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Gest. Prod., São Carlos, v. 22, n. 2, p.

431-442, 2015
http://dx.doi.org/10.1590/0104-530X857-13

Acidente de trabalho em sistemas de produção:


abordagem e prevenção

Work accident in production system in bahia, brazil:


approach and prevention

Anastácio Pinto Gonçalves Filho1


Magna Fernandes Ramos2

Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar uma pesquisa desenvolvida com a finalidade de conhecer que tipo de
abordagem é adotado pelos sistemas de produção instalados no Estado da Bahia nas análises de acidente de trabalho.
O conhecimento desta abordagem possibilita saber se os sistemas de produção evoluíram ao longo dos anos com
relação às análises de acidentes e compreender se essas análises estão contribuindo com seu objeto primordial:
prevenção efetiva e duradoura. Os autores analisaram 85 relatórios de 46 sistemas produção, para identificar a
abordagem adotada nas análises de acidentes. Constata-se que os sistemas produção pesquisados não evoluíram
com relação à análise de acidentes, continuam ainda presos a uma abordagem que privilegia as ações com foco no
indivíduo. Os autores criticam a abordagem utilizada, discutindo a necessidade de mudança da gestão de segurança,
de modo a fornecer os elementos necessários e adequados à prevenção desse indesejável fenômeno, ainda grave
problema de saúde pública no Brasil.
Palavras-chave: Prevenção; Acidente de trabalho; Gestão; Sistema de produção.

Abstract: This article aims to present a research developed to better understand what approach is adopted by the
production systems installed in the State of Bahia, Brazil to analyze work accidents. Knowledge of this approach
allows us to understand the production system improved in the past years regards accident analysis and to understand
these analyzes contribute to its main goal: effective and lasting prevention. The authors analyzed 85 reports of
46 production systems to identify the approach used in accident analyzes. It appears that the surveyed production
systems did not change regarding accident analysis, they are still stuck with an approach that emphasizes the
analysis focused on individual actions. The authors criticize the approach, discussing the need for measures to
change the safety management in order to provide the necessary and appropriate elements to prevent this undesirable
phenomenon, still a serious public health problem in Brazil.
Keywords: Prevention; Work accident; Management; Production system.

1 Introdução
Os acidentes de trabalho são um dos maiores um sistema produção. Um instrumento que contribui
problemas de saúde pública em todo mundo e têm para esta aprendizagem é a análise de acidente, pois
elevado ônus para toda a sociedade, sendo a sua possibilita compreender os riscos, solucionar problemas
redução um anseio de todos: governo, empresários e proteger pessoas (Brasil, 2010).
e trabalhadores. Além da questão social, com morte A maioria dos acidentes é previsível e prevenível e,
e mutilação de operários, a importância econômica ao contrário de constituir obra do acaso, como sugere
também é crescente. Além de causar prejuízos às a palavra “acidente”, são fenômenos socialmente
forças produtivas, os acidentes geram despesas como determinados, relacionados a fatores de risco presentes
pagamento de benefícios previdenciários, recursos nos sistemas de produção, definidos aqui como um
que poderiam estar sendo canalizados para outras conjunto de atividades inter-relacionadas envolvidas na
políticas sociais. Urge, portanto, reduzir o custo produção de bens (caso de indústrias) ou de serviços
econômico e social mediante medidas de prevenção (Moreira, 2009). Nos sistemas de produção existem
(Brasil, 2001). riscos e medidas de controle que devem ser adotadas
Uma importante forma de prevenção é aprender para eliminá-los ou reduzi-los, a fim de prevenir
sobre o que ocorre e sobre o que pode ocorrer em acidentes. A ocorrência de um evento adverso indica

1
Universidade Federal da Bahia – UFBa, Rua Aristides Novis, 2, Federação, Salvador, BA, Brasil, e-mail: anastaciofilho@ufba.br
2
Ministério do Trabalho e Emprego, Av. Sete de Setembro, 689, Mercês, Salvador, BA, Brasil, e-mail: MagnaF@mte.gov.br
Recebido em Jul. 29, 2013 – Aceito em Mar. 31, 2015
Suporte financeiro: Nenhum.
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que as medidas de controle de risco eram inadequadas problemas relacionados ao gerenciamento da produção
ou insuficientes. Assim, o conhecimento derivado e à organização do trabalho para a compreensão e
da análise do acidente amplia as possibilidades intervenção sobre os acidentes de trabalho. Foram
de prevenção, porque identifica onde o sistema de selecionados autores cujos trabalhos são mais
segurança falhou (Brasil, 2010). Destarte, uma boa referenciados e exercem influência com relação ao
análise de acidente constitui importante ferramenta entendimento do fenômeno acidente. Não faz parte
para a prevenção. dos objetivos da pesquisa apresentada neste artigo
Por outro lado, muitas análises de acidentes dar um panorama completo dos desenvolvimentos
cometem os mesmos erros em relação à identificação da área da acidentologia ou propor novas abordagens
de suas causas. Elas identificam o que quebrou ou sobre o tema.
funcionou mal, então localizam as pessoas mais Nas últimas décadas, os acidentes têm sido objeto
próximas da falha técnica: o engenheiro que calculou de estudos da comunidade científica, com o objetivo de
mal, o operador que perdeu o sinal, o supervisor que identificar e explicar os fatores que dão origem a estes
falhou na escuta ou o gerente que tomou decisões eventos. Como resultado, contribuições de diferentes
erradas. Quando as causas são limitadas às falhas de pesquisadores surgiram, possibilitando diferentes
técnicas ou individuais, as respostas que objetivam métodos de análise (Dwyer, 2006; Perrow, 1999;
prevenir acidentes similares no futuro são também Reason, 1997; Turner & Pidgeon, 1997).
limitadas: elas se restringem a consertar o problema Hale & Hovden (1998) identificam a existência
técnico e substituir as pessoas responsáveis. Estas de três momentos principais no estudo científico da
correções são potencialmente desastrosas, porque segurança e análise de acidentes.
fazem acreditar que o problema de base (causa-raiz) A primeira fase, cujo início pode ser marcado no
foi resolvido (NASA, 2003). início do século XIX até a Segunda Guerra Mundial,
Nesse contexto, para que a análise de acidentes incidiu sobre medidas técnicas para evitar acidentes.
atinja seu objetivo, que é a prevenção, é importante Nesta fase, a principal preocupação incidiu sobre a
que não seja baseada na visão de que o sistema de análise das máquinas, as condições de trabalho e a
produção é confiável e o ser humano constitui o elo prevenção implicavam uma solução técnica de modo
frágil da corrente. Também é importante não considerar a criar condições de segurança e proteção das pessoas
que as falhas humanas são decorrentes de fatores em face dos perigos (fonte ou situação com potencial
individuais e do desrespeito às normas prescritas, para provocar danos às pessoas e ao patrimônio),
fruto de decisões “conscientes” dos trabalhadores. por exemplo, o equipamento de proteção individual.
Desta forma, as medidas oriundas dessas análises Nesta altura, as condições de trabalho eram ruins e
não se resumirão a punições e a “treinamentos”, a grande preocupação era a melhoria das condições
medidas que não contribuem para uma prevenção físicas do ambiente de trabalho.
de acidentes efetiva e duradoura. Essa abordagem deu origem a estudos para
O objetivo deste artigo é apresentar uma pesquisa
identificação de riscos químicos, físicos e biológicos
desenvolvida com a finalidade de conhecer qual o
e aos estudos dos efeitos de exposição a esses riscos
tipo de abordagem de acidente é utilizada nas análises
para a saúde e segurança dos trabalhadores. Essa
realizadas pelos sistemas de produção instalados no
vertente ainda continua a ser estudada, principalmente
Estado da Bahia, Brasil. O conhecimento de como
por áreas como a química, a engenharia e a biologia.
estão sendo analisados os acidentes no âmbito dos
A segunda fase remonta à década de 1920, mas teve
sistemas produtivos é de interesse da engenharia de
um desenvolvimento mais substancial após a Segunda
produção, mais especificamente dos profissionais que
Guerra Mundial. O marco desta fase é a publicação
atuam na área de gestão de segurança do trabalho,
dos trabalhos de Greenwood e Woods e de Heirinch
pois possibilita compreender, com base no referencial
em 1931, que introduziram a componente humana
teórico descrito a seguir, se as análises de acidentes
na análise dos acidentes de trabalho (Sarkus, 2001).
evoluíram e estão cumprindo com seu objetivo principal
de prevenção de infortúnios para os trabalhadores, A proposta de Greenwood e Woods em 1919 sobre a
ou continuam atrelados a um paradigma que enfatiza existência de propensão individual dos trabalhadores
o comportamento dos acidentados. para os acidentes é referida como sendo a primeira
teoria científica que procurou explicar os acidentes
de trabalho incluindo fatores humanos (Cooper,
2 Evolução das abordagens de 1998). Nessa altura, surge uma preocupação com
análises de acidentes o comportamento e erro humano, que deu origem à
Serão apresentadas a seguir abordagens desenvolvidas preocupação com a prevenção centrada no indivíduo.
por autores com origem em campos de conhecimento A concepção de acidente proposta por Greenwood e
diversos, que abrangem como perspectivas gerais a Woods dominou os pesquisadores e os especialistas
incorporação de aspectos sociais, a consideração de em segurança por quase 50 anos.
Acidente de trabalho em sistemas... 433

