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A Industrializagaéo e a Urbanizacao da Agricultura Brasileira José Graziano da Silva A “industrializagéo da agricultura” brasileira 6 relativamente recente (p6s-65, se quisermos dat4-la) € representa mudanga qualitativa fundamental no longo processo de transformago da sua base técnica - chamado de *modernizagao” - que vinha sendo impul- sionado por incentivos governamentais desde 0 pés- guerra. A formagao dos complexos agroindustriais (CAls) nos anos 70 se deu a partir da integragdo interseto- rial entre trés elementos basicos: as industrias que produzem para a agricultura, a agricultura (moderna) propriamente dita e as agroindustrias processadoras, todas premiadas com fortes incentivos de politicas, governamentais especificos (fundos de financiamento para determinadas atividades agroindustriais, progra- mas de apoio a certos produtos agricolas, crédito para aquisigaode maquinas, equipamentos einsumos moder- nos, ete.) (1). Opentoculminante dessa integracao, todavia, so foi logrado no final dos anos 70 e inicio dos 80, resultando igo uma ered de um rabalhomals ample apreseniado ao rota i GY RAGEYAMIA Ao numa verdadeira “orquestragao de interesses” agrarios, industriais e financeiros. Além de representar uma consolidagéo da integragdo técnica e financeira dos CAls, essa “orquestragao de interesses" impos pro- fundas transformagdes nos planos da concentragao & centralizagao dos capitais aplicados no setor agrope- cuério, bem como na propriedade da terra e no plano das relagées (politicas) com 0 Estado (2). Infelizmente nao € possivel desenvolver todos es- ses aspectos aqui. Serdo apenas analisadas de maneira resumida aquelas implicagSestundamentais dessa"pas- sagem dos complexos rurais aos CAls* para 0 nosso futuro préximo, cujos contornos séo desenhados a seguir: -0 corte setorial agricultura/indistria perde sua forga analitica: nao se pode mais falar num uni- co determinante, nem numa Gnica dindmica, nem num Gnico “setor agropecuério’. A agricultura bra- sileira j4 é hoje - e sera ainda mais até o final do século - uma estrutura complexa, heterogénea © multideterminada. S6 se pode entendé-la a partir de seus varios segmentos constitutivos: os CAls, com suas din&micas especiticas e interligadas aos, setores industrials fornecedores de insumos & processadores de produtos agropecuérios. A idéia de uma “burguesia agréria” como fragéo distinta e (muitas vezos) com interosses opostos a uma “burguesia nacional” perde qualquer senti- dorelevante. Aintegragéo decapitais que emergiu da consolidagao dos CAls levou a uma verdadeira “territorializagao da burguesia” industrial e finan- ceira. Ou seja, os grandes capitais passaramater também uma face agrériaa medida que omercado deterras tornou-se uma aplicagao altemnativa para sua valorizagao. O Estado nao tem maiscomoimporumaregulagao geral a esses distintos segmentos produtivos do campo somente através de politicas macroecond- micas (por exemplo, a cambial ¢ a monetéria), © por isso necessita cada vez mais de politicas especificas para cada complexo agroindustrial (do tipo politica de controle de pregos de insumos, matérias-primas ou produtos finais, cotas de exportagao, etc.) Essasmudangas se refletem na propria composigao do Estado, que passa a ser literalmente apropriado nao apenas pela burguesia enquanto classe proprietaria dos meios de produc&o, mas por grupos de interesses especificos deste ou daquele ramo de atividades, 1S BA SILVA, J. Complnsos agroindustris © outros complexes Reforma Agréa. Campinas. nov ieez. 1981 S80 Paulo em Perspectiva, 7(3):2-10, julho/setembro 1993 forgando uma “balcanizagéo” (ou feudalizagao) do proprio aparelho governmental. O resultado ¢ uma crescente instabilidade - em alguns ramos até mesmo contradigao - das politicas publicas em fungao dessa captura de segmentos especificos do aparelho de Estado por um ou outro grupo oligopélico que demanda condigdes particulares que facilitem sua reproducao. 0 desafio - cada vez maior - sera encontrar politicas especificas que permitam exercer um poder regulador nos varios CAls em um contexto de crise do préprio Estado capitalista moderno. Para comecar a compor o nosso cendrio esperado para o “futuro préximo” - nossa referéncia objetiva é 0 ‘ano 2000 - preciso tecer algumas rdpidas considera- g6es sobre o possivel impacto da consolidac&o dos CAls. Nosso método seré o de resgatar as principals tendéncias apresentadas pela evolugao recente da nossa agricultura no que diz respeito as relagdes so- ciais de produgao, para em seguida destacar algumas mudangas verificadas na(s) ultima(s) década(s). ‘Convémexplicitarque ndoestamosconsiderandona composigao desse cenario os impactos de uma reforma agréria ampla e de massa que transforme a estrutura produtiva do pais. Na nossa opiniao, essa proposta foi politicamente derrotada em 1985 € a atual Constituigo sacramentou o seu “espaco possivel” nos anos $0: uma solugdo tépica de conflitos e um instrumento de contro- le de pressces pela terra em situagdes especificas. A possibilidade de a reforma agraria vir a ser uma de- manda de segmentos urbanos interessados em conter © &xodo rural encontrara sempre um obstaculo politico (hoje intransponivel, a nosso ver) na defesa intransi- gente da propriedade privada da terra por uma forte “purguesia territorializada” em todo o pais. E 0 éxodo tural tende a se reduzir em niveis absolutes