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Faculdade de Engenharia
Juiz de Fora - MG
2015
Sumário
1 Teoria da Flexão Oblíqua 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Caracterização da Flexão Oblíqua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Caracterização das Deformações na Flexão Oblíqua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.5 Tensões Normais na Flexão Oblíqua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.5.1 Cálculo com Mn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.5.2 Posição relativa: Eixo de solicitação × Linha Neutra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.5.3 Flexão reta como caso particular da exão oblíqua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5.4 Tensões na Flexão Oblíqua segundo eixos baricêntricos quaisquer . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5.5 Tensões na Flexão Oblíqua com eixos principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.5.6 Diagrama de Tensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.5.7 Vericação da Estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.5.8 Máximo Momento Fletor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.6 EXEMPLO 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Mn u
1.6.1 Cálculo das tensões pela fórmula σx = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
In
1.6.2 Cálculo das tensões a partir dos eixos principais de inércia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.7 EXEMPLO 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.7.1 Geometria das massas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.7.2 Cálculo das tensões máximas utilizando os eixos principais de inércia . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.7.3 Cálculo das tensões pela projeção de M em eixos quaisquer (eixos não principais de inércia) . . 16
1.7.4 Cálculo das tensões pela projeção de M sobre a LN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.7.5 Diagrama de tensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.8 EXEMPLO 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.8.1 Geometria das massas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.8.2 Cálculo das tensões máximas utilizando os eixos principais de inércia . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.8.3 Cálculo das tensões pela projeção de M sobre os eixos baricêntricos (eixos não principais de
inércia) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.8.4 Cálculo das tensões pela projeção de M sobre a LN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
i
ii SUMÁRIO
{ M P1
M P2
P1 P2
M
P P
E D
Figura 3.1: Barra sujeita a esforço axial e dois planos de corte passando pelo mesmo ponto M.
As Figs. 3.2 e 3.3, ilustram, separadamente, cada um dos planos de corte mostrados na Fig. 3.1. A Figura 3.2 ilustra a
distribuição de tensões p sobre o plano de corte vertical P1 . Esses planos de corte, denominados de P1 e P2 , pertencem
a um conjunto de cortes particulares, cujas normais são paralelas às faces laterais da barra. Outros planos de corte
diferentes destes existem e não estão sendo considerados no presente estudo.
P1 S
p
M
D1 P
37
38 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
M
D2 P
Para cada um destes cortes, assumindo uma distribuição de forças por unidade de supercie, S e S1 , de p e p1 temos
a seguinte identidade: Z Z
P = pdS = p1 dS1 (3.1)
S S1
A Fig. 3.4(b) ilustra a decomposição de p1 nas direções normal e paralela ao plano de corte P2 . Denotamos, assim, as
componentes de p1 : e
e
σn → projeção de p1 sobre o vetor normal N
→
e
τt1 Projeção de p1 no plano de corte
Logo, podemos escrever que p1 = σn N + τt1 t, onde N e t são unitários das direções normal e paralela ao plano de
(X
Fx = 0 ⇒ P − σn S1 cos α − τt1 S1 senα = 0
X
Fy = 0 ⇒ σn S1 senα − τt1 S1 cos α = 0
onde S1 é a área da seção transversal denida pelo plano de corte P2 . Sendo S1 = S/ cos α, obtemos:
P 2
σn = S cos α
⇒ σn = σx cos2 α Rel. 1
τ = 1 P sen2α σx
t1 ⇒ τt1 = sen2α Rel. 2
2S 2
Estas relações nos permitem determinar p1 como:
p1 = σx cos α (3.2)
P
com σx = .
S
Conclusões:
a) O valor da tensão normal num plano com inclinação α pode ser determinado a partir do valor da tensão normal
no plano da seção perpendicular ao eixo da peça (σx = P/S ) e pelo ângulo α, de acordo com a Rel.1.
b) Em cada ponto da seção transversal, como visto neste exemplo, existe uma tensão normal e uma tensão tangencial
para cada um dos planos que passam por este ponto.
3.2. TENSÃO: CONCEITO E DEFINIÇÃO 39
c) O valor da tensão tangencial total nestes planos também pode ser determinado em função destes mesmos valores
de acordo com a Rel.1.
e) O problema da estabilidade do equilíbrio para barras sujeitas a esforço normal deve ser modicado e passa a se
enunciar como: a partir dos valores das tensões normal e tangencial atuantes num ponto, segundo várias direções,
qual ou quais desses valores ou quais combinações desses valores devem ser utilizados para que possamos assegurar
a integridade desse tipo de peça estrutural.