Na década de 1930, Heinrich propôs a primeira teoria gestão e administrativos presentes no funcionamento
na qual o acidente tem origem em uma sequência linear organizacional. Especificamente, defende que as
de eventos, que ele chamou de “teoria do dominó”. crenças, normas e práticas organizacionais são a
Numa tentativa de sistematização que se contrapunha “essência” à sequência de acontecimentos que dá
à noção de fatalidade, esta teoria representa o acidente origem a um acidente.
por uma sequência de cinco pedras de dominó Desde então, têm sido realizados vários estudos
posicionadas de modo que a queda de uma desencadeia empíricos e propostos vários modelos teóricos com
a queda das subsequentes (Almeida, 2006; Binder & o intuito de identificar e analisar a influência de
Almeida, 2003; Cooper, 1998). fatores sociais e organizacionais sobre a segurança e
A terceira pedra da série introduziu as noções de atos acidentes. Embora a literatura registre polêmicas entre
e de condições inseguros como fatores imediatamente os autores citados, pode-se dizer que as principais
precedentes ao acidente propriamente dito e à lesão. contribuições ao estudo dos acidentes são as seguintes.
De acordo com essa teoria, as ações do trabalhador, Perrow (1999) introduziu o conceito de normal
ou de seus colegas, exercem papel de destaque e accident ou sistêmico, incluindo a diferenciação
devem ser contempladas na prevenção. entre falha de componentes e falha sistêmica, os
Nessa fase, o acidente ainda é considerado um conceitos de complexidade (interações lineares ou
acontecimento simples que resulta de uma causa simples e complexas) e de força de acoplamento de
única, ou poucas causas, ou tem uma origem humana, interações. Para ele, os acidentes são inevitáveis,
ou tem uma origem técnica. são “normais” em sistemas complexos, sistemas de
No Brasil, estudos realizados por diversos autores grande tamanho e de interatividade complexa, que
(Almeida, 2001; Brasil, 2003; Binder & Almeida, tem de funcionar de forma estreitamente interligada,
1997; Vilela et al., 2004) revelam que grande parte ou seja, incluem muitos processos dependentes do
das investigações de acidentes ainda se baseia na tempo e sequências interdependentes. Segundo este
concepção dicotômica de ato inseguro e de condições autor, isso acontece porque aumenta a probabilidade de
inseguras, frequentemente desembocando na atribuição ocorrerem interações inesperadas entre componentes
de culpa ao trabalhador pelo evento que o vitimou e ou experiências dificilmente compreensíveis. Segundo
recomendando medidas de prevenção orientadas para Perrow (1999), as falhas nesses sistemas ocorrem
mudanças de comportamento, sabidamente frágeis. devido a três tipos principais de problemas: pressões
A terceira fase, com início no final dos anos da produção, investigações de acidentes simplistas e
1970, incide na organização e em todos os fatores redutoras e à “socialização do risco”, que significa
entrelaçados e que são considerados anteriormente. que pessoas ou propriedades podem estar expostas
Essa fase é caracterizada pela causalidade múltipla, ao risco e sofrer suas consequências, mesmo que
ou seja, o acidente é explicado por vários fatores que não estejam diretamente relacionadas com ele.
associam a interação entre o indivíduo, a situação de Como exemplo, para melhor compreensão do leitor,
trabalho, os fatores de grupos, fatores organizacionais citam-se as comunidades vizinhas às grandes empresas
e o ambiente de trabalho. Esta fase surgiu devido à químicas ou petroquímicas, que podem ser atingidas
crescente insatisfação relativa à ideia de que a saúde por um vazamento de um produto tóxico ou por uma
e segurança poderiam ser caracterizadas apenas pela explosão nessas empresas.
conjugação do indivíduo com a tecnologia (Silva, 2003). A abordagem sistêmica de acidente proposto por
Esse período é marcado por várias contribuições Reason (1997) inclui o conceito de condições latentes,
das ciências sociais para a explicação das origens que estariam na origem dos acidentes. Segundo ele,
dos acidentes, que vieram salientar os componentes as condições latentes estão relacionadas às decisões
técnico-organizacionais, relações sociais, institucionais gerenciais, à cultura, investimentos, políticas dos líderes,
e sociais, que estão na origem do acidente. É possível tecnologias e materiais utilizados na organização,
identificar dois fatores que desencadearam essa nova práticas de manutenção, etc. Para Reason (2006), os
forma de compreender e explicar os acidentes. Em erros ativos, aqueles praticados pelos trabalhadores
primeiro lugar, a ocorrência de grandes acidentes nos imediatamente antes dos acidentes, têm pouca
anos 1970 e 1980 colocam as explicações vigentes importância para a prevenção de acidentes e, por sua
insuficientes e instiga os investigadores a desenvolverem vez, a correção das condições latentes é apontada
novas explicações. Em segundo lugar, numa análise como fundamental para a prevenção desses eventos.
pioneira de vários grandes acidentes, Turner & Pidgeon Para Llory (1999), o acidente deve ser compreendido
(1997) colocam os fatores organizacionais no centro como fator que esteve não só adormecido ou latente,
das atenções dos acidentes industriais também. O mas incubado no sistema. Devem ser considerados
livro Man-made disasters, de sua autoria, é o marco e analisados, durante a investigação dos acidentes,
do novo rumo teórico e empírico. Turner & Pidgeon aspectos da história da organização, tanto no nível
(1997) propõem uma explicação dos acidentes que das dimensões particulares de cada um dos sujeitos
enfatizam a contribuição dos fatores sociais, de que a compõe, quanto nos níveis das relações
