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Winnicott
Escrito por Kleyson Matos Silva | Publicado em: 12 de Maio de 2011
Categoria: Psicanálise
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Resumo
Este trabalho apresenta a teoria de Donald Winnicott, demonstrando os principais
conceitos de sua teoria na formação da personalidade, principalmente o conceito da
função de holding na relação mãe-bebê. Em sequência é desenvolvida a correlação entre
o holding e a prática na clínica winnicottiana.
Palavras-chave: Holding. Personalidade. Clínica.
Introdução
A Psicanálise estruturou-se através dos trabalhos e esforços árduos da figura de
Sigmund Freud, mas as contribuições de outros pesquisadores da área foram imensas
para tornar a Psicanálise uma ciência com teoria e prática cada vez mais aplicáveis,
além do desenvolvimento de novos conceitos e métodos de intervenções clínicas.
A pretensão deste presente artigo é explicitar de modo sucinto a teoria deste grande
pesquisador da Psicanálise, Donald Winnicott, enfatizando a explicação do conceito de
holding na formação da personalidade dos sujeitos. Serão abordados brevemente os
aspectos constituintes da personalidade na teoria geral desse teórico, enfatizando
determinados conceitos, e posteriormente uma análise maior no conceito de holding na
relação da figura materna com a criança, e por fim, buscaremos correlacionar o processo
de holding com a prática dos psicanalistas no setting terapêutico, baseados na clínica
winnicottiana.
Outro ponto importante a ser abordado é a questão das relações objetais desenvolvidas
com a dupla mãe-bebê, Winnicott constrói o termo objeto transacional para os primeiros
objetos (reais) que o bebê manipula e deposita atenção e afetuosidade, um exemplo seria
uma chupeta, um brinquedo e etc.
O valor dessa primeira relação objetal está no fato de auxiliar na criação dos
sentimentos de confiança e criatividade da criança, nesse momento a figura materna
deverá agir como facilitadora desse processo.
O início das relações objetais é complexo. Não pode ocorrer se o meio não propiciar a
apresentação de um objeto, feito de um modo que seja o bebê quem crie o objeto. O
padrão é o seguinte: o bebê desenvolve a expectativa vaga que se origina em uma
necessidade não-formulada. A mãe, em se adaptando, apresenta um objeto ou um
manejo corporal que satisfaz as necessidades do bebê, de modo que o bebê começa a se
sentir confiante em ser capaz de criar objetos e criar o mundo real. A mãe proporciona
ao bebê um breve período em que a onipotência é um fato da experiência.
Somente em 1960 é que Winnicott investe no estudo aprofundado das relações entre
pais e filhos, principalmente a questão do bebê e sua mãe, buscando uma definição das
funções da mãe (assim como o pai e o ambiente) para a determinação da personalidade.
Conceitos como preocupação materna primária, ego auxiliar, e as funções essenciais da
“mãe suficientemente boa” serão indissociáveis para qualquer pesquisador que busque
entender a teoria e prática winnicottiana.
De acordo com LOBO apud PHILLIPS (2008) se na França houve um retorno a teoria
freudiana, com Lacan, na escola psicanalítica britânica houve um retorno a mãe e a todo
contorno de significados importantes a maternagem, através de Winnicott.
São três as características que devem estar presente na figura materna para classifica - lá
como “suficientemente boa” de acordo com Winnicott, sendo elas conceituadas como
Holding, Handling, e a apresentação dos objetos.
Especificando esses termos, temos o holding como à “sustentação” praticada pela mãe
ao bebê, um conjunto de comportamentos que visam apoiar a criança, como a
amamentação, firmeza, o carinho e entre outras ações de satisfação a dupla. O handling
faz referência à manipulação do bebê pelas mãos cuidadosas da mãe, e contato físico da
dupla, que construirá as noções corporais ainda frágeis do bebê; e por último temos a
apresentação dos objetos como à qualidade da mãe demonstrar-se como passível de ser
substituída, e apresentar novos modos da criança agir no ambiente, por conta do seu
próprio esforço e criatividade.
Dentre essas três qualidades da “mãe suficientemente boa” este artigo enfocará no
conceito do holding na construção da personalidade do sujeito.
O olhar será umas das ações importantes do processo de holding, mesmo porque o bebê
mantém ainda a relação “mãe que se faz espelho”, o olhar cuidadoso e que dispende
cuidados a criança ficará marcado no ego infantil como um símbolo de importância e
confiança no outro. Informa-nos, POLITY apud WINNICOTT (1988) “quando olho sou
visto, logo existo. Agora tenho condições de olhar e ver. Agora olho criativamente, e o
que eu apercebo eu também percebo." Este olhar afetuoso e cheio de significados trará a
criança quando adulto a possibilidade de observar o mundo de forma mais integrada e
criativa, e firmará a capacidade de buscar novos interesses, mesmo porque sabe que o
“olho materno” observa e cuida, mas não sufoca as possiblidades de experimentação do
novo.
É importante destacar que não só a figura da mãe estabelece o holding, mas a figura
parental paterna e o ambiente facilitador são decisivos nesse constructo.
Toda a técnica para estabelecer o holding entre o analista e o analisando será para
favorecer que no setting terapêutico apareça o fenômeno da regressão (no analisado). O
fenômeno da regressão do analisado consiste em oferecer através de um ambiente
facilitador (o setting) e uma figura que estabeleça as relações de suporte (o analista)
condições para reelaborar o desenvolvimento, e possivelmente experimentar o contato
terapeutizante de uma relação com um Outro “suficientemente bom”.
Na regressão o analisado experimentará novamente a fase de dependência absoluta aos
cuidados de outrem, segundo NETO apud WINNICOTT (2008, p.83),
A regressão à dependência absoluta se refere à fase em que a criança depende
absolutamente dos cuidados maternos, mas não tem condições de reconhecê-los como
procedentes do exterior. A isso ele denomina de “dupla dependência”, pelo fato de o
bebê depender dos cuidados maternos, que no início devem ser quase perfeitos, e
desconhecer a origem deles. Mais tarde, quando o self (si-mesmo) estiver mais
desenvolvido e o ego mais fortalecido, teremos a fase de dependência relativa, rumo à
independência. Então os cuidados maternos serão gradativa e sensivelmente retirados,
de acordo com a tolerância do bebê.
Considerações finais
Através de um breve apanhado teórico buscou-se nesse trabalho o entendimento das
questões básicas na teoria psicanalítica desenvolvida por Donald Winnicott,
principalmente focando nas funções da “mãe suficientemente boa”, especialmente a
função de holding.
Fonte: http://psicologado.com/abordagens/psicanalise/holding-e-formacao-da-
personalidade-em-d-w-winnicott#ixzz33KPzR063
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Fonte: http://psicologado.com/abordagens/psicanalise/holding-e-formacao-da-
personalidade-em-d-w-winnicott#ixzz33KQ64OSo
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