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Na guerra de 5ª Geração com arco e flecha? Tecnologia e mulheres — segurança ou


POR ARAM AHARONIAN
controle? | COTO.NET #3
– ON 30/10/2018
CATEGORIAS: COMUNICAÇÃO, DESTAQUES, GEOPOLÍTICA, INTERNET, MUNDO
Tecnologia e mulheres — s…

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Nossa livraria online

O Minotauro Global
A verdadeira origem da crise
nanceira e o futuro da
economia global
Uso maciço da internet, para bloquear o debate político, é só o
Autor: Yanis Varoufakis
começo. Há agora um gigantesco arsenal de controle e manipulação, Por R$ 50,00 (PRÉ-VENDA)
para o qual esquerda está desatenta
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Por Aram Aharonian | Tradução: Inês Castilho


O Bem Viver
Uma oportunidade para imaginar
Em todo o mundo, uma imensa variedade de órgãos governamentais e outros mundos
partidos políticos estão explorando as plataformas e redes sociais para
Autor: Alberto Acosta
difundir desinformação e lixo em forma de notícia; exercer a censura e Por R$ 30,00

o controle; minar a confiança na ciência, nos meios de comunicação e Compre


nas instituições públicas.

O consumo de notícias é cada vez mais digital, e a inteligência Aos nossos amigos
Crise e insurreição
artificial, a análise de Big Data (que permite à informação interpretar-
se a si mesma e adiantar-se às nossas intenções) e os algoritmos da Autor: Comite Invisivel
De R$ 32,00 por R$ 27,00
“caixa preta” são utilizados para por em prova a verdade e a confiança,
as pedras angulares da chamada sociedade democrática ocidental.
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São muito poucos os donos da infraestrutura que possibilita o uso da


internet em todo o mundo, e também os serviços nela fornecidos. A
propriedade dos cabos de fibra subaquática, as empresas que
hospedam e controlam o NAP (o principal hub das Americas), grandes
centros de dados como Google, Facebook, Amazon, ou os chamados
“serviços em nuvem” como Google Drive, Amazon, Apple Store,
OneDrive, são controlados por corporações transnacionais, em sua
maioria com capitais estadunidenses. Hoje, das seis principais
empresas listadas em Wall Street, cinco estão na categoria ICT
[Information and Communication Technology] : Apple, Google,
Microsoft, Amazon e Facebook.
Campo popular: aggiornar a luta

O mundo está em constante mudança, muitas vezes no ritmo da


tecnologia, e parece que a esquerda, os movimentos e meios populares
de comunicação, nos empurram para lutar em campos de batalha
equivocados ou já ultrapassados, brandindo slogans que não têm
relevância neste novo mundo.

Enquanto isso, as corporações midiáticas hegemônicas desenvolvem


suas estratégias, táticas e ofensivas em novos campos de batalha, onde
se luta com novas armas, onde a realidade não importa, no que talvez
já nem se trate da guerra de quarta geração — a que ataca percepção e
sentimentos, e não raciocínio — mas uma guerra de quinta geração,
em que os ataques são maciços e imediatos por parte de megaempresas
transnacionais, que vendem seus “produtos” (como espionagem) aos
Estados.

Hoje deveríamos estar mais atentos à integração vertical dos


provedores de serviços de comunicação com empresas que produzem
conteúdo, com a chegada dos conteúdos diretamente aos dispositivos
móveis; à transnacionalização da comunicação, convertendo a
informação em campanhas de terrorismo midiático… enquanto nós
apenas denunciamos quão fácil está converter a democracia em
ditadura manipulada por grandes corporações.

Deveríamos estar atentos aos temas da vigilância, manipulação,


transparência e governança da internet, ao vídeo como formato que irá
reinar nos próximos anos, estar atentos ao fato de que os televisores
estão se convertendo em mais uma tela onde chegam conteúdos
manipulados pelas grandes corporações.

Mas, no campo popular, continuamos reclamando a democratização da


comunicação e informação, acreditando que a distribuição equitativa
das frequências de rádio e televisão entre setores público, comercial e
popular pode significar o fim da concentração midiática. Estamos
empenhados em guerras que já não existem – quando o campo de
batalha está na Internet, no Big Data, nos algoritmos, na inteligência
artificial.

Cansa a insistência discursiva ancorada no passado e agenda


desenhada em países centrais, que não incluem nossas realidades.
Insiste-se na necessária renovação da esquerda, na necessária busca de
novos caminhos – nas catarses coletivas de seminários, fóruns,
reuniões, conciliábulos, escritos. Mas não se buscam soluções
específicas ao isolamento e endogamia de nossos sites populares,
alternativos às mensagens hegemônicas, comunitárias, populares.

