como igualdade de oportunidades é considerar que a posição que cada
indivíduo ocupa na sociedade deve depender apenas das suas escolhas
e não das circunstâncias. O seu ponto fraco, sublinha Rawls, consiste
em pensar que depois de eliminadas as barreiras da raça, do género ou
da posição social de base, tudo o resto se deve ao esforço e às escolhas
das pessoas. O erro da conceção de justiça social como igualdade de
oportunidades está em ignorar que o sucesso social depende também
do talento natural. Justificar-se-á dizer que merecemos o talento com
que nascemos?
Algumas pessoas nascem com um talento especial para realizar
tarefas socialmente muito valorizadas (como jogar futebol ou dominar
ciências como a física, a matemática ou a arte da música). Outras, pelo
contrário, nascem com deficiências de diversos tipos que as impedem
de aceder às posições melhor remuneradas. Ninguém merece nascer
deficiente porque ser deficiente não é uma escolha. Mas, pela mesma
razão, ninguém merece o talento que possa ter para o futebol ou para a
arte da música.
O insucesso social de alguém deficiente ou com um QI abaixo
da média não é merecido. Mas – e pela mesma razão – o sucesso das
pessoas que conseguiram tirar partido dos talentos com que nasceram
também não. Os talentos foram distribuídos ao acaso; são como uma
lotaria natural.
Uma consequência desta ideia consiste em admitir que os mais
favorecidos pela lotaria dos talentos naturais têm o direito de usufruir
dos seus benefícios desde que compensem de alguma forma os menos
favorecidos. Mas isto faz-nos cair no princípio a diferença. Dizer que
as desigualdades de rendimento são justas apenas quando beneficiam
os menos favorecidos é equivalente a defender que os que possuem
maiores talentos beneficiem de rendimentos mais altos apenas quando
compensam os menos favorecidos pelas desigualdades que não têm
origem no mérito.

4. O contrato social

Os princípios de justiça propostos por Rawls são aqueles que um


agente racional adotaria se lhe fosse dada a oportunidade de escolher o
tipo de organização social que iria passar a integrar. Esta escolha, para
ser realmente imparcial, tem que ser feita numa situação de completa
igualdade. Este estatuto de igualdade visa garantir que a opção por um
modelo de sociedade que permita a todos o acesso aos bens sociais
primários (liberdades, oportunidades, riqueza) seja também a mais
racional.
O ponto de partida adotado por Rawls para a defesa do princípio
da diferença é o de que a escolha dos princípios da justiça por parte de
seres racionais dispostos a contratualizar formas de convivência social
que impliquem a definição dos direitos e deveres de cada um, para ser
ela própria justa, deve fazer-se em condições de imparcialidade. Para
garantir este estatuto de imparcialidade, Rawls propõe uma situação
meramente hipotética em que a escolha é feita a coberto de um véu de
ignorância.
Mas que significa isto? Basicamente, que os participantes na
situação hipotética devem escolher os princípios de justiça partindo de
uma posição de total desconhecimento acerca da posição social que
irão ocupar na sociedade cujos princípios básicos de organização estão
agora a escolher. Ninguém que se encontre nesta posição inicial sabe
se será rico ou pobre, homem ou mulher, a que raça pertencerá e quais
os seus talentos naturais, preferências ou modo de vida que mais lhes
agradará fazer.
Apenas a situação de ignorância que define a posição inicial
descrita por Rawls permite que a escolha dos princípios de justiça
possa fazer-se com total imparcialidade. Se não fosse assim, uma
pessoa que beneficie de elevados rendimentos poderia preferir uma
política fiscal menos preocupada com a redistribuição da riqueza (em
que pagasse menos impostos). Uma pessoa que usufruísse de um nível
de rendimentos mais baixo poderia dar preferência a políticas fiscais
que favorecessem uma redistribuição da riqueza de modo a retirar daí
benefícios. Sem o véu de ignorância característico a posição inicial de
Rawls, a imparcialidade na escolha dos princípios de justiça estaria
comprometida.
A ideia é que um agente racional que desconheça a sua posição
económica, talentos naturais, etc., e que pretenda que os princípios de
justiça lhe garantam o acesso aos meios necessários para prosseguir os
seus fins racionais, terá todo o interesse em escolher os princípios que
mais favoreçam a possibilidade de vir a ter uma vida boa seja qual for
a sua posição social. Embora nem todas as pessoas tenham as mesmas
ideias sobre o que torna a vida valiosa para si próprias, todas têm uma
opinião sobre o que é uma vida boa. A possibilidade escolher um
projeto de vida de acordo com a sua ideia do bem é a base para uma
vida humana realizada.
No momento da escolha, a coberto do véu de ignorância, um
agente não sabe a seu próprio respeito o que pudesse colocar em causa
a imparcialidade da sua escolha. O agente não sabe se os seus talentos
naturais e preferências o inclinarão a seguir uma carreira artística ou a
dedicar-se aos negócios; não sabe se virá a ocupar uma posição social
elevada, intermédia ou baixa; não sabe se praticará uma religião nem
qual delas terá a sua preferência caso o faça; não sabe se será homem
ou mulher, heterossexual ou homossexual; e também não sabe o valor
do seu QI. Mas sabe que, em qualquer destes casos, irá necessitar de
meios sociais que lhe permitam alcançar o seu objetivo de usufruir de
uma vida boa.
A escolha dos princípios de justiça destina-se a garantir que um
agente racional a coberto de um véu de ignorância opte pela forma de
organização social que mais favoreça a possibilidade de prosseguir a
sua conceção de uma vida boa (seja ela qual for). Para alcançar este
objetivo, é necessário decidir qual a melhor maneira de distribuir pelas
diferentes pessoas os bens sociais necessários à prossecução de uma
vida boa.
Rawls considera dois tipos de bens primários:
■ Bens sociais primários

