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PEÇA PENAL

SUMÁRIO

1 PRERROGATIVAS DP CRIME ....................................................................................................... 2

INTIMAÇÃO PESSOAL .......................................................................................................................... 2

PRAZO EM DOBRO.................................................................................................................................... 3

PRINCIAIS NULIDADES EM PEÇAS PENAIS ....................................................................................................... 3

2 PEÇAS CRIMINAIS DICAS .......................................................................................................... 13

APELAÇÃO ............................................................................................................................................ 13

REVISÃO CRIMINAL ........................................................................................................................... 14

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ...................................................................................................... 15

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1 PRERROGATIVAS DP CRIME

INTIMAÇÃO PESSOAL
Garantido pelo
1. CPC (art.
2. LC80/94 (prerrogativa
3. CPP
A intimação pessoal se faz, segundo a LC por vista dos autos.
 Vale para decisões proferidas em audiência na presença do defensor? SIM!
Mesmo assim o prazo recursal só começa a contar coma a remessa dos autos à
repartição (a partir da entrada, e não só quando o defensor der o ciente).
Fundamento é a impessoalidade da atuação do defensor, o vinculo é institucional
(principio da indivisibilidade e unidade). Isso só vale para processos penais, pois o
CPC tem disposição expressa de que o defensor tem-se por intimado das decisões
proferidas em audiência.
 Quem é o destinatário da intimação? É a defensoria pública, como órgão uno e
indivisível, cabendo a ela organizar o recebimento dos autos e a distribuição ao
defensor responsável. Desburocratização do processo (STF HC 2ª turma 2010).
Assim o prazo começa a correr com a chegada dos autos à instituição e não pela
aposição do ciente do defensor.
 Vale para quais instancias? TODAS. Inclusive tribunais superiores e instancias
administrativas. Isso está na LC/80.
 Aplica-se a sessão de julgamento do HC? Completar aqui. Caio Paiva fala de
julgamento de 2015 em que disse o STF que sim.
 Aplica-se aos juizados especiais criminais? NÂO, majoritariamente. Os
princípios informadores do juizado são aptos a afastar a prerrogativa conferida
pela LC 80/94. A lei dos juizados não fala em intimação pessoal, prevalecendo
pelo critério da especialidade. A TNU, STJ e STF têm entendimento nesse sentido.
Os tribunais têm dito ainda que as prerrogativas processuais da LC/80 têm
conteúdo materialmente de lei ordinária, podendo ser afastados pelas leis do
juizado. Há muita critica por parte dos defensores. Ver argumentos na pagina 96
do livro.
 Aplica-se a processos administrativos? Sim a própria LC/80 fala isso.
 Aplica-se a intimação para comparecimento a audiência de custodia?
Segundo caio Paiva é inviável pois ela deve ser realizada em 24h. É suficiente que
se cumpra o CPP e se dê acesso ao defensor do auto de prisão em flagrante.

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 O advogado dativo possui? SIM!

PRAZO EM DOBRO
Previsto na
1. LC 80/94 (Art. 44, I, 89, I, 128, I)
2. NCPC (art. 18, caput)
O grande problema do prazo em dobro é que o MP não goza dele no processo penal (só
no civil). Argumenta-se ela sua inconstitucionalidade, portanto. O MP inclusive atua em
mais processos penais que a defensoria pública.
A ultima decisão do STF (HC de 1994) foi no sentido de aplicar a inconstitucionalidade
progressiva da lei 10.60 até que a defensoria alcançasse o nível de organização do MP.
Decisão muito criticada pela dificuldade de se aferir esse marco temporal.
 O MP possui? Não
 O advogado dativo possui? Não, possui apenas a intimação pessoal.
 Aplica quando a lei estabelecer prazo específico para a defensoria? Caio
Paiva diz que não, por analogia ao CPC. Exemplo é o prazo de 10 dias para o novo
julgamento no júri quando o advogado particular faltar (defensor é intimado para
comparecer, pois se o advogado faltar de novo ele assume).
 Prazos judiciais? Majoritariamente, sim.
 Prazos decadenciais e prescricionais? NÃO!
 Prazo de sustentação oral? NÃO, por uma interpretação teleológica do prazo em
dobro.
 Processo administrativo? Sim, a própria LC 80 diz isso.
 Juizado especial criminal? SIM! Segundo Caio Paiva é o que prevalece no STF.
Até porque, segundo ele, isso não anula a celeridade dos juizados. Observação:
alei dos JEF é expressa em não conferir esse prazo dobrado à fazenda. Mas azar
da fazenda que não tem uma LC prevendo a prerrogativa.
Parei na 76

PRINCIAIS NULIDADES EM PEÇAS PENAIS


A persecução penal é regida por uma série de normas que devem ser estritamente
observadas, sob pena de comprometer toda a lisura da apuração penal, bem como violar
direitos e garantias dos investigados.

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Fica fácil concluir que o Estado precisa dispor de instrumentos coercitivos para
constranger os atores processuais a praticar os atos processuais, segundo as
disposições previstas na legislação ordinária e na Constituição Federal.
É, por isso, que o tema nulidades processuais é tão importante e amplamente abordado
nas peças processuais de 2ª fase de concursos para Defensoria Pública, visto que este
instituto é uma espécie de sanção aplicada ao ato processual viciado, maculando a
produção dos efeitos que se esperava.
Nesse sentido, ensina Renato Brasileiro (2016, p.1550):
O sistema de nulidades foi pensado, portanto, como instrumento para compelir os
sujeitos processuais à observância dos modelos típicos: ou se cumpre a forma legal ou
corre-se o risco de o ato processual ser declarado inválido e ineficaz. A conseqüência da
inobservância da forma prescrita em lei é a de que o ato defeituoso não poderá produzir
os efeitos que ordinariamente teria.
Vamos às principais causas de nulidade.