Esses temas não estão na agenda dos movimentos, dos partidos nem
dos governos (inclusive progressistas), mais preocupados em seguir
com a satanização das novas tecnologias, com a denunciologia, do que
em definir estratégias e linhas de ação. Hoje, os governos da
restauração conservadora disparam contra a Unasul, que em seu auge
não conseguiu concretizar um canal próprio de fibra óptica – que ao
menos faria cócegas no controle das megacorporações. Hoje, o cenário
digital pode converter-se numa via para a reconexão do progressismo
com suas bases, em particular os jovens, o que significa dizer o futuro.
Não se avançou, porém, numa agenda de comunicação comum, nem
tampouco em temas estratégicos para o futuro da soberania tecnológica
como governança da Internet, copyright, inovação, desenvolvimento
de nossas indústrias culturais.

Fala-se de novos caminhos, mas poucos parecem dispostos a percorrê-


los, porque por certo afetam sua identidade, sua memória e sua vida.
Insiste-se em denunciar a desinformação, a informação lixo, o
terrorismo midiático (temos doutorados em denunciologia e
lamentação). Mas não nos preparamos para aprender a usar novas
ferramentas, as novas armas de uma guerra cultural ciberespacial.
Talvez o problema não seja formular, mas ter ouvidos dispostos a
tentar, diz o humanista Javier Tolcachier.

Cada site de mídia e/ou organizações sociais dirige suas mensagens a


uma audiência limitada, aos que já estão convencidos de sua
mensagem, numa ginástica endogâmica, sem definir uma agenda
própria, latino-americanista, em defesa dos direitos humanos e dos
trabalhadores, uma linha editorial que possa unificá-las e então entrar
com força na guerra cultural, na batalha das ideias.

Suas linguagens – falamos em geral, e por isso merecem destaque os


esforços de midiativismo do Mídia Ninja, do Facción ou Emergentes,
por exemplo – não se adequam ao momento histórico, cultural nem
tecnológico. Estão ancorados na denunciologia, sem tornar visíveis as
lutas, os anseios dos povos ou sociedades que pretendem representar.

O informe de Oxford

Um informe de Samantha Bradshaw e Philip Howard, pesquisadores


da Universidade de Oxford (Challenging Truth and Trust: A Global
Inventory of Organized Social Media Manipulation), confirma que a
manipulação da opinião pública nas plataformas de mídia social
converteu-se numa ameaça à vida pública.

Em 2017, o primeiro inventário das tropas de ocupação cibernética


globais, realizado por esses pesquisadores, jogou luz sobre a
organização mundial da manipulação dos meios de comunicação social
por governos e atores de partidos políticos. Esse ano, revela as novas
tendências de manipulação organizada das mídias, e as crescentes
capacidades, estratégias e recursos em que se apoia, com evidências de
campanhas de manipulação organizada dos meios em 48 países, 20 a
mais que no ano anterior.

Em cada país, constatou-se que um partido político ou agência


governamental, ao menos, usava os meios de comunicação social para
manipular a opinião pública nacional. Isso ocorre em países onde os
partidos políticos disseminam desinformação durante as eleições, ou
onde a institucionalidade sente-se ameaçada por notícias lixo e
ingerência estrangeira nos assuntos internos e desenvolve suas próprias
campanhas de propaganda cibernética.

Numa quinta parte desses 48 países, sobretudo nos do sul global,


foram encontradas evidências de campanhas de desinformação
operando em aplicativos de chat como WhatsApp, Telegram e
WeChat. A manipulação das redes é um grande negócio, e governos,
fundações, ONGs e partidos políticos gastaram mais de 500 milhões de
dólares em pesquisas, desenvolvimento e implementação de operações
psicológicas e manipulação da opinião pública através da Internet.

Em alguns países isso inclui “esforços para conter o extremismo”, mas


na maioria dos países implica a propagação de notícias lixo e
desinformação durante as eleições, as crises militares e desastres
humanitários complexos.

A Guerra de Quinta Geração

Se a guerra de primeira geração baseia-se em mobilizar a mão de obra,


a segunda no poder de fogo, e a terceira na liberdade de manobra, os
paradigmas mudam substancialmente na Quarta Geração, quando tanto
os recursos empregados como os objetivos e interesses a alcançar
englobam o interesse público como o privado (interesses de
corporações). A ideia principal é que o Estado perdeu o monopólio da
guerra, e as táticas incluem desde o controle armamentista até o
psicológico.