Para identicar o que denominamos de estado de tensões no ponto P, procedemos do seguinte modo: separamos o
corpo por um plano π passante por este ponto, como mostrado na Fig. 3.6.
n
Fr ~n ~ t
n
P ~n
t
~n
A P n
Detalhe
Figura 3.6: Corpo separado com distribuição de tensões no corte.
Denimos, então, o vetor tensão total no ponto P, segundo o plano π, como sendo o vetor ρn que atua no elemento
∆Fr
ρn = lim g ∆Fr - Parcela de força sobre o elemento ∆A em torno de P .
f ∆A→0 ∆A g
ρn → Vetor tensão total no ponto P segundo o plano π (com normal n)
f e
Examinando o elemento de área ∆A, visto no detalhe da Fig. 3.6, temos que:
~t 2
t2 n
t1
n ~n
~t1
Figura 3.7: Decomposição de ρn nas direções n, t1 e t2 .
~y
yz
y
yy
yx
x
Figura 3.9: Plano de corte paralelo a xz.
zz ~z
zy y
zx
σxx τxy τxz
σ = τyx σyy τyz
e
e τzx τzy σzz
Estes valores compõem ou denem o Estado de Tensões no ponto P e dizemos que esta matriz descreve o tensor de
tensões que atua no ponto.
- Tensões que atuam nas faces deste cubo cuja normal externa aponta para o sentido positivo dos eixos serão
positivas se apontarem na direção destes eixos.
- Tensões que atuam nas faces deste cubo cuja normal externa aponta no sentido contrário ao sentido positivo
dos eixos serão positivas se apontarem nas direções contrárias a estes eixos.
z z
zz
xx
zy
xy
yx yz
zx
xz yy
xz
yy
zx y yx
yz
xy y
zy
xx
zz
x x
Faces "internas" Faces "externas"
Figura 3.11: Tensões positivas representadas nas faces internas ou externas do cubo sobre o ponto P.
y yx dy
dx
yx +
dz
y
Q
xy dy
P xy dx
yx xy +
x x
z
Figura 3.12: Reciprocidade entre as tensões tangenciais.
P
MP = 0 → O somatório dos momentos, em relação ao ponto P , das forças que atuam neste volume é nulo.
∂τyx ∂τxy
τyx + dy dxdz dy − τxy + dx dydz |{z} dx = 0
∂y | {z } |{z} ∂x | {z }
| {z } Área distância | {z } Área distância
Tensão Tensão
∂τyx 2 ∂τxy 2
τyx dxdzdy + dy dxdz − τxy dydzdx − dx dydz = 0
∂y ∂x
Eliminando os termos de ordem superior e simplicando a expressão acima, tem-se: τyx = τxy .
Analogamente, podemos concluir que : τzx = τxz e τyz = τzy . Logo,
T
σ =σ→ A transposta da matriz σ é igual a ela mesma e podemos escrever que:
e
e e
e e
e
σxx τxy τxz
σ = τxy σyy τyz
e
e τxz τyz σzz
A matriz de tensões σ é simétrica e dizemos que esta matriz descreve o chamado tensor de tensões que atua no ponto
e
e que este tensor é simétrico. Gracamente, constatamos que as tensões tangenciais atuantes em planos ortogonais
e
tem sentidos que são convergentes ou divergentes em relação a aresta interseção destes planos. Obedecem, deste modo,
aos seguintes padrões:
xz = zx
z
ou
x z zy = yz
ou
x
xy = yx
z
ou
z
l = cos
~N m = cos
n = cos
x
Figura 3.13: Cossenos diretores do vetor normal N.
A Fig. 3.14 mostra as tensões atuantes num ponto O e um plano arbitrário cuja normal é o vetor N.
z e
xx
~N (l,m,n)
z
yx xy
yy O xz y B
yz y
zy
x
zx
A
zz
x
Figura 3.14: Prisma de arestas ∆x, ∆y ,∆z , em torno de um ponto.