VIOLAÇÃO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA


Nos termos do art.5°, LV, da Constituição Federal, o contraditório e a ampla defesa são
assegurados aos acusados em geral. Apesar de ordinariamente ser utilizado de forma
singular, o princípio do contraditório não se confunde com a ampla defesa.
Com efeito, no âmbito do processo penal, é necessário que as partes estejam em
posições antagônicas, uma delas obrigatoriamente em situação de defesa, valendo-se de
todos os meios legais para tanto (ampla defesa), havendo a necessidade de que cada
parte tenha o direito de se contrapor aos atos e termos da parte adversa (contraditório).
Apesar da distinção doutrinária, nas peças de segunda fase, é recomendável que o
candidato aponte violação a ambos os princípios, ainda que, na situação fática, fique
evidente que se trate de ampla defesa ou contraditório.
Há de ser ponderado que algumas situações de violação aos princípios em comento,
recorrentes em prova de peça processual para Defensoria, não são majoritários na
jurisprudência, mas ainda sim devem ser alegados, sob pena de deixar de pontuar um
assunto que sabia.
Para aclarar, vamos ilustrar o que foi dito acima.

Não oitiva de É cediço que o Juiz pode negar a oitiva de uma testemunha de
testemunha de defesa, desde que a decisão seja devidamente fundamentada, sendo
defesa este entendimento pacífico no âmbito dos tribunais superiores.
Contudo, se o caso apresentado para elaboração da peça narre uma
situação que se amolde ao descrito acima, é imperioso que o
candidato alegue em sua resposta a violação ao princípio do
contraditório e ampla defesa.

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Segue, abaixo, uma sugestão de redação de parágrafo para casos em que se averígue a
violação do princípio da ampla defesa e contraditório:

Na fundamentação NULIDADE PROCESSUAL. VIOLAÇÃO DO CONTRADITÓRIO E


DA AMPLA DEFESA.
No presente caso, tendo em vista que foi negada a oitiva da
testemunha de defesa XX, que seria fundamental ao deslinde
do feito favorável ao acusado, houve manifesta violação ao
princípio do contraditório e ampla defesa, nos termos do
art.5°, LV, da Constituição Federal, sendo evidente o prejuízo
para o réu, ante a superveniência de um decreto
condenatório.
Perceba que, na redação sugerida, não consta que seja
declarada a nulidade do processo, uma vez que isto será
requerido ao final da peça, no tópico DOS PEDIDOS, sendo
desnecessária a repetição no tópico da explicação, visto que
só irá desperdiçar mais linhas.

Nos pedidos DOS PEDIDOS


Ante o exposto, vem querer
x) que seja declarada a nulidade do feito, por violação ao
princípio do contraditório e ampla defesa, nos termos do art.5,
LV, da CF/88

VIOLAÇÃO DO DIREITO DE ESCOLHA DO DEFENSOR


Em virtude da relação de confiança que necessariamente se finca entre o réu e o seu
advogado, infere-se que um dos desmembramentos do princípio da ampla defesa
consiste no direito de escolha do advogado pelo acusado.
Logo, é bem comum que as questões tragam a situação em que o acusado estava
representado por um advogado, tendo este abandonado a causa, ocasião em que o juiz
automaticamente nomeia um advogado dativo ou um defensor público.
Nesse caso, deve ser alegada a nulidade de tal nomeação e todos os atos subseqüentes,
ante a violação do princípio da ampla defesa, pois o acusado tem o direito de escolher
seu próprio advogado, não sendo crível que o juiz substitua seu advogado constituído
por outro de sua livre escolha.
A postura correta do magistrado seria intimar o acusado para que este constitua novo
advogado ou indique o desejo de ser representando pela defensoria pública. Nesse
sentido, inclusive, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

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Segue, abaixo, uma sugestão de redação de parágrafo para casos em que se descubra a
violação do princípio da ampla defesa e contraditório, materializada pela não intimação
do acusado para nomear novo advogado:

Na fundamentação NULIDADE PROCESSUAL. VIOLAÇÃO DO DIREITO DE ESCOLHA


DO DEFENSOR
No presente caso, foi negado ao acusado o direito de escolher seu
defensor, direito esse fundamental ao pleno exercício da ampla
defesa (art.5°, LV, da Constituição Federal). O Magistrado deveria
ter intimado o acusado para que esse indicasse o defensor técnico
que desejava ver patrocinando sua defesa. Resta, pois, violada
norma fundamental do processo penal e sendo evidente o prejuízo
para o réu, ante a superveniência de um decreto condenatório, é
caso de nulidade absoluta.

Nos pedidos DOS PEDIDOS


Ante o exposto, vem querer
x) que seja declarada a nulidade do feito, ante a violação do direito
de escolha do defensor, e, por conseguinte, do desrespeito ao
princípio do contraditório e da ampla defesa, nos termos do art.5,
LV, da CF/88.

AUSÊNCIA DE EXAME DE CORPO E DELITO


Nos termos do art.158, do Código de Processo Penal, quando a infração deixar
vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado.
O exame de corpo de delito direito é o realizado por meio de perito oficial sobre o
próprio corpo de delito, isto é, nos vestígios deixados pela ocorrência daquela prática
criminosa.
Em contrapartida, o exame de corpo de delito indireto, nos termos do art.167, do Código
de Processo Penal, trata-se de um meio de prova sem qualquer formalidade para a sua
constituição, pode ser promovido pela colheita de prova testemunhal, que afirma ter
visto a ocorrência do delito ou, até mesmo, pela análise de documentos que comprovem
a materialidade delitiva, como uma fotografia.
Portanto, caso a questão da sua prova de 2ª fase narre a ocorrência de um crime não
transeunte, isto é, um crime que deixa vestígios, faz-se necessário averiguar se houve
ou não a realização de exame de corpo de delito.
Em não tendo ocorrido, abre-se duas margens de argumentação para a sua peça
processual.

