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30/1/2014 Francisco de Oliveira | Blog da Boitempo

ARQUIVO DA CATEGORIA: FRANCISCO DE OLIVEIRA

Jeitinho e jeitão: uma tentativa de interpretação do


caráter brasileiro
Publicado em 12/11/2012 | 1 Comentário

Ilustração: Cassio Lordeano, ilustrador de uma série de livros da Boitempo


incluindo a Coleção Marx e Engels

Por Francisco de Oliveira.*

Norbert Elias se destaca entre os modernos clássicos das ciências sociais por não recusar a
inv estigação sobre o caráter das sociedades. É o que ele faz, brilhantemente, no seu derradeiro liv ro,
Os Alemães, publicado em 1 989, um ano antes de morrer, já nonagenário. Ali ele se pergunta,
diretamente e sem rodeios, o que fez com que a Alemanha estiv esse no coração das grandes
tragédias modernas, a Primeira, a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.

Tinha condições subjetiv as para tanto: v iv eu uma ex periência dolorosa como soldado na Primeira
Guerra Mundial; judeu, tev e de se ex ilar da Alemanha durante o nazismo; sua mãe foi trucidada em
Auschwitz. Norbert Elias tinha também credenciais intelectuais para tentar ex plicar como a nação
que sintetizou a era das Luzes, a pátria de Kant, Hegel e Goethe, tenha desenv olv ido a indústria do
ex termínio: estudou medicina e psicanálise, doutorou-se em filosofia e foi professor de sociologia na
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Inglaterra. Seguir
Seguir “Blog
Para ele, o desenv olv imento tardio do da Boitempo”
capitalismo na Alemanha, a ausência de uma rev olução
burguesa no país, a unificação nacional sob o tacão militar de Bismarck, o culto à organização, do
Obtenha todo post novo
qual o militarismo é o emblema mais ostensiv o – tudo isso criou um caráter alemão. Esse caráter
entregue na sua caixa de
distingue a sociedade germânica de todas as outras, mesmo as europeias. Para Elias, não são apenas
entrada.
circunstâncias históricas que ex plicam o surgimento de Adolf Hitler. Isso é uma meia-v erdade. As
ideias monomaníacas que engendraram a bestialidade fascista
Junte-se a 1.144 talv ez não tiv essem acolhida sem a
outros
seguidores
ex istência prév ia do caráter alemão, nos termos definidos por Norbert Elias.

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Os cientistas sociais costumam recuar ante tal tipo de análise. Têm receio de serem julgados
preconceituosos. E, talv ez, de se v irem ex cluídos da interlocução com a ciência social alemã, uma
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das mais brilhantes fontes do pensamento filosófico-social em todos os tempos.

Tecnologia
Mas é por um caminho “norbertiano” que pretendo WordPress.com
inv estigar o caráter brasileiro. Penso que o
peculiar modo nacional de liv rar-se de problemas, ou de falsificá-los, constitui o famoso jeitinho
brasileiro.

Os clássicos do pensamento social brasileiro têm dificuldade em lidar com a questão do caráter
nacional, que amalgama o subjetiv o e o objetiv o. Salv o, ev identemente, Gilberto Frey re. Mas o autor
de Casa Grande & Senzala mascarou a sua inv estigação com a nostalgia de um tempo que nunca
ex istiu, e com o enaltecimento da suposta – e ilusória – capacidade da metrópole lusitana em se
adaptar aos trópicos coloniais.

Por isso, ele enx ergou no Nordeste açucareiro, a primeira região importante na formação do Brasil –
que o historiador Ev aldo Cabral de Mello definiu como “açucarocrata” –, uma dominação “doce”. O
sociólogo de Apipucos construiu uma hipótese que serv e de justificativ a ideológica da sociedade
decorrente da escrav idão. A sua interpretação é, ela própria, uma das v ertentes do jeitinho
brasileiro.

Sérgio Buarque de Holanda enfrentou melhor a questão. O seu “homem cordial” – para quem as
relações pessoais e de afeto (para o bem ou para o mal) se sobrepõem à impessoalidade da lei e à
norma social – é a própria encarnação do jeitinho brasileiro.

Caio Prado Júnior não ofereceu nenhuma contribuição sobre o assunto. Embora o seu marx ismo
fosse criativ o e original, ele ficou prisioneiro da objetiv idade, o mantra que impediu gerações de
marx istas, aqui e alhures, de inv estigar o caráter das nações.

