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ARTI O 18 OPI MENSAGEM #ELE EDITORIAL:

GO BRUMÁRIO NIÃ AO NÃO SOLIDARIEDADE


DE JAIR O PRESIDENTE A
BOLSONARO PATRÍCIA

MORADIA POLÍTICA DIREITOS HUMANOS CULTURA EDUCAÇÃO

O 18 BRUMÁRIO DE JAIR
b a

BOLSONARO
ARTIGO - Por que Bolsonaro, um deputado medíocre, inexpressivo, foi
eleito presidente da quarta maior democracia do mundo?

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por Jornalistas Livres 31 outubro, 2018

Rodrigo Perez Oliveira, professor de Teoria da História na Universidade Federal da Bahia,


com ilustração de Pelicano
“Demonstro nesse livro como a luta de classes na França criou
circunstâncias e condições que possibilitaram a um personagem
medíocre e grotesco desempenhar um papel de herói.”
Assim, com essas palavras, Karl Marx inicia o livro “O 18 Brumário de
Luís Napoleão Bonaparte”, publicado em 1852. No texto, Marx se
pergunta como um sujeito medíocre e grotesco conseguiu se tornar o
líder máximo da sociedade que meio século antes havia
experimentado a mais importante revolução social da história
moderna.
Aqui, neste ensaio, me inspiro em Marx para formular minha própria
pergunta:
Por que Jair Bolsonaro, até então um deputado medíocre,
inexpressivo, foi eleito presidente da quarta maior democracia do
mundo?
Meu esforço aqui é o de entender o capital político que impulsionou o
bolsonarismo. Esse capital político é substância composta e
heterogênea. Neste texto, pretendo decompor essa substância,
trazendo à luz cada um dos seus elementos.
1°) O antipetismo
Desde o nal da década de 1980 que o antipetismo é fator decisivo
nas eleições presidenciais brasileiras. Até aqui nenhuma novidade.
Porém, dessa vez algo mudou. Ao velho macarthismo, que durante
tanto tempo inviabilizou Lula, somou-se uma dupla interdição moral.
A primeira camada de moralidade refere-se ao sentimento
anticorrupção. Desde 2005, existe o esforço articulado pela grande
mídia e por órgãos do aparato policial e judicial do Estado (Polícia
Federal e Ministério Público) de colar no Partido dos Trabalhadores a
pecha de partido mais corrupto do sistema político brasileiro. Essa
frente antipetista sempre teve um modus operandi muito claro: a
espetacularização seletiva dos escândalos de corrupção. É impossível
compreender a ascensão de Bolsonaro sem a atuação dessa frente
antipetista.
A segunda camada de moralidade refere-se ao plano do
comportamento.
Nos últimos 30 anos, vimos no Brasil e no mundo o fortalecimento
dos direitos civis das minorias (mulheres, pretos e pretas e LGBTs).
Essa discussão já estava presente na cena brasileira desde a
redemocratização, nos anos 1980, tendo sido contemplada
parcialmente pela Constituição de 1988. Avançamos nessa agenda
tanto nos governos de Fernando Henrique Cardoso como nos
governos petistas. Poderíamos ter avançado mais, é claro.
É
É uma obviedade dizer que o Brasil é um país conservador e que, por
isso, a pauta dos direitos civis das minorias tem grande impacto
ofensor na moralidade dominante. Essa moralidade dominante foi
ainda mais radicalizada com a ascensão do cristianismo
neopentencostal, do qual a Igreja Universal do Reino de Deus é a
principal representante.
Hoje, a formação política de parcela considerável da sociedade
brasileira não acontece na universidade, tampouco na escola, muito
menos nos sindicatos e associação de moradores. As igrejas
evangélicas neopentencostais estão formando a consciência política
de milhões de brasileiros e brasileiras, de todas as classes sociais.
Sem dúvida, a aliança costurada entre a candidatura de Jair
Bolsonaro e a Igreja Universal do Reino de Deus foi elemento decisivo
para o desfecho da corrida eleitoral. No Brasil inteiro, as igrejas se
transformaram em verdadeiros núcleos de campanha. A campanha de