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1. A primeira seria requerer a ABSOLVIÇÃO do acusado por insuficiência de provas,
uma vez que não houve comprovação da materialidade delitiva, desde que o
vestígio configure elemento do tipo, e não uma qualificadora ou causa de
aumento de pena.
2. A segunda frente de argumentação seria requerer a NULIDADE DO PROCESSO,
nos termos do art. 564, III, b, do CPP, uma vez que não foi observada a
formalidade legal de realizar o exame de corpo e delito.
Segue, abaixo, uma sugestão de redação de parágrafo para casos em que se descubra a
ausência do exame de corpo e delito:

Na fundamentação NULIDADE PROCESSUAL. NÃO REALIZAÇÃO DO EXAME DE


CORPO DE DELITO
Nos termos do art.158, do Código de Processo Penal, quando uma
infração penal deixa vestígios, é essencial a realização de exame
de corpo de delito, sob pena de nulidade absoluta, vide art.564,
inciso III, alínea b, do CPP. Logo, como não houve a realização da
citada prova pericial, é forçosa a declaração da nulidade de todo o
processo

Nos pedidos DOS PEDIDOS


Ante o exposto, vem querer
x) que seja declarada a nulidade do feito, ante a violação da
norma procedimental prevista no art. art.564, inciso III, alínea b,
do CPP, essencial a demonstração da materialidade do crime
(exame de corpo de delito)

Atenção - Uma situação bastante peculiar que, muitas vezes, é desprezada pelo
candidato e acaba acarretando a perda de pontos que podem decidir uma aprovação é a
necessidade de realização de exame de corpo de delito no crime de furto qualificado
pelo rompimento de obstáculo à subtração da coisa (CP, art.155, §4°, I).
Logo, caso se trate de um furto qualificado pelo arrombamento de porta de uma loja, por
exemplo, se o rompimento não for comprovado por meio de prova pericial (exame de
corpo de delito), não é possível que a conduta seja amoldada à situação qualificadora.
Nesse sentido, inclusive, entende o STJ:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL.


ART. 155 DO CP.FURTO COM DESTRUIÇÃO OU ROMPIMENTO DE
OBSTÁCULO À SUBTRAÇÃO DA COISA. ART. 158 DO CPP.
QUALIFICADORA DO FURTO. EXIGÊNCIA DE LAUDO PERICIAL.1.
Na via especial, a discussão acerca da classificação jurídica dos fatos
dispostos nos autos mitiga a incidência da Súmula 7/STJ.2. O
Superior Tribunal de Justiça entende que, para incidir a
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qualificadora prevista no art. 155, § 4º, I, do Código Penal, fazse
indispensável a realização de perícia regular, a fim de se constatar a
realização do rompimento de obstáculo.3. O agravo regimental não
merece prosperar, porquanto as razões reunidas na insurgência são
incapazes de infirmar o entendimento assentado na decisão
agravada.4. Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp
1530928/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, julgado em 04/08/2015, DJe 20/08/2015).

Nessa situação, você deve requerer, além da nulidade, a DESCLASSIFICAÇÃO da


infração para furto simples (caso não exista outra qualificadora), em razão da ausência
de exame de corpo de delito que comprove o rompimento do obstáculo.

CONFISSÃO OBTIDA POR MEIO DE TORTURA


A confissão é uma espécie de prova em que o próprio acusado admite que cometeu a
prática delituosa que lhe é imposta. É muito comum, no dia a dia policial, a obtenção de
confissões em desacordo com a lei, vez que obtidas por meio de tortura.
Diante desse triste cenário, é bem comum que as provas de segunda fase exponham esse
tipo de situação, devendo o candidato, amparado no art.5, LVI, da CF/88 e art.157, do
CPP, requerer que a confissão seja retirada dos autos, uma vez que é nula de pleno
direito.
Segue, abaixo, sugestão de redação:

Na fundamentação DA NULIDADE DA CONFISSÃO.


Embora o réu tenha confessado, esta prova deve ser
desentranhada dos autos, nos termos do art. 5, LVI, da CF/88 e
art.157, do CPP. Isso porque, conforme demonstrado nos autos
trata-se de prova viciada, pois foi obtida por meio de tortura, não
podendo assim lastrear a decisão judicial.

Nos pedidos DOS PEDIDOS


Ante o exposto, vem querer
x) que seja declarada a nulidade do feito, ou a absolvição do
acusado (caso seja a principal ratio cognoscendi e sem ela não
houver materialidade) ante a admissão no processo de prova
ilícita.

EXAME PERICIAL REALIZADO SEM SER POR PERITO OFICIAL


A prova pericial é o exame procedido por pessoa que tenha conhecimentos técnicos,
científicos ou domínio específico em determinada área do conhecimento.