Antonio Cândido, nosso clássico moderno, tratou do tema em “Dialética da malandragem”, o


poderoso ensaio sobre Memórias de um Sargento de Milícias, romance de Manuel Antônio de
Almeida que se passa no Rio de meados do século XIX. Ainda que se aprox ime decididamente do
jeitinho, faltou ao ensaio, a meu v er, um pouco de irrev erência, para que ele correspondesse à ginga
do malandro carioca. Cândido respeita tanto o brasileiro pobre que aborda as figuras populares com
uma rev erência quase mística. Para ele, nossa sociedade é tão obscenamente desigual que qualquer
crítica às classes dominadas não passa de preconceito – mais um – dos ricos.

Outros autores, como Roberto DaMatta, v ão diretamente à problemática do caráter nacional. É o

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que ele faz em Carnavais, Malandros e Heróis. Não é pela v ertente de DaMatta, contudo, que
pretendo chegar lá. Busco desenv olv er uma inv estida mais nitidamente materialista, mesmo
sabendo que o abandono da inv estigação antropológica possa implicar empobrecimento da análise.

Eis a tese: o jeitinho é um atributo das classes dominantes brasileiras que se transmitiu às classes
dominadas.

Conforme Marx e Engels de A Ideologia Alemã, as ideias e os hábitos das classes dominantes
transformam-se em hegemonia e caráter nacional. No Brasil, a classe dominante burlou de maneira
permanente e recorrente as leis v igentes, sacadas a fórceps de outros quadros históricos. O drible
constante nas soluções formais propicia a arrancada rumo à informalidade generalizada. E se
transforma, ao longo da perpétua formação e deformação nacionais, em predicado dos dominados.

Essa situação, que é social, se configura no malandro, o especialista no logro e na trapaça. O


malandro, com sua modernidade truncada, foi primeiro o carioca. E esse carioca era geralmente
pobre, mas não miseráv el. Como não poderia deix ar de ser, era mulato: esgueirav a-se por entre as
classes e os estratos mais abastados, no típico – e falso – congraçamento de classes herdado do
escrav ismo.

Tinha “bossa” quem dominav a a aptidão para fugir ou escapar das soluções formais. Bossa que é a
ex pressão do jeitinho, a maneira de ganhar a v ida sem se submeter aos ditames da norma, de
conv iv er sem ser reconhecido como fora da lei. A moderna música popular brasileira, nascida no
Rio, com toda razão foi chamada de bossa nov a. Ela foi um jeitinho de escapar das conv enções
musicais à la V icente Celestino, cópia falsa do grande canto lírico italiano. E também um jeitinho de
incorporar as malandragens do samba – de origem africana e escrav a – ao univ erso das elites.

A burla das classes dominantes brasileiras às normas seria atáv ica? Meu horror à burguesia (esse sim
quase totalmente atáv ico) – cujo retrato acabado foi a açucarocracia pernambucana, perdulária e
arrogante – tenderia a confirmar que o jeitinho é um caso de mau-caratismo, um dado subjetiv o.
Mas prefiro a trilha aberta por Norbert Elias: a burla é uma forma de adotar o capitalismo como
solução incompleta na periferia do sistema. Incompleta porque o capitalismo troux e para cá a
rev olução das forças produtiv as, mas não as soluções formais da civ ilidade. As classes dominantes
então “se v iram”, dão um jeitinho para garantir a coesão de um sistema troncho e, comme il faut, a
ex ploração.

Sem querer atribuir tudo aos nossos colonizadores, a semente do jeitinho já v icejav a na irresolução
que Portugal dá às questões de administração e gov erno da jov em – e enorme – colônia. Não
dispondo nem de homens nem de recursos capazes da façanha de fazer a minúscula cobra engolir o
enorme elefante, Portugal opta pela solução capenga das capitanias hereditárias. Na mesma época,
tendo criado um nov o caminho para o Oriente com V asco da Gama, dom Manuel, o V enturoso,
emprega até o fim os modestos recursos portugueses na conquista da Índia, e só consegue
estabelecer relações comerciais em pontos isolados do sul do continente.

No Brasil, as capitanias são entregues a fidalgos, alguns com recursos ínfimos e a maioria quase sem
nenhum capital. O resultado da colonização pelo método das capitanias foi pífio, à ex ceção de duas

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ou três. O fracasso na Índia é do mesmo porte, senão maior: Lisboa torna-se a meca das especiarias
orientais, mas Portugal nunca ocupou a Índia. Sequer conseguiu com que a língua portuguesa
tiv esse peso ex pressiv o entre as centenas de dialetos do país. A lembrança lusa mais forte ficou
restrita a Goa e Macau.

V oltemos ao caso do Rio, lembrado a propósito da malandragem e da bossa nov a. Foi Juscelino
Kubitschek, outro ex emplar do homem cordial, quem jogou a pá de cal nas pretensões modernas do
Rio: retirou-lhe a centralidade de capital e não botou nada no lugar. Incapaz de resolv er os
problemas cariocas, que já se apresentav am em grau superlativ o, deu um jeitinho e transferiu a
capital para Brasília, nos ermos do Planalto Central.