Nesta Fig. 3.14, é possível vericar que as áreas dos triângulos AOB , BOC e AOC podem ser calculadas a partir da
área do triângulo ABC e dos cossenos diretores l, m e n, a saber:
ΣFx = 0
ou
ρ = σT N
e e e e
44 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
Como σT = σ, chegamos a:
e e
e e ρ = σN
e e ee
podemos escrever:
e e
ρn = σn N + τt t
f e e
onde té um vetor unitário no plano com normal N.
e e
z
~ ~N
t
n
x
Figura 3.15: Tensões normal e tangencial no plano denido por N.
podemos escrever:
e e e
σn = ρ · N
e e
E a tensão tangencial total neste plano pode ser, então, calculada como:
q
τt = |ρ|2 − σn2
e
2 4 3
σ = 100 4 0 0 MPa
e
e 3 0 1
3.4. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO 45
Solução:
Da geometria analítica, temos que o vetor normal ao plano em questão é dado por:
1 1 1
v= 2 e seu unitário N= 2
e 2 3
2
e
ρn = σ N
e e
ee
Obtemos, assim:
100
ρx = (1 × 2 + 2 × 4 + 2 × 3)
3
100
ρy = (1 × 4 + 2 × 0 + 2 × 0)
3
ρz = 100 (1 × 3 + 2 × 0 + 2 × 1)
3
Logo:
ρn = {533, 33 133, 33 166, 67}MPa
f
ou
ρx 2 4 3
1 1 533, 33
ρn = ρy = 100 4 0 0 2 = 133, 33 MPa
3
ρz 3 0 1 2 166, 67
f
100
σn = ρn · N = (16 + 8 + 10)
f e 9
σn = 377, 78 MPa
τn2 = |ρ|2 − σn2
e
√ 100
|ρ| = 256 + 16 + 25 ×
e 3
|ρ| = 574, 46 MPa
e
p
τn = 574, 462 − 377, 782
τn = 432, 76 MPa
2
As forças atuantes na área de 10 mm são:
2
Ftotal = |ρn | · A = 574, 46 MPa × 10 mm
f
Ftotal = 5744, 6 N
2
Fnormal = σn · A = 377, 78 MPa × 10 mm
Fnormal = 3777, 8 N
Objetivo Determinar as tensões σn e τt em planos particulares cuja normal é dada por N = {− cos α senα 0},
conforme indica a Fig. 3.17.
e
46 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
x
F P F
z
Figura 3.16:
y
~N
~n N
~ Normal ao plano de corte
n t
~n
P F x
F .
Plano de t
corte
Figura 3.17:
b) N na direção y
e
N = j (unitário da direção y)
e e
Neste caso, o plano de corte é paralelo ou é o próprio plano xz e
c) N na direção z
e
N =k (unitário da direção z)
e e
Neste caso, o plano de corte é paralelo ou é o próprio plano xy e
Para o primeiro destes planos - yz - quando N = i, o plano de corte é a seção transversal (⊥ ao eixo da peça) usual
do estudo do esforço normal. Para qualquer ponto
e eP desta seção, temos:
F
σxx = ; τxy = τxz = 0
S
onde S é a área da seção.
Logo,
F
ρx = 0 0
e S
3.4. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO 47
Para N = j, os possíveis planos de cortes separam a barra em partes cujo equilíbrio (de cada parte) indica, aponta
e
ou sugere a não existência de tensões normais ao plano de corte ou tangencial (no plano de corte) conforme mostra a
e
Fig. 3.18.
Plano sem
~N = ~j ~ y= 0~
P
F F
Constatamos então, que, para qualquer plano como este, teremos sempre em qualquer ponto P um vetor tensão total
ρy que é nulo:
e
ρy = τyx i + σyy j + τyz k = 0
e e e e e
ou ρy = {0 0 0}
e
Vejamos como ocorre algo similar para os cortes segundo o plano xy , quando N = k:
e e
P Plano sem
~ z= ~0
~N = ~k
F F
xx xx
z
Figura 3.20: Estado de Tensão em todos os pontos da barra sujeita a esforço axial.