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As perícias, em regra, serão realizadas por um único perito oficial, nos termos do
art.159, caput, do Código Penal, com redação dada pela lei 11.690, de 2008, ou seja, por
uma pessoa que integra os quadros do próprio Estado, portador de diploma de curso
superior, sendo-lhe assegurada autonomia técnica, científica e funcional.
Na ausência de perito oficial, a autoridade pode valer-se de pessoas idôneas, portadoras
de curso superior, com habilitação técnica relacionada à natureza do exame, que serão
nomeadas e juramentadas para atuar em um determinado caso concreto. Quando
ocorrer essa situação, faz-se necessário que o exame seja realizado por dois peritos.
Em sua prova, pode ocorrer de a questão narrar uma situação, onde não há perito oficial
e o Juiz nomeou apenas um pessoa idônea para realizar o laudo pericial.
Deve, portanto, ser argüida a nulidade da prova, por violar o art. 159, §1°, do CPP, bem
como a súmula 361 do STF, que tem vigência apenas para casos envolvendo perito sem
ser oficial.

Súmula 361. No processo penal, é nulo o exame realizado por um só


perito, considerando-se impedido o que tiver
funcionado,anteriormente, na diligência de apreensão.

Na fundamentação NULIDADE DO EXAME PERICIAL. APENAS 01 PERITO NÃO


OFICIAL.
Art. 159, §1°, do CPP apregoa que, caso a perícia seja realizada
por perito não oficial, o exame será realizado por duas pessoas
idôneas, e não apenas uma, fato que vicia a prova produzida.
Logo, nos termos de entendimento sumulado por Tribunal superior,
o exame é nulo.

Nos pedidos DOS PEDIDOS


Ante o exposto, vem querer
x) que seja declarada a nulidade do feito, ou a absolvição do
acusado (caso seja a principal ratio cognoscendi e sem ela não
houver materialidade) ante a admissão no processo de exame
pericial nulo (realização por apenas 01 perito)

AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DA DEFENSORIA PÚBLICA


Nos termos do art.128, inciso I, da Lei Complementar 80, é prerrogativa do membro da
Defensoria Pública do Estado ser intimado pessoalmente em qualquer processo ou grau
de jurisdição.

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Assim, diferentemente do advogado privado, o Defensor Público deve ser intimado
pessoalmente de todos os atos processuais que ensejam a sua manifestação ou
necessitem do seu conhecimento.
A exigência de intimação pessoal do Defensor Público, mormente no âmbito processual
penal, atende a uma imposição que deriva do próprio texto constitucional, uma vez que é
uma decorrência do princípio do devido processo legal, pois não é concebido que a
persecução penal tramite sem observância das formalidades legais.
Assim, se na sua questão da peça penal houver qualquer ato em que o defensor não
tenha sido intimado pessoalmente, é imperioso que seja requerida a nulidade do ato de
comunicação e dos subseqüentes. Segue, abaixo, sugestão de redação:

Na fundamentação NULIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL


Nos termos do art.128, I, da LC 80/94, é prerrogativa do Defensor
Público ser intimado pessoalmente, com vista dos autos, em
qualquer processo. No presente caso, não foi obedecida a
prerrogativa do Defensor Público, o que acarreta a nulidade do ato,
por violação oblíqua ao princípio do devido processo legal e
dispositivo infraconstitucional já citado, devendo todos os atos
subseqüentes ser invalidados.

Nos pedidos DOS PEDIDOS


Ante o exposto, vem querer
x) que seja declarada a nulidade do intimação e dos atos
processuais subseqüentes, pois não foi observada a prerrogativa
de intimação pessoal do Defensor Público, prevista na LC 80/94.

Cumpre ainda salientar que, mesmo que o defensor esteja presente em audiência no
momento da leitura da sentença ou prática de um dado ato processual, é necessário
sustentar a necessidade de sua intimação pessoal mediante remessa dos autos.

AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO ADVOGADO DATIVO


Conforme já fora exposto, é muito comum nas provas práticas de penal para o concurso
de Defensor Público a situação em que foi nomeado advogado dativo ao acusado e, após
a prática dos atos, estes foram encaminhados à Defensoria Pública por esta ter se
estabelecido no local respectivo.
Tal situação ocorre principalmente nas situações em que a peça processual a ser
realizada é um recurso de apelação. Ainda que a parte esteja representada por advogado
dativo, é necessário que este seja intimado pessoalmente, conforme preceitua o
art.370, §4, do CPP, in verbis:

Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais


pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será
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observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo
anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
§ 1o A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante
e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da
publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de
nulidade, o nome do acusado. (Incluído Lei nº 9.271, de 17.4.1996).
§ 2o Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na
comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por
mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por
qualquer outro meio idôneo.(Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996).
§ 3o A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação
a que alude o
§ 1o. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996). § 4o A intimação do
Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal. (Incluído
pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

Não se pode olvidar que a ausência de intimação pessoal do advogado dativo enseja
NULIDADE ABSOLUTA do feito, conforme entendimento reiterado do Supremo Tribunal
Federal:

Habeas corpus. 2. Impetração contra decisão que indeferiu medida


liminar no Superior Tribunal de Justiça. Súmula 691. Superação. 3.
Roubo. Absolvição em primeiro grau e condenação em sede de
apelação. Certificação do trânsito em julgado. 4. Defesa patrocinada
por defensor nomeado ou ad hoc. Ausência de intimação pessoal.
Nulidade absoluta. Previsão do art. 370, § 4º, do CPP. Precedentes. 5.
Ordem concedida, confirmando a liminar, a fim de anular o trânsito
em julgado do acórdão, com consequente reabertura do prazo
recursal. (HC 127393, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda
Turma, julgado em 05/05/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-096
DIVULG 21-05-2015 PUBLIC 22-05-2015).

Assim, é preciso que se alegue a nulidade do feito por inobservância de uma formalidade
fundamental em razão da ausência de intimação pessoal do advogado dativo. Segue
sugestão de tópico:

Na fundamentação NULIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL.


