Gostaria de cumprimentar os colegas que até que colaboraram com o projeto Nós
Propomos!, pela inciativa e contribuição a educação popular e ao ensino da ciência geográfica. Em
um contexto de entraves e dificuldades tão sérios que interpelam a possibilidade de emancipação e de construção da cultura, atividades como estas são louváveis e inspiradoras. Especialmente em países subdesenvolvidos e sobretudo de histórica subvalorização da educação popular, o compartilhamento das ações educativas que partam da centralidade do sujeito como horizonte para socialização e desenvolvimento da cultura humana são imprescindíveis. Desse modo, gostaria de destacar a especificidade da educação geográfica para o desenvolvimento do sujeito, principalmente em contexto escolar, no que tange ao desenvolvimento das funções psíquicas superiores e desenvolvimento dos conceitos e complexos de conceitos. Seguindo Henri Lefebvre, percebemos que o espaço não é uma categoria abstrata, mas o produto da atividade humana na repetição dos atos, a própria produção. Nesse sentido, o espaço não é apenas forma, é também o conteúdo expresso das relações sociais em um processo de constante mediação. Assim a apreensão do conceito de espaço não é apenas teórica e abstrata, mas concreta e prática, quer dizer, o sujeito apreende as relações sociais em sua historicidade. Dito de outro modo, através do conceito de espaço (e dos complexos que dele derivam) o sujeito se relaciona com a humanidade e com a natureza transformada: humaniza-se. Este processo, longe de ser espontâneo, é constantemente mediado e em situações específicas, dirigido, como é responsabilidade da escola promovê-lo --- considerando que, conforme nos mostra Vigotski, a educação é um processo que se inicia desde a mais tenra idade e portanto, ultrapassa os limites da instituição escolar. Contudo, como atribuição e compromisso ético dos educadores, urge a promoção da aprendizagem que promova desenvolvimento. Assim é fundamental considerar a realidade sócio-histórica do aluno, sua experiência geográfica concreta para que o ensino aponte um avanço entre a aprendizagem individualmente possível e aquela promovida pela mediação, especialmente com os conceitos geográficos. Nesse sentido considero o Nós Propomos! fonte de experiências qualitativamente ricas de compartilhamento científico e de formação profissional, inclusive continuada, enquanto contribuição à educação geográfica em particular e à docência em ciências sociais no geral. Que continuemos no esforço de saldar à humanidade a parcela que nos cabe na construção de uma comunidade socialmente justa e responsável com a natureza. Cristian Chaves Rodrigues, discente do Curso de Ciências Sociais da UNESP , campus Marília.