Bolsonaro conseguiu convencer as pessoas que os direitos civis das
minorias representam um ataque à família brasileira e que o PT seria o
principal promotor desse ataque.
Resumindo: O velho antipetismo foi turbinado e caiu no colo de Jair
Bolsonaro.
Mas por que Bolsonaro e não outro antipetista qualquer?
2°) A sensação da insegurança pública
Nas grandes cidades brasileiras, as pessoas estão assustadas. Os
índices de violência urbana são similares aos observados em países
em situação de guerra.
Como bem lembrou Marcelo Freixo, as esquerdas brasileiras sempre
tiveram di culdade em discutir o tema da segurança pública, pois
costumam enfrentar o assunto com ideias abstratas como “direitos
humanos”, ou com projetos que ofendem a tal moralidade da qual
falei há pouco, como a “descriminalização do consumo de drogas”.
Enquanto isso, Jair Bolsonaro evocou a velha máxima do “bandido
bom é bandido morto”. Foi o bastante para que as pessoas,
assustadas, fossem tomadas por certo sentimento hobbesiano,
aceitando de boa vontade abrir mão de algumas liberdades em nome
de um Estado autoritário e violento, capaz de trazer a sensação de
segurança. O medo é afeto político muito poderoso.
3°) A narrativa da ine ciência da democracia
Foram muitos os desdobramentos dos eventos que aprendemos a
chamar de “jornadas de junho de 2013”. Ainda não entendemos bem o
que aconteceu naquele momento e o próprio signi cado de “2013”
está sendo disputado.
Mesmo diante de tantas incertezas e caminhando em terreno ainda
pouco sólido, estou muito convencido de que junho de 2013 passou
uma mensagem para a sociedade brasileira: a democracia
representativa criada nos anos da redemocratização seria corrupta e
ine ciente na gestão dos serviços públicos e na promoção do Bem-
Estar Social.
Os números mostram outra realidade. Desde a década de 1990, o
Brasil vem caminhando relativamente bem no que se refere à
qualidade e a e ciência dos serviços públicos.
Não, leitor e leitora, não estou louco!
Todos os dados apontam para a evolução no acesso à educação e à
saúde, no combate à mortalidade infantil, no aumento da rede de
atendimento na saúde básica.
Mas como o que importa é a tal da “percepção”, os dados estatísticos
são pouco relevantes. As “jornadas de 2013”, tão bem exploradas e
cooptadas pela mídia hegemônica, pintaram para a sociedade
brasileira um quadro de total colapso e ine ciência na gestão dos
serviços públicos. Se o quadro não é totalmente falso, está longe de
ser completamente verdadeiro.
A mensagem foi transmitida com sucesso e continuou a alimentar a
revolta social em 2015 e 2016. O saldo desse ativismo da sociedade
civil pode ser resumido por um sentimento de “fora todos”, de “tudo
está errado”, “tem que mudar tudo isso aí”. Temos aqui terreno fértil
para o surgimento de lideranças que se apresentam como
antissistemas, como “outsiders”. Jair Bolsonaro era um dos poucos
políticos que conseguiam caminhar com tranquilidade entre a
multidão, justamente porque foi capaz de se apresentar como um
crítico ao sistema vigente (a democracia) e um defensor da ordem
política superada (a ditatura), que passou a ser objeto de toda tipo de
saudosismo.
A percepção geral da ine ciência da democracia alimentou a utopia
autoritária representada por Jair Bolsonaro.
4°) A falta de compromisso do capitalismo com a civilização
Uma das principais motivações para o golpe parlamentar que
destituiu Dilma Rousseff em agosto de 2016 foi sua recusa em adotar
a agenda de desmonte do Estado que na época foi chamada de
“Ponte para o Futuro”.
Não há nenhum voo interpretativo aqui. O próprio Michel Temer disse,
em palavras cristalinas: “Dilma caiu porque não quis adotar a Ponte
para o Futuro”. Essa é uma novidade do golpe brasileiro: os golpistas
assumem que foi golpe, sem nenhum constrangimento.