Em que pese anteriormente a defesa do acusado ser patrocinada
por advogado dativo, este também deve ser intimado
pessoalmente dos atos processuais, nos termos do art.370, § 4º,
do CPP. Assim, como a comunicação processual se deu por meio do

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Diário da Justiça, o que infringe o princípio do devido processo
legal, é necessário que seja declarada a nulidade absoluta da
sentença e todos os atos subseqüentes.

Nos pedidos DOS PEDIDOS


Ante o exposto, vem querer
x) que seja declarada a nulidade do feito, ante a violação da regra
procedimental prevista no art.370, § 4º, do CP (intimação pessoal
do defensor dativo)

NULIDADE NO RECONHECIMENTO PESSOAL OU FOTOGRÁFICO


O reconhecimento pessoal é um meio de prova em que alguém, geralmente a vítima,
identifica uma pessoa como sendo a autora de um determinado ato delituoso, estando
disciplinado no art.226, do CPP, senão vejamos:

Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento


de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a
descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se
possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer
semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a
apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o
reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não
diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a
autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado,
subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao
reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.

Infere-se que o artigo supracitado delimita todo o procedimento a ser adotado na


utilização desse meio de prova. Ocorre que referido procedimento constantemente não
é observado, fato que acarreta a possibilidade de ser declarada a nulidade da prova
colhida e, caso a sentença tenha se baseado nela, da decisão condenatória também.
Comumente, nas provas de concursos, não é feita qualquer menção à observância do
inciso II, do art.226, ou seja, a tentativa de colocar o acusado junto com outras
pessoas parecidas, sendo muitas vezes esse o fundamento da nulidade, mesmo o
dispositivo legal falando que só seria necessária a sua observância “quando possível”.

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Por isso, aconselho SEMPRE ALEGAR A NULIDADE DO RECONHECIMENTO, pois o
máximo que se perde é tempo e algumas linhas.

Na fundamentação NULIDADE DO RECONHECIMENTO PESSOAL


É cediço que o reconhecimento pessoal deve observar o
procedimento disposto no art.226, do Código de Processo Penal,
sob pena de invalidação da prova e macula ao princípio do devido
processo legal. No presente caso, conforme relatado, não foi
observado os parâmetros legais, já que o acusado não foi colocado
ao lado de outras pessoas com fenótipo parecido, tendo a vítima
sido induzida a reconhecê-lo como autor do crime.

Nos pedidos DOS PEDIDOS


Ante o exposto, vem querer
x) que seja declarada a nulidade do feito, ante a violação da regra
procedimental prevista no art.370, § 4º, do CP (intimação pessoal
do defensor dativo)

Adscreve-se ainda que o reconhecimento do acusado através de fotografias não encontra


previsão legal, mas tem sido admitido pela doutrina e jurisprudência, desde que
observado o procedimento do reconhecimento de pessoal, ou seja, há a necessidade de
se colocar foto de pessoas parecidas com o acusado.
Logo, caso a questão fale que foi apresentada uma foto do acusado para a vítima
reconhecer, é preciso alegar a nulidade dessa prova, por não ter sido observado o
procedimento do art.226, do CPP, aplicado por analogia.

2 PEÇAS CRIMINAIS DICAS

APELAÇÃO

 PRAZO - O prazo, como se sabe, é de 05 (cinco) dias para a interposição, contado


em dobro para a Defensoria Pública, bem como de 08 (oito) dias para as razões
recursais, igualmente contados em dobro para a instituição. É MUITO importante
observar se o recurso já foi ou não interposto anteriormente, pois isso afetará o
seu prazo. É muito comum os candidatos confundirem isso na hora da prova. Se o
recurso não tiver sido interposto, o prazo é de 05 (cinco) dias, dobrado para 10
(dez). Se o recurso JÁ tiver sido interposto, você irá apresentar apenas as razões
recursais, no prazo de 08 (oito) dias, que são dobrados para 16 (dezesseis).

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 ENDEREÇAMENTO – ao juízo a quo (1 grau) e razões ao tribunal. Cuidado quando
o enunciado disser que o recurso já foi interposto e você está só apresentando
razões no tribunal. Ai peça de apresentação das razões já ao tribunal.

REVISÃO CRIMINAL

 ENDEREÇAMENTO – ao presidente do TJ. Acho que é mais comum endereçar a


ele do que ao próprio tribunal, então por precaução endereçar a RC a ele.
 ADMISSIBILIDADE DA REVISÃO CRIMINAL - Caso a sua peça seja uma revisão
criminal, é salutar que você abra um tópico e indique a presença dos elementos
para a interposição da revisão criminal, quais sejam: (01) a ocorrência da coisa
julgada da decisão condenatória; (02) perfectibilização de uma das hipóteses do
art.621, do Código de Processo Penal.
Segundo o CICLOS – no cabimento falar de Art. 5, LIV, LV, LXXV, da
Constituição Federal de 1988 (CRFB/88) e art. 25 da Convenção Americana de
Direitos Humanos (CADH)