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interpessoais, horizontais e verticais que se formaram com a produção e transformam o perigo e o risco
e se estabeleceram historicamente nas situações de numa parte normal do trabalho. Em outro exemplo,
trabalho. Ele afirma ainda que a abordagem centrada sobre o nível de organização do trabalho, salienta o
no individuo (comportamentalista) não esclarece e, ambiente de trabalho gerado pelo empregador, que
ao contrário, obscurece a compreensão de como o quando caracterizado pelo recurso de mão de obra
acidente ocorreu. Ele defende que as investigações de pouco qualificada, ou atividades rotineiras e repetitivas,
acidentes devem contemplar as descrições subjetivas, ou a existência de desorganização, constituem fatores
incluindo as intenções dos atores, as palavras que podem dar origem aos acidentes.
usadas, as discussões e os elementos presentes nos Como descrito acima, nos últimos anos houve
momentos que antecedem às tomadas de decisões uma evolução da análise dos acidentes, ampliando as
e que é preciso estender as análises também para fronteiras da análise com ênfase comportamentalista (atos
os incidentes, os quase acidentes e as situações de inseguros) dos trabalhadores, que leva à culpabilização
atividades habituais sem acidentes. A prevenção do indivíduo e à ideia da inevitabilidade dos acidentes,
eficaz só é conseguida se todos os atores da empresa para um olhar organizacional ou sistêmico, sendo
tiverem espaço garantido e efetivo de discussão, esta a tendência das análises de acidentes no mundo.
debate, explanação dos problemas e das dificuldades O Quadro 1 resume as principais de abordagens de
vividas na rotina de trabalho normal e participação análise de acidentes apresentados acima, que servirão
na busca por resoluções dos problemas encontrados como base para análise dos relatórios objeto desta
e também nas tomadas de decisão. pesquisa.
Autores identificados com o enfoque cognitivo
em ergonomia (Amalberti, 1996; Guerin et al., 2001) 3 Método
apresentam importante contribuição para o entendimento Os Auditores Fiscais do Trabalho (AFT) do
dos acidentes nos ambientes de trabalho, quando Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) têm
destacam a relevância das representações e das como competência legal, entre outras, a análise de
comunicações sobre a problemática do “erro humano”. acidentes que tenham relação direta ou indireta com
Para esses autores, quando ocorre um incidente ou um o trabalho, conforme o Regulamento de Inspeção do
acidente grave em um sistema de produção, fala-se Trabalho, Art. 18, inciso XIV (Brasil, 2002). Esta
frequentemente em “erro humano”, no sentido de que competência lhes confere a prerrogativa de acessar
“alguém deveria ter feito algo diferente do que fez”. todos os documentos relativos a esses eventos que
No entanto, esse modo de falar, segundo eles, não possam contribuir para sua compreensão. Entre
ajuda muito a evitar uma repetição do acidente, pois a esses documentos estão os relatórios de análises de
conduta desejada frequentemente é constituída só após acidentes realizadas por integrantes do sistema de
o ocorrido, a partir de informações diferentes daquelas produção onde ocorreu o evento.
que o trabalhador dispunha no momento e fora dos Os autores desta pesquisa, como exercem a
constrangimentos, em particular os temporais, que se atividade de AFT, tiveram acesso durante o exercício
impunham a eles. Por outro lado, essa formulação evita da função a esses relatórios de análise de acidentes,
que se procurem os determinantes de uma conduta que foram utilizados como referência para conhecer
não apropriada em termos de concepção dos meios de o tipo abordagem adotada nas análises de acidentes
produção. Se erros foram cometidos, possivelmente realizadas pelos sistemas de produção instalados
o foram na concepção dos dispositivos técnicos, na no Estado da Bahia. Os sistemas de produção eram
escolha da apresentação da informação, na organização selecionados conforme houvesse informação de
do trabalho, na definição da formação, etc. ocorrência de acidentes por denúncia ou pelos bancos
Outra proposta de abordagem para explicar os de dados disponíveis no MTE.
acidentes centrou-se nas relações sociais e de poder Para a análise qualitativa dos relatórios, foi
dentro das organizações. Dwyer (2006) identificou as elaborado um formulário de dados, para o qual os
relações sociais estabelecidas no local de trabalho na autores transcreveram de cada relatório as causas
forma de recompensa, de comando e da organização dos acidentes e as medidas de ação propostas, dados
como determinantes nas origens dos acidentes. Por considerados essenciais para categorizar o tipo de
exemplo, o sistema de recompensas (financeiro ou abordagem adotado nas análises dos acidentes.
simbólico), que predomina em determinado grupo, As causas dos acidentes e as medidas de ações
pode determinar a ocorrência de acidentes, na transcritas dos relatórios analisados para o formulário
medida em que estas recompensas reforcem práticas, foram classificadas quanto à origem em: centrada no
procedimentos ou comportamentos perigosos ou de indivíduo, técnica e organizacional ou sistêmica. Após
risco. Outro fator refere-se ao comando e relações de esta classificação, foi realizado um cotejamento das
poder. Esta influência é exercida por estilos de gestão causas e ações classificadas com relação à origem
mais autoritários e controladores, que de uma forma com os tipos de abordagens constante no Quadro 1.
direta ou indireta apenas mostram uma preocupação As análises dos acidentes foram categorizadas em
Acidente de trabalho em sistemas... 435

