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QUEIMADURAS

Lesões que podem ser decorrentes de energias térmica, química ou


elétrica que são capazes de produzir calor excessivo, acarretando danos
aos tecidos corporais e até morte celular.

Classificações das queimaduras:

Quanto à área corporal:

 Pequena queimadura: Menor que 10% da área corporal queimada.


 Grande queimadura: Maior que 10% da área corporal queimada.

Como calcular a área corporal queimada? Usar a regra de Wallace (regra


dos 9%). Obs: Pescoço vale 1%.

 Crianças: a área corporal é maior nas áreas do pescoço e cabeça e relativamente menor nos membros inferiores.
o 21%: cabeça e pescoço.
o 13%: cada membro inferior.

Quanto à profundidade:

 Queimaduras superficiais (1º grau): Comprometimento


apenas da camada mais externa da pele, a epiderme.
Raramente provoca alterações clínicas significativas, por
conta da pouca vascularização na epiderme, com exceção se
houver grande extensão de comprometimento (exemplo: insolação) = aumento da perda hídrica (desidratação, se não
houver reposição hídrica adequada). Se apresenta como uma lesão eritematosa e dolorosa (irritação da camada
subjacente), com palidez a compressão. Há regeneração em poucos dias sem, esteticamente, deixar lesões residuais.
Não ocorrem bolhas ou comprometimento de anexos da pele, como folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas.

 Queimadura de espessura parcial (2º Grau): Atinge


epiderme e várias partes da derme subjacente.
Clinicamente há eritema, dor, são de aparência úmida ou
brilhante e há formação de bolhas superficiais ou
profundas.
o Superficial: superfície rósea abaixo do epitélio
descolado (apresenta melhor cicatrização e comprometimento da derme mais superficial), empalidecem a
compressão.
o Profunda: superfície esbranquiçada abaixo do epitélio descolado (pior cicatrização e há comprometimento da
derme mais profunda), não empalidecem à compressão e deixam cicatrizes com resultado estético ruim.

# A zona de necrose nessa situação envolve toda a epiderme e várias profundidades da derme, logo, se não forem bem
cuidadas, essa zona pode evoluir para necrose. Desse modo, aumenta a área de superfície lesada e pode transformar numa
queimadura de espessura total (3º grau).

 Queimadura de espessura total (3º Grau): São as mais


profundas, podendo acometer toda a derme até hipoderme.
Com mais frequência, essas lesões surgem como queimaduras
espessas, secas, rígidas (possui textura de couro -> coreácia),
podendo ser brancas ou em situações mais graves a pele fica
com aparência necrótica ou enegrecida (escaras),
independentemente da cor da pele. Não há dor, uma vez que
há destruição das terminações dolorosas, entretanto pacientes com esse quadro apresentam queimaduras de vários
graus associados (geralmente, são cercadas por queimaduras de espessura parcial e superficial), logo nessas regiões
os nervos ainda estão intactos havendo a transmissão de dor. Não há possibilidade de reepitelização, necessitando
assim de enxerto, com aspecto estético muito ruim.

 Queimadura de 4º Grau: São aquelas que não somente queimam todas as camadas da
pele, como também tecidos adiposos, músculos, ossos e até órgãos internos
subjacentes, ou seja, são queimaduras de espessura total e com lesão de tecido
profundo. Essas queimaduras podem ser extremamente debilitantes e desfigurante às
custas de lesões da pele e tecidos subjacentes, bem como, geralmente, estão associados
a quadros mais graves (elevada mortalidade) e amputações.

Característica das queimaduras:

 Lesão na pele ocorre em duas fases: imediata (dano que ocorre no momento da exposição à origem da queimadura) e
tardia (é resultante de uma abordagem a uma ressuscitação inadequada).
 Uma queimadura de 3º grau (de espessura total) apresenta três zonas de lesão
tecidual:
o Zona de coagulação/necrose: é a região mais afetada na queimaduras, ou
seja, apresenta maior destruição inicial; tecido necrosado, irreversível
secundário às chamas, necessita ser removida da ferida no tratamento.
o Zona de estase: zona de menor lesão, o sangue que flui está estagnado
devido a intensa vasoconstricção e isquemia local, ou seja, as células estão lesionadas, mas não de forma
irreversível.
o Zona de hiperemia: aumento do fluxo sanguíneo devido a vasodilatação, secundário a uma reação inflamatória
iniciada pela lesão. Não sofre o risco de necrose e é dela que se inicia o processo de regeneração. Corresponde a
um “halo” de queimadura de 1º grau no entorno de queimaduras mais graves.