Parte II - Cálculo das tensões normal e tangencial nos planos inclinados indicados
Procedemos, a seguir, com a determinação de σn e τt a partir do cálculo de ρN , quando N = {− cos α senα 0} e
ρN = {−σxx cos α 0 0}
e
A tensão σn vale, então:
Parte III - Cálculo das tensões máximas, normal e tangencial neste conjunto de planos inclinados
Determinemos os valores máximos das tensões normais quando variamos α:
dσn
= σxx · 2 cos α(− senα)
dα
dσn
= 0 ⇒ −2 cos α senα = 0 ⇒ sen2α = 0,
dα
α1 = 0
cujas soluções são . Vemos que para σxx > 0 temos:
α2 = π2
d2 σn
<0
dα2
α1 =0
e que
d2 σn
>0
dα2
α2 = π
2
π
Logo, para α1 = 0, temos σnmax e, para α2 = 2 , temos σnmin :
α1 = π4
dτt
= 0 ⇒ cos 2α = 0 ⇒
dα α2 = − π4
e constatamos imediatamente que:
d2 τt π
<0⇒ para α1 = → τt max
dα2 4
α1 = π
4
O vetor tensão total pode ser então obtido a partir da multiplicação do tensor σ pelo vetor normal denido anterior-
e
mente: √ e
2
ρn = σ N α1 = 4 = σxx i
π
f 1 4α = π
e 2
ee e
Inicialmente, determinamos e relembramos como é realizado o procedimento para mudar a descrição de vetores, em
duas dimensões, quando fazemos um giro no sistema de eixos utilizados inicialmente para sua descrição. Assim, dado
dois sistemas de eixos xy e x0 y 0 Q(x, y) de coordenadas xy no primeiro sistema, queremos determinar
e um ponto
as coordenadas deste mesmo ponto no sistema x0 y 0 que está girado de um ângulo α com relação ao primeiro sistema
de coordenadas. Este problema pode ser associado ao problema para obtenção das componentes de um vetor v com
0 0
origem na origem do sistema de eixos e outra extremidade no ponto Q quando adotamos o sistema x y . Em outras
e
0 0 0 0 0 0
palavras, buscamos determinar v , isto é: se v = xi + yj como obter v = x i + y j ?
e e e e e e e
y' y Q (x,y)
~v x'
x
Figura 3.21: Vetor v = v' e Sistemas xy e x'y'
Na Fig. 3.21, v e v 0 designam o mesmo vetor medido nos sistemas xy e x0 y 0 . As relações entre os unitários das direções
0 0 0 0
xy − i, j − e os das direções x y − i , j − podem ser obtidas imediatamente da Fig. 3.22:
e e
ee e e
0
i cos α senα i
0 =
j
e
− senα cos α j
e
e e
50 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
y
j
j' ~
~
~i'
~i x
ou:
i0
i
=R R → matriz 2 X 2
je0 e j
e
e
e e e e
Esta relação invertida nos fornece:
i0 i0
i cos α − senα i
= ou = RT (3.3)
j
e
senα cos α je0 j
e
f je0
e e e f e
O que mostra que, neste caso, R−1 = RT . Matrizes com esta característica são denominadas matrizes ortogonais e
matriz
e de rotação
e e
a matriz R é chamada de
e . A partir destas relações, podemos escrever que,
e
e
v = vx i + vy j e v 0 = vx0 i0 + vy0 j 0 (3.4)
e e e e e e
isto é:
v 0 = Rv
e e
ee
Dai, obtemos imediatamente que
v = RT v 0
e e e e
Extensão para o caso tridimensional - Rotação de vetores no espaço
Sejam os sistemas de eixos xyz e x0 y 0 z 0 mostrados na Fig. 3.23.
z
x ~i
x' y j
~
~k z ~k
~i'
j y
~
~i
x
Figura 3.23: Posição de x' com relação a xyz
e
i0 · j = cos(xd
0 , y) ou 0 , j)
cos(id
e e
i0 · k = cos(xd
0 , z) ou 0 , k)
cos(id
e e
Aqui, 0 , x)
(xd denota o ângulo entre x0 e x ≡ ângulo entre i0 e i. Escolhendo outros dois eixos y0 e z0 perpendiculares a
0
x, teríamos:
e e
j 0 = ly0 x i + ly0 y j + ly0 z k
e e e e
onde:
v = RT v 0
e e e e
Para obtermos as componentes de v0 com relação às componentes de v, utilizamos a propriedade de que R−1 = RT
e e e e
(R é ortogonal).
e e
e
Ortogonalidade de R
e
e
e
Esta propriedade decorre da preservação do produto interno quando mudamos de sistema. Sejam u, v em xyz e u0 , v 0
0 0 0
em xyz , temos que:
e e e e
u·v = |u||v | cos θ e
= u0 · v 0 , |u| = |u0 | |v | = |v 0 |
e e e e
u·v já que e
e e e e e e e e
Partindo dessa premissa, temos que:
u·v = u0 · v 0
R u · RT v 0 =
T 0
u0 · v 0
e e e e
e
e e e e e e e
u0 · (RT )T RT v 0 = u0 · v 0
e e e
e e e e
u0 · RRT v 0 = u0 · v 0 ⇒ RRT = I
e
e e ee
e e e e e
ee e
R−1
e e
RT =
e
e e
e
0
onde Ié a matriz identidade. Daí, concluímos que v = Rv
e
e e e
ee
52 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
σ 0 = Rσ RT
e
e e
eeee
e
Esta relação pode ser invertida, fornecendo-nos:
σ = RT σ 0 R
e
e e e ee e e
Estas duas expressões nos permitem passar o tensor de tensões de um sistema a outro.