centrada no indivíduo e organizacional ou sistêmica, Em resumo, foi seguida a seguinte estratégia de


conforme a classificação das causas dos acidentes coleta e análise dos relatórios:
e as medidas de ações apontassem para um tipo de
abordagem descrita naquele quadro. a) Solicitado ao sistema de produção os relatórios
A classificação das causas dos acidentes e as de análise de acidentes de determinado período.
medidas de ações quanto à origem foram realizadas b) As causas dos acidentes e as medidas de ações
da seguinte forma: contidas nos relatórios foram transcritas para
Centrada no indivíduo – causas com expressões um formulário de dados.
que enfatizam o comportamento do indivíduo, tais
como “falta de atenção”, “excesso de confiança”, c) As causas dos acidentes e as medidas de
“descuido”, “não usar o EPI”. E ações que visam ações transcritas dos relatórios analisados
influenciar no comportamento do indivíduo, como para o formulário foram classificadas quanto
“treinamento”, “conscientizar”, “orientar”. à origem em: centrada no indivíduo, técnica e
Técnica – causas com origem na falha ou organizacional ou sistêmica.
quebra de equipamento ou material, ou falhas de d) Foi realizado um cotejamento das causas e
procedimento. Ações que visam consertar ou melhorar ações classificadas com relação à origem com
o funcionamento de um equipamento ou material, ou os tipos de abordagens constante no Quadro 1.
melhorar procedimentos técnicos ou de segurança.
Organizacional ou sistêmica – causas com origens e) As análises dos acidentes foram categorizadas
na falha ou deficiência na gestão de segurança ou de em centrada no indivíduo ou organizacional ou
manutenção ou da produção do sistema de produção. sistêmica, conforme a classificação das causas
Ações que visam corrigir as falhas ou melhorar a dos acidentes e as medidas de ações apontassem
eficiência da gestão de segurança ou de manutenção para um tipo de abordagem descrita naquele
ou de produção do sistema de produção. quadro.

Quadro 1. Resumo das abordagens de análise de acidentes.


Medidas de prevenção
Tipo de Abordagem Aspecto da concepção de acidentes Autores
adotadas
Ênfase em atos inseguros e lesões pessoais.
Origens de erros em fatores psicológicos
(desatenção, esquecimento, falha na
motivação, descuido, desconhecimento,
inexperiência, negligência, não Campanhas de apelo
Greenwoode
cumprimento dos procedimentos, etc.). no medo. Recompensa,
Woods,
Centrada no individuo Causa única, ou poucas causas, ou tem punição, auditorias de
Heinrich
origem centrada no indivíduo ou tem uma atos inseguros, seleção e
(Cooper, 1998)
origem técnica. Resulta do descumprimento treinamento.
de normas de segurança ou prescrições com
origens em aspectos individuais. Modelo
centrado na pessoa, comportamentalista ou
psicologizante.
Os erros são mais consequência do que
causa. Os acidentes são sintomas de
condições latentes presentes no sistema Turner &
Medidas proativas e
antes da sua ocorrência (decisões relativas Pidgeon
melhoria contínuas no
Organizacional ou à escolha de tecnologias e materiais usados (1997), Perrow
sistema de segurança e
sistêmica no sistema, políticas adotadas, práticas (1999), Reason
dos processos básicos do
de manutenção, gerenciamento de risco). (1997), Llory
sistema produção.
Devem ser considerados e analisados, (1999)
durante a investigação dos acidentes,
aspectos da história da organização.
As relações sociais estabelecidas no local
Acidentes como Melhoria das relações
de trabalho na forma de recompensa,
socialmente sociais existentes no sistema Dwyer (2006)
de comando e da organização como
produzidos de produção.
determinantes nas origens dos acidentes.
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
436 Gonçalves, A. P., Fo., et al. Gest. Prod., São Carlos, v. 22, n. 2, p. 431-442, 2015

4 Resultados acidentes em que houve necessidade de afastamento


Foram analisados 85 relatórios de análise de da vítima do trabalho devido às consequências do
acidentes de 46 sistemas produção. Os relatórios evento e 05 (5,9%) eram acidentes em que não houve
foram elaborados entre 2009 e 2013, período em necessidade de afastamento do acidentado de suas
atividades.
que um dos autores coordenou o projeto de análise
Não foi identificado um padrão de relatório entre
de acidentes do MTE no Estado da Bahia. Como
os sistemas de produção. Dos relatórios analisados,
eram solicitados os relatórios de análise de acidente
81 (95,3%) identificaram as causas do acidente,
ocorridos em determinado período, de acordo com os
75 (88,2%) apresentaram ações para evitar novas
objetivos da auditoria fiscal, os sistemas de produção
ocorrências e 10 (11,8%) não apresentaram medidas
apresentavam o número de relatórios correspondentes de ações preventivas. A Tabela 3 mostra a quantidade
à quantidade de acidentes ocorridos no período de causas presentes nos relatórios analisados.
solicitado, por isso consta na Tabela 1 sistemas de Dos 85 relatórios analisados, 4,7% relatórios não
produção com mais de um relatório. apresentavam causas para o acidente, 28,2% relatórios
Os sistemas de produção constantes na Tabela 1 são apresentavam apenas 01 causa, 28,2% relatórios
reconhecidos pelos altos riscos inerentes a suas apresentavam 02, 18,8% apresentavam 03,
atividades, como o transporte aéreo de passageiro, 11,8% apresentavam 4, 5,9% apresentavam 05,
saneamento, indústria de petróleo, indústria da 1,2% apresentava 06 e 1,2% apresentava 09 causas.
construção, serviço florestal, concessionário de No total, foram identificadas 201 causas, que dá uma
energia elétrica, manutenção de instalação elétrica de média de 2,4 causas por relatório analisado.
alta-tensão, extração de minérios, geração e transmissão A Tabela 4 mostra que a maioria das causas
de energia elétrica e estocagem de produtos químicos. informadas nos relatórios é centrada no indivíduo
A Tabela 2 mostra que dos 85 dos relatórios (45,8%), seguida pelas causas de origem técnica
analisados, 18 (21,2%) eram relativos a acidentes (34,8%) e em menor número as causas de origem
em que houve vítimas fatais, 62 (72,9%) eram de organizacional ou sistêmica (19,4%).