Espanta-se quem anda hoje pelas ruas da cidade que antigamente ostentav a sua modernidade: o Rio
ficou a cara do Brasil. A despeito do oba-oba em torno do renascimento carioca, basta observ ar ao
redor do Palácio do Catete, antiga residência dos presidentes da República. O bairro que se oferece à
v ista ex ibe mediocridade urbana, pobreza ostensiv a e tráfico de crack.

A fantasia da mulher carioca, linda e elegante (e que de fato disputav a o topo da beleza com
mulheres de outras nacionalidades, com a v antagem da miscigenação), deu lugar à imagem de
mulheres – e homens – que andam com sandálias surradas e se v estem pobremente. Como não
perceber aí sinais de uma modernidade truncada?

No caso de Juscelino e das classes dominantes, a mudança da capital foi um “jeitão” para deslocar
um problema: criar uma nov a fronteira para a ex pansão capitalista, catapultada pela indústria da
construção civ il. O jeitinho foi fazer isso por meio dos candangos, trabalhadores informais, depois
abandonados à própria sorte, “sem lenço e sem documento”, como cantaria Caetano V eloso, ele
próprio, conforme a análise de Roberto Schwarz, um cultor do jeitinho transformado em “v erdade
tropical”. O Brasil é assim, defende Caetano, a esquerda é que não o entende.

Na segunda metade do século XIX, o café liderav a a ex pansão econômica. Não só no V ale do Paraíba,
em São Paulo ou mesmo no Brasil: o café era a mercadoria mais importante do comércio mundial. Só
foi desbancado dessa posição, pelo petróleo, nos anos 40 do século XX. Mas o início da ex pansão do
café se deu sobre o lombo dos escrav os.

Qual foi o jeitão da classe dominante, no caso os cafeicultores, a partir do fim do escrav ismo, em
1 888? Em v ez de incorporar os ex -escrav os à cidadania, fornecendo-lhes meios de cultiv ar a terra e
se incorporarem ao trabalho regular, foram importar a mão de obra europeia, transformando São
Paulo na maior cidade italiana do mundo. Malandramente, cheios de bossa, contornaram os
problemas do fim do escrav ismo e se desresponsabilizaram pelos ex -escrav os, de nov o, como
cantaria Caetano, pessoas “sem lenço e sem documento”.

Surgia o trabalho informal, quer dizer, sem formas. O jeitão da classe dominante obrigou os
dominados a se v irarem por meio do jeitinho do trabalho ambulante, dos camelôs que v endem
churrasquinho de gato como almoço, das empregadas domésticas a bombarem de Minas e do

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Nordeste para as nov as casas burguesas dos jardins Europa, América, Paulistano. E também para os
apartamentos das elegantes – e já medíocres – madames de Copacabana, Ipanema e Leblon,
propiciando o v ex ame bem brasileiro de criados negros, v estidos a rigor, serv indo suco de maracujá
a demoiselles que se abanav am como se estiv essem nos salões parisienses.

Lá em cima, no Pernambuco açucarocrata, Gilberto Frey re podia criar então a nossa v ersão de E o
V ento Levou. Casa Grande & Senzala é a mais formidáv el denúncia do estupro como formador da
nacionalidade, mas v isto de um ângulo nostálgico. Ainda não era o tempo das madames e
demoiselles, mas o dos sinhôs e das sinhás e sinhazinhas.

O mais clássico dos clássicos do pensamento social brasileiro – Antonio Cândido, nossa referência
moral e intelectual, considera Casa Grande & Senzala o liv ro mais importante das ciências sociais
brasileiras – é também um pastiche. Sob determinado aspecto, ele é quase um deboche do jeitão de
irresolução do problema da mão de obra e do seu rebaix amento às relações “adocicadas” – aquelas
em que o filho do senhor transforma o negrinho, companheiro de trav essuras, em cav alo v iv o. Eis aí
a lembrança mais festejada da infância dos senhores. Pais e mães da Casa Grande ensinav am aos
filhos o jeitinho doce de ensinar e se div ertir ensinando. Os filhos dos negros, por sua v ez, aprendiam
quem estaria sempre por cima, docemente…

Getúlio V argas, o estancieiro gaúcho que liderou a Rev olução de 1 930, tentou formalizar o jeitinho
para acabar com o jeitão. V ale dizer: buscou civ ilizar a classe dominante para que o proletariado
ex istisse. Criou uma legislação trabalhista av ançada, mas a ex pansão capitalista seguiu
desobedecendo as regras e, junto com os empregos formalizados pela nov a legislação, a av alanche
do trabalho informal engolfav a todas as relações sociais.