Estes bens devem às instituições sociais a forma como são distribuídos. Esta
categoria inclui os rendimentos, a riqueza, as oportunidades, as liberdades e
os direitos.

■ Bens naturais primários

Estes bens não são diretamente distribuídos pelas instituições sociais, embora
sofram o seu impacto. Incluem-se nesta categoria a saúde, a inteligência e os
talentos naturais.

A escolha dos princípios de justiça diz apenas respeito à forma


como os bens sociais primários devem estar distribuídos entre agentes
racionais partindo de uma posição inicial de igualdade. Nesta situação
hipotética, a preferência recairia, segundo John Rawls, em princípios
igualitários. Isto, contudo, não significa que todas as desigualdades
sejam abolidas, mas apenas aquelas cuja existência não favoreça todos
os cidadãos.
Dado que nenhum agente sabe a posição social que irá ocupar
na sociedade, apenas uma distribuição igualitária dos direitos, das
liberdades, da riqueza e dos rendimentos poderá garantir que todas as
pessoas, independentemente das suas preferências e circunstâncias,
tenham acesso aos bens sociais primários necessários à prossecução
de uma vida boa.
Um agente racional colocado na posição inicial ao ter de decidir
que princípios de justiça adotar sob um véu de ignorância raciocinaria,
segundo Rawls, do seguinte modo: dado que posso vir a encontrar-me
na posição social mais desfavorável, a melhor estratégia consiste em
escolher princípios de justiça que maximizem os benefícios sociais
daqueles que se encontrem situados nas posições mais baixas ou mais
desfavorecidas (as posições mínimas). Rawls chamou a este princípio
maximin. O princípio maximin afirma que devemos dar preferência a
uma organização social que beneficie na máxima medida possível os
menos favorecidos.
O princípio a diferença – segundo o qual as desigualdades na
distribuição dos bens sociais apenas são legítimas quando beneficiam
os menos favorecidos – segue-se daqui. Para garantir que aqueles que
ocupam as posições sociais mais baixas não vejam os seus interesses
sacrificados em benefício dos outros é necessário em dar-lhes o direito
de impedir qualquer desigualdade na distribuição dos bens sociais
primários (liberdades, rendimento, etc.) que seja contrária aos seus
interesses.

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