Vous êtes sur la page 1sur 24

Intervenção, Liquidação

Extrajudicial e Regime de
Administração Especial Temporária
das Instituições Financeiras

Prof. Dr. Manoel de Queiroz Pereira Calças


INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
• Art. 17 da Lei nº 4.595, de 31.12.64: as instituições
financeiras são pessoas jurídicas, públicas ou privadas, que
têm como atividade principal ou acessória a coleta, a
intermediação ou aplicação de recursos financeiros
próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira
e a custódia de valor de propriedade de terceiros.
– Incluem-se neste conceito:
• bancos oficiais ou privados.
• sociedades de crédito, financiamento e investimentos.
• caixas econômicas estaduais e federais.
• cooperativas de crédito.
• cias. de seguros e de capitalização.
• Instituições financeiras dependem de autorização do Banco
Central do Brasil para funcionar e, se forem estrangeiras, só
podem ser autorizadas por decreto do Poder Executivo.
• Todas as instituições financeiras, públicas
(com exceção das federais) e privadas,
sujeitam-se à intervenção ou à liquidação
extrajudicial, em ambos os casos, decretada e
realizada pelo Banco Central, sem prejuízo da
liquidação prevista nos arts. 208/209 da Lei n.
6.404/76 (Lei das S.A.) ou da falência,
conforme a Lei n. 6.024/74.
• Se estiverem sob intervenção ou em liquidação extrajudicial,
sujeitar-se-ão à falência, nos casos previstos no art. 12, “d”, e 21,
“b”, da Lei nº 6.024/74, mediante autorização do Banco Central,
requerida pelo interventor ou liquidante.

• “Art. 12. À vista do relatório ou da proposta do interventor, o Banco Central do


Brasil poderá: (...) d) autorizar o interventor a requerer a falência da entidade,
quando o seu ativo não for suficiente para cobrir sequer metade do valor dos
créditos quirografários, ou quando julgada inconveniente a liquidação
extrajudicial, ou quando a complexidade dos negócios da instituição ou, a
gravidade dos fatos apurados aconselharem a medida”.
• “Art. 21. A vista do relatório ou da proposta previstos no artigo 11,
apresentados pelo liquidante na conformidade do artigo anterior o Banco
Central do Brasil poderá autorizá-lo a: (...) b) requerer a falência da entidade,
quando o seu ativo não for suficiente para cobrir pelo menos a metade do
valor dos créditos quirografários, ou quando houver fundados indícios de
crimes falimentares”.
• As instituições financeiras sujeitam-se, portanto,
a duplo regime concursal: ao da Lei de Falências
ou à liquidação extrajudicial.

Pergunta-se:

• Há inconstitucionalidade em tal regime? Há


afronta ao preceito constitucional que garante o
amplo acesso ao Judiciário nas hipóteses de lesão
ou ameaça a direito a teor do art. 5º, XXXV, da
Carta Federal?
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS FEDERAIS

• As instituições financeiras federais não se


sujeitam à liquidação extrajudicial, pois a
União, como controladora, deve realizar a sua
liquidação ordinária (arts. 208-218 da Lei das
S.A.), sempre que reputar ser conveniente o
encerramento das atividades delas.
LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL

• Competência: Banco Central, que é o órgão da


administração indireta federal, autarquia
federal, a quem compete decretar e executar
a liquidação extrajudicial das instituições
financeiras.
CAUSAS AUTORIZATIVAS DA LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL

• 1) Causas relacionadas com a isonomia ou paridade de


tratamento dos credores (“par conditio creditorum”),
em virtude da insolvência da devedora (conforme
art. 15, I, “a” e “c”, da LILE:
• a) comprometimento da situação econômica ou financeira,
resultante da impontualidade ou atos de falência.
• c) prejuízos que causem riscos aos credores.

• 2) A título de sanção administrativa (art. 15, I, “b” e “d”,


da LILE):
• b) violação grave de normas legais ou estatutárias das
determinações do Banco Central ou da CVM;
• d) atraso superior a 90 dias, para iniciar a liquidação ordinária ou
sua morosidade, quando cassada a autorização de funcionamento.
LEGITIMIDADE PARA A DECRETAÇÃO DA LIQUIDAÇÃO

• A liquidação extrajudicial só pode ser


decretada pelo Banco Central, que poderá agir
“ex officio”, a requerimento dos
administradores ou por proposta do
interventor, se estiver sob intervenção.
EFEITOS DO DECRETO DE LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL

• 1) suspensão das ações e execuções judiciais em


andamento e proibição de ajuizamento de novas ações
(art. 18, “a”);
• 2) vencimento antecipado das obrigações da liquidanda;
• 3) inexigibilidade das cláusulas penais dos contratos
unilaterais vencidos antecipdamente;
• 4) não fluência de juros, mesmo pactuados, enquanto não
for integralmente pago o passivo;
• 5) interrupção da prescrição das obrigações de
responsabilidade da liquidanda;
• 6) não reclamação das penas pecuniárias por infrações
penais e administrativas.
• a correção monetária é devida, a teor do Dec.-Lei nº 2.278/85.
LIQUIDANTE