A informalidade é a forma, o jeitinho de substituir as relações racionais e obrigatórias pela


intimidade, como já demonstrou Sérgio Buarque. Mas essa substituição, assim que se apresenta o
primeiro conflito, mostra sua outra face: a informalidade se conv erte no rigor mais sev ero, no apelo
à arbitrariedade e não raro em ex ibições de crueldade. O senhor de engenho que se deitav a com sua
mucama era o mesmo que a castigav a no tronco quando alguma falta, suposta ou v erdadeira, lhe
ofendia a propriedade.

Diga-se logo, para não nos autocaricaturarmos com nosso eterno “complex o de v ira-lata” (apud
Nelson Rodrigues), que Thomas Jefferson, o grande paladino da liberdade, também estuprav a suas
escrav as. A diferença, essencial para distinguir o jeitinho de outras práticas de dominação, é que
Jefferson deu o seu nome à sua descendência negra, coisa que nenhum dos nossos senhores de
engenho chegou a fazer.

Em Pernambuco mesmo, as fábricas da Paulista, que chegaram a ser o maior complex o industrial
têx til da América Latina, eram propriedade dos Lundgren. E o membro da família que tocav a a
fábrica era um sueco que se deitou com 300 das suas operárias. Ele deix ou uma prole enorme, mas
não há notícia de pobres com sobrenome Lundgren. No máx imo, na falta de sobrenome, dav am-se
aos negros escrav os nomes de santos católicos. Daí a proliferação de sobrenomes “dos Santos” e de
toda a corte católica dos altares.

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Antes de Sérgio Buarque, Machado de Assis, ele mesmo um mulato, portanto conhecedor do truque
do jeitinho, fez com que Dom Casmurro seja até hoje o retrato mais notáv el da classe dominante
brasileira: “Por fora, bela v iola, por dentro pão bolorento”, como se diz no popular. Bentinho é
liberal por fora e escrav ista por dentro. Machado usou um jeitinho literário para legar um
formidáv el enigma, ao qual já se dedicaram milhares de páginas: Capitu traiu mesmo ou foi v ítima de
uma v ituperação de classe? Maria Capitolina, a Capitu, era mais pobre que o seu marido liberal,
Bentinho. E, com seus “olhos de ressaca”, prov av elmente tinha sangue negro.

Nascido inicialmente das contradições entre uma ordem liberal formal e uma realidade escrav ista, o
jeitinho transformou-se em código geral de sociabilidade.

Recordo um caso pessoal, passado há muito tempo. Eu trabalhav a com Celso Furtado
(rigorosamente antijeitinho), que recebia um diretor do Banco Interamericano de Desenv olv imento,
por sinal conterrâneo seu. Este, v endo-me por perto, e julgando que eu não era parte da conv ersa,
pediu-me água. Pediu a primeira, a segunda e a terceira v ez. Fui obrigado a dizer-lhe que não
confundisse gentileza com serv ilismo, e que da próx ima v ez ele mesmo se serv isse. Não ocorria
àquele senhor que alguém que não fosse da sua grei pudesse tomar parte de uma conv ersa com altos
representantes da banca interamericana.

A origem do jeitinho, assim como a da cordialidade teorizada por Sérgio Buarque, se ex plica pela
incompletude das relações mercantis capitalistas. Parece sempre que as pessoas estão
“sobrando”. Elas são como que resquícios de relações não mercantis, não cabem no univ erso da
civ ilidade. E às pessoas que sobram pode ser pedido qualquer coisa, já que é obrigação do dominado
serv ir ao dominante.

Qualquer reunião brasileira está cheia de batidinhas nas costas na hora do cumprimento, impondo
logo de saída uma intimidade que é intimatória e intimidatória. Um dos cumprimentos mais
característicos de Luiz Inácio Lula da Silv a, por ex emplo, é bater com as costas da mão na barriga
dos interlocutores. Mesmo em encontros formais, o primeiro gesto de Lula ao se aprox imar de
qualquer pessoa é tocar-lhe a barriga.

A matriz desses gestos encontra-se ev identemente no longo período escrav agista. Nele, o corpo dos
negros era propriedade, podia ser tocado e usado. O surpreendente é que esses gestos e costumes
tenham persistido ao longo de 1 00 anos de v igência de um capitalismo pleno.

O escrav ismo e a escrav idão não ex plicam inteiramente a “longa duração” da informalidade
generalizada e dos hábitos que a acompanham. Os Estados Unidos tiv eram um sistema escrav ista
que chegou até a organizar fazendas de criação de negros. A ruptura com o escrav ismo custou à
nação norte-americana uma guerra civ il que deix ou marcas até hoje. Mas o jeitinho não foi o
ex pediente que usaram para superar os problemas colocados pelo capitalismo que av ançav a.