# Nessa situação é totalmente contraindicado o uso de gelo, pois este, além de acarretar em queimadura pelo frio, resulta em
maior dificuldade no reestabelecimento do fluxo sanguíneo (vasoconstrição) e tal promove piora isquêmica e morte tecidual,
principalmente associada a queimaduras de 3º grau nas zonas de estase, promovendo uma formação de uma lesão tardia
maior e mais grave. Portanto uma ressuscitação de um queimado de forma adequada, reestabelece a zona de estase e evita a
progressão da área comprometida.

Principais consequências das queimaduras

 Desidratação: A pele tem como uma de suas principais funções o balanço hidroeletrolítico e controle da temperatura
corporal. Queimaduras podem, então, causar desidratação desde leve à intensa, podendo até mesmo causar choque
hipovolêmico. A intensidade da perda hídrica se relaciona diretamente com a extensão e profundidade da queimadura,
devendo-se utilizar reposição hídrica para evitar piores gravidades.
 Anemia: Ocorre por redução da vida média normal das hemácias, além do desvio do metabolismo protéico que ocorre
nas queimaduras. Ou seja, as proteínas são mais utilizadas para a regeneração da pele em detrimento, por exemplo, da
formação de novas hemácias. Ademais, podem ocorrer perdas sanguíneas, sejam elas pelas próprias lesões ou pelos
debridamentos diários, quando necessários.
 Icterícia: Não se sabe ao certo, porém nota-se um desarranjo estrutural dos sinusóides hepáticos e a vacuolização dos
hepatócitos (esteatose). É transitória e não deve ser encarada como sinal de piora ou de mau prognóstico.
 Alterações pulmonares: Deve-se ficar muito atento a sinais de lesão da mucosa e ausculta pulmonar. A presença de
roncos (inicialmente) ou estertores (tardiamente) exigem medidas imediatas (IOT), bem como suspeita de pneumonia
bacteriana (redução do mecanismo de defesa pulmonar por conta da lesão), pois 75% dos óbitos por queimaduras
ocorrem por sepse, e destes, 90% iniciam com uma pneumonia de base.
 Alterações abdominais: Deve verificar diariamente se há distensão abdominal ou não, e se há presença ou não de ruídos
hidroaéreos. Qualquer sinal de mau funcionamento intestinal exige mudança ou até suspensão do suporte nutricional
empregado ao paciente, principalmente se diante de uma lesão circular na região torácica ou abdome.
 Edema em área não-queimada: Edemas em áreas distantes às queimaduras podem ser sugestivos de hipoalbuminemia,
que são resultantes do processo de aumento da permeabilidade capilar ocasionada pela queimadura.
Abordagem geral das queimaduras (tratamento de urgência)

1) Tratamento imediato
 Interromper o processo de queimadura. Remover roupas, joias, etc (para evitar efeito torniquete). Cobrir as lesões com
tecido limpo e seco (evitar hipotermia). O FOCO SE DÁ NOS DOIS PRIMEIROS TÓPICOS: VIAS AÉREAS E RESPIRAÇÃO, bem
como realização MOV (Monitorização, oximetria e acesso venoso - periférico calibroso, mesmo em área queimada) para
correção das possíveis alterações presentes e administração rápida de volume (2º profunda, 3º e 4º).

OBS: Mesmo a laringe promovendo uma barreira protetora contra a lesão térmica direta na região subglótica, pode haver
obstrução desta área como resultado da exposição ao calor. A exposição à fumaça e vapores gera no primeiro momento a
lesão térmica das vias aéreas superiores. O calor propagado pelas mucosas respiratórias promove intensa inflamação,
ulcerações e edema, que rapidamente podem evoluir para distorção da anatomia local e obstrução à passagem de ar. Após a
dissipação do calor nas cavidades oral e nasal, faringe e laringe, o ar desce resfriado aos brônquios e pulmões. Dessa forma, a
lesão das vias aéreas inferiores é devido à natureza química da fumaça.