Tabela 1. Quantidade de sistemas de produção (n1= 35) e de relatórios de acidentes avaliados no Estado da Bahia (n2=71).
Quantidade Sistema Quantidade de
Tipo de Sistema Produção
Produção Relatórios
Transporte aéreo de passageiro 01 15
Fabricação de cadeados e fechaduras para porta 01 03
Água, esgoto e saneamento 01 08
Indústria de Petróleo 01 01
Indústria da Construção 12 15
Indústria de Alimentos 01 01
Aluguel de máquinas de elevação de material 01 01
Serviço florestal 01 01
Concessionária de energia elétrica 01 03
Manutenção de instalações elétricas de alta-tensão 08 09
Extração e beneficiamento de minério 02 03
Manutenção predial 02 02
Construção de rede de energia elétrica 01 01
Fabricação de pneumáticos 01 01
Geração e transmissão de energia elétrica 01 04
Estocagem de produtos químicos 01 01
Fabricação de acessórios para indústria automotiva 02 05
Prestação de serviços para indústria de petróleo 01 02
Fabricação de peça metálica 01 01
Produção de fertilizantes 01 02
Beneficiamento de grão 04 05
Indústria agrícola 01 01
Total 46 85
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
Acidente de trabalho em sistemas... 437

Tabela 2. Tipos de acidentes reportados. Tabela 5. Causas de origem centrada no indivíduo mais
frequentes (n=92).
Tipo de Acidente Quantidade Percentual
Fatal 18 21,2% Causa Frequência Percentual
Com afastamento do 62 72,9% “Falta de atenção” 20 21,7%
acidentado “Não cumprir o 15 16,3%
Sem afastamento do 05 5,9% procedimento”
acidentado “Excesso de 07 7,6%
Total 85 100% confiança”
Fonte: Elaborado pelos autores (2013). “Não usar o EPI” 07 7,6%
“Não usar o EPI de 04 4,4%
Tabela 3. Quantidade de aspectos causais presentes nos forma correta”
relatórios analisados. Outros 39 42,4%
Total 92 100%
Quantidade de Quantidade
Percentual Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
causas de relatórios
Até duas causas 52 54,8%
De três a cinco 31 42,4% Tabela 6. Ações informadas nos relatórios (n=166).
causas
Ações
Mais de cinco 02 2,8% Ações Percentual
identificadas
causas
Centradas no 83 50,0%
Total 85 100% indivíduo
Fonte: Elaborado pelos autores (2013). Técnicas 48 28,9%
Organizacionais ou 35 21,1%
Tabela 4. Origens das causas dos acidentes identificadas nos sistêmicas
relatórios (n=201).
Total 166 100%
Causas Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
Origem das causas Percentual
identificadas
Centrada no 92 45,8%
indivíduo Tabela 7. Ações centradas no indivíduo mais frequentes
(n=70).
Técnica 70 34,8%
Organizacional ou 39 19,4% Ações Frequência Percentual
sistêmica “Diálogo diário de 24 28,9%
Total 201 100% segurança”
Fonte: Elaborado pelos autores (2013). “Treinamento” 21 25,3%
“Reciclar” 09 10,8%
Entre as causas centradas no indivíduo, as mais “Orientar” 08 9,6%
frequentes são “falta de atenção” (21,7%), “não “Conscientizar” 05 6,0%
cumprir o procedimento” (16,3%), “excesso de Outros 16 19,4%
confiança” (7,6%), “não usar o EPI” e “não usar Total 83 100%
o EPI de forma correta” com frequências 7,6% e Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
4,4%, respectivamente. Os dados são apresentados
na Tabela 5. Os termos constantes nesta tabela foram
transcritos como se encontram no relatório, por isso 5 Discussão
estão entre aspas. O fato de não existir um padrão de relatório de
Foram relatadas 166 ações com o objetivo de análise de acidente dificulta a sua análise, pois uns
prevenção de novos acidentes. Dessas ações, 50,0% estão apresentam ações de prevenção, com os responsáveis
dirigidas para agir sobre o indivíduo, 28,9% são de
para implementá-las, outros não apresentam ações.
ordem técnica e 21,1% são de ordem organizacional
Alguns apresentam o método utilizado para análise
ou sistêmica. Os dados são apresentados na Tabela 6.
As ações mais frequentes entre aquelas centradas do acidente, mas há relatórios onde não é possível
no indivíduo são: “diálogo diário de segurança” identificar como as causas foram levantadas, ou não
(28,9%), “treinamento” (25,3%), “reciclar” (10,8%), foram identificadas as causas do acidente.
“orientar” (9,6%) e “conscientizar” (6,0%). Os dados As análises de acidentes apresentadas nos relatórios
constam na Tabela 7. Também nesta tabela os termos são na maioria unicausal ou pauci-causal (poucas
estão entre aspas, porque foram transcritos como causas), pois mais da metade (54, 8%) apresentaram
estavam nos relatórios. no máximo duas causas, e a média foi de 2,4 causas
438 Gonçalves, A. P., Fo., et al. Gest. Prod., São Carlos, v. 22, n. 2, p. 431-442, 2015