 JURI E REVISÃO - Para uma primeira corrente, se o Tribunal se convencer da


inocência do condenado, seria possível, desde já, absolver o acusado, não havendo
a necessidade de submetê-lo a um novo júri, pois, diante do conflito entre a
garantia da soberania dos veredictos e o direito de liberdade, ambos sujeitos à
tutela constitucional, cabe conferir prevalência a este, considerando-se a ojeriza
que causa a condenação de um inocente por erro judiciário. O Supremo Tribunal
Federal já adotou esse entendimento. Essa é a mais benéfica e é a que deve ser
usada na prova.
 DIMINUIÇÃO DA PENA - Inicialmente, urge salientar que, nos termos do art.626,
do Código de Processo Penal, é possível que a pena seja diminuída no âmbito da
revisão criminal. Logo, toda vida que o aluno se deparar com uma peça de revisão
criminal e vislumbrar que a dosimetria da pena foi realizada de forma inadequada
é possível requerer a alteração da pena aplicada, bem como demais consectários,
tais como: mudança de regime, substituição por pena restritiva de direitos, entre
outros.
 DAS NULIDADES - Embora não conste no art.621, do Código de Processo Penal,
prevalece o entendimento de que também se admite o ajuizamento da revisão
criminal, quando presente alguma nulidade processual, já que o art.626, do
Código de Processo Penal, transcrito acima, é claro em estipular a anulação do
processo como um dos possíveis desdobramentos da revisão criminal. No entanto,
não é qualquer nulidade que pode ser arguida, uma vez que, na hipótese de
nulidade relativa, é necessário averiguar se esta foi arguida oportunamente,
sob pena de configurar o instituto da preclusão. Por oportuno, convém lembrar

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que, acolhido o pedido de anulação do processo, este retomará seu curso regular
perante o juízo de origem, salvo na hipótese de ocorrência de alguma causa
extintiva da punibilidade.
 ABSOLVIÇÃO – tem de ter o feeling de saber se o seu embasamento já permite a
absolvição (juízo rescisório). Se for o caso pedir, com base no dispositivo lá da
revisão criminal que permite a absolvição.
 INDENIZAÇÃO – sempre pedir. Abrir tópico – dispositivo do CPP artigo 630 - erro
judiciário, prevista no art. 5º, inciso LXXV, da Constituição Federal, aplica-se a
regra da responsabilidade objetiva do estado, nos termos do art. 37, § 6º, da Carta
 DO EFEITO SUSPENSIVO - em casos excepcionais (presença de erro judiciário
teratológico, nova prova irrefutável da inocência do acusado), é possível se
utilizar do Poder Geral de Cautela do Juiz – fundamento - art.297, do NCPC.
 PEDIDO DE CITAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA - conforme art. 630, §1º do CPP e
art. 5, inciso LV, da CRFB/88 (contraditório)

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO


Em relação ao RESE, cumpre destacar a sua hipótese clássica de cabimento em
concursos de Defensoria Pública: impugnação de sentença de pronúncia no
procedimento do Júri. Como se sabe, suas formalidades são bem semelhantes às da
apelação, devendo a petição de interposição ser dirigida ao juízo de primeiro grau,
enquanto as razões recursais são destinadas ao Tribunal de Justiça.
O prazo recursal é de 5 (cinco) dias, enquanto as razões devem ser interpostas em 2
(dois) dias, todos os prazos contados em dobro para a Defensoria Pública.
No procedimento do Júri deve o juiz, na sentença de pronúncia, analisar a existência de
indícios de autoria e atestar a materialidade do crime. Além disso, deve se pronunciar a
respeito da possível existência ou não de causas de aumento de pena ou qualificadoras.
Portanto, no recurso, o candidato, além das preliminares de nulidade, ou da prescrição,
deve requerer a absolvição sumária ou a impronúncia, além do afastamento das
qualificadoras e das causas de aumento.
É essencial revisar o procedimento do Júri, a fim de ter sucesso nesta peça. Vejamos
alguns detalhes importantes sobre esse recurso.
Como dito acima, o Recurso em Sentido Estrito é a forma típica de impugnação contra a
sentença de pronúncia, conforme previsão expressa do Código de Processo Penal:
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: IV – que
pronunciar o réu;