Aqui, o jeitinho das classes dominantes se impôs na abolição da escrav atura. Primeiro v eio a Lei do
V entre Liv re: garotos e garotas negros eram libertados em meio à escrav idão. Mas como inex istia a
perspectiv a de terem terra, emprego ou salário, a libertação não lhes serv ia para quase nada.

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Depois v eio a Lei dos Sex agenários. Aos 60 anos, os negros que ainda estiv essem v iv os eram
libertados. Ora, já se sabia que a v ida média de um escrav o não alcançav a os 40 anos. Como mostrou
Luiz Felipe de Alencastro em O Trato dos V iventes, depois de décadas de labuta no eito, o consumo
do trabalho pelo capital não era uma metáfora: o negro era um molambo de gente, e não um homem
liv re, mesmo quando libertado pela Lei dos Sex agenários.

O que parecia cautela e prev isão era, na v erdade, o jeitinho (e o jeitão) em mov imento.
Gradualmente, até a chamada Lei Áurea, a escrav idão persistiu. Isso criou uma superpopulação
trabalhadora que o sistema produtiv o não tinha como incorporar. Com a industrialização, tão
sonhada pelos modernos, o problema se agrav ou. Tendo que copiar uma industrialização de matriz
ex ógena, que tende sempre à economia do trabalho, os ex cedentes populacionais cresceram
ex ponencialmente.

Assim, o chamado trabalho informal tornou-se estrutural no capitalismo brasileiro. É ele que regula
a tax a de salários, e não as normas trabalhistas fundadas por V argas. A partir daí todas as burlas são
permitidas e estimuladas. A pergunta que um candidato a emprego mais ouv e é: com carteira ou sem
carteira? O funcionário com carteira resulta em descontos para a Prev idência. Ou, se o salário for um
pouquinho melhor, até para o Imposto de Renda. A resposta do candidato ao emprego é óbv ia: sem
carteira.

Quando o trabalhador ou trabalhadora que tem consciência dos seus direitos recusam o emprego
sem carteira, às v ezes escuta “malandro, não quer trabalhar”.

Em qualquer setor, em qualquer ativ idade, o jeitinho se impõe. O ex ecutiv o de terno italiano de
grife, o apresentador da telev isão e a atriz de um musical não são assalariados. São pessoas jurídicas,
PJs, unicamente para que empresas paguem menos impostos. Adv ogados, dentistas e prestadores de
serv iços oferecem seus préstimos com ou sem recibo, e esse último é mais barato. Bancários,
telefonistas, v endedores e outras tantas categorias v iram suas profissões periclitar: eles são agora
atendentes de call centers, terceirizados por grandes empresas.

O jeitinho é a regra não escrita, sem ex istência legal, mas seguida ao pé da letra nas relações micro e
macrossociais. Está tão estabelecido, é tão natural que estranhá-lo (hoje menos do que ontem,
reconheça-se) pode ser entendido como pedantismo, arrogância ou ignorância: “Nego metido a
besta”, é a sentença. A não resolução da questão do trabalho, o seu estatuto social, é no fundo a
matriz do jeitinho. Simpático, ele é uma das maiores marcas do moderno atraso brasileiro.

* Publicado originalmente na Revista Piauí #7 3.

***

Francisco de Oliv eira, um dos mais importantes sociólogos brasileiros, é professor titular de
sociologia da Univ ersidade de São Paulo, diretor do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania da
USP e autor de v asta obra, em que se destacam A economia da dependência imperfeita, Os direitos
do antivalor, A noiva da revolução / Elegia para uma re(li)gião, O elo perdido, A navegação
venturosa: ensaios sobre Celso Furtado e Crítica à razão dualista.

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***

Já estão disponív eis em v ersão eletrônica (ebook) os liv ros de Francisco de Oliv eira publicados
pela Boitempo: o seminal Crítica à razão dualista / O ornitorrinco, a coletânea, organizada em
conjunto com Ruy Braga e Cibele Rizek, Hegemonia às avessas: economia, política e cultura na era
da servidão financeira balizada pelos ensaios “Hegemonia às av essas” e “O av esso do av esso” de
Francisco de Oliv eira e A era da indeterminação, organizado em conjunto com Cibele Rizek.

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Publicado em Colunas, Francisco de Oliv eira → 1 Com entário

A crise na USP
Publicado em 16/05/2011 | 2 Comentários

Estudantes da USP votam sobre destino da greve durante a


ocupação da Reitoria em 2007

Por Francisco de Oliveira.