• Órgão nomeado pelo Banco Central como poderes


administrativos para realizar a liquidação da instituição
financeira.
• Competência:
• manifestar-se pela instituição liquidanda, representando-a
• classificar os créditos
• contratar e demitir funcionários
• outorgar e revogar mandados
• liquidar o ativo, por licitação, com prévia autorização do Banco Central
• Aplica-se a Lei de Falências supletivamente à liquidação
extrajudicial, equiparando-se o liquidante ao administrador
judicial e o Banco Central ao Juiz, conforme estabelece o
art. 34.
• Assim como a sentença de quebra, o ato do
BACEN que decreta a liquidação extrajudicial
deve fixar o termo legal, com a indicação da data
em que se tenha caracterizado o estado que a
determinou.
• O termo legal da liquidação não poderá ser superior a 60
dias contados do primeiro protesto por falta de pagamento
ou, na falta deste, do ato que haja decretado a intervenção
ou liquidação (art. 15, § 2º, da Lei nº 6.024/74).
• As ações revocatórias, previstas nos arts. 129 e
130 da Lei de Falências podem ser usadas na
liquidação extrajudicial.
• A ação revocatória será proposta pelo liquidante,
observando-se o disposto na Lei nº 11.101/05.
REORGANIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

• Objetivos
• Modalidades
• 1) Intervenção (disciplinada pelos arts. 2º a 14 da LILE)
• 2) Regime de Administração Especial Temporária –
RAET (regido pelo Dec.-Lei nº 2.321/87)
INTERVENÇÃO

• Objetivo de recuperar a instituição financeira.


• Hipóteses de decretação:
• a) a entidade sofrer prejuízo, decorrente de má
administração, que imponha riscos a seus credores;
• b) forem verificadas reiteradas infrações a dispositivos
da legislação bancária não regularizadas após as
determinações do Banco Central, no uso de suas
atribuições de fiscalização;
• c) na hipótese de ocorrer impontualidade ou a prática
de atos de falência e houver possibilidade de evitar-se a
liquidação extrajudicial.
• COMPETÊNCIA: a intervenção é decretada de
ofício pelo BACEN ou a requerimento dos
administradores da instituição.
• PERÍODO DE INTERVENÇÃO: máximo de 6 meses,
podendo ser prorrogado apenas mais uma vez,
por igual período, por decisão do Banco Central.
• NOMEAÇÃO DO INTERVENTOR: competência do
Banco Central
• o interventor executará a intervenção e terá plenos poderes
de gestão. Apenas dependerão de prévia e expressa
autorização do Banco Central os atos que objetivem dispor
ou onerar o patrimônio da instituição, bem como a admissão
e demissão de pessoal.
• Efeitos do decreto de intervenção:
• suspensão da exigibilidade das obrigações vencidas;
• suspensão da fluência do prazo das obrigações vincendas
anteriormente contraídas;
• inexigibilidade dos depósitos já existentes à data de sua
decretação.

• Cessa a intervenção (art. 7º da Lei nº 6.024/74):


• se os interessados, apresentando as necessárias condições
de garantia, julgadas a critério do BACEN, tomarem a si o
prosseguimento das atividades econômicas da instituição;
• quando, a critério do BACEN, a situação da entidade se
houver normalizado;
• se decretada a liquidação extrajudicial ou a falência da
instituição.
• PROCESSO DE INTERVENÇÃO

• Decreto de intervenção
• Posse do interventor
– Arrecadação dos livros e documentos da instituição, levantamento de balanço geral
e inventário de todos os livros, documentos, dinheiros e demais bens da entidade,
mesmo que em poder de terceiros, a qualquer título
• Apresentação, pelo interventor, de relatório ao BACEN, contendo:
– exame da escrituração, da aplicação dos fundos e disponibilidades e da situação
econômico-financeira da instituição;
– indicação, devidamente comprovada, dos atos e omissões danosos que
eventualmente tenha verificado;
– proposta justificada da adoção das providências que lhes pareçam convenientes à
instituição.
• Apresentado o relatório, o BACEN poderá:
– determinar a cessação da intervenção;
– manter a intervenção até a eliminação das irregularidades que a motivaram;
– decretar a liquidação extrajudicial;
– autorizar o interventor a requerer a falência da instituição, quando o seu ativo não
for suficiente para cobrir sequer a metade do valor dos créditos quirografários, ou
quando julgada inconveniente a liquidação extrajudicial, ou quando a
complexidade dos negócios da instituição ou a gravidade dos fatos apurados
aconselharem a quebra.

