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PONTO 1 – PROJETO ÉTICO-POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE AOS DESAFIOS DA

CONJUNTURA ATUALOS

 O presente texto visa fornecer subsídios ao debate atual sobre o Projeto Ético-Político
Profissional, conhecer e aprofundar o debate sobre os desafios profissionais contemporâneos a
partir dos inúmeros questionamentos e as diversas produções que acreditam na crise do projeto
ético-político do serviço social na atualidade;
 A trajetória de construção da perspectiva teórico-política hegemônica do Serviço Social se
inicia nos anos 1980, com amadurecimento intelectual da vertente marxista.
 O produto ético dessa nova tendência profissional, se apresenta formalmente no Código de
Ética de 1986, quando a profissão afirma seu compromisso ético e político com as classes
trabalhadoras, no contexto da reorganização política da sociedade civil, em defesa da
democratização e da ampliação dos direitos civis, sociais e políticos. (IAMAMOTO E CARVALHO,
1982)
 O Código de 1986 não correspondeu aos avanços teórico-práticos da vertente de ruptura.
Dentre suas fragilidades ressaltam-se a relação imediata e mecanicista entre valores éticos e
produção econômica e a falta de mediações entre o compromisso ético e sua operacionalização na
prática;
 A ausência de um debate que desvelasse, no interior do pensamento de Marx, uma
concepção de homem mais ampla que a de classe social, contribuiu para que, ainda nos anos 80, a
remissão a valores universais ou ao humano-genérico fosse tomada como abstração e
desconsideração da história e das classes. No entanto, assistentes sociais vinculados ao ensino da
filosofia, ou filósofos integrados nos cursos de Serviço Social apontaram para a necessidade desta
reflexão no interior da formação profissional (BARROCO, 2001, p.175).
 Entre 1991 e 1993, o CFESS promove dois Encontros Nacionais sobre Ética e seu produto é
publicado, inaugurando uma produção ética crítica e historicamente situada;
 O processo de discussão que antecedeu a reformulação do Código, levou à elaboração de
uma crítica superadora, no sentido de colocar novos patamares aos avanços de 1986. Em 1993 é
aprovado o novo Código que passa a ser referência nacional para a formação e atuação profissional,
na luta por direitos e justiça social. Trata-se do livro Serviço Social e Ética, organizado por Bonetti et
alIi (1996).
 No caso do Serviço Social, o rompimento com o conservadorismo engendrou uma cultura
profissional muito diferenciada, prenhe de diversidades, mas que acabou, ao longo da década de
oitenta e na entrada dos anos noventa, por gestar e formular uma direção social estratégica que
colide com a hegemonia política que o grande capital pretende construir [...] - direção
suficientemente explicitada no Código de Ética em vigência desde março de 1993; direção que,
pondo como valor central a liberdade, fundada numa ontologia do ser social assentada no
trabalho, toma como princípios fundamentais a democracia e o pluralismo e, posicionando-se em
favor da equidade e da justiça social, opta por um projeto profissional vinculado ao processo de
construção de uma nova ordem societária, sem dominação de classe, etnia e gênero. (NETTO,
1999, p.117)
 “Pensar o Serviço Social na contemporaneidade requer que se tenha os olhos abertos para
o mundo contemporâneo para decifrá-lo e participar da sua recriação.” (Iamamoto, 1997, p.7)
 O Capital cria as condições históricas necessárias para a generalização de sua lógica de
mercantilização universal, submetendo aos seus domínios e objetivos de acumulação o conjunto de
relações sociais, a economia a política, a cultura. (IAMAMOTO, 2005)
 A prestação focalizada estatal e a presença cada vez mais forte do “terceiro setor” na
prestação social autorizam assim a interpretação de que essa arquitetura ídeo-política busca,
concretamente, assegurar a despolitização dos conflitos e garantir sua migração em massa “para o
lugar da não política”. (NEVES, 2009, p. 51)
 As implicações do processo de globalização, que interferem nas profissões coloca para o
serviço social novas demandas e desafios que se inscrevem no agravamento da “questão social”,
especialmente a partir da década de noventa, quando as conseqüências das profundas
transformações do mundo do trabalho e das políticas neoliberais confirmam o acirramento da
