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ESTRELAS QUÂNTICAS

2008-03-02

+ Marcelo Gleiser

Estrelas quânticas

Marcelo Gleiser,
é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover
(EUA) e autor do livro "A Harmonia do Mundo"

Um fenômeno quântico equilibra um objeto do tamanho da


Terra

Dentre as várias manifestações da relação da física do muito


pequeno – átomos e partículas subatômicas - com a física do muito
grande – estrelas, galáxias e o Universo como um todo – nenhuma
talvez seja tão marcante quanto os três tipos de "cadáveres"
estelares, os restos mortais de estrelas, conhecidos como anãs
brancas, estrelas de nêutrons e os misteriosos buracos negros.
Estrelas nascem quando nuvens enormes de hidrogênio entram em
colapso devido à própria gravidade. Como um balão murchando,
elas se tornam cada vez mais densas e menores.

A um certo ponto, a pressão e temperatura na sua região central


atingem os valores necessários para iniciar a fusão nuclear, na qual
os átomos de hidrogênio (na verdade, apenas os prótons em seu
núcleo) juntam-se para formar núcleos de hélio, com dois prótons e
dois nêutrons. Essa transmutação nuclear (um elemento químico
transformando-se em outro) libera uma quantidade gigantesca de
energia: um quilo de hidrogênio fundido em hélio é suficiente para
manter acesa uma lâmpada de 100 watts por um milhão de anos. E
o Sol converte 300 milhões de toneladas de hidrogênio em hélio por
segundo!

Essa fusão desenfreada não pode durar para sempre: um dia o


hidrogênio no centro da estrela acaba. O problema é que é
justamente a energia liberada na fusão que permite que a estrela
sobreviva a si mesma: com tanta massa, sua tendência é implodir.
Quando a fusão começa a falhar, a gravidade -que, como sabemos,
nunca dorme- toma a dianteira e contrai a estrela cada vez mais. A
um certo ponto, a temperatura no centro vai de 15 milhões (a
temperatura de fusão do hidrogênio) a 150 milhões de graus
Celsius. Começa uma nova fusão, dessa vez de hélio em carbono.

O processo continua, com a fusão de elementos químicos cada vez


mais pesados. Quais elementos são fundidos depende da massa da
estrela. O Sol parará no oxigênio. Estrelas com massa ao menos
oito vezes maior continuam até o ferro, quando a fusão termina
abruptamente. A estrela implode violentamente, e suas regiões
externas despencam em direção ao centro, como num prédio
implodido. Ao chocar-se com o centro ultradenso, a matéria da
estrela ricocheteia e voa para o espaço, numa enorme explosão.
Nas estrelas mais pesadas, são essas as explosões conhecidas
como supernovas.

A região central das estrelas sobrevive a esse drama. É ela que


forma um dos três tipos de cadáver estelar. Estrelas pequenas,
como o Sol, formam anãs brancas: objetos com a massa do Sol
mas do tamanho da Terra. Seu equilíbrio vem dos elétrons
aprisionados nos restos da estrela. Bastante anti-sociais, elétrons
não gostam de ter outros por perto. Isso gera uma pressão que
contrabalança a tendência implosiva da gravidade: um fenômeno
quântico equilibra um objeto do tamanho da Terra. Estrelas ainda
mais pesadas espremem os elétrons contra os prótons no centro.

Dessa união são formados nêutrons que, como os elétrons, também


são anti-sociais. Só que, por não terem carga elétrica, os nêutrons
podem ser espremidos um pouco mais, formando objetos com a
massa do Sol e do tamanho de uma montanha: as estrelas de
nêutrons. Se a região central tiver massa maior do que
aproximadamente três sóis, nem os nêutrons conseguem parar o
colapso: ele continua até que a estrela engole a si mesma,
fechando o espaço à sua volta. Nasce assim um buraco negro. Mas
desses falamos num outro dia.
MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth
College, em Hanover (EUA) e autor do livro "A Harmonia do Mundo"

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0203200806.htm

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