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IPT

Química 3

Surfactantes

João Luís Farinha Antunes


Escola Superior de Tecnologia de Tomar
Departamento de Arte, Conservação e restauro

Sumário

Surfactantes
Estrutura química dos surfactantes
Classificação dos surfactantes
Micelas
C.M.C - concentração crítica micelar
Variação das propriedades de uma solução de
surfactante à volta da CMC
Efeito das micelas na eficácia de um surfactante
Mecanismo da detergência
HLB – balanço hidrófilo-lipófilo
Bibliografia

1
Agentes Tensioactivos
(= Surfactantes)

São compostos que têm tendência a adsorver-se nas superfícies ou interfaces.


(interface é a fronteira entre duas fases imiscíveis)

Ao serem adsorvidos na interface baixam a respectiva tensão superficial (1).


No caso dos líquidos, a adição de surfactantes aumenta da sua capacidade de molhagem.

Ar ou óleo
Os surfactantes organizam-se na interface
monocamada
como uma monocamada de moléculas e no
molécula
interior das fases como micelas.
água

No caso da interface água-ar as moléculas arrumam-se à


micela
superfície da água.

(1)
A tensão superficial é um efeito que ocorre na camada superficial de um líquido que leva a sua
superfície a comportar-se como uma membrana elástica. É devida às forças de atracção que as
moléculas internas do líquido exercem junto às da superfície. ) 3

Estrutura química dos surfactantes


São compostos orgânicos com moléculas que têm

uma parte não polar, hidrofóbica (repele a água) e


um terminal polar, hidrofílico (atrai a água).

A parte hidrofóbica é uma cadeia de carbonos, com 8 a 18 carbonos, linear ou ramificada.


A parte hidrofílica é um ião ligado à cadeia de carbonos (tensioactivos iónicos) ou uma
cadeia com átomos muito electronegativos (tensioactivos não iónicos).

Cadeia hidrofóbica Terminal hidrofílico

- +
O O Na
Exemplo S
O O
Contra-ião
Dodecil sulfato de sódio SDS (ou Lauril sulfato de sódio)

A maioria dos surfactantes puros é um líquido viscoso. Alguns são sólidos moles. 4

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Detalhe da monocamada de um surfactante

Ar

Água

Classificação dos surfactantes (tensioactivos)


Tensioactivos aniónicos
O terminal hidrofílico tem carga negativa.
Exemplos
Alquil-sulfatos R-OSO3-
Sabões R-COO-

Tensioactivos catiónicos Ião


benzalcónio
O terminal hidrofílico tem carga positiva.
Na sua maioria são sais de iões tetralquilamónio (R4N+ X-)
Ex: Cloreto de benzalcónio ou
Cloreto de dimetil benzil alquil amónio
C6H5CH2 (CH3)2 C12H25 N+ Cl-

Tensioactivos não iónicos


A parte hidrofílica não tem iões e pode ser tão comprida como a parte hidrofóbica.
A afinidade para a água faz-se por ligações de hidrogénio devido a átomos de oxigénio
Ex: p-Nonil fenol etoxilato
(Symperonic NX®, Lissapol NX®)
O
O OH
6

3
Exemplos de surfactantes

catiónicos
Dodecil sulfato de sódio (SDS)
Brometo de
Cetiltrimetilamónio
(CTAB)
Dodecil benzeno sulfonato de sódio
aniónicos

O O OH
O O
Poli(oxietileno)(4) lauril alceter
não ónicos

Desoxicolato de sódio
(sabão resinoso)

Poli(oxietileno)(9) octil fenil éter (Triton X-100 (R))

Bis(2-etil-hexil)sulfosucinato de sodio
7

Micelas
São agregados de moléculas submicroscópicos.

É a forma como a moléculas de surfactantes se organizam,


quando não estão adsorvidas nas interfaces.