Há mais de um quinquênio, nossa principal univ ersidade permanece imersa numa crise, que se está
tornando permanente. Especifique-se: desde a reitoria Suely V ilela, e prosseguindo com o atual,
Prof. João Grandino Rodas. Não dev emos absolv er as responsabilidades daqueles que ocuparam ou
estão ocupando o cargo máx imo da instituição, mas a rigor a crise na USP é mais profunda, e supera

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30/1/2014 Francisco de Oliveira | Blog da Boitempo

as div ersas gestões, que aliás se comportam apenas como gestores: o qualificativ o de “reitores” é
demais para eles.

Em tempo: o reitor Rodas foi o segundo da lista tríplice que o Conselho Univ ersitário submeteu ao
então gov ernadorJosé Serra, e este, quebrando a tradição e repetindo Paulo Maluf, não escolheu o
primeiro colocado, mas o segundo. Isto é um indicativ o da inadequação, para dizer o mínimo, dos
procedimentos estatutários e legais que regem a USP, e para o que a chamada “comunidade uspiana”
não dispõe de nenhum remédio. O gov ernador faz o que quer com a v ontade manifesta dos docentes,
alunos e funcionários, pois Gláucio Oliv a, o primeiro colocado, hav ia sido preferido numa primeira
consulta, que a ADUSP [Associação dos Docentes da Univ ersidadede São Paulo] se esforçou para
fazer da forma mais democrática, ainda que sem v alor legal, e o CO [Conselho Univ ersitário] ratificou
a preferência que a eleição direta hav ia indicado. Mas o gov ernador deu as costas à univ ersidade.
Diga-se de passagem que o gov erno Serra foi dos mais desastrados na relação com a USP, o que é
incompreensív el, pois hav ia sido aluno dela na Politécnica, antes que o golpe de 1 964 o afastasse da
presidência da UNE.

Faz parte dos malabarismos políticos nacionais essa contradição: enquanto o Congresso Nacional
pode decretar o impedimento do presidente da República, como ocorreu com o super-marajá Collor
de Mello, nos estatutos e procedimentos que gov ernam a USP não ex iste nada parecido, salv o se o
CO num gesto pra lá de improv áv el resolv er pedir sua renúncia. Mesmo o CO não tem poderes para
depor o reitor. Isto quer dizer que tais procedimentos e estatutos estão pra lá de Marrakech, isto é,
nem no Marrocos têm alguma utilidade. A crise da USP se ex plica, assim, pelo anacronismo de suas
regras estatutárias e legais, e menos pela má qualidade de seus gestores. Ninguém espera que os mais
brilhantes cérebros – que ex istem às centenas em nossas melhores univ ersidades – sejam também
bons reitores; assim, não é a qualidade acadêmica que está tornando a USP ingov ernáv el, mas seu
anacronismo estatutário e legal e o uso que as autoridades estaduais fazem dele.

Desde a gestão Suely V ilela, a reitoria v em se empenhando em perseguir funcionários e estudantes,


mas sobretudo os primeiros. O atual Grandino Rodas, numa só tacada demitiu 27 0 funcionários, sem
lhes dar a menor satisfação. A reitoria V ilela já hav ia demitido um diretor do SINTUSP [Sindicato
dos Trabalhadores da Univ ersidadede São Paulo] em pleno ex ercício de suas funções, ao arrepio da
legislação que assegura a estabilidade dos representantes sindicais, salv o se tiv erem cometido algum
crime e condenadoem tribunal. Nema Constituição, um reitor que é formadoem direito respeita. Eo
Conselho Univ ersitário não faz nada, e estudantes, funcionários e docentes não podem fazer nada.
Entre os entulhos autoritários que a ditadura nos deix ou, talv ez alguns estatutos e regulamentos que
determinam as regras para a gestão pública de algumas importantes instituições republicanas
estejam entre os mais repelentes, inadequados e anti-democráticos.

Mas a Univ ersidade pode v iv er sob esses ataques porque a sociedade permite, e em alguns casos,
engrossa a onda anti-pública característica dos tempos neoliberais. Os órgãos de imprensa não dão
nem bola:a Folhade S. Paulo, antigamente nosso refúgio em meio às priv ações da liberdade, tornou-
se um jornal que faz campanha anti-pública, em nome de uma difusa preocupação com a moralidade;
o Estadão, que se considerav a padrinho da USP, dev ido ao papel protagônico que o jornal
desempenhou nos idos dos Trinta, quando a USP foi fundada, mudou para uma posição de
permanente crítica, quase sempre infundadas; os dois grandes órgãos da imprensa escritade São
Paulofazem uma péssima cobertura dos assuntos das univ ersidades e têm desempenhado um papel
retrógrado. A univ ersidade pública é o único lugar onde se faz pesquisa de ponta no Brasil, já que
grandes empresas estatais, como a Petrobrás, a Eletrobrás, patrocinam pesquisas sobretudo de

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natureza aplicada. Assim, não pode surpreender que o Brasil, já a 5ª economia capitalista do mundo,
apresente alguns indicadores pra lá de péssimos nos quesitos fundamentais da pesquisa científica.
Não à toa, a Finlândia, o pequenino país nórdico, lidera as pesquisas no ramos dos celulares, e
certamente a Finlândia não utiliza seus recursos naturais – muito frio, muita água, florestas de clima
frio – mas sim conhecimento e educação. Queremos ficar com o Amazonas como o mais importante
rio do mundo, e isso basta?