informadas por relatório. Estudos anteriores realizados dirigidas à mudança do comportamento, mas elas
por Binder et al. (1997) no Estado de São Paulo e ainda continuam sendo a maioria.
Almeida (2001) na cidade de Botucatu/SP, encontraram Entre as ações com foco no indivíduo, aquelas de
1,14 e 1,68 causas por evento, respectivamente. O maior frequência são as que têm o objetivo de intervir
discreto aumento no número de causas em relação no comportamento da pessoa, como “Diálogo diário
aos estudos anteriores pode ser explicado por casos de segurança” (28,9%), “Treinamento” (25,3%),
localizados de sistema de produção que realizaram “Reciclar” (10,8%) e “Orientar” (9,6%). Esses dados
análises que resultaram em número elevado de causas. reforçam a predominância da abordagem centrada
Estes achados indicam que houve pequenos avanços no indivíduo nas análises de acidentes pesquisadas.
nas análises de acidentes nos últimos 15 anos. Essas ações são condições necessárias, mas não
A predominância da abordagem de análise suficiente, para a implementação de mudanças de
centrada no indíviduo fica mais evidente quando se comportamento com vista à prevenção de acidentes. As
observa que as causas de origem humana (45,8%) ações propostas nos sistemas de produção estudados
e de origem técnica (34,8%), características desta foram genéricas e semelhantes às encontradas nos
abordagem, são a grande maioria. Juntas essas estudos de Binder et al. (1997) e Almeida (2001).
causas atingem 80,6% das causas informadas, ante Segunda Almeida (2006), a persistência da abordagem
19,4% das causas com origem na organização, que centrada no indivíduo “também chama a atenção pelo
caracteriza a abordagem organizacional ou sistêmica. fato de concentrar-se em recomendações de prevenção
Pesquisa de Binder et al. (1997) referente às análises classificadas como de baixa estabilidade no tempo
de acidentes em sistema produtivos no Estado de São ou uso isolado de medidas ativas”. Ainda segundo
Paulo permite comparação com esses achados. Em Almeida (2006), nas situações em que o sistema de
72% dos casos, a “causa” atribuída para o acidente, trabalho mantém-se inalterado, o acompanhamento da
naquele estudo, foi relacionada a comportamentos implantação dessas medidas pode revelar a recorrência
do acidentado. O estudo de Almeida (2001) achou de acidentes com aspectos assemelhados, ou seja,
o esgotamento do alcance dessas recomendações.
que 51% das causas são de origem humana. Estudo
Os dados que constam neste estudo mostram que
realizado por Vilela et al. (2004), que analisaram
a abordagem centrada no indivíduo, monocausal ou
relatórios de análise de acidentes do Instituto de
com poucas causas, vem persistindo nos sistemas de
Criminalística da Cidade de Piracicaba do Estado de
produção, apesar de diversos estudos evidenciarem
São Paulo, mostrou que 56,3% das causas tiveram
suas limitações para a prevenção. Quais as razões
origem no indivíduo. Os dados apontados mostram
para esta persistência? Não seria uma demonstração
diminuição da proporção de causas atribuídas a
de que esta abordagem é conveniente e interessante
comportamentos do acidentado, mas elas continuam
para esconder as verdadeiras causas dos acidentes
representando quase a metade das causas apuradas. de trabalho?
Outro dado que reforça a predominância da Por que a abordagem de análise de acidente
abordagem centrada no indivíduo é maior frequência centrada no indivíduo persiste no meio técnico dos
de fatores relacionados ao comportamento entre as sistemas de produção? Responder esta pergunta é
causas de origem humana, como a “Falta de atenção” importante para o diagnóstico da situação atual e,
(21,7%), “Não cumprir o procedimento” (16,3%) principalmente, para a superação de entraves que
e “Excesso de confiança” (7,6%), fatores típicos limitam o avanço de abordagens mais abrangentes
daquela abordagem. Fatores semelhantes, como e adequadas à prevenção dos acidentes de trabalho.
“Descuido”, “Falta de atenção”, “Falta cuidado”, Uma resposta para esta questão seria a falta de
“Erro”, “Imprudência” foram também encontrados interesse dos sistemas de produção em admitir as falhas
na pesquisa de Almeida (2001), o que demonstra a organizacionais ou sistêmicas. O comportamento da
persistência da abordagem centrada no indivíduo vítima é relacionado com o acidente de trabalho, para
no Brasil, apesar tendência mundial de ampliar a não expor o sistema de produção a demandas judiciais
fronteira da análise de acidente. e para não serem tomadas medidas que evitem novos
As ações com foco no individuo, em consonância acidentes, pois é mais vantajoso para a empresa culpar
com as causas de origem humana, são a maioria entre o trabalhador do que gastar com ações que implicam
as ações informadas nos relatórios analisados. Elas gasto financeiro direto ou indireto. Se as causas do
são 50% das ações relatadas ante 21,1% das ações acidente estão relacionadas com as vítimas, nada
voltadas para intervir na organização. Neste estudo, precisa ser feito para mudar o sistema de gestão de
a proporção de medidas dirigidas a mudanças de segurança, mantendo as mesmas condições de trabalho.
comportamento dos acidentados foi inferior à observada Gérard Mendel (1999, p. 3), em seu prefácio do livro
no estudo de Binder et al. (1997) e por Almeida (2001), Acidentes industriais. O custo do silêncio, considera
que atingiram 72,9% e 55,3%, respectivamente. surpreendente a persistência da concepção restrita ao
Observa-se, portanto, que há uma queda das ações fator humano e afirma: “Pode-se achar que, nessa
Acidente de trabalho em sistemas... 439