2) Tratamento na sala de emergência: Nesse momento exige-se uma avaliação geral do indivíduo (ABCDE)
A. Vias áreas: Deve se avaliar a permeabilidade das vias áreas.
 Manter a desobstrução da via aérea é prioridade no atendimento a essas condições, pois o calor do fogo pode resultar
em edemas, principalmente nas estruturas acima das cordas vocais que pode acarretar em obstrução da via. Essa
avaliação precisa ser precoce e precisa, pois, os sinais inicialmente podem ser sutis e posteriormente acabam evoluindo
para situações mais graves e intensas, deixando o paciente em crise.
 Fatores que aumentam o risco de obstrução da via aérea são: profundidade e extensão de queimaduras maiores;
queimaduras na cabeça e na face; lesões inalatórias; e queimaduras no interior da boca. Essas situações podem
acarretar em lesão da mucosa respiratória por inalação, sendo esta um importante achado, pois sua presença indica
pior prognóstico (maior chance de pneumonia e sepse), logo é indicado sempre IOT na vigência dessa suspeita.
 Lesão por inalação devem ser suspeitadas em situações que há: queimadura de face e/ou cervicais, chamuscamento de
cílios e vibrissas nasais, depósito de carbono na boca ou nariz, rouquidão, história de confusão mental ou confinamento
no local do incêndio, níveis de carboxihemoglobina > 10% em situações que o doente estava envolvido no incêndio.

# A presença de estridor é um achado tardio, e quando presente é indicação imediata para IOT, bem como presença de
rouquidão é um fator importante pois indica alteração precoce de edema da VA, logo não é esperado o paciente entrar em
insuficiência respiratória para indicar uma VA avançada.

# A IOT deve ser realizada com rapidez e cuidado, pois quase sempre esses pacientes apresentam anatomia distorcida por
conta do quadro. Intubações malsucedidas acarretam em aumento do edema e, consequentemente, piora nas próximas
tentativas e no quadro. Portanto, é indicado o uso da IOT assistida por drogas (sequência rápida), entretanto essa ação é ainda
questionada, pois o uso de sedativos e bloqueadores eliminam completamente a capacidade do doente de controlar as VAs
se a intubação não for bem-sucedida, logo outros métodos de garantia da perviedade devem ser preparados com
antecedência.

# A fixação do tubo não pode ser realizada por métodos normais, caso haja lesões na face, pois, pode facilmente ser desafixada
pela descamação da pele frágil, logo são necessários fixações especiais como uso de duas fitas umbilicais ou pedaços de tubo
endovenoso enrolados em volta da cabeça.

B. Respiração:
 Deve verificar a saturação e administrar O2 a 100% (sobretudo em suspeita de lesão inalatória, fato que se suspeita
quando a vítima sofreu queimadura em ambiente fechado; face acometida; queimadura das vibrissas; insuficiência
respiratória, etc). Cabeceira deve estar elevada (30°).
 Deve-se atentar para presença de fraturas de costelas, pneumotórax ou queimaduras no tórax, pois, são condições que
podem limitar a expansão do pulmão e, portanto, medidas devem ser feitas para minimizar essa má expansão, como
descompressão de alívio (pneumotórax) ou escaratomia (debridamento das queimaduras torácicas que estejam
limitando a sua expansão), principalmente em queimaduras circunferenciais no tórax.
C. Cardiovascular:
 Avaliação básica, aspecto circulatório, perfusão distal, pressão, ausculta, etc. Deve-se ainda avaliar a diurese do
paciente. Em queimaduras de SCQ > 20% deve-se instalar sonda vesical de demora para controle da diurese.
 Diante da síndrome compartimental (lesão, principalmente, circunferencial ou grande parte muscular) acarreta em
redução da circulação muscular, maximizando a chance de necrose do tecido muscular, sendo evidenciado por TEC > 3
segundos, pulso reduzido ou outros sinais a depender do local comprometido.
 Taquicardias podem estar presentes, sendo esta relacionada à resposta metabólica ao trauma, dor excessiva e perda
volêmica.
 Bem como a medição da PA pode não conseguir ser aferida (lesões nas extremidades) ou não ser fidedigna (não reflete
corretamente a PAS) a depender de presenças de lesões circunferenciais, pois esta pode acarretar em más perfusões
em extremidades.
 Áreas acima de 20% da SCQ são necessárias a colocação de dois cateteres EV de calibre grosso capazes de realizar
infusão rápida de grande volume, bem como quando o cateter é colocado num local queimado é fundamental ter uma
fixação adequada para evitar seu deslocamento.