Dada a enorme superioridade tecnológica alcançada na etapa anterior


frente à assimetria de forças entre combatentes, só é concebível o uso
de forças irregulares ocultas que ataquem o inimigo de forma
surpreendente, tratando de desestabilizá-lo e assim provocar sua
derrota, com o uso de táticas de combate não convencionais.

Na Guerra de Quinta Geração (também denominada guerra sem


limites), introduzida desde 2009 como conceito estratégico operacional
nas intervenções EUA-Otan, não interessa ganhar ou perder, mas
demolir a força intelectual do inimigo, obrigando-o a buscar um
acordo, valendo-se de qualquer meio, inclusive sem uso das armas.
Trata-se de uma manipulação direta do ser humano através de sua
parte neurológica (frequências binaurais e componentes dos cristais de
magnetita do cérebro e métodos sobre suas possíveis manipulações).

E os meios de massa e redes sociais são parte integral dessa guerra


para gerar desestabilizção na população através de operações de
caráter psicológico prolongado; busca-se afetar a psique coletiva,
afetar a racionalidade e as emoções, além de contribuir com o desgaste
político e a capacidade de resistência.

E conta-se com mecanismos científicos de controle total, por meio não


só da manipulação de meios massivos de comunicação e informação
concentrados, mas também de sistemas financeiros como o Fundo
Monetário Internacional, o Banco Mundial, o Banco Interamericano de
Desenvolvimento, milhares de fundações e organizações não
governamenais.

Zbigniew Brzezinski, ex-secretário de Estado estadunidense, afirmava


que a chave estava no ataque aos recursos emocionais de um país, por
meio da revolução tecnológica. A tática para manter a desintegração
política na sociedade consiste em criar complexos de inferioridade e
converter-se em referência externa em todos os âmbitos, evitando que
os projetos e modelos coletivos ou alternativos se consolidem em sua
identidade, pois a referência será algo distinto de si mesmos: o mundo
desenvolvido e seu modelo predominante.

Os meios de difusão em massa encarregam-se de condicionar as


mentes nas nações subdesenvolvidas, posto que “o Terceiro Mundo
enfrenta, agora, o espectro das aspirações insaciáveis”, como já
escrevia Brzezinski há 44 anos.

Redes sociais, isolacionistas

As redes sociais são um conjunto de plataformas digitais de recreação


e interação social entre seus diversos usuários, sejam eles pessoas,
grupos sociais ou empresas, que permite enviar mensagens,
comunicação em tempo real e difusão de conteúdo de várias maneiras,
entre os usuários que se encontrem conectados entre si — sejam
“amigos” ou “seguidores”.

A aparição ampla das redes sociais, considera a especialista britânico-


equatoriana Sally Burch, revolucionou nossas sociedades, mas também
causou preocupação porque, como não estão reguladas, são
aproveitadas para a desinformação, a imposição de imaginários
coletivos com a difusão de informação falsa, criando realidades
virtuais distantes das realidades reais, a apropriação de dados pessoais
para fins comerciais e/ou de manipulação política e, inclusive, para
violar a intimidade dos cidadãos, invadir seus espaços de trabalho,
educação, ócio e inclusive socialização.

As redes sociais têm acesso e manipulam dados dos usuários (endereço


de email, número de telefone, interesses, gostos, amigos), gentilmente
proporcionados por eles mesmos através da construção de seus perfis.
Seu maior atrativo é a massividade: a mesma mensagem, informação –
ou a mesma publicidade tácita ou encoberta – pode ser enviada a
milhões de pessoas ao mesmo tempo através de diferentes plataformas
(computadores, tablets, telefones celulares).

Operam com base em algoritmos que organizam a informação para


mostrar-nos mais daquilo que gostamos e menos do que não. Quando
validamos um comentário, uma publicidade ou uma notícia,
retroalimentamos o sistema para que se adapte ainda mais a nossos
gostos pontuais. Já que os algoritmos privilegiam o conteúdo
semelhante ao que escolhemos (com uma “curtida”), restringindo as
oportunidades de receber informação real, não filtrada, em que o
usuário só tem acesso a opiniões semelhantes às suas (um efeito
antidemocrático, sem dúvida), acrescenta Burch.

Por exemplo, um algoritmo usado pelo Facebook baseia-se na


afinidade (número de vezes que um se conecta com outro, publicando
em suas páginas, validando – curtindo – seus conteúdos). Seu peso é a
quantidade de interações que tem uma publicação, e o tempo faz com
que ela vá perdendo o interesse e vá caindo na fila de informações.