1 0 2
σ = 100 0 −1 1 MPa
e
e 2 1 0
x0 → 2i + 2j + k
e e e
0
y → i−j
e e
z0 → i + j − 4k
e e e
b) Determinar σ0 referido a x0 y 0 z 0 .
e
e
c) Determinar a tensão tangencial total na face com normal x0 .
Solução:
a) Os unitários das direções x0 y 0 z 0 podem ser obtidos imediatamente:
2i + 2j + k 2 2 1
i0 = √ e e e ∴ i0 = i + j + k
22 + 2 2 + 1 2 e 3e 3 e 3 e
√ √
e
i−j 2 2
j 0 = √e e 0
∴ j = i− j
e 12 + 12 e 2 e 2 e
i + j − 4k i j 4
k 0 = √e e e ∴ k 0 = √e + √e − √ k
e 12 + 1 2 + 4 2 e 18 18 18 e
As tensões pedidas podem ser obtidas a partir das equações abaixo:
σx0 x0 → é a tensão normal no plano cuja normal é N = i0 sendo portanto a projeção de ρx0 sobre x0 (i0 )
e e e e
3.6. TENSÕES PRINCIPAIS 53
τx0 y0 → é a tensão tangencial na direção de y 0 , no plano cuja normal é N = i0 , sendo portanto a projeção de ρx0
0 0
sobre y (j )
e e e
e
τx0 z0 → é a tensão tangencial na direção de z 0 , no plano cuja normal é N = i0 , sendo portanto a projeção de ρx0
0 0
sobre z (k )
e e e
e
0
Determinando ρx0 pela expressão ρn = σ N com N = i
e e e
e e e e
2
1 0 2 3
2
ρx0 = 100 0 −1 1
3
e 2 1 0 1
3
400 100
ρx0 = i− j + 200k
e 3 e 3 e e
0 400 100 2 2 1
σx0 x0 = ρx0 · i = i− j + 200k · i+ j+ k
e e 3 e 3 e e 3e 3 e 3 e
σx0 x0 = 133, 3 MPa
De modo similar, podemos obter τx0 y0 = ρx0 · j 0 e τx0 z0 = ρx0 · k 0 , o que resulta em:
e e e e
τx0 y0 = 117, 85 MPa e τx0 z0 = −165MPa
c) A tensão tangencial total no plano que tem como normal o eixo x0 ou N = i0 pode ser obtida através de suas
componentes τx0 y0 e τx0 z0 da seguinte forma:
e e
q
τt = τx20 y0 + τx20 z0
p
τt = 117, 852 + (−165)2
τt = 202, 76 MPa
→ tensão principal
54 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
σ e = σe e
e
ee e
Logo,
1 0 0
σ e = σe I e, onde I= 0 1 0
e
ee e
ee e
e 0 0 1
| {z }
tensor identidade 3x3
e
σ − σe I e = 0
e
e e
e e e
Esta equação descreve um sistema algébrico homogêneo de equações lineares que, para ter solução diferente da solução
trivial e = 0, requer que:
e e
det σ − σe I = 0
e
e e
e
ou
σxx − σe τxy τxz
τyx σyy − σe τyz =0
τzx τzy σzz − σe
σe3 − I1 σe2 + I2 σe − I3 = 0
onde:
Esta equação possui três raízes reais que são as tensões principais:
Para cada uma destas soluções podemos calcular a direção do plano associada a cada tensão principal. Assim,
σ − σe1 I e1 = 0 ⇒ e1 → determinado
e
e e
e e e e
σ − σe2 I e2 = 0 ⇒ e2 → determinado
e
e e
e e e e
σ − σe3 I e3 = 0 ⇒ e3 → determinado
e
e e
e e e e
3.6. TENSÕES PRINCIPAIS 55
e2 T σ e1 = σe