D. Neurológico:
 Deve realizar a avaliação neurológica (escala de coma de Glasgow, pupilas) e exames motores e sensitivos, se
necessidade.
 Um ponto importante a se observar em pacientes queimados é a disfunção neurológica por toxinas inaladas (monóxido
de carbono e gás cianídrico), pois essas toxinas podem produzir asfixia.

E. Exposição:
 A prioridade é expor e avaliar totalmente o doente. Roupas, joias e objetos devem ser prontamente retiradas, pois estas
podem comprimir e agravar o edema e, consequentemente, vascularização do local, além de reter calor e aumentar o
local lesado.
 O controle da temperatura corporal destes pacientes está comprometido (perdem a capacidade de reter o calor pelo
aumento da vasodilatação = tendência a hipotermia), bem como há o aumento da perda líquidos. Portanto deve haver
a manutenção da temperatura e volume de forma precisa, pois a não manutenção é proporcional a uma maior
mortalidade.
 É importante avaliar presença de deformidades (comprometimento muscular, ósseo...).

3) AVALIAÇÃO DA QUEIMADURA: Deve-se agora avaliar a profundidade da queimadura (1º, 2º, 3º e 4º grau).
 Determinação da extensão da queimadura:
o Se utilizada a regra dos 9. Superfície
palmar equivale a 1% da superfície
corporal queimada (SCQ). Deve-se
verificar se há áreas nobres queimadas
(queimaduras especiais). São elas:
queimaduras em face, orelha, mão,
órgãos genitais, bem como
queimaduras que de tão profundas
atingiram ossos, músculos, nervos, etc.
o Pode também ser realizada por meio da
tabela de Lund-Browder, um diagrama
que leva em conta as alterações relacionadas à idade, no qual é possível de forma mais fidedigna o mapeamento
da área queimada e tamanho da SCQ.
 Determinação da gravidade da queimadura (queimaduras graves): lesão inalatória; extensão maior que 20% em adultos
e 10% em crianças; queimadura química, trauma elétrico; 3 > idade > 65; envolvimento de áreas nobres, politrauma e
doenças crônicas associadas, etc.

4) Cálculo da Hidratação: Se utilizada a fórmula de Parkland: 2 a 4 ml x % SCQ x peso (kg). Essa fórmula calcula o quanto de
volume dar para o paciente em 24 horas do choque.
 2 ml devem ser utilizados em crianças e adultos, enquanto 4 ml são indicados em situações de choque elétrico.
 A hidratação deve ser preferencialmente com soluções cristaloides (ringer lactato). 50% do volume calculado deve ser
oferecido nas primeiras 8 horas (do trauma) e o restante nas 16 horas seguintes.
 Em crianças, além do ringer é indicado a utilização de soro glicosado a 5% (evitar ações lesivas da regulação endócrino
metabólica).
 Uso de soro fisiológico 0,9% não é indicado, às custas de maior chance de acidose metabólica hiperclorêmica devido à
grande quantidade de cloreto no soro.
 A diurese deve ser mantida acima de 0,5 ml/kg/hr, exceto no trauma elétrico (1,5 ml/kg/hr).

5) Tratamento da dor: Divido para adultos e crianças, porém as drogas são as mesmas.
 Adultos: Dipirona (500 mg a 1g EV) ou Morfina (0,5 a 1mg para cada 10kg de peso). Lembrando que a morfina vem um
frasco de 1 ml que equivalem a 10 mg da droga, logo 10mg/ml. Tal droga deve ser diluída em 9ml de soro fisiológico
para se alcançar a concentração de 1mg/ml.

6) Medidas gerais imediatas e tratamento da ferida: é feito após a estabilização do paciente.