cegueira maciça, existe mais do que a preocupação, recomendações para causas imediatas e básicas; 6)
sem dúvida presente, de poupar a hierarquia [...].” implementar recomendações e atualizar avaliações
Segundo Garza & Fadier (2007), se a noção de de riscos relevantes; 7) acompanhar resultados
“erro humano” continua presente nas empresas, das ações implementadas para redução de risco de
é em parte porque há duas modalidades de ação acidentes futuros; 8) providenciar retroalimentação
adotadas em paralelo após o acidente. Trata-se da (feed-back) e compartilhar o aprendizado imediato;
investigação jurídica, que tem por objetivo determinar 9) desenvolver bancos de dados acessíveis.
as responsabilidades, e da investigação de prevenção, O documento denominado “Report Profile” (Brasil,
que tem por objetivo analisar e compreender o 2003) que trata de análises de eventos que envolvam
evento, com o fim de reduzir ou eliminar as causas substâncias perigosas (Convenção OIT nº 174 e
identificadas. A dominância da investigação jurídica Recomendação OIT nº 181), principalmente em
nesse contexto faz com que o erro humano seja posto países europeus, com o objetivo de constituir banco
em destaque. de dados internacional minimamente uniformizado,
Outras respostas para essa questão são propostas propõe um relatório constituído das seguintes partes:
por Reason et al. (2001). Segundo esses autores, a
persistência na atribuição da culpa origina-se de • Identificação da empresa onde ocorreu o acidente.
quatro grupos de fatores psicológicos: 1) atribuição
fundamental de erro, isto é, a tendência de atribuir • R
esumo ou perfil do acidente (em uma página):
erros de desempenho a aspectos de personalidade e/ou inclui campos para descrição do tipo de acidente,
das capacidades da pessoa que os comete, considerada substância diretamente envolvida, origens
descuidada, irresponsável, incompetente; 2) ilusão imediatas do acidente, causas suspeitas (da
da vontade livre, entendida como a crença de que as fábrica ou equipamentos, humanas, ambientais
pessoas são, em larga escala, as controladoras de seus
ou outras, natureza de defeitos, erros, falhas,
próprios destinos e capazes de escolher entre os cursos
sequência de eventos, etc.), efeitos imediatos,
corretos e incorretos de suas ações; 3) hipótese do
mundo justo, ou seja, a crença de que as coisas ruins medidas emergenciais adotadas e lições imediatas
acontecem às pessoas que as merecem e 4) distorção aprendidas a partir da ocorrência.
da análise retrospectiva, isto é, a tendência de acreditar • A
nálise do acidente organizada em três partes:
que eventos passados eram mais previsíveis do que
ocorrência, consequências e resposta.
realmente o eram.
Segundo Pidgeon & O’Leary (2000), outra questão A ocorrência é subdividida em tipo de acidente,
que deve ser levantada é a resistência muito grande inventário de substâncias perigosas direta e
das empresas em aprender com os acidentes e os erros indiretamente envolvidas, origens do acidente,
do passado. Duas barreiras para este aprendizado condições meteorológicas, causas principais (técnicas,
são: 1) dificuldade de informação e 2) imputação da humanas e organizacionais) e discussão. Essa proposta
culpa e políticas organizacionais.
não se aplica a instalações nucleares ou militares,
Outro fator que pode contribuir para esse tipo de
nem ao transporte de substâncias perigosas fora das
análise é a insuficiência técnica na formação dos
instalações (exceto quando por tubulações)
profissionais que atuam nas empresas em questão. Essa
As orientações de preenchimento enfatizam cuidadosa
hipótese revela-se particularmente preocupante, por
descrição das condições físicas e operacionais do
tratar-se de insuficiência na capacidade de Técnicos
de Segurança e/ou Engenheiros de Segurança para sistema, assim como a necessidade de identificar as
a identificação de riscos e/ou perigos que podem ser substâncias envolvidas, suas quantidades e esclarecer
definidos como óbvios ou evidentes. É de responsabilidade os aspectos técnicos do acidente (materiais iniciadores,
das empresas capacitar esses profissionais para a intermediários, produtos finais, possíveis produtos
realização de análises de acidentes. anormais, etc.).
E quais seriam as características de uma boa A descrição da origem do acidente deve incluir
análise de acidentes? Existem na literatura muitas ilustrações como mapas, fotos e outras informações
propostas para uma boa análise de acidentes, a mais relativas à instalação e sua vizinhança. Além disso,
conhecida e recomendada é a proposta pela Health deve indicar, com uso de classificação internacional,
and Safety Executive (Brasil, 2003), instituição que o tipo de indústria, atividade e de seus componentes.
trata do tema no Reino Unido e estabelece os seguintes No campo destinado a observações devem-se expandir
dados essenciais em uma boa análise: 1) adotar uma as informações, indicando a última modificação ou
abordagem organizacional ou sistêmica; 2) envolver manutenção realizada e o tempo decorrido desde
os diversos níveis hierárquicos; 3) utilizar protocolos então, o design dos padrões, as condições de processo
para estruturar e dar suporte à análise; 4) identificar ou armazenamento, se em operação, manutenção ou
causas imediatas e subjacentes; 5) desenvolver outra influência especial.
440 Gonçalves, A. P., Fo., et al. Gest. Prod., São Carlos, v. 22, n. 2, p. 431-442, 2015

As conclusões acerca das causas principais são da experiência” emerge como ferramenta de controle
firmadas em termos de categorias: e avaliação do nível de segurança existente. O retorno
da experiência é definido como o conjunto das
• O
peracionais – falhas de componentes materiais informações e conhecimento que se pode acumular
ou equipamentos, reações aceleradas ou e constituir de um sistema particular ao longo do
inesperadas, perdas de controle, etc. tempo e utilizá-lo para a prevenção (aprendendo com
a experiência) (Garza & Fadier, 2007). As análises
• A
mbientais – mudanças climáticas, falhas ou
de acidentes, bem conduzidas, devem constituir uma
deficiências de proteções, interferência de outro excelente fonte de informação e aprendizado.
acidente, etc. A evolução para a gestão de segurança proativa
• O
rganizacionais – inadequações no gerenciamento implica o seguinte:
da organização ou de atitudes, falhas em
1. O desenvolvimento proativo de gestão de
procedimentos, treinamentos, supervisão, suporte,
segurança deve evoluir para abranger um ambiente
análise de processos, construção de instalações,
técnico e social mais amplo, considerando assim
sistema de isolamento de equipamentos,
a dimensão coletiva do trabalho, as interações
manutenção, etc.
sociais existentes no trabalho, as interações entre
• P
essoais – erros, problemas de saúde, diferentes equipamentos de trabalho (interfaces,
desobediências, intervenção maliciosa e outras. máquinas, etc.), inserindo, desta forma, novas
Recomenda-se que, sendo necessário, sejam questões na análise. Essas questões dizem
detalhados aspectos relativos a treinamento, respeito tanto à análise das situações de trabalho
experiência, etc. (trabalho em equipe, comunicações, processos
de cooperação, relação de subordinação, etc.)
Um bom método deve prover maneiras adequadas
quanto à sua concepção (concepção distribuída,
de sistematizar a análise, particularmente a coleta de
dados, de sorte que os principais aspectos que possam distribuição das tarefas homem-máquina, etc.).
ter contribuído para o desencadeamento do acidente 2. Além disso, embora a observação da atividade
sejam identificados e adequadamente descritos e de trabalho seja suficiente para explicar o mau
caracterizados. Pode-se comparar a análise de um funcionamento que caracteriza um processo de
acidente à abertura de uma caixa-preta com o objetivo
trabalho e ajude consideravelmente a explicar
de observar, catalogar e caracterizar seu conteúdo.
um acidente ou incidente, outros métodos são
necessários para uma abordagem proativa da
6 Evoluindo para a gestão proativa
segurança. Por exemplo, analisar também os
da segurança constrangimentos da organização (demandas,
O que se faz geralmente nas empresas, comprovado atrasos de produção, leis, greves, etc.), que podem
por meio do conhecimento empírico dos autores e exercer diferentes pressões sobre o sistema,
revelado pelos relatórios de análises de acidentes, são
contribuindo para a ocorrência de acidentes.
“auditorias de segurança” que permitem medir o nível
de segurança global da empresa e, eventualmente, 3. Assim, ficam evidenciados os fatores
orientar a sua política global. Essas auditorias são organizacionais, erros de concepção ou ainda
pouco eficazes, pois se limitam com frequência fatores latentes favorecendo a ultrapassagem das
a um levantamento dos afastamentos ao prescrito barreiras de segurança. Os “produtores de erros”
(procedimentos, regras de segurança, uso dos
podem ser numerosos, situar-se em centros de
equipamentos de proteção individual), mas raramente
fazem uma análise da relação homem-máquina, das decisões e em níveis hierárquicos diferentes, e
condições de trabalho, dos objetivos, das metas e aos estar muito a montante do “posto de trabalho”
resultados impostos pela empresa. Assim, a gestão envolvido e do momento da produção do acidente.
de segurança encontrada é reativa e guiada por Não se trata mais somente da gestão individual
dados do passado (Svedung & Rasmussen, 2002). do risco em situação de trabalho, mas de uma
No entanto, a gestão de segurança deve evoluir para gestão coletiva da segurança que se inscreve
a análise perspectiva do trabalho, conhecendo-o no quadro de uma rede organizacional.
para transformá-lo antes da ocorrência do acidente.
A empresa deve se orientar para uma prevenção A gestão de segurança reativa está estreitamente
global do sistema, interrogando-se, portanto, sobre o vinculada à análise de acidentes e incidentes, mas
gerenciamento da segurança e sobre a confiabilidade muito pouco à análise anterior dos riscos. Embora
organizacional. Nesse contexto, a noção de “retorno a análise desses eventos seja indispensável e deva
Acidente de trabalho em sistemas... 441

