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Comunicação
Elementos da comunicação
Ao elaborarmos uma redação, precisamos ter em mente que estamos
escrevendo para alguém. Enquanto a redação literária destina-se à
publicação em jornal, livro ou revista, e seu público é geralmente
heterogêneo, a redação para vestibular tem em vista selecionar os
candidatos cuja habilidade discursiva toma-os aptos a ingressar na
vida acadêmica.
Num CONTEXTO,
o EMISSOR (codificador) elabora uma MENSAGEM,
através de um CÓDIGO,
veiculada por um CANAL
para um RECEPTOR (decodificador).
Funções da linguagem
A ênfase num elemento do circuito de comunicação determina a
função de linguagem que lhe corresponde:
ELEMENTO FUNÇÃO
contexto → referencial
emissor → emotiva
receptor → conativa
canal → fática
mensagem → poética
código → metalingüística
Função fática
Se a ênfase está no canal, para checar sua recepção ou para
manter a conexão entre os falantes, temos a função fática. Nas
fórmulas ritualizadas da comunicação, os recursos fáticos são
comuns. Exemplos:
Bom-dia!
Oi, tudo bem?
Ah, é!
Huin... hum...
Alô, quem fala?
Hã, o quê?
Observe os recursos fáticos que, embora característicos da
linguagem oral, ganham expressividade na música:
Função metalinguística
A função metalinguística visa à tradução do código ou à
elaboração do discurso, seja ele linguístico (a escrita ou a
oralidade), seja extralinguístico (música, cinema, pintura,
gestualidade etc. — chamados códigos complexos). Assim, é a
mensagem que fala de sua própria produção discursiva. Um livro
convertido em filme apresenta um processo de metalinguagem, uma
pintura que mostra o próprio artista executando a tela, um poema
que fala do ato de escrever, um conto ou romance que discorre sobre
a própria linguagem etc. são igualmente metalingüísticos. O
dicionário é metalingüístico por excelência. Exemplos:
Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a
manhã.
(Carlos Drummond de Andrade)
A palavra é o homem mesmo, Estamos feitos de palavras. Elas são a
única realidade ou, ao menos, o único testemunho de nossa
realidade.
(Octávio Paz)
Função poética
Quando a mensagem se volta para seu processo de
estruturação, para os seus próprios constituintes, tendo em vista
produzir um efeito estético, através de desvios da norma ou de
combinatórias inovadoras da linguagem, temos a função poética, que
pode ocorrer num texto em prosa ou em verso, ou ainda na
fotografia, na música, no teatro, no cinema, na pintura, enfim, em
qualquer modalidade discursiva que apresente uma maneira especial
de elaborar o código, de trabalhar a palavra. Exemplos:
Níveis da Linguagem
“O movimento de 1922 não nos deu — nem nos podia dar — uma
‘língua brasileira’, ele incitou os nossos escritores a concederem
primazia absoluta aos temas essencialmente brasileiros [...] e a
preferirem sempre palavras e construções vivas do português do
Brasil a outras, mortas e frias, armazenadas nos dicionários e nos
compêndios gramaticais.” (Celso Cunha)
Gíria
Primeiro, ela pinta como quem não quer nada. Chega na moral,
dando uma de Migué, e acaba caindo na boca do povo. Depois desba
ratina, vira lero-lero, sai de fininho e some. Mas, às vêzes, volta
arrebentando, sem o menor aviso. Afinal, qual é a da gíria?
(Cássio Schubsky, Superinteressante)
Linguaguem vulgar
Existe uma linguagem vulgar, segundo Dino Preti, “ligada aos grupos
extremamente incultos, aos analfabetos”, aos que têm pouco ou
nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
multiplicam-se estruturas com “nóis vai, ele fica”, “eu di um beijo
nela”, “Vamo i no mercado”.
Linguaguem regional
Aos dezoito anos pai Norato deu uma facada num rapaz, num
adjutório, e abriu o pé no mundo. Nunca mais ninguém botou os
olhos em riba dele, afora o afilhado.
— Padrinho, evim cá chamá o sinhô pra mode i morá mais eu.
— Quá,flo, esse caco de gente num sai daqui mais não.
— Bamo. Buli gente num bole, mais bicho... O sinhô anda
perrengado...
(Bernardo Élis, Pai Norato)