A dificuldade em expressar o sentimento leva os adolescentes a praticarem o

ato da automutilação como uma forma de escapar do sofrimento. Através de

pesquisas foi visto que a automutilação é decorrente do acúmulo de sensações
ruins que sobrecarregam o sujeito levando-o a tal prática com intuito de aliviar as
grandes cargas de sentimentos avéssivo.

Estudos internacionais apontam que 20% dos jovens Brasileiros se automutilam,

e essa prática vem ficando mais constante nas últimas décadas embora o Brasil
não tenha dados estatísticos oficiais.

O sujeito que pratica esse ato tem dificuldades em se comunicar e de expor sua
emoções se sobrecarregando com sentimentos desagradáveis sendo em alguns
casos o motivo da automutilação.

Segundo MENNINGER (1934), o sujeito utiliza a prática da automutilação

buscando através desse ato amenizar a dor, culpa e outros sentimentos ruins. A
intenção do sujeito que se automutila não é chegar ao suicídio, e sim,
descarregar as sensações aversivas para se autopreservar através de
agressões ao próprio corpo.

Através de estudos foi visto que a média de idade que se inicia a automutilação
é entre 12 e 14 anos, podendo também perceber que essa persistência é uma
característica própria do sujeito em lidar com seus sentimentos, esse
comportamento é decorrente de vários fatores como por exemplo, abuso sexual,
transtorno alimentar, ansiedade entre outros. Estudos indicam que pessoas que
se automutilam tem níveis maiores de impulsividade, e está associada a vários
transtornos de personalidade entre outras comorbidades.
A automutilação, então, é uma forma primitiva de comunicação em que
o sujeito marca no corpo, através do sangue, das cicatrizes e da dor a
sua incapacidade para verbalizar a angústia que ele sente. É uma fuga
do real da dor de viver.

Mas de que angústia se trata? MILLER (2005).

Visto que, nesse caso a automutilação é uma forma de expressão encontrada de

se comunicar através de agressões ao próprio corpo com a finalidade de
amenizar as diversas sensações reconhecidas como desagradáveis. Essa
angústia se trata de não conseguir alcançar o sucesso pessoal, de não ser
correspondido de acordo com suas expectativas e/ou se sentir inútil, mais
existem outras causas que influenciam a automutilação, cada sujeito tem um
motivo diferente para se automutilar.
 Referência

MENNINGER, Karl. Man Against Himself. (Originally published in 1938). New

York:

Harcourt Brace Jovanovich Publishers, 19661

MILLER, J.-A. Introdução à leitura do Seminário da angústia de Jacques Lacan.

In: Opção Lacaniana no 43. São Paulo: Eólia, 7-91, maio de 2005..

acessado em:https://emais.estadao.com.br/blogs/joel-renno/o-drama-da-
automutilacao/

disponível em: 10 de outubro de 2018.