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osit12018, ‘Aste Etémera | Encilopédia tad Cultural Arte Efémera BB Artes visuais “Atwalzado em: 07-02-2017 Definigado ‘Arte efémera é um conceito curatorial utilizado para denominar instalagdes, happenings performances que no tém pretensdo de ser perenes e se opGem as formas mais tradicionais da arte, como a pintura ou a escultura, Um quadro, por exemplo, permanece existindo depois de ser pintado, j4 no happening a arte existe durante 0 periodo em que é realizada pelo artista, podendo ser exposta posteriormente em galerias ¢ museus somente por meio de fotos e videos. A arte efémera nega a ideia de duragao e cristalizagio dos objetos artisticos. No lugar do trabalho projetado ¢ realizado pelo artista, do qual 0 pablico s6 conhe a versiio final, o que de obra, exibido é projeto em processo de realizagao, de forma que a propria noga como objeto plenamente realizado, & posta em xeque. O piblico passa a ter papel ativo nos processos propostos pelos artistas. Em diversas instalagdes a obra depende da interagao com 0 publico. No lugar da contemplagao, vivencia-se um acontecimento. As propostas de arte efémera ampliam os horizontes da obra de arte ao serem realizadas em espagos nao institucionais, como ruas, pragas ¢ parque: a0 utilizarem materiais diversos, como terra, folhas, detritos etc, Valem-se, muitas vezes, do corpo do artista e do piblico. Nas décadas de 1950 a 1970, as artes visuais passam por transformagdes diversas. O movimento neodada, 0 Grupo Fluxus, ¢ 0 misico americano John Cage (1912-1992), entre outros, passam a subverter as manei s tradicionais de realizagao ¢ exposigdo da arte. Se os muscus, no inicio da década de 1960, comegam a abrigar as chamadas instalagdes, os espagos fora das instituigdes de arte transformam-se em locais de manifestagdes antisticas. O grupo Fluxus, fundado pelo artista lituano George Maciunas (1931-1978) e composto da artis plastica japonesa Yoko Ono (1933) e do poeta inglés Dick Higgins (1938-1998), entre outros, evidencia em seus trabalhos a constante mutagdo da natureza ¢ conta com a participagdo de outros artistas ou do piblico em seus procedimentos. Uma de suas ideias principais & a de que a vida pode ser vivida como arte No Brasil, as formas de arte que se encaixam nesse conceito surgem no final da década de 1960 ena década de 1970. Influenciada pelos movimentos attisticos europeus ¢ americanos, parte dos artistas brasileitos passa a questionar escolas e museus e propor novas formas de arte. Soma-se a essa influéncia o cendtio politico do Brasil, em regime ditatorial militar desde 19641, A repressio, a violéncia e a censura no pais geram resposta por parte de um grupo de artistas, cujas obras tém carater contestatério nao apenas em seu contetido, mas também em sua forma. Em 1966, por exemplo, Hélio Oiticica (1937-1980) publica o texto 4 Nova Objetividade Brasileira, no qual afirma nova maneira de fazer arte, chamada pelo artista de antiart. bora 0 texto nao seja um manifesto de movimento especifico das artes plisticas brasileiras, ele expde novos conceitos presentes em trabalhos de diversos artistas contemporaneos de Oiticica, como Luiz Aphonsus Guimaraes (1948), Marcello Nitsche (1942), Wesley Duke Lee (1931-2010), Lygia Pape (1927- 2004), Nelson Leiter (1932), Cildo Meireles (1948) e os portugueses radicados no Brasil Antonio Manuel (1947) ¢ Artur Alipio Barrio (1945) hitplenciclopedia taucutual.org britermos43arte-efemers 18 oarri2018 ‘Asta Etemera | Encilopéca tai Cultural De modo geral, esses artistas tém uma nova postura em relagdo & arte: recusam a obra como contemplagao passiva do espago