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Donum vitae
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Donum vitae é uma Instrução sobre o respeito à vida humana nascente e a dignidade da procriação. Foi publicada
pela Congregação para a Doutrina da Fé. O Papa João Paulo II, após a reunião plenária desta Congregação, aprovou e
ordenou a sua publicação em 22 de fevereiro de 1987, Festa da Cátedra do Apóstolo São Pedro. O documento é
assinado pelo Prefeito da Congregação, na época o Cardeal Ratzinger e por Alberto Bovone, Arcebispo titular de
Cesareia de Numídia.
Atendendo à interpelação de vários órgãos, autoridades, bispos, teólogos, médicos e cientistas, sobre a correta
adequação das técnicas biomédicas que permitem a intervenção no processo de procriação e as normas morais, a
Congregação publicou a Instrução com o propósito de dar respostas específicas às principais questões levantadas
sobre a matéria.
No ano de 2008, passados mais de vinte anos da publicação desta instrução, a Congregação para a Doutrina da Fé
editou a instrução Dignitas personae com o intuito de atualizar as orientações desta instrução em razão de novos
conhecimentos científicos e práticas tecnológicas e estabelecer critérios éticos e morais para a sua utilização.
Índice
A vida humana tem valor absoluto
O Dom da vida deve realizarse no matrimônio
Respeito ao embrião humano
Intervenções na procriação humana
O sofrimento da esterilidade conjugal
Lei Moral e Lei Civil
Ver também
Ligação externa
A vida humana tem valor absoluto
O documento aborda o tema do respeito pelo ser humano a partir do primeiro momento da sua existência; as questões
morais suscitadas pelas intervenções da técnica na procriação humana e dá orientações quanto às relações que
sobrevêm entre lei moral e lei civil, a propósito do respeito devido aos embriões e fetos humanos.
Afirma que do ponto de vista antropológico há que se respeitar a dignidade da pessoa humana que é mais que um
apanhado de tecidos. Formado à imagem e semelhança de Deus, o homem é formado de corpo e alma, portanto uma
intervenção no corpo humano não atinge apenas tecidos mas a própria pessoa. A vida de todo ser humano deve ser
respeitada de modo absoluto porque o homem é a única criatura sobre a Terra que Deus quis por si mesma.
O Dom da vida deve realizarse no matrimônio
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05/11/2018 Donum vitae – Wikipédia, a enciclopédia livre
Os valores fundamentais conexos com as técnicas de procriação artificial humana são dois: a vida do ser humano
chamado à existência e a originalidade da sua transmissão no matrimônio. O juízo moral acerca de tais métodos
de procriação artificial, portanto, deverá ser formulado em referência a estes valores (Instrução, 4}.
A procriação humana exige uma colaboração responsável dos esposos com o amor fecundo de Deus; o dom da vida
humana deve realizarse no matrimônio, através dos atos específicos e exclusivos dos esposos, segundo as leis
inscritas nas suas pessoas e na sua união. (Instrução, 5).
Respeito ao embrião humano
O documento defende o respeito ao embrião desde o primeiro instante da sua existência por se tratar de uma pessoa
humana. O embrião nunca se tornará humano se já não o é desde então. Como o indivíduo humano não seria pessoa
humana? pergunta.
O diagnóstico prénatal é lícito se respeitar a vida e a integridade do embrião e do feto humano e se orientar para a sua
salvaguarda ou para a sua cura individual. Sem fazêlo correr riscos desproporcionados.
A obrigação de evitar riscos desproporcionados comporta um autêntico respeito pelos seres humanos e a retidão
das intenções terapêuticas. Ela implica que o médico "deverá avaliar atentamente, antes de tudo, as eventuais
consequências negativas que o uso necessário de uma determinada técnica de pesquisa pode ter para o concebido e
evitar o recurso a procedimentos diagnósticos acerca de cuja finalidade e substancial inocuidade não se tenham
suficientes garantias. E se, como freqüentemente acontece nas opções humanas, um coeficiente de risco tiver de ser
enfrentado, o médico deverá ter a preocupação de verificar que ele seja compensado por uma verdadeira urgência
do diagnóstico e pela importância dos resultados a serem obtidos em favor do próprio concebido" (João Paulo II,
Discurso aos participantes do Congresso do "Movimento pela Vida", 3 de dezembro de 1982.
Os embriões obtidos in vitro são seres humanos sujeitos de direito, afirma o documento, e diz ser imoral produzir
embriões humanos destinados a serem "material biológico" disponível.
"Condeno do modo mais explícito e formal as manipulações experimentais feitas no embrião humano, porque o ser
humano, desde o momento de sua concepção até à morte, não pode ser explorado por nenhuma razão." (João Paulo
II, Discurso aos participantes de um Congresso da Pontifícia Academia das Ciências, 23 de outubro de 1982.
A manipulação genética de embriões humanos visando fecundação com animais ou gestação de humanos em animais
ou construção de úteros artificiais são contrários à dignidade da pessoa humana, bem como a obtenção de ser humano
sem conexão alguma coma sexualidade mediante fissão gemelar, clonagem ou partogênese. Também a
crioconservação e as tentativas de seleção de sexo ou de outras qualidades preestabelecidas são tidas por imorais e
contrárias à ética, por violarem o direito que a pessoa tem de ser concebida de maneira digna tanto do ponto de vista
de quem recebe a vida como dos que a transmitem.
