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Cantando para os Orixás é um trabalho que expõe desejo individual de Altair B.

Oliveira, filho de
Ogum, de compartilhar vivências e conhecimentos teóricos em idioma Yourubá,
consoante a ética moral e
religiosas do Candomblé, especialmente da Nação Kétu. Com esse trabalho, o autor
proporciona para os
demais segmentos etnoculturais (as outras nações de Candomblé) uma ampla reflexão
sobre o saber, sobre
o informar, sobre o preservar patrimônios convencionalmente transmitidos pela
oralidade.
A diáspora de diferentes povos africanos pelas Américas e Caribe motivou o mundo,
além, continente
africano, a entender novas cosmovisões, novas posições perante o homem, a natureza,
o sagrado, a
ancestralidade. Essa diáspora também gerou nostalgias à África Mãe (espécie de
território de retorno, de
terra comum, de todos).
Esse retorno, se não ocorre por viagens, dá-se, principalmente, pelas referências,
pelos símbolos
(um retorno frequentemente simbólico).
Ainda sobre o retorno simbólico verifica-se ênfase, por parte dos terreiros, ao
que é Nagô na África e,
especialmente, Nagô no Brasil, com espécies de autenticações do que é africano
(visão excludente dos
demais componentes sociais e culturais da África em nosso país).
Muitas vezes, o Nagô à moda afro-brasileira não deixa de ter valor e presença no
contexto religioso
dos terreiros, formando estilos, feições peculiares e dinâmicas do Candomblé,
Xangô, Batuque, Mina,
Umbanda e outros.
O livro de Altair neste panorama é um forte referencial Nagô que chega de uma
colheita etnográfica
da vida religiosa do Candomblé e quer guardar, preservar e, principalmente,
informar sobre os textos
sagrados e cantados para os Orixás.
Há preocupação com originalidade dos textos em idioma Yorùbá, sua tradução para o
português e
linguagem fonética, o que dá qualitativamente um sentido didático forma, uma
condução ao aprendizado da
liturgia do canto.
Fico ao mesmo tempo congratulando Altair e cobrando dos outros estudiosos que se
atém as
tradições religiosas Angola, Angola-Congo, Jeje, trabalhos similares nesse campo
especifico dos textos
sagrados que guardam boa parcela da história cultural dos povos africados e
processos civilizadores do
mundo além-África.
Para a compreensão plena da liturgia do canto há, sem dúvida, uma atenção à
própria construção da
sabedoria vigente nos terreiros que é globalizada, inter-relacionada e, até mesmo,
inter-complementar.
Há vinculação entre o que se canta, fala, dança, gestualiza, come, veste e outros
comportamentos
que se incluem nas elaboradas hierarquias dos terreiros.
A visão religiosa não é restrita ao seu espaço religioso. Ela integra e promove
indivíduos na
sociedade total e complexa.
O livro em questão é precioso inventário memorialista, apoiando difusão religiosa
e maior
entendimento do próprio Candomblé.
Sem dúvida, tudo isso transita em território da comunicação, em valor também
artístico de
expressões de culturas vivencialmente mantidas nas resistências empreendidas pelos
terreiros (guardiões de
diferentes manifestações culturais).
Concluo com um dito tradicional Peul: “Não se conhece tudo. Tudo o que se conhece
é uma parte de
tudo.”
Os textos sagrados Yorùbá aqui reunidos por Altair se incluem num tudo que é o
mundo Nagô.
Também esses textos se incluem um tudo afro-brasileiro, pluriétnico, nacionalmente
solucionado ou em
franco processo de transformação e de abrasileiramento.
A dimensão religiosa afro-brasileira é, antes de tudo, uma dimensão comprometida
com o indivíduo.

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