miséria, da exclusão social e a perda de direitos já conquistados.
 Atualmente, é possível identificar a disputa de, pelo menos, três grandes projetos de
sociedade:
 o projeto neoliberal (de inspiração monetarista, sob o comando do capital financeiro, que
procura, no atual contexto de crise, desmontar os direitos trabalhistas, políticos e sociais
historicamente conquistados pelos trabalhadores, acentuando a exploração de quem vive
do trabalho e sugando os pequenos e os médios capitais);
 o projeto reformista (tanto em sua vertente liberal-keynesiana como social-democrata,
representando o expansionismo do capitalismo produtivo/ comercial conjuntamente com
algum grau de desenvolvimento dos direitos civis, políticos, sociais e trabalhistas);
 c) o projeto revolucionário (fundamentalmente de inspiração marxista que busca, gradual
ou abruptamente, a substituição da ordem capitalista por uma sociedade sem classes, sem
exploração e regida pelo trabalho emancipado).( MONTANÕ, 2006, p.143-4)
 É nessa complexidade do movimento da realidade atual que estão assentadas para os
assistentes sociais, as possibilidades de realização de um trabalho profissional, articulando com os
interesses da classe trabalhadora. É neste contexto que se insere projetos profissionais e
societários que visam em seu bojo rever os princípios em que se fundamenta a atual ordem social.
 O termo Projeto Ético-Político Profissional foi utilizado para designar a direção teórico-
metodológica assumida pela profissão, a partir dos anos 80. Esta expressão foi empregada pela
primeira vez no Congresso Brasileiro de Serviço Social, cidade de Goiânia em 1998.
 Segundo Netto o projeto-ético político do serviço social, tem em seu núcleo o
reconhecimento da liberdade como valor ético central – a liberdade concebida historicamente,
como possibilidade de escolher entre alternativas concretas; daí um compromisso com a
autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais. Conseqüentemente, o projeto
profissional vincula-se a um projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social,
sem dominação e/ou exploração de classe, etnia e gênero.(1999, p.104-5)
 Compreendemos o projeto ético-político como um conjunto de valores e opções ético-
políticas por meio das quais setores significativos da categoria de assistentes sociais se expressam,
tornando-o representativo e, por vezes, hegemônico, isto é, quando democraticamente detém e
direciona os espaços fundamentais da profissão no Brasil. Este direcionamento ocorre quando há
reconhecimento de suas ações e formulações por parcela decisiva da categoria, tornando-o
(projeto ético-político) legítimo como tal perante ela. (BRAZ, 2004, p.56)
 Como tal, o projeto ético-político deve ser entendido como uma projeção comum de
determinado grupo social, no caso dos assistentes sociais, que representa condições hegemônicas
em seu meio. Como representa interesses coletivos de determinado grupo social, expressa
necessariamente particularidades (no caso, as profissionais) que têm prevalência num dado
momento histórico daquele coletivo. Realiza-se com interesses mais gerais não só porque os
concebe em suas prospecções, porque está relacionado aos projetos societários existentes na
sociedade. (BRAZ, 2004, p.56)
 O projeto ético-político profissional está consubstanciado em três pilares, a saber: o Código
de Ética Profissional, a Lei de Regulamentação da Profissão e o Projeto de formação profissional.
 O projeto ético-político do serviço social não se propõe, portanto, a ser o projeto redentor.
A profissão de Serviço Social, ou melhor os profissionais de serviço social, têm uma direção social
que lhes fornece a consciência do caráter contraditório que caracteriza a profissão, na sua
interconexão entre o capital e o trabalho, bem como da impossibilidade de alcançar o telos de uma
nova ordem social sem a conexão com o projeto societário que aglutine os interesses da classe
trabalhadora. (MUSTAFÁ, 2002, p.62)
 O projeto ético-político profissional não é único na profissão. Projetos profissionais
disputam a direção social do Serviço Social brasileiro neste momento histórico.
Neoconservadorismo, pragmatismo e formas despolitizadas de entender a questão social
reaparecem no cenário profissional. (BOSCHETI e SANTOS, 2009, p.3)