A crise da USP, que já se estende sob outras formas para a Unicamp, somente poderá ser
encaminhada para lograr-se algumas resoluções, mediante a conv ocação de uma estatuinte, uma
constituinte para a univ ersidade, que reforme seus estatutos, melhore a representativ idade, amplie
os poderes legais das três categorias básicas que formam a univ ersidade, inv ente outras formas de
ingresso que não seja apenas um v estibular que priv ilegia os que prov êm de boas escolas, institua
um amplo programa de bolsas para superar a barreira econômica de classe, absorv a os cursinhos
“caça-níqueis” (como o tentou o ex -reitor José Goldemberg), enfim, refaça de alto a baix o as formas
institucionais de decisão e direção da univ ersidade. O leitor não conhece como se elege o reitor da
USP? Então prepare-se para uma surpresa: é a mesma fórmula que a Rev olução Francesa, em 1 7 89,
derrocou: são os Estados Gerais, com uma minúscula representação dos estudantes e dos
funcionários no Conselho Univ ersitário, cuja maioria absoluta é de docentes e dirigentes das
faculdades, que indica três nomes para apreciação do gov ernador do Estado. Este não necessita
obedecer à ordem indicada pelo chamado CO, como a última nomeação de Grandino Rodas
confirmou: pode ser um dos três. Essa fórmula é a dos Estados Gerais, portanto, v elha de quase 400
anos. Está na hora da Univ ersidadede São Paulofazer a Rev olução Francesa, até para ser coerente
com seus cursos de História, onde se ensina que a referida rev olução é a fundadora da modernidade.
Ou preferimos regimes disfarçados de aiatolás?

***

Francisco de Oliv eira, professor titular aposentado de Sociologia da USP, é autor de ex tensa
obra, da qual destacamos Noiva da revolução: elegia para uma re(li)gião (São Paulo, Boitempo,
2008), Crítica à razão dualista: o ornitorrinco (São Paulo, Boitempo, 2003) e Os direitos do
antivalor: a economia política da hegemonia imperfeita (Petrópolis, V ozes, 1 998). Em 201 0,
coorganizou a coletânea de ensaios sobre a hegemonia lulista, Hegemonia às avessas (Boitempo),
com Ruy Braga e Cibele Rizek. Colabora para o Blog da Boitem po mensalmente, às segundas-
feiras.

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A prisioneira
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30/1/2014 Francisco de Oliveira | Blog da Boitempo

Publicado em 18/04/2011 | 10 Comentários

Por Francisco de Oliveira.

Dilma Roussef paga o preço de praticamente ter sido tirada do bolso do colete de Lula da Silv a, então
em pleno auge de popularidade, sem ter feito o longo e quase sempre desgastante trajeto de
militância no PT. Embora eleita sem dificuldades, sua autonomia no gov erno é precária. Cem dias já
decorreram da posse da presidente e ela ainda não conseguiu completar o segundo escalão; o
próprio PT e os partidos “aliados” – diga-se empoleirados nos galhos da ampla coalizão que Lula
forjou, – se esfalfam para conseguir os disputados lugares, e a presidente titubeia.. Para os áulicos,
trata-se de cautela, já que ela mesma declarou que não nomearia ninguém que não tiv esse
competência técnica, apoiada pela política, para nenhum cargo. Sabe-se agora que Garibaldi Alv es é
um “notáv el” especialista em prev idência social e Lobão, honrando o nome, “morde” tudo de
energia, como mostrou quando ministro da pasta com Lula da Silv a.