É
É antigo o projeto de desmonte do Estado brasileiro. Podemos
encontrar sua origem lá na década de 1950, com o udenismo. Porém,
esse projeto sempre teve di culdades para se transformar em
realidade. Nem mesmo a Ditadura militar o fez. Na década de 1990, os
tucanos avançaram, mas nem tanto.
Os governos petistas interromperam a marcha, que foi acelerada com
Temer. Em dois anos, Michel Temer conseguiu o que três gerações de
políticos e economistas liberais não foram capazes de fazer: tirar do
controle do Estado o planejamento do desenvolvimento nacional,
entregando-o ao mercado. A famosa “PEC dos Gastos” é o grande
símbolo desse sucesso.
As forças do mercado sabiam muito bem que as eleições de 2018
representavam um risco para continuidade desse projeto. O primeiro
movimento foi garantir que Lula casse de fora da corrida
presidencial. Depois, foi colocada em movimento uma campanha
negativa, visando a destruição do Partido dos Trabalhadores. O
objetivo era fortalecer o outro polo do sistema político, aquele que
até então era o dono do antipetistmo: o PSDB.
Jair Bolsonaro atravessou o processo e as forças do capital não
hesitaram em abandonar o antigo aliado e rmar matrimônio com um
novo amor. A popularidade de Bolsonaro se tornou a garantia da
legitimação eleitoral da agenda econômica do golpe parlamentar.
Não houve debate econômico, projetos de desenvolvimento nacional
não foram discutidos. Jair Bolsonaro foi eleito, exclusivamente, na
base do antipetismo repaginado e do sentimento hobbesiano
alimentado por uma população assustada. Paulo Guedes foi
silenciado durante toda a campanha.
As forças do mercado comemoraram a eleição de Bolsonaro. O ideal
mesmo seria Alckmin, mas Bolsonaro, com a chancela de Paulo
Guedes, serve também. Machista, autoritário, violento, homofóbico?
Sim, não importa. O capitalismo não tem o menor compromisso com
a civilização.
A eleição de Bolsonaro inquieta e assusta o mundo inteiro. Dentro e
fora do país, aqueles que têm um mínimo compromisso com os
valores que fundam a civilização se perguntam: como isso aconteceu?
Como foi possível?
Ainda vamos nos debater muito com essas perguntas. Historiadores,
sociólogos e cientistas políticos vão propor inúmeras hipótese
explicativas.
Fato mesmo é que Bolsonaro não surgiu ontem. Ele está aí há muito
tempo, no submundo da política brasileira. Ignoramos, não prestamos
atenção, subestimamos, debochamos. Acreditamos que o Brasil não
se rebaixaria tanto assim. No fundo, bem no fundo, nos iludimos,

É
achando que o Brasil tinha melhorado. Melhorou não. É isso aí
mesmo. Sempre foi.

Jornalistas Livres
Mídia democrática, plural, em rede, pela diversidade e defesa implacável dos direitos
humanos.

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UM COMENTÁRIO
Jose Armando Esper 31 outubro 2018 at 17:15
Comente

gosto do seu comentário e percepções a respeito de Bolsonaro – no meu ponto de vista a história
começa bem antes já na época do Geisel e das suas contradições e que durante o mandato de
Figueiredo caram cada vez mais claras – a lei da anistia para mim foi o ponto de in exão para a
costura daquilo que foi chamada depois de Nova República – daí em diante chegamos a Bolsonaro –
uma lógica perversa e de caminho inverso – a ditadura não foi superada e a democracia, mesmo
burguesa como sempre, nunca teve o tempo de se realizar.

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