 Limpeza e desbridamento: As feridas devem ser limpas com água e clorexidina degermante a 2%. Na falta desta, usar
água e sabão neutro. O desbridamento deve ocorrer no intuito de retirar tecidos desvitalizados (pois podem facilitar
infecções).
 Cobertura com curativo adequado: Tem alguns objetivos tais como diminuir a colonização bacteriana e fúngica, diminuir
perdas de calor, líquidos e eletrólitos; e diminuir a dor. O curativo deve ser feito na posição funcional do membro.
o Curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de morim ou de tecido sintético (Rayon) contendo o princípio ativo
(sulfadiazina de prata a 1%), gaze absorvente/gaze de queimado, algodão hidrófilo e atadura de crepe. Vale
lembrar que sulfadiazina de prata somente é indicada para queimaduras de 2º grau em diante.
o Diante uma abordagem a queimados, que não disponha de curativos apropriados, é indicado lavar a área
queimada com soro fisiológico e cobri-la com gazes, posteriormente, uma vez estabilizado, este deve ser
encaminhado para um hospital especializado para queimados.
 Tratamento de acordo com a profundidade da ferida. Deve-se avaliar a localização, extensão e profundidade das feridas.
o 1º grau (como as queimaduras solares): Só necessitam de hidratação e analgesia.
o 2º grau superficial: Antibiótico tópico (sulfadiazina de prata) ou revestimento sintético ou biológico temporário
(esses são curativos especiais, e não é em todo canto que encontra, logo é indicado inicialmente lavar a ferida
com soro e cobri-la) e hidratação.
o 2º grau profundo, 3º grau e 4º grau: Necessitam de tratamento cirúrgico através da excisão da ferida
(debridamento), reposição volêmica (Parkland) e enxertia. Tais feridas cicatrizam após tais procedimentos.
 Escarotomias: É um tópico importantíssimo no contexto das
queimaduras. Consistem em um procedimento cirúrgico para
remover tecidos duros e desvitalizados e podem ser realizados para
liberar a pressão, facilitar a circulação e evitar síndrome
compartimental.

# A síndrome compartimental é causada por ação da formação de escaras


(lesões diretas iniciais causadas pela queimadura -> tecido necrótico),
principalmente, circunferencial ou em grande extensão. Esse mecanismo
vai comprometer a vascularização muscular aumentando a chance de
resultar em comprometimento do membro e amputação, ou, se for em
tórax, pode resultar em dificuldade da expansão torácica e até
comprometer a região gástrica.

# No caso das queimaduras circunferências no tórax de pacientes


queimados há necessidade de escarotomia para evitar redução da
expansibilidade torácica. Já no caso nos membros superiores e inferiores a escarotomia tem como princípio evitar uma possível
síndrome compartimental (hipoperfusão dos membros afetados), que diz respeito ao aumento da pressão de um tecido de
um compartimento fascial apertado, geralmente ocasionado por edema (como o edema acontece dentro do tecido presente
na fáscia, há pouco espaço para expansão). Por vezes ocorre até mesmo a necessidade de fasciotomias (sobretudo em
queimaduras mais profundas como nas queimaduras elétricas). Além disso, as escarotomias em membros superiores e
inferiores são indicadas quando há sinais de hipoperfusão dos membros afetados, fato mais comum nas queimaduras de
terceiro grau e menos comum nas queimaduras de segundo grau profundas.

 Antibioticoterapia: Os usos de antibióticos sistêmicos são indicados apenas na presença de queimaduras potencialmente
colonizadas e com sinais de infecção local ou sistêmica. Fora isso, não se deve usar.
o Sinais e sintomas de infecção em queimadura: mudança de coloração da lesão; aprofundamento da lesão;
mudança de odor (fétido); descolamento precoce da escara e transformação em escara úmida; celulite ao redor
da lesão; aumento ou modificação da queixa dolorosa.
 Outros medicamentos que devem ser empregados:
o Toxoide tetânico para profilaxia/ reforço antitétano.
o Bloqueador receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse.
o Heparina subcutânea para profilaxia do tromboembolismo.

7) Nutrição

Nas queimaduras há um estado de hipermetabolismo (REMIT) que chega, por vezes, a 200% a mais da taxa normal. Por conta
disso, a queimadura é um processo que envolve muito gasto energético e isso precisa ser reposto. A reposição energética é
dada pela fórmula de Curreri, além disso há também a reposição protéica.

 Fórmula de Currerri: 25kcal/kg/dia + 40kcal por %SCQ.


 Reposição proteica: 1-2g/kg/dia.

A melhor taxa de administração é enteral. Nos casos de impossibilidade, pode-se recorrer a via parenteral, porém as taxas de
infecção são maiores.

OBS: Uma das principais causas de óbito nos grandes queimados são as complicações pulmonares. Entre elas destaca-se a
lesão por inalação de fumaça. Uma vez inalada a fumaça, ela pode causar as complicações: lesão térmica das vias superiores,
lesão química broncopulmonar, intoxicação por CO e intoxicação por cianeto de hidrogênio (HCN).