Ainda por cima, tev e que engolir os nomes que Lula da Silv a impôs. Dilma se v ê às v oltas com o
chamado “fogo amigo”: seu gabinete dá a impressão de que é a “casa da Mãe Joana”, ou uma nov ela
noir de baix as intrigas. Mantega, mantido no cargo dev ido aos serv iços prestados a Lula da Silv a
quando este estav a no ostracismo, depois de três derrotas para a presidência, e diga-se sem
ambigüidades, um raro quadro de caráter dentro do PT, na v erdade não formula a política
econômica: desde Lula da Silv a, são economistas-estrelas do firmamento da especialidade que são
conv ocados periodicamente para orientar a política econômica. Os nomes são bastante conhecidos,
e poupo-me de citá-los. Alguns estão no pedaço há mais de 30 anos! Mas Palocci, que não conseguiu
v oltar à Fazenda, conspira quase abertamente contra o ministro e tev e agora a inusitada adesão de
Luciano Coutinho, até então discreto à frente dos bilhões que administra autonomamente, e criticou
a política cambial nada menos que em reunião com os mais altos membros da plutocracia capitalista
no país.

Tanto a incompletude quanto as intrigas são produto e herança de Lula da Silv a, que fez a proeza de
transformar pobreza em ativ o financeiro, isto é, em termos clássicos, v endeu a luta de classes no
balcão dos negócios: o fiador dos bilhões transferidos aos detentores dos títulos da dív ida pública
interna é o Bolsa-Família. A v elha fórmula romana do “pão e circo” se atualiza: LCDs das Casas Bahia
para o “pov ão” – foi FHC que disse – e quase 300 bilhões para quem tem títulos da dív ida pública
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interna. Quem v ai fazer oposição a essa fórmula mágica?

Do outro lado, na oposição, a confusão não é menor: Aécio, tentando repetir as proezas do seu av ô,
um político conserv ador cuja morte o transformou em herói popular, morde e sopra. Prometeu um
furacão no discurso inaugural do Senado e saiu uma espécie de “muito pelo contrário”, ou o
conhecido “a montanha pariu um rato”. Serra debate-se num eterno “ser ou não ser”, sem nenhuma
das qualidades shakesperianas para manter a chamada patuléia (o termo é de Elio Gaspari)em
suspense. FHC v oltou à carga na semana que passou, com um montão de platitudes, reconhecendo,
só agora, passados quase v inte anos de fundação do PSDB, que ele é uma UDN reeditada, agora sem
nenhuma chance de v oltar ao poder. A v elha UDN, desde o início já sabia de seu destino, e logo
começou a chamar os militares para lhe darem o poder que os v otos lhe negav am. Começou mesmo
com o BeloAntonio Eduardo Gomese terminou com o Corcunda do Nosso Drama, chamado também
de Castelo Branco que por Ato Institucional cassou a ex istência da própria UDN e dos outros
partidos políticos. Brincar com fogo queima, menino, dizia minha saudosa mãe há décadas.

Nada desse quadro se resolv erá com a tão badalada reforma política. A questão é outra: é o tipo de
crescimento econômico do nosso capitalismo periférico que colonizou inteiramente a política. Os
partidos são a agonia dessa colonização. Não sem base popular: o crescimento econômico acelerado
está lev ando a uma ex asperação da luta entre os pobres, que lutam, depois de quatro séculos de
abandono, por um lugar ao sol, isto é, por um LCD das Casas Bahia. Há uma degradação imensuráv el
da luta de classes: de um lado, a burguesia transformou-se em gangues, e de outro os pobres, de
classe regrediram para a pobreza mesmo; de São Marx para São Francisco. Há uma espécie de
fascismo societal no ar. Oito milhões de espectadores assistiram ao Tropa de Elite 2, para se
compensarem da frustração de que as Forças Armadas, subindo os morros do Rio, não cumpriram a
promessa de liquidar com o crime organizado. Quer dizer, não cumpriram a promessa de acabar
com a pobreza liquidando os pobres.

Wellington de Oliv eira entrou em sua antiga escola e atirou, não a esmo, como ele já confessou
atrav és de v ídeos prev iamente grav ados, mas em membros de sua classe social, e, sobretudo, em
garotas (é ev idente o componente sado-masoquista que Freud ex plica). Ele não atirouem escolas do
Leblon, mas em Realengo.

V iv a o Brasil! Dev e gritar Lula da Silv a agora do alto dos milhares que cobra de empresas que sabem
o que estão comprando, que não são as platitudes de Lula, mas o caminho dos fundos públicos.

***

Francisco de Oliv eira, professor titular aposentado de Sociologia da USP, é autor de ex tensa
obra, da qual destacamos Noiva da revolução: elegia para uma re(li)gião (São Paulo, Boitempo,
2008), Crítica à razão dualista: o ornitorrinco (São Paulo, Boitempo, 2003) e Os direitos do
antivalor: a economia política da hegemonia imperfeita (Petrópolis, V ozes, 1 998). Em 201 0,
coorganizou a coletânea de ensaios sobre a hegemonia lulista, Hegemonia às avessas (Boitempo),
com Ruy Braga e Cibele Rizek. Colabora para o Blog da Boitem po mensalmente, às segundas-
feiras.

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