• Das decisões proferidas pelo interventor caberá recurso administrativo ao


BACEN, sem efeito suspensivo, no prazo de 10 dias, sob pena de preclusão
administrativa.
INDISPONIBILIDADE DO BENS
• Atinge os administradores (diretores e membros do conselho de
administração) das entidades sob regime de intervenção e RAET
• não alcança bens inalienáveis e impenhoráveis; bens objeto de contrato de alienação, de
promessa de compra e venda, de cessão ou promessa de cessão de direitos, desde que
os respectivos instrumentos tenham sido registrados no registro público, antes da data
da intervenção, liquidação ou falência
• Por proposta do BACEN, poderá ser estendida aos gerentes, conselheiros
fiscais e a todos que, até o limite da responsabilidade estimada de cada
um, tenham concorrido, nos últimos doze meses, para a decretação da
intervenção, liquidação ou falência.
• Pode atingir, ainda bens adquiridos por qualquer pessoa, a qualquer título de
administradores, gerentes, conselheiros fiscais da instituição, desde que haja prova
segura de que se cuida de transferência simulada para evitar os fins da LILE
• Duração: até a apuração e liquidação final de suas responsabilidades
(art. 36 da Lei nº 6.024/76 e art. 19 do Dec.-Lei nº 2.321/87)
• Deve ser comunicada ao registro público respectivo e às Bolsas de Valores.
• As pessoas que tiverem seus bens indisponíveis, não poderão ausentar-se
do foro da intervenção, liquidação extrajudicial sem a prévia autorização
do BACEN.
RAET

• Causas de decretação:
• Hipóteses de decretação da intervenção
– prejuízo derivado de má-administração que sujeite os
credores a risco
– infração à legislação bancária de forma reiterada
– impontualidade ou atos de falência
• Passivo descoberto, gestão temerária ou fraudulenta;
• Práticas reiteradas de operações contrárias às diretrizes
da política econômica ou financeira, definidas em lei;
• Vulneração às normas relativas à conta de reservas
(art. 1º, DL. nº 2.321/87).
RAET

• Efeitos:
– O RAET não gera qualquer efeito em relação à vida
empresarial da instituição financeira, salvo a perda de
mandato dos administradores e dos membros do
Conselho Fiscal, a teor do artigo 2º.
– Em relação às obrigações da instituição, continuam
perfeitamente exigíveis, podendo os credores
movimentarem normalmente seus depósitos e ajuizar
as medidas judiciais que entenderem pertinentes à
defesa de seus interesses.
RAET

• Prazo:
– A ser fixado no ato que o decretar, podendo ser
prorrogada apenas uma vez, por período não
superior ao primeiro (art. 1º, p.ú., do DL.2321/87).
• Agente:
– A intervenção é executada pelo “interventor”
(art. 5º da LILE), enquanto o RAET é dirigido por
um Conselho Diretor (art. 3º do DL. 2321/87).
RAET

• Cessação
– mesmas causas aplicáveis à intervenção:
• decretada a falência ou a liquidação extrajudicial;
• quando a instituição financeira, se reorganiza, inclusive
pela cisão, fusão, incorporação, venda ou
desapropriação do controle acionário.
RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES

• Regime especial de responsabilização por danos causados às


sociedades anônimas
• respondem pelo descumprimento dos deveres previstos nos artigos 153/157
da Lei das S.A. (má-administração)
• Instauração de “inquérito” no BACEN para a investigação da
ocorrência de eventuais prejuízos e respectivas responsabilidades
• se o inquérito concluir pela responsabilidade do administrador, será remetido
ao juiz competente para a decretação da falência
• Indisponibilidade de bens
• Dever de indenizar: necessidade de ação judicial condenatória para
se obter a indenização dos prejuízos
• RAET: responsabilidade solidária do controlador com os ex-
administradores pelas obrigações da instituição,
independentemente da apuração de dolo ou culpa (art. 15 do DL
2.321/87)
CESSAÇÃO DOS REGIMES

• Competência do BACEN
• Hipóteses:
– se os interessados, apresentando as necessárias condições de
garantia, julgadas a critério do Banco Central, tomarem a si o
prosseguimento das atividades econômicas da empresa;
– pela transformação do regime de liquidação extrajudicial em
liquidação ordinária prevista no artigo 208 da Lei das Sociedades
Anônimas;
– pelo encerramento da liquidação extrajudicial com a aprovação das
contas finais do liquidante;
– se decretada a falência da instituição financeira, em processo iniciado
pelo liquidante ou interventor, com a autorização do BACEN.
• Cessado o regime especial, o que ocorre com as ações de arresto ou
indenizatórias promovidas pelo MP? Tem o MP legitimidade para
prosseguir com tais ações?
– Precedentes do TJSP e STJ

Vous aimerez peut-être aussi