BOLETIM OPERÁRIO
Caxias do Sul, 03 novembro de 2018 | Edição nº 518
Pequenas Noticias
O Papa enviou uma carta ao Patriarca de
Veneza deplorando as agitações operaria e
agrícola, notadas na Província de Veneza e
louvando as instituições de trabalho que se
propuseram conseguir uma conciliação na
controvérsia entre os proprietários e operários.
Ao mesmo tempo convida os ricos a serem
generosos, e exorta os operários a não
apresentarem exigência exageradas, nem se
abandonarem a violências. (O Brasil, Orgam
do Partido Republicano, Número 26, Ano XIII,
10/07/1920, Capa).
A Luta pelo menor esforço
A Comissão de Legislação Social da Câmara
vai entrar no estudo da parte do projeto que
está elaborando que se refere aos empregados
no comércio. O Sr. Augusto de Lima, relator
dessa tese, vai redigir o anteprojeto, que
servirá de base ao exame da comissão,
atendendo, quanto possível, às sugestões
contidas nas diversas representações das
sociedades da classe que lhes chegaram às
mãos. Nesse intuito o Sr. Augusto de Lima
procede aos estudos desses papéis. A União
dos Empregados no Comércio do Rio e sua
congênere paulista, representando diversas
suas coirmãs, acabam de representar à
comissão, expondo os pontos de vista que
advogam e as aspirações que defendem.
Resumem-se nos seguintes tópicos os desejos
dos empregados no comércio: Máximo de oito
horas diárias ou 48 por semana. O descanso
hebdomadário será de 24 horas ininterruptas.
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Os estabelecimentos que exploram
alimentação preparada, tais como
restaurantes, casas de pasto, café, etc.,
poderão funcionar 16 horas, desde que
possuam número suficiente de empregados.
Proibição do trabalho noturno para menores de
quatorze anos. Proibição de trabalhos de
menores analfabetos e exclusão absoluta das
crianças no trabalho. Em caso de acidente o
patrão manterá por três meses o empregado;
se este ficar inutilizado ser-lhe-á assegurada,
ou aos seus herdeiros, uma pensão de 2/3 do
ordenado. Haverá em benefício dos viajantes
estatutos especiais. As sociedades anônimas
e companhias limitadas que pela sua
organização, dificultam a participação nos
lucros, ficam obrigadas a distribuir anualmente
uma certa porcentagem desses lucros aos
seus empregados. Nos casos de falência os
empregados figurarão como credores de
tantos meses de ordenado quantas hajam sido
os anos que trabalharam no estabelecimento
falido. Será garantido o ordenado ao
empregado sorteado durante o tempo da
incorporação. Criação de uma carteira
profissional. Além das penas consignadas no
Código para os diversos delitos dever ser
estabelecidas outras para aqueles que
trabalharem fora de horas com o intuito de
comprometer o patrão, para os que se
despedirem antes de ter o participado com 30
dias de antecipação, para os que exerçam
funções de outras casas com prejuízo daquela
de que são empregados. Após esclarecer cada
um desses itens, justificando-os como efeitos
de velhas aspirações, os empregados no
comércio fazem um apelo ardente, com o fim
de mostrar a necessidade de uma lei que
assegure, em todos os pontos do país os
direitos da classe.
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Além dessa o Sr. Augusto de Lima está de
posse de outras representações em que se
encontram expostas as aspirações dos
empregados no comercio e nas indústrias. É
desejo do presidente da comissão Sr. José
Lobo, promover para breves dias o estudo
desta tesa, a fim de que fique concluída essa
parte do Código que vai sendo elaborado,
obedecendo aos princípios consagrados pela
Conferencia de Versalhes. De todas as
cidades do país tem chegado telegramas e
apelos a que a Comissão de Legislação Social
que atenda, dando início ao estudo dessa parte
do projeto como de resto, ficará estabelecido
desde o início dos trabalhos. (O Brasil, Orgam
do Partido Republicano, Número 26, Ano XIII,
10/07/1920, Página 3)
Assassinato de um Operário
Em S. Gabriel foi assassinado o operário
Arthur Mattos, que viera há pouco do Rio
Grande, para trabalhar como pedreiro nas
obras do palacete municipal. Por questões de
pagamento, houve uma troca de palavras entre
a vítima e os filhos do engenheiro construtor
Dr. Antônio Vasconsellos, de nomes Simão e
Antônio, resultando estes agredirem a vítima a
tiros de revolver produzindo-lhe a morte. Esse
crime causou grande indignação naquela
cidade. Os criminosos foram presos. A casa do
construtor Vasconsellos foi apedrejada, tendo
sido confiada à guarda da polícia, para evitar
outras consequências. Os operários,
indignados, resolveram não mais trabalhar
com o referido construtor. (A Tribuna, Folha
Independente, Ano I, Número 6, 30/08/1920,
Capa).
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