Podem ter várias formas:


Esquema de uma micela
esferas, cilindros, folhas, … de sabão

Em soluções aquosas, a cadeia hidrofóbica orienta-se para o interior


da micela, ficando a extremidade hidrofílica dirigida para o exterior.

As micelas formadas com a parte hidrofílica orientada para dentro chamam-se


micelas inversas. Formam-se em meio oleoso.

As micelas são fortemente solúveis em água.

A solubilidade das molécula isoladas depende fortemente do


tamanho da cadeia hidrofóbica de cada. (HLB à frente)
Simulação de uma
O tamanho e o nº de moléculas por micela é constante para cada surfactante, micela de dodecil sulfato
(desde que as concentrações não sejam excessivas). 8

4
CMC – concentração crítica micelar
É a concentração de surfactante a partir da qual se começam a formar micelas.

A baixas concentrações as moléculas de surfactante adsorvem-se na interface água-ar,


numa monocamada.

Quando a monocamada está completa, a concentrações mais altas, as moléculas de


surfactante vão para o interior da solução e agregam-se em micelas.

Abaixo da cmc não há formação de micelas. ar

monocamada
Acima da cmc todo o detergente adicionado
molécula
à solução organiza-se em micelas. água

Existe uma temperatura mínima para a formação de micela

micelas, em cada surfactante. Chama-se temperatura de


Kraft ou temperatura crítica micelar.
9

Valores de CMC de alguns surfactantes

A CMC diminui muito com o


aumento da cadeia de carbono
catiónicos

Os surfactantes não-iónicos
têm CMC mais baixa que os
iónicos

aniónicos
21 g/L

Não iónicos 0,04 g/L

HOMBERG, Krister et al - Surfactants and polymers in


aqueous solution. London: Wiley, 2002. pag 43. 10

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Variação das propriedades de uma solução de surfactante à volta da
CMC 3
11

2
A baixas concentrações as propriedades das soluções
de surfactantes são semelhantes às de outro qualquer
electrólito, excepto que
a tensão superficial baixa com o aumento da concentração
1 – tensão superficial
2 – turbidez
3 – condutividade

A partir da CMC observam-se comportamentos invulgares. Entre outros:


1. a tensão superficial mantém-se constante
porque a quantidade de moléculas adsorvidas à superfície atingiu o máximo na
CMC e, a partir daí, mantém-se constante.

2. A dispersão da luz aumenta (a solução vai ficando azulada, opalescente)


Porque a quantidade de micelas aumenta no seio da solução. As micelas, como
são partículas grandes conseguem dispersar a luz.
11

Comportamento dos surfactantes em função da temperatura


e da concentração
Temperatura de Kraft
ou
T. Crítica Micelar

micelas
l
ve
olú

Apenas acima desta


Ins

concentração, CMC,
se formam micelas
CMC
unímeros ConcentraçãoCrítica
Micelar

Apenas acima desta


temperatura, CMT,
se formam micelas

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6
Efeito das micelas na eficácia de um surfactante

A partir do momento em
que existem micelas o
surfactante passa a ser
muito mais eficaz na
solubilização.

Correlação entre a dissolução de um soluto fracamente solúvel e a


concentração do surfactante na solução

As micelas envolvem as substâncias pouco polares e incorporam-nas.

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Mecanismo da detergência

• Ocorre a transferência das partículas do composto insolúvel do seio


do solvente para o interior das micelas.

• Como as micelas são solúveis em água o composto fica solubilizado.

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7
Formação de espuma
Na interface ar-água existe uma monocamada de surfactante
Ar

Água
Quando essa monocamada se curva e fecha, formam-se bolhas
Terminal hidrofílico
Uma bolha de ar está envolvida por uma dupla camada de surfactante solução

Terminal hidrofóbico

Estrutura de uma
espuma
A espuma forma-se quando há muitas bolhas próximas que
coalescem. A forma de cada bolha depende das bolhas vizinhas.

A espuma é o conjunto formado pelas bolhas.


A espuma pode ser de gás-líquido, e também de gás-sólido. Espuma de
poliuretano 15

HLB - Balanço Hidrófilo/Lipófilo


É uma escala de 0 a 20 que indica o balanço entre os grupos hidrofílicos e
lipofilicos de um surfactante (vai até 40 nos surfactantes iónicos).
(O HLB é calculado a partir das massas moleculares dos grupos hidrofílico e lipofílico nos
surfactantes não iónicos e é determinado experimentalmente nos surfactantes iónicos.)

Maior grupo hidrofílico (nos surfactantes não iónicos)  maior valor de HLB

Maior cadeia hidrofóbica  menor valor de HLB.

HLB mais elevado  maior hidrofilicidade > HLB ⇒ > H


Os surfactantes com valores entre 0 e 10 são mais solúveis em óleo que em água.
Os surfactantes com valores acima de 10 são mais solúveis em água que em óleo.
(p.ex. um surfactante de HLB 8 apenas pode ser disperso em água, não é solúvel)

Os surfactantes de HLB = 14-16 são os que têm melhor capacidade de limpeza.


O valor de HLB é aditivo (de forma ponderada).
Quando dois surfactantes com valores HLB A e B são misturados, o resultado final é
HBL (AB) = A.x + B.y
onde x e y são a proporção de mistura de cada um dos surfactantes. 16

8
HLB e uso dos surfactantes

Aumenta a hidrofilicidade
1e4 Misturar óleos diferentes
4e8 Fazer emulsões água–em-óleo (emulsão oleosa)
HLB entre 7e9 Molhar pós com óleos
8 e 16 Fazer emulsões óleo-em-água (emulsão aquosa)
13 e 16 Fazer detergentes
15 e 40 (micro)Solubilizar óleos em água

Aspecto da solução aquosa em função do número HLB do surfactante


HLB Aspecto da solução
1-4 Insolúvel e não dispersa
3-6 Fracamente dispersa
6-8 Leitoso após agitação
8-10 Dispersão leitosa estável
10-13 De translúcida a clara
13-20 Transparente
17

HLB necessário de
alguns compostos

Estão determinados os números


HLB necessários de vários
compostos orgânicos

(apresentados na tabela ao lado).

Para emulsionar estes compostos


em água são mais adequados os
surfactantes com o mesmo HLB.

HOMBERG, Krister et al - Surfactants and polymers


in aqueous solution. London: Wiley, 2002.

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9
EO - nº de óxido de etileno
Indica o número de grupos de óxido de etileno (etóxidos, -CH2CH2O-) que
existe num surfactante (interessa aos poli etoxilados, que são os mais importantes).

É um parâmetro dos surfactantes não-iónicos (e iónicos que também sejam etoxilados).

Exemplos

O
O OH

EO = 2 Poli(oxietileno)(9) octil fenil éter (Triton X-100 (R))


EO = 9 (n = 9)

EO = 4 +
O O OH
O O Percursores de um surfactante
EO = 4 etoxilado de n=5 ou 10
19

Componentes de um detergente
Detergente é uma mistura de substâncias cuja finalidade é a lavagem.
Os principais componentes de um detergente são os surfactantes.
(!nem todos os surfactantes servem para detergentes – só os de HLB 13-16)
Não podem coexistir surfactantes aniónicos e catiónicos no mesmo detergente, em geral.

Outros componentes possíveis


• Agentes anti-calcáreo (bloqueiam os iões Ca2+ e Mg2+ que limitam a eficácia dos tensioactivos)
• Agentes anti-redeposição (nos têxteis - Carboximetilcelulose CMC, PEG; …)
• Reguladores de pH
• Quelantes (complexantes, actuam sobre iões metálicos -- EDTA, fosfatos, …)
• Branqueadores (são oxidantes -- lexívia, peróxidos, …)
• Enzimas (proteases, lipases, amilases – em detergentes “biológicos”)

• Hidrotropos (facilitam a dissolução do surfactante na água)


• Dispersantes e estabilizadores (ajudam à qualidade física dos detergentes)
• Cargas (para dar a textura adequada ao detergente)
• Perfumes, agentes ópticos, estabilizadores de espuma, biocidas, etc,. 20

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TEEPOL ® MULTIPURPOSE DETERGENT
Exemplo de uma formulação de detergente

• Dodecil benzeno sulfonato de sódio (tensioactivo aniónico) 5 – 15%

• Alquil(12-15) éter sulfato de sódio R12-15(OCH2 CH2 )nOSO3Na (tensioactivo aniónico) 1-5%

• C9-C11 Pareth -10 alcool alquil etoxilato (tensioactivo não iónico-emulsionante) 1 – 5%

• Cloreto de sódio (optimizador da molhagem, espessante) 1 – 5%

• Formaldeído (biocida - antifúngico e antibactericida) < 1%

• Derivados de isotiazolinona (biocida - antimicrobiano) < 1%

• Corantes < 1 %

• Perfume < 1 %

• Água

in Harvey Waddington -- TEEPOL PRODUCTS & TAGFRESH AIRFRESHENERS,


http://www.teepol.co.uk/index.php?file=content/datasheets/mpd-datasheet.pdf, 25/4/08 21

Conclusão

• Existem muitos métodos de limpeza aquosa, sendo a água nebulizada e a aplicação de


soluções de detergentes, os mais comuns.
• Os detergentes são uma mistura de componentes dos quais os principais são os
surfactantes.
• Os surfactantes dispõem-se nas interfaces e, em concentrações superiores à CMC –
concentração crítica micelar, formam micelas dentro da água.
• As propriedades das soluções de surfactantes variam bastante a partir da CMC.
• As micelas são fundamentais no mecanismo de lavagem e actuam retendo a sujidade no
seu interior.
• As propriedades hidro-lipofílicas dos surfactantes dependem da respectiva constituição
química e são indicadas pelo número HLB – Balanço Hidrofílico-lipofílico.
• Para emulsionar um lípido com um HLB determinado usa-se um surfactante (ou mistura
de surfactantes, mais eficaz) com o mesmo HLB.

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Bibliografia
• BELLUCCI, Roberto; CREMONESI, Paolo – L’uso dei tensioacttivi nella conservazione e nel
restauro dei dipinti. Kermes, anno VIII, n. 24 (1995), 55-74. Dossier.

• CREMONESI, Paolo – Materiali e Metodi per la Pulitura di Opere Policrome. Bolonha: Phase,
1997, 142 pgs.

• OTTEWILL, R. H. – Surfactants: introduction. In Th. F. Tadros (ed.) - Surfactants. Proceedings of a


meeting held in Bristol, England in July 1983. London [etc.]: Acadenmic Press, 1984 (Cap. 1 - pags
1-17).

• SOUTHALL, Anna - Detergents soaps surfactancts. In HACKNEY, Stephen; TOWNSEND, Joyce;


EASTAUGH, Nick (Eds.) -- Dirt and Pictures Separated. Papers given at a conference held jointly
by UKIC and the Tate Gallery, 1990. London: UKIC, 1990. Pags 29-34.

• TÍMAR-BALÁZSY, Ágnes – Wet cleaning of historical textiles: surfactants and other wash bath
additives. Reviews in Conservation. 1 (2000), 46-64.

• TÍMÁR-BALÁZSY, Ágnes; EASTOP, Dinah – Chemical Principles of Textile Conservation. Oxford


[etc.]: Butterworth (Series in Conservation and Museology), 1998.
cap. 8 – Solvents and solubility ; cap. 9 – Solvent cleaning of historical textiles;
cap. 10 – Water; cap. 11 – Wet Cleaning; cap. 12 – Cleaning by chemical reactions;
cap. 18 – Disnfestation and disinfenction.

• http://dwb.unl.edu/Teacher/NSF/C01/C01Links/www.tigerchem.com/surf.html
23

fim

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