representado, priorizam o processo de criagao em detrimento da forma final da obra, entendem © momento da arte como campo da experiéncia, partem da ideia de que o homem, por meio da experiéncia artistica, pode sair da alienagdo, realizam trabalhos coletivos e passam a solicitar a participagdo do publico, Dentre esse novo conceito, alguns de seus trabalhos encaixam-se no conceito de arte efémera. Em 1969, por exemplo, Artur Alipio Barrio expde, no Museu de Arte Modema do Rio de Janeiro (MAMIRD), trouxas ensanguentadas no jardim, espago de esculturas consagradas. Em 1970, Barrio apresenta as mesmas trouxas na mostra Do Corpo 4 Terra, organizada pelo critico de arte Frederico Morais (1936), no parque Municipal de Belo Horizonte. Ele espalha também 500 sacos pelas ruas da cidade e depois joga-os no esgoto, espalhando rolos de papel higignico. Essa performance ¢ filmada ¢ seu registro é exposto em Nova York, na exposigdo /nformation, no Museu de Arte Modema (MoMA). Ainda na mostra Do Corpo @ Terra, 0 artista Luiz Aphonsus realiza a obra Napalm, na qual um pedaco grande de pano branco estendido sobre a grama do parque & queimado. Também em 1970, Antonio Manuel participa do Salo Nacional de Arte Moderna entrando nu no museu. Todos esses trabalhos tém duragdo rapida e exibem uma arte que, em vez de ser objeto, é acontecimento. O artista deixa de ter a fungiio de construtor em obras de arte efémera, O critico de arte Frederico Morais, que acompanha de perto os artistas das décadas de 1960 ¢ 1970 no Brasil, afirma que suas propostas so de “desarrumar o arrumado, destrabalhar o trabalhado, destruir o construido™?. Notas 1 A ditadura militar se instaura em 1° de abril de 1964 e permanece até 15 de margo de 1985. Os direitos politicos dos cidados sdo cassados e os dissidentes perseguidos. 2 MORAIS, Frederico (org.). Depoimento de uma geragao: 1969-1970. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1986. Fontes de pesquisa (8) v FREIRE, Cristina (org). Arte conceitual e conceitualismos: anos 70 no acervo do MACIUSP. Sao Paulo: MAC/USP, 2000. AMARAL, Aracy. Arte e meio artistico: entre a feijoada ¢ 0 x-burguer: 1961-1981. So Paulo: Nobel, 1983, ARTE conceitual ¢ conceitualismos: anos 70 no acervo do MAC USP. Curadoria e texto Cristina Freire; texto Walter Zanini, Teixeira Coelho, Martha Wilson; versio em inglés Elizabeth Bjorkstrom Moraes, Thomas Karsten. Sdo Paulo: MAC/USP, 2000. 75 p. DEPOIMENTO de uma geragio: 1969-1970. Curadoria Frederico Morais; texto Francisco Bittencourt, Frederico Morais. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1986. 104 p. FAVARETTO, Celso. A Invengdo de Hélio Oiticica, $40 Paulo: Edusp, 1992. 234 p. (Texto & arte, 6) hitplenciclopedia taucutual.org britermos43arte-efemers 29 osit12018, ‘Aste Etémera | Encilopédia tad Cultural MORAIS, Frederico (org.) Depoimento de uma geragao: 1969-1970, Rio de Janeiro: Galeria de Arte Baner}, 1986. PEDROSO, Franklin (org.).Trinta anos de 68. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1998. TRINTA anos de 68. Curadoria e texto Franklin Espath Pedroso, Pedro Karp Vasquez; verstio em inglés Paulo Henriques Britto; texto Vietor Hugo Adler Pereira. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1998, [56 p., il. p.b. color. Como citar? Para citar a Enciclopéd Itaii Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: ARTE mera. In; ENCICLOPEDIA Itai Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. Sao Paulo: Itai Cultural, 2018. Disponivel em: . Acesso em: 08 de Nov. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 hitplenciclopedia taucutual.org britermos43arte-efemers 39

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