As desvantagens das redes sociais apontam para a ruptura com a


presença dos outros, incitando-nos a deixar de socializar pessoalmente,
na construção de sociedades ciberdependentes, nichos onde não tem
espaço o pensamento contrário, a alteridade.

Fim da transparência?

A consultora britânica Cambridge Analytica (CA), que protagonizou


escândalo pelo uso de 87 milhões de dados de usuários do Facebook,
embora tenha anunciado o fim de suas operações, simplesmente
mudou de pele e manterá suas manipulações, ameaçando a
transparência das eleições em vários países, entre eles Argentina,
Colômbia e México.

A empresa britânica culpou as denúncias de manipulação política que


inundaram as mídias internacionais nos últimos meses por sua quebra,
mas o certo (que não diz) é que seus principais ativos já trabalham
numa empresa com fins similares chamada Emerdata Limited, em cujo
conselho de administração figuram vários nomes diretamente
vinculados à própria Cambridge Analítica, como destacou em março o
site Business Insider.

Alexander Taylor foi nomeado diretor da Emerdata em 28 de março,


em substituição ao demitido Alexander Nix, que reconheceu ter
trabalhado em eleições de países de todos os continentes, incluindo
Estados Unidos, Reino Unido, Argentina, Nigéria, Quênia e República
Checa, e teve de afastar-se como resultado de um vídeo gravado pela
televisão britânica, com câmera escondida, onde fez todo tipo de
comentário impróprio, tal como oferecer grandes quantias de dinheiro
a um candidato e tentar extorqui-lo.

Segundo a Business Insider, entre os responsáveis pela Emerdata


aparece Johnson Chun Shun Ko, um executivo chinês do Frontier
Services Group, empresa militar presidida pelo destacado partidário de
Trump Erik Prince, fundador da empresa militar estadunidense
Blackwater e “casualmente” irmão da secretária de educação dos
Estados Unidos, Betsy DeVos, pilar da rede internacional capitalista
Atlas Network.

O Observatório em Comunicação e Democracia afirma que, logo que o


escândalo assumiu dimensão global, o Facebook – principal agente
empresarial envolvido nas mudanças de tendência nas urnas britânicas
(no referendo Brexit) e estadunidenses (eleição de Donald Trump) em
2016 – reconheceu que a consultora britânica havia acessado (ou
comprado?) informação pessoal de pelo menos 87 milhões de usuários,
e a havia utilizado para criar perfis de eleitores.

O Facebook administra mais de 300 milhões de gigabytes em


informação pessoal de seus usuários, um arsenal de perfis que lhe
permite dispor de uma das plataformas online mais importantes do
mundo, indispensável para beneficiar-se de modelos de negócio que
ampliam consumidores e diversificam mercados, ao calor do
crescimento produtivo de robôs e da automação industrial.

Conclusão

Tudo isso acontece apenas duas décadas depois que Sergey Brin e
Larry Page registraram o domínio google.com e onze anos desde que
Steve Jobs apresentou à sociedade, em São Francico, o primeiro
iPhone. Enquanto isso, o Facebook segue criando perfis de usuários e
os algoritmos que a Cambridge Analytica usou seguem à disposição de
quem os queira (e possa) pagar.

É difícil que um único pais tenha capacidade de desenvolver os níveis


necessários de resposta para manter e/ou recuperar a soberania em
algumas áreas, e por isso, imprescindível a soma de vontades políticas
– governo, academia, movimentos sciais – para somar a potência de
negociação em temas básicos como inteligência artificial e big data.
Não há outra saída: demos nos apropriar do big data para poder pensar
em ferramentas libertadoras.

A única forma de lutar nesta guerra de Quinta Geração é colocando-se


em dia em relação à inteligência artificial, à possibilidade de montar
novas plataformas que escapem aos filtros das grandes corporações, à
necessidade de apropriar-se das armas, as ferramentas para poder lutar
nesta guerra cultural, de gerar agendas próprias de acordo com os
interesses de nossos povos.