cumprir seu papel de prevenção, ela se limita ao prevenção, mas não só. Resta retirar todo o ensinamento
acidente ou incidente “realizado”, ou seja, depois possível do acidente por meio de análise cuidadosa
que acontece. Esta natureza de gestão de segurança do ocorrido. A análise de acidentes de trabalho é
é característica de organizações que têm cultura de considerada ferramenta de gestão de segurança e, por
segurança reativa (Gonçalves et al., 2010). Por sua isso, a identificação de fatores causais deve ensejar a
vez, as organizações com cultura de segurança proativa adoção de medidas de prevenção e o acompanhamento
atuam numa perspectiva proativa de segurança e do impacto dessas medidas.
do gerenciamento de risco, procuram antecipar o Como os acidentes de trabalho são um grave
acidente, para evitar sua ocorrência. problema de saúde pública no mundo contemporâneo
Pesquisas científicas mostram que fatores como e no Brasil em particular, a prevenção desses eventos
compromisso da alta gerência do sistema produtivo se faz premente. Uma importante ferramenta de
com a segurança, o baixo fatalismo, ou seja, acreditar prevenção é a análise de acidente, mas para atingir
que os acidentes não são fatalidades, a prioridade seus objetivos, é necessário que suas fronteiras sejam
com a segurança e conscientização da existência de ampliadas, não se limitando a identificar causas de
riscos, são atitudes particularmente importantes dos origem humana e técnica ou propor medidas de
gestores com a prevenção (Gonçalves et al., 2010; prevenção com foco no individuo.
Rundmo & Hale, 2003). No entanto, o que ainda se É necessária a mudança na estratégia da gestão
constata empiricamente na maioria das empresas de segurança reativa para proativa, para a adoção
onde os acidentes acontecem, são gestores que de medidas de prevenção dos acidentes de trabalho
priorizam menos a segurança e mais a produção, mais eficazes, duradouras e que se antecipem aos
que dedicam pouco tempo na gestão da segurança, riscos. Por outro lado, deve ser combatida por todos
além de perpetuar na organização a cultura de que os meios, mas estrategicamente no seio do Estado,
os acidentes são obra do acaso e ignorar a existência a culpabilização das vítimas nas análises sobre os
dos riscos. O reflexo disso é uma gestão reativa da eventos. Nesse sentido, tem havido alguns avanços
segurança e, consequentemente, em relatórios de nos últimos anos. Novas perspectivas acerca da
análise de acidentes que objetivam mais a dimensão análise de acidentes de trabalho têm sido propostas,
jurídica, imputando a culta no operador e menos a como evidencia o teor dos documentos Caminhos
prevenção. da Análise de Acidentes do Trabalho, publicado pelo
Em resumo, uma iniciativa de prevenção real, Ministério do Trabalho em Emprego (Brasil, 2003) e
proativa e global de um sistema de produção, existente Guia de Análise de Acidente de Trabalho da mesma
e futuro, necessita cruzar conhecimento e métodos instituição (Brasil, 2010). Tais ações buscam alterar
múltiplos, necessita de atitudes da alta gerência que a premissa de que o acidente é determinado pelo
indiquem que a segurança é uma prioridade e está comportamento de um indivíduo, no caso, a própria
no cerne da cultura da organização. vítima, e transportar a explicação do evento para a
multiplicidade de causas que contribuíram para que
7 Conclusão este ocorresse. Desse modo, haveria uma evolução
Os dados da pesquisa revelam que a abordagem na possibilidade de prevenção de novos acidentes,
predominante nas análises de acidentes apresentados ao contrário da abordagem predominante atualmente
nos relatórios analisados é a centrada no indivíduo, de culpabilização dos trabalhadores.
que tem como característica a identificação de causa
única ou poucas causas para os acidentes, as quais Referências
têm origens humanas ou têm origens técnicas, apesar Almeida, I. M. (2001). Construindo a culpa e evitando
de há anos se conhecer a fragilidade dessa forma a prevenção: caminhos da investigação de acidentes
de análise. Dessa forma, as análises de acidentes do trabalho em empresas de município de porte mé-
realizados pelos sistemas de produção estudados não dio. Botucatu, São Paulo, 1997 (Tese de doutorado).
contribuem com seu objeto primordial: a prevenção Universidade de São Paulo, São Paulo.
efetiva e duradoura. Assim, uma ferramenta importante
Almeida, I. M. (2006). Trajetória da análise de acidentes:
de gestão de segurança é mal utilizada.
o paradigma tradicional e os primórdios da ampliação
Constata-se com base nos dados apresentados, da análise de acidentes. Interface: Comunicacao,
que os sistemas produção pesquisados não evoluíram Saude, Educacao, 10(19), 185-202. http://dx.doi.
com relação à análise de acidentes, continuam ainda org/10.1590/S1414-32832006000100013.
presos a uma abordagem de análise que privilegia
as ações com foco no indivíduo, que são ações Amalberti, R. (1996). La conduite des systemes à risques.
reconhecidamente frágeis e que pouco contribuem Paris: Le Travail Humain/Presses Universitaires de
para a prevenção. France.
A ocorrência do acidente de trabalho indica Binder, M. C. P., & Almeida, I. M. (1997). Estudo de
inexistência/insuficiência/falência de mecanismos de caso de dois acidentes do trabalho investigados com
442 Gonçalves, A. P., Fo., et al. Gest. Prod., São Carlos, v. 22, n. 2, p. 431-442, 2015

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