Intervenções na procriação humana
O documento critica como contrárias à ética tanto as técnicas de:
I) Fecundação ou procriação artificial heteróloga, a saber aquelas técnicas destinadas a obter artificialmente
uma concepção humana, a a partir de gâmetas advindos de doador diverso dos esposos que são unidos em
matrimônio. Podem ser de dois tipos:
a) FIVET heteróloga a concepção obtida através do encontro in vitro de gametas retirados
de doador diversos dos esposos.
b) Inseminação artificial heteróloga concepção humana obtida através da transferência
para as vias genitais da mulher de sémen previamente recolhido de um doador diverso do
marido.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Donum_vitae 2/4
05/11/2018 Donum vitae – Wikipédia, a enciclopédia livre
II) Fecundação ou procriação artificial homóloga, a saber a concepção a partir de gâmetas dos esposos unidos
em matrimonio:
a) FIVET homóloga concepção in vitro mediante encontro dos gâmetas dos esposos
unidos em matrimônio.
b) Inseminação artificial homóloga obtenção de concepção mediante a transferência para
as vias genitais da mulher casada do semem recolhido previamente de seu marido.
A razão da condenação e do juízo moral negativo expresso sobre essas práticas está em que a Igreja, com base na
tradição e na reflexão antropológica, reconhece apenas como sendo no matrimônio e na sua unidade indissolúvel o
único lugar digno de uma procriação verdadeiramente responsável.
As práticas heterólogas violam a unidade e a fidelidade que são intrínsecas ao matrimônio e desrespeitam o direito do
filho de manter uma relação com as suas origens parentais. Também a "maternidade substitutiva" é ilícita, segundo
da Instrução, porque instaura uma divisão entre os elementos físicos, psíquicos e morais que constituem a família.
As práticas homólogas, isto é, fecundação artificial entre casados, também são recusadas pelo documento. O
fundamento está na Encíclica Humanae vitae do Papa Paulo VI: " a conexão indivisível, que Deus quis e o homem não
pode romper, entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o procriador. Com efeito, o ato
conjugal, por sua estrutura íntima, enquanto une os esposos com um vínculo profundíssimo, tornaos aptos para o
geração de novas vidas, segundo leis inscritas no ser mesmo do homem e da mulher." (Humanae vitae, 12).
De acordo com o Código de Direito Canônico, art. 1061, o ato conjugal é aquele pelo qual o matrimônio é consumado
se os dois esposos "entre si o realizam de modo humano." É em seu corpo e por meio dele que os esposos expressam o
seu amor e consumam o matrimônio e podem tornarse pai e mãe, diz a Instrução. Dessa forma o ser humano surge
como resultado de uma união não só biológica mas também espiritual dos pais ligados pelo vínculo do matrimônio.
Só assim a pessoa humana é gerada e acolhida no gesto de união e de amor de seus pais, fruto da doação recíproca que
se realiza no ato conjugal, como servidores e cooperadores do Criador.
Segundo o documento, de qualquer forma, independente da forma em que é obtida a concepção humana, por contrária
á moral que seja considerada , toda criança que vem ao mundo deverá ser acolhida como um dom vivo da bondade de
Deus e deverá ser educada com amor.
Entretanto é lícita a intervenção para o uso de meios artificiais destinados unicamente ou a facilitar o ato conjugal
natural ou a fazer com que o ato natural, normalmente realizado, atinja o seu fim próprio.
O sofrimento da esterilidade conjugal
A Instrução reconhece que a esterilidade, independente da causa, pode chegar a ser uma dura provação, esses esposos
são convidados a descobrir uma particular participação na cruz de Jesus Cristo, fonte de fecundidade espiritual.
Mesmo quando a procriação não é possível a vida conjugal não perde o seu sentido, e a firma que a situação pode ser
ocasião de prestar outros importantes serviços como a adoção, a participação em obras educativas, auxílio a outras
famílias, às crianças pobres e excepcionais.
O documento incentiva e estimula os cientistas e pesquisadores com o objetivo de prevenir e remediar a esterilidade de
modo que os casais possam procriar, no respeito da sua dignidade pessoal e na do nascituro.
Lei Moral e Lei Civil
A Instrução insiste em que não pode haver divórcio entre a mora e lei civil. O direito vida é inviolável desde a
concepção até a morte, os direitos da família e da instituição matrimonial devem ser protegidos porque do interesse e
da sobrevivência da própria sociedade e do Estado.
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A lei civil deve coibir as práticas contrárias à ética e deve ainda proibir por igualdade de razões a inseminação post
mortem. As pessoas de boa vontade são exortadas a manifestarem, no exercício dos seus direitos civis, a sua oposição
aos atos condenados pela Instrução e é incentivada a objeção de consciência e a resistência passiva à legitimação de
práticas contrárias à vida e à dignidade do homem.
Conclui o documento com as palavras de Cristo no Evangelho: Tudo o que fizerdes a um dos meus irmãos mais
pequeninos, a mim o fizestes (Mt 25, 40).
Ver também
Família na Doutrina Social da Igreja
Dignitas personae
Casamento religioso
Humanae vitae Encíclica do Papa Paulo VI
Casti connubii Encíclica do Papa Pio XI
Familiaris consortio Exort. Apostólica do Papa João Paulo II
Inseminação artificial
Fertilização humana
Ligação externa
Instrução Donum vitae (http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_198
70222_respectforhumanlife_po.html) (em português)
Instrução Dignitas personae (http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_do
c_20081208_dignitaspersonae_po.html#_ftn59) (em português)
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Esta página foi editada pela última vez às 05h35min de 11 de julho de 2017.
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