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O RESE deve ser interposto perante o juízo a quo, ou seja, aquele que proferiu a decisão,
e suas razões recursais devem ser dirigidas ao Tribunal de Justiça local.
Ele, via de regra, subirá por instrumento. Ou seja, os autos da execução penal devem
permanecer no juiz de primeiro grau, sendo apenas o recurso encaminhado ao Tribunal,
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acompanhado das principais peças. Contudo, no caso da sentença de pronúncia, o
recurso subirá nos próprios autos, não podendo o acusado ser levado a Júri até seu
julgamento definitivo. Essa é a inteligência do art. 583, II, do CPP:
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos: I - quando interpostos de oficio; II -
nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; III - quando o recurso não prejudicar o
andamento do processo.
Outra formalidade essencial do RESE é o pedido de retratação. Com efeito, o juízo de
retratação tem previsão expressa no CPP:
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que,
dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o
recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.
Assim, interposto o recurso, pode o próprio juiz reformar a decisão anteriormente
proferida, razão pela qual o recorrente deve sempre requerer que o magistrado exerça
essa faculdade, ocorrendo a denominada DESPRONÚNCIA.
Como dissemos, enquanto o RESE não for julgado o acusado não poderá ser levado a
Júri. Dessa forma, em se tratando de réu preso, poderá surgir a seguinte dúvida: é
possível a impetração de habeas corpus substitutivo de recurso em sentido estrito? Ou
seja, é possível que o apenado escolha entra interpor o RESE ou o habeas corpus?
Os Tribunais de Justiça, na esteira do entendimento do STJ, têm jurisprudência pacífica
no sentido de que é descabida a utilização do Habeas Corpus como sucedânio recursal,
exigindo que seja interposto o recurso cabível. Nesse sentido, o TJ-RJ:
HABEAS CORPUS. AÇÃO CONSTITUCIONAL UTILIZADA COMO SUBSTITUTIVO DE
RECURSO CABÍVEL, O RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, VISANDO A SUPRESSÃO DE
TRECHOS DO DECISUM QUE PRONUNCIOU O ORA PACIENTE. WRIT NÃO
CONHECIDO. Inicialmente, constata-se que a presente ação de habeas corpus está
sendo utilizada como substitutivo de recurso cabível, “em manifesta burla ao preceito
constitucional”, segundo pacífico entendimento de nossos Tribunais Superiores e deste
Colendo Tribunal. Ademais, pode ser verificado que o pleito formulado pela impetrante,
qual seja, o de supressão de trechos da decisão que pronunciou o paciente, Márcio da
Silva, desafia a interposição do recurso em sentido estrito, nos termos do artigo 581 do
Código de Processo Penal. WRIT NÃO CONHECIDO, negando
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se-lhe seguimento nos termos do art. 31, VIII do Regimento Interno deste E. Tribunal de
Justiça. (TJ-RJ - HC: 00032265220168190000 RIO DE JANEIRO CAPITAL 1 VARA
CRIMINAL, Relator: ELIZABETE ALVES DE AGUIAR, Data de Julgamento: 02/02/2016,
OITAVA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 04/02/2016)
Assim, caso a questão da prova exija que seja combatida uma sentença de pronúncia,
ainda que se trate de réu preso, a primeira opção deve ser o RESE. Apesar de termos
que defender a ampla possibilidade de utilização do habeas corpus, nas provas de
concurso devemos ser prudentes. É possível que o examinador considere correto as duas
peças: RESE e HC. Contudo, também há a possibilidade de somente considerar
adequado o recurso, por conta da jurisprudência pacífica. Assim, o aluno não deve
correr riscos e redigir o RESE!
Além das formalidades citadas acima, seu RESE deve vir acompanhado das teses
defensivas, que consistem, além das nulidades da sentença de pronúncia, no pedido de
impronúncia/absolvição sumária, desclassificação ou afastamento das qualificadoras.
6. AGRAVO EM EXECUÇÃO
O agravo em execução é o recurso típico contra decisões proferidas pelo juiz da execução
penal, com previsão expressa no art. 197 da LEP:
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito
suspensivo.
Essa é a única disposição legal expressa a respeito do tema, não havendo especificação
de qual seria seu procedimento. Por conta disso, o Supremo Tribunal Federal pacificou o
entendimento de que, na ausência de previsão legal específica, devem ser aplicadas, de
forma subsidiária, as regras do Recurso em Sentido Estrito, previsto no Código de
Processo Penal:
EMENTA: I. Execução penal: recurso de agravo (LEP,art. 197): aplicação do C.Pr.Penal,
legislação subsidiária da lei de execuções penais (LEP, art. 2º): prazo, em conseqüência,
de cinco dias, conforme o art. 586 C.Pr. Pen., aferido, como é da jurisprudência, na data
do protocolo no órgão judicial perante o qual deva ser interposto, no caso, o juízo de
execução: intempestividade do recurso interposto segundo a nova disciplina legal do
agravo no C.Pr.Civ., que induz, por si só, ao trânsito em julgado da decisão recorrida. II.
Recurso criminal: preclusão da nulidade: fundado o agravo em execução do Ministério
Público em alegado erro de mérito da decisão recorrida - concessiva de progressão de
regime de execução de pena aplicada a crime definido como hediondo -, não pode o
Tribunal ad quem provê-lo, contra o condenado, por nulidade não aventada pela
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acusação - a falta de exame criminológico: aplicação da Súmula 160. (RHC 80563,
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 12/12/2000, DJ
02-03-2001 PP-00018 EMENT VOL-02021-01 PP-00179)
Com base nesse precedente, a Suprema Corte editou, inclusive, uma súmula:
Súmula 700. É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz
da execução penal.
Os Tribunais Pátrios vão no mesmo sentido:
EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO. INTEMPESTIVIDADE. PROCEDIMENTO DO RECURSO
EM SENTIDO ESTRITO. DECURSO DE LAPSO SUPERIOR A 5 DIAS. O agravo em
execução penal segue o rito do recurso em sentido estrito, sendo de 5 dias o prazo para
interpô-lo (STF, Súmula n. 700). Transcorrido tal prazo, não se pode conhecer o recurso.
RECURSO NÃO CONHECIDO. (TJ-SC - RECAGRAV: 20120902251 SC 2012.0902251
(Acórdão), Relator: Roberto Lucas Pacheco, Data de Julgamento: 27/02/2013, Quarta
Câmara Criminal Julgado)
Assim, indiscutivelmente, devem ser aplicadas as regras do Recurso em Sentido Estrito.
Caso a peça a ser elaborada seja o agravo em execução, o aluno deve, imediatamente,
abrir o Código de Processo Penal no art. 581 em diante, e verificar se está cumprindo
todas as formalidades do RESE.
Firmado esse ponto, sigamos em frente.
Dúvida que normalmente surge é a seguinte: é possível a impetração de habeas corpus
substitutivo de agravo em execução penal? Ou seja, é possível que o apenado escolha
entra interpor o agravo em execução ou o habeas corpus?
Os Tribunais de Justiça, na esteira do entendimento do STJ, têm jurisprudência pacífica
no sentido de que é descabida a utilização do Habeas Corpus como sucedânio recursal,
exigindo que seja interposto o recurso cabível, que, no caso, é o agravo em execução.
Nesse sentido, o TJ-PR:
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PEDIDO DE PROGRESSÃO DE REGIME.
MATÉRIA A SER ABORDADA EM AGRAVO EM EXECUÇÃO. RECENTE POSIÇÃO DOS
TRIBUNAIS SUPERIORES EM NÃO ADMITIR HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DO
RECURSO CABÍVEL. QUESTÃO DEMANDA ANÁLISE FÁTICO-PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. RITO
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SUMARÍSSIMO. ORDEM NÃO CONHECIDA. 1. No rito sumaríssimo do Habeas Corpus
não se admite amplo estudo dos elementos fáticoprobatórios. 2. O recente entendimento
dos Tribunais Superiores é no sentido de não ser possível que o Habeas Corpus atue
como substitutivo dos recursos legalmente cabíveis, sob risco de banalização do