O DEBATE ATUAL: DESAFIOS X CRISE

MARCELO BRAZ Marcelo Braz (2007) O que põe o projeto ético-político em crise é a articulação de
dois problemas centrais:
1. A ausência de uma proposta alternativa à do capital na sociedade brasileira, capaz de unificar
interesses sociais distintos relativos ao trabalho;
2.O segundo problema está centrado em fatores objetivos que incidem sobre as bases materiais do
projeto profissional. Refiro-me às condições atuais sobre as quais se efetivam o processo de
formação profissional e o próprio exercício da profissão no Brasil. Se o projeto ético-político indica
um dever ser da profissão (ou seu vir a ser possível), as condições objetivas do trabalho e da
formação profissionais do trabalho e da formação profissionais expressam o seu ser concreto. Ainda
que o projeto se plasme na realidade como uma forma de ser da profissão, ele só se materializa, se
se objetivar na existência efetiva, a partir de diversas mediações socioprofissionais e das variadas
demandas contraditórias que determinam o Serviço Social.
A crise de projeto societário das classes trabalhadoras impõe uma crise ao nosso projeto
profissional.
O projeto profissional mantém estruturais relações com os projetos societários, podemos dizer que,
diante do quadro atual – de continuidade da ofensiva do capital e de enfraquecimento das lutas e
da resistência dos movimentos organizados do trabalho o projeto ético-político encontra-se num
momento crucial de sua trajetória, que é expressão também da própria trajetória da profissão. E o
momento é crucial porque remete à manutenção ou não das bases teóricas, organizativas e ético-
políticas do projeto coletivo da profissão que mudou as feições do Serviço Social brasileiro nos
últimos 30 anos. A sua reafirmação depende, não exclusivamente, tanto das respostas políticas que
as vanguardas profissionais darão aos desafios atuais (no âmbito do exercício profissional e no
campo da formação – onde se destaca a espantosa expansão de cursos privados, inclusive os que
se valem das metodologias de ensino em graduação a distância) quanto das ações dos profissionais
nas diversas áreas de atuação, a partir de intervenções qualificadas, éticas, e socialmente
comprometida. (TEIXEIRA, BRAZ, 2009, p.16)

José Paulo Netto (2007)


A cultura do neoliberalismo é uma ameaça real à implementação do projeto profissional do Serviço
Social; (1999 apud 2007, p. 158)
A conjuntura atual tornou profundamente problemática a conversão do “projeto ético-político” em
processo real de qualificação do Serviço Social;
Invoca dois níveis de inviabilização do “projeto ético-político” que a conjuntura atual vem
favorecendo: O primeiro deles refere-se aos “objetivos” e “funções” profissionais. O elenco de
objetivos do Serviço Social tem sido intencional e acintosamente minimizado mediante a
centralização das suas funções no plano assistencial. Esta centralização, que opera a efetiva redução
do Serviço Social à “profissão da assistência”; O segundo nível em que se inviabiliza o “projeto ético-
político” é o que se refere aos requisitos (teóricos, práticos e institucionais) para o seu exercício –
está claro que aqui se insere, entre outros componentes, toda a problemática da formação
profissional. Desregulamentação e flexibilização da educação superior – degrada e avilta a formação
profissional; Proliferação dos cursos privados de Serviço Social; A expansão, fora de qualquer
controle efetivo da educação à distância; “ acredito que a limitação do Serviço Social às atividades
assistenciais, postas na equívoca ‘estratégia’ da redução da pobreza, e o aviltamento da formação
profissional, mediante uma massificação degradada, inviabilizarão o projeto ético-político”.
As ameaças apenas anunciadas em 1999 adquirem uma densidade que põe em crise
implementação do projeto ético-político”. Então, o seu enfrentamento supõe mais vontade política
organizativa e menos ilusões otimistas.
 Direcionado para uma atuação comprometida com a classe trabalhadora o projeto ético-
político tem sofrido os rebatimentos no que se refere a atuação profissional comprometida
com sua proposta emancipatória, principalmente, pelos limites que a profissão encontra na
égide do capital. Limites este que interfere na formação e prática profissional crítica,
consubstanciada em bases que vão contra o burocratismo advindo de um “conservadorismo
pós-moderno”. Dessa forma, o projeto ético-político profissional e os profissionais de
serviço social apresentam-se desafiados, tal projeto para se materializar deve contar com a
categoria profissional que tenha em sua prática um caminho de efetivação dos princípios
éticos apregoados pelo código de ética profissional.
 É importante ressaltar que o projeto societário envolve elementos teóricos e práticos e que
a falta de horizonte para a superação desta ordem não consubstancia “crise” e sim
redimensionamento na ação e reafirmação ético-política de uma prática comprometida
com justiça social e com materialização do projeto ético-político profissional.
Referências

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