Queimaduras químicas

Pode resultar da exposição a ácidos, álcalis (bases) ou derivados do petróleo. As queimaduras por álcalis geralmente são as
mais complicadas, pois possuem maior poder de penetração. As queimaduras químicas são influenciadas principalmente pela
duração do contato e pela quantidade do agente causador, logo, é essencial sua rápida retirada.

A retirada do produto deve ser SOMENTE com água ou soro fisiológico em quantidades ABUNDANTES, pois a água em
pequenas quantidades pode reagir com o agente químico causador da queimadura e piorar o quadro. A água deve ser corrente
(ducha ou mangueira) por, no mínimo, 20 a 30 minutos. No caso de queimaduras na região orbitária deve-se irrigar a região
por cerca de 8 horas! Não se deve usar substâncias neutralizantes, pois essas também reagem com o agente causador e pioram
o quadro.

Cuidados quanto à irrigação: seu tempo será variável de acordo com o grau da queimadura, com mínimo de 20 a 30 minutos.
O paciente deve ser despido para evitar que resíduos do agente causador da queimadura entre em contato com a possível
umidade da roupa e assim cause outras queimaduras. O profissional de saúde também deve se proteger.

OBS: As substâncias cáusticas na forma de pó, como soda cáustica, por exemplo, devem ser retiradas por escovação. Só irrigar
as queimaduras produzidas por pó se as lesões já estiverem úmidas.

Nas queimaduras por ácido fluorídrico com repercussão sistêmica, institua a aplicação por via endovenosa lenta de soluções
fisiológicas com mais 10ml de gluconato de cálcio a 10% e acompanhe laboratorialmente a reposição do cálcio iônico.

 Aplique gluconato de cálcio a 2,5% na forma de gel sobre a lesão, friccione a região afetada durante 20minutos (para
atingir planos profundos) e monitore os sintomas dolorosos.
 Caso não haja melhora, infiltre o subcutâneo da área da lesão com gluconato de cálcio diluído em soro fisiológico a 0,9%,
na média de 0,5ml/cm2 de lesão, com o uso de agulha fina de 0,5cm, da borda da queimadura com direção ao centro
(assepsia normal).

Queimaduras elétricas

Nesses casos, o corpo pode servir como condutor da energia elétrica e o calor gerado resulta lesão térmica nos tecidos. A
eletricidade no corpo humano possui um ponto de entrada e um ponto de saída, locais esses que podem ser visualizados
durante a inspeção e aparentemente enganar a equipe médica a respeito da gravidade do processo, uma vez que como a
corrente elétrica corre pelos feixes vasculo-nervosos corpóreos, as lesões internas podem ser extensas. Pode-se ocorrer lesão
nos vasos, gerando tromboses; lesão nos nervos, causando lesões nervosas; ou arritmias cardíacas. Ademais, como os choques
elétricos causam forte contração muscular, causando diferentes graus de comprometimento muscular, até mesmo
rabdomiólise.

 O atendimento inicial deve, assim como nas outras queimaduras, ser voltado para as vias áreas (A) e respiração (B), além
de estabelecimento rápido de monitorização e acesso (MOV), pelo risco de possíveis arritmias. Se não ocorrerem
arritmias nas primeiras horas de lesão, não há necessidade de monitoramento prolongado.
 Passar sonda vesical de demora (C).
 Não é incomum a associação de traumas (queda da própria alturas ou outros traumas) e isso deve ser prontamente
avaliado (E).
 Deve-se ainda avaliar o doente quanto à possíveis lesões musculoesquelético, incluindo a possibilidade de lesões
vertebromedulares. Em casos de suspeita de rabdomíolise, não se deve esperar a positividade laboratorial de
mioglobina e altos níveis de CPK e CKMB (essas devem ser coletas sempre nas primeiras 24 horas), para iniciar o
tratamento com hemocromógenos. A rabdomiólise causa a liberação de mioglobina muscular, que em excesso pode
causar insuficiência renal aguda, logo, já na associação de urina escura (mioglobinúria) com um paciente vítima de
queimadura elétrica, deve-se pensar em rabdomiólise.
 A administração de líquidos deve ser aumentada para garantir uma diurese de, no mínimo, 100 mL por hora no adulto
ou 2 mL/kg em crianças < 30 kg. A acidose metabólica deve ser corrigida pela manutenção da perfusão adequada.
 Complicações tardias: lesões neurológicas (encefalopatia, hemiplegia, afasia, doença desmielinizante periférica com
vacuolização) e catarata.

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