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instituto. (TJ-PR - Habilitação: 12313318 PR 1231331-8 (Acórdão), Relator: Luciane
R.C.Ludovico, Data de Julgamento: 31/07/2014, 4ª Câmara Criminal)
Assim, caso a questão da prova exija que seja combatida uma decisão proferida pelo juiz
da execução, a primeira opção deve ser o agravo. Apesar de termos que defender a ampla
possibilidade de utilização do habeas corpus, nas provas de concurso devemos ser
prudentes. É possível que o examinador considere correto as duas peças: agravo e HC.
Contudo, também há a possibilidade de somente considerar adequado o agravo, por
conta da jurisprudência pacífica. Assim, o aluno não deve correr riscos e redigir um
agravo!
Assim como o Recurso em Sentido Estrito, o agravo em execução deve ser interposto
perante o juízo a quo, ou seja, aquele que proferiu a decisão, e suas razões recursais
devem ser dirigidas ao Tribunal de Justiça local.
O agravo subirá por instrumento. Ou seja, os autos da execução penal devem
permanecer no juiz de primeiro grau, sendo apenas o recurso encaminhado ao Tribunal,
acompanhado das principais peças. Essa é a inteligência do art. 583 do CPP:
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos: I - quando interpostos de oficio; II -
nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; III - quando o recurso não prejudicar o
andamento do processo.
A contrario sensu, fora das hipóteses acima, o recurso deve subir em instrumento, que é
exatamente o que ocorre no caso do agravo em execução.
Segundo o Código de Processo Penal, cabe ao recorrente informar as peças que devem
ser transladadas para formação do instrumento:
Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no
respectivo termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda
traslado.
Assim, para que o recurso seja tecnicamente perfeito, o recorrente deve indicar que
peças dos autos devem ser copiadas e anexadas ao agravo. Sugere-se, para simplificar a
tarefa, que seja requerido cópia integral dos autos da execução penal.
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Outra formalidade essencial do agravo é o pedido de retratação. Com efeito, o juízo de
retratação tem previsão expressa no CPP:
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que,
dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o
recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.
Assim, interposto o recurso, pode o próprio juiz reformar a decisão anteriormente
proferida, razão pela qual o recorrente deve sempre requerer que o magistrado exerça
essa faculdade.
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O agravo em execução, via de regra, não possui efeito suspensivo, por conta da redação
expressa do art. 197 da LEP:
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito
suspensivo.
Boa parte da jurisprudência pátria, interpretando esse dispositivo, entende pela
inviabilidade de concessão desse efeito ao recurso:
HABEAS CORPUS. AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL. EFEITO SUSPENSIVO.
CONCESSÃO. DESCABIMENTO. 1. O recurso de agravo em execução, previsto no art.
197 da Lei de Execucoes Penais, não possui efeito suspensivo. 2. É inadmissível o
manejo de habeas corpus visando conferir efeito suspensivo a agravo de execução penal,
ante a necessidade de racionalização do habeas corpus, com o intuito de se prestigiar a
lógica do sistema recursal, evitando a sua utilização como um ?super recurso?. (Habeas
Corpus, Processo nº 0000428-03.2017.822.0000, Tribunal de Justiça do Estado de
Rondônia, 2ª Câmara Criminal, Relator (a) do Acórdão: Des. Valdeci Castellar Citon,
Data de julgamento: 15/02/2017) (TJ-RO - HC: 00004280320178220000 RO 0000428-
03.2017.822.0000, Relator: Desembargador Valdeci Castellar Citon, Data de
Julgamento: 15/02/2017, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação: Processo publicado
no Diário Oficial em 20/02/2017.)
Contudo, parte dos Tribunais se posiciona no sentido de que, excepcionalmente, quando
comprovada flagrante ilegalidade, pode ser concedido o efeito suspensivo ao agravo:
MANDADO DE SEGURANÇA. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO EM RECURSO DE
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL. IMPOSSIBILIDADE.
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DECISUM DE ORIGEM NÃO REVESTIDO DE TERATOLOGIA OU MANIFESTA
ILEGALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 197 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. ORDEM
CONHECIDA E DENEGADA. É possível a concessão de efeito suspensivo em recurso de
Agravo de Execução Penal quando demonstrado, de forma latente, que o decisum
guerreado é revestido de teratologia ou manifesta ilegalidade. Ausente a
excepcionalidade, o writ mostra-se incapaz de everter o mandamento do art. 197 da Lei
de Execucoes Penais, que vaticina a ausência de efeito suspensivo ao Agravo. (TJ-SC -
MS: 20140341631 Joinville 2014.0341631, Relator: Sérgio Rizelo, Data de Julgamento:
08/07/2014, Segunda Câmara Criminal)
Obviamente, devemos seguir a segunda corrente, requerendo sempre a suspensão dos
efeitos da decisão agravada. Existem dois mecanismos para se alcançar esse objetivo: a)
pedido liminar nos autos do próprio agravo em execução; b) impetração de Habeas
Corpus exclusivamente com esse objetivo.

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As duas opções são corretas, e sugere-se que o aluno, na prova, utilize ambas. Ou seja,
requeira o efeito suspensivo no próprio recurso e mencione a impetração de Habeas
Corpus em paralelo

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