A corrida por impostos cada vez menores para os ricos ganhou


velocidade nos últimos anos, impulsionada por governos neoliberais e
paraísos fiscais, que permitem a evasão e a elisão fiscal – e estas, por
sua vez, privam os governos dos recursos ncessários para executar
políticas distributivas, agravando ainda mais a desigualdade. Ainda
que esta tenha se reduzido de maneira considerável na América Latina,
está regressando rapidamente.
O problema da sonegação ganhou protagonismo na opinião pública,
nos últimos anos, graças à publicação ampla de nomes de pessoas e
entidades que utilizam empresas e contas offshore em paraísos fiscais,
para evadir o pagamento de impostos. Os Panama Papers, em 2016, e
os Paradise Papers, em 2017, puseram a nu o modus operandi da
evasão fiscal e os personagens que se serviram dela, apontando entre
os evasores os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, o da
Colômbia, Juan Santos, e o do Chile, Sebastián Pinera, além de ex-
candidatos presidenciais como Doria Medina, na Bolívia, e Guillermo
Lasso, no Equador

Mas segundo investigadores latinoamericanos, a publicação dos


Panama Papers obedeceria a uma grande estratégia de Washington
para consolidar sua posição no mundo como um grande paraíso fiscal,
no momento em que enfrenta uma crise grave de liquidez. Com a
publicação dois documentos, o dinheiro passou a buscar um refúgio
em que não possa ser investigado e exibido.

Ariel Noyola, investigador da Universidade Nacional Autônoma do


México (Unam) afirma que este dinheiro irá parar em qualquer dos
quatro paraísos fiscais que os Estados Unidos abrigam: Delawares,
Dakota do Sul, Wyoming ou Nevada. Os principais bancos e fundos
dos EUA são os que alocam seu dinheiro em mais de trinta paraísos
fiscais que há no mundo, há quase meio século.

A mensagem que os Panama Papers emite é clara: senhores


empresários e cidadãos, seu dinheiro não está seguro no Panamá com
paraíso fiscal. Depositem-no nos EUA, para sua segurança. Noyola
chama atenção para o fato de que, na investigação dos Panama
Papers, não apareceram nomes nem de cidadãos, nem de empresas
norte-americanas.

Assim, uma possível interpretação é de que os fundos e a informação


que os EUA mantêm em seus paraísos fiscais são impenetráveis a estas
estratégias de investigação e contrainformação. Delaware, com uma
população de 920 mil habitantes, tem 945 mil empresas registradas.
Wyoming conta com 128 mil “entidades de negócio ativas”, o que
equivale a uma para cada 4,5 cidadãos, apesar de ser o segundo Estado
menos povoado de seu país. Mas os paraísos fiscais dos EUA não
despertam interesse nem dos meios tradicionais de comunicação, nem
do Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo, que vazaram
os Papers.

No entanto, mais além das atitudes pouco leais daqueles que mantêm
contas ou negócios em paraísos fiscais e ao mesmo tempo dirigem os
orçamentos públicos de seus países, são necessários alguns dados
econômicos sobre os prejuízos aterrorizantes que estas instituições
provocam. Os países em desenvolviment perdem centenas de bilhões
de dólares por ano, por evasão e elisão fiscal de grandes empresas
através de paraísos fiscais. Estes concentram grandes fortunas
latinoamericanas. Calcula-se que cerca de 27% da riqueza privada total
da região esteja depositada em países que oferecem benefícios fiscais
para grandes fortunas, o que faz da América Latina a região do mundo
com maior proporção de capitais privados nestas nações – à frente do
Oriente Médio e África (23%) e da Europa Oriental (20%), e anos-luz
adiante da Europa Ocidental (7%), Ásia Pacífico (6%) e Estados
Unidos e Canadá (1%), segundo o Boston Consulting Group, uma das
maiories consultorias estratégicas do mundo. Segundo o FMI, os
países em desenvolvimento são até três vezes mais vulneráveis que os
países desenvolvidos, para os efeitos negativos que a legislação fiscal
de um país tem sobre os demais.
Embora, nos últimos anos, os lucros das grandes transnacionais
tenham triplicado, sua contribuição tributária caiu, passando de 3,6%
do PIB, em 2007, para 2,8%, em 2014, segundo dados da Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o que
fez com que, em 2017, alguns países começassem a tomar medidas
contra a evasão e a enfrentar a queda da tributação.

Especialistas destacam que estabelecer limites legais à evasão fiscal,


aumentar a transperência dos movimentos e de origem dos grandes
capitais e afastar do serviço estatal aqueles que atentam de maneira
irresponsável contra o setor público são algumas medidas necessárias
para que a ofensava contra o Estado, lançada pela direita, não continue
gerando novas vítimas, na forma de desigualdade.

Sobre o mesmo tema:

24/09/2018 19/10/2018 09/07/2018 18/10/2016


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internet livre hackeia a Internet, espírito do ditadura do
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Aram Aharonian
Aram Aharonian é jornalista e comunicólogo
uruguaio. Diretor de SURySUR. Mestre em
Integração. Fundador da Telesur. Preside la
Fundación para la Integración Latinoamericana
(FILA) e dirige o Centro Latinoamericano de
Análisis Estratégico (CLAE, www.estrategia.la)

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