nas préximas décadas, assim como o seu impacto relative nas cidades, dado o grande alargamento da base urba- nada nossa populacdo nos anos 70e 80. Nao é demais assinalar todavia que, como a reforma agraria é uma questao eminentemente politica, 0 seu alcance depen- de, em ditima instancia, da correlagao de forgas exis- tente em cada momento na sociedade brasileira. Os impactos esperados sobre a estrutura produtiva eas relagées sociais Em relagdo a estrutura produtiva, a variavel-chave diz respeito & possivel evolugao da concentragao & centralizacao de capitais, em funcdo da esperada con- solidagéo dos CAls nos anos 90. As estimativas hoje disponiveis, embora precérias- porque referem-seada- 3 dos agregados para todo o pais de um suposto *CAl genérico”-e bastante defasadas - porque baseadas nos dados censitdrios de 1975, 1980 © 1985 - indicam que menos de 10% dos estabelecimentos agropecuarios brasileiros estariam integrados @ essa moderna ma- neira de produzir (3). A caracteristica fundamental da chamada “modernizagéo conservadora” da agrope- cuaria em nosso pais é, portanto, o seu cardter exclu- dente, quer se considere o tamanho dos produtores, quer se considere a regido do pais: eles s&o principal- mente 08 médios e grandes, embora também haja pe- quenos produtores em culturas especificas, e estéo localizados predominantemente nas regides Centro- Oeste, Sudeste e Sul (4). Nas regides Nordeste e Norte, bem como em dreas importantes do Sudeste (nordeste de Minas, Espirito Santo e Rio de Janeiro), a predomi- nancia 6 de pequenos produtores nao-integrados aos CAls (5) . Nada indica que essa tendéncia da concentragao produtiva nos CAls venha a se alterar. Pelo contrario, 0s indicadores mais recentes apontam no sentido de uma centralizagao ainda maior da produgao, seja pelo crescimento da escala minima viavel em varios ramos da atividade agropecudria, seja em fungao dos desen- volvimentos tacnolégicos esperados principalmente nos sistemas de colheita, carregamento ¢ transporte. Ha todavia uma outra importante tendéncia de transformagao dos CAls, que 6 a crescente integragao com os segmentos modernos do setor servigos (empre- sas locadoras de equipamentos e prestadoras de as- sisténcia técnica, servigos de informatica e telecomuni- cag6es, etc.) ecom industria fornecedora de insumos, maquinase equipamentos, constituindo-se assim“solda- gens especificas para trés", dando origem aos “CAls completes" (6). Estariam pois nesse grupo, num futuro préximo, as atividades hoje classificadas como “CAls incompletos* (por terem ligagdes especificas apenas & frente, com as agroindistrias processadoras), caso das or porto oo ssa caracorsic bascament inaiedoras oe acorn GRAZIANO DA SILVA, J. A, qual reforma agra? Revi Campinas, 1711, 1987. sons igndae ao sorte ‘tanavieia 29 Campos flo de Janet, os einurous verdes prince as grandes cgador, ste. (© Or Cate complatoe specticas 2am fibras naturais (algoddo, por exemplo), das frutas (laranja para suco) parte dos gréos (arroz comum) das oleaginosas (amendoim) e dos legumes (tomate, ervilha @ outros produtos usados em conservas). 0 mesmo, entretanto, no se pode dizer das “atividades moderni- zadas", aquelas que dependem do fornecimento de méquinas e insumos exira-setoriais, sem, no entanto, estabelecerem soldagens especificas nem para frente, nem para tris, ou seja, sem se constituirem em complexos agroindustriais propriamente ditos. As tendéncias nas relagées socials podem nao pa- recer, & primeira vista, tao claras como as apontadas paraas estruturas produtivas. Issose deve basicamente a cutra especificidade do proceso de modernizagéo da agricultura, que além de desigual, como ja foi destaca- do, é também relativamente lento se comparado ao de- senvolvimento industrial. Ou seja, ele repde (ou redeti- ne, se se preferir) formas aparentemente |d superadas da produgao ao longo do préprio desenvolvimento capi- talista, Mas as tendéncias anteriormente assinaladas quanto & consolidago dos CAls - ou seja, maior concentragao da producao e centralizacao dos capitais conjugados a maior integragao para trés coma industria fornecedora de insumos, mquinas e equipamentos ¢ com segmentos modernos do setor servigos - respon- dem também por um processo crescente de subordi- nagao do trabalho ao capital. Por isso, se de um lado deve-se assinalar um inegavel processo de proletari- zagdo, de outro pode-se apontar também, dentro do espectro de diferenciagao do campesinato, a recriagao de produtores familiares que se tecnificam crescente- mente, sem todavia conseguirem escapar da sina de continuarem a ser pequenos produtores. Essas tendéncias gerals deverao no apenas continuar, mas também se acentuar até o final do sé- culo. Quanto ao processo de proletarizago, espera-se primeiro a continuidade dessa puriticacao das relacdes do trabalho assalariadas (7) através da expropria- aia tanto 9 ent” (groin processadora) coma “pratensis Isinacedora deinumoe, magulngs« eouipamenta). Eo casa da sviculsa, do das earmos. da Sead igs, do mito fibro, 36 ios ue fspundem pense prove ao apenae na Hardest. como em gorl se Pensa). © nove Impul sisagas da conalta iclsive das eur raicas). com’ avo 28 peta as pousiicedce aborts Polo esenvolumento da * Aputiteapae das otagsee aetna, namecida am qu liming oe papsmentce J foiga de trabalho = morada,lonha, aceze0 2 hora pare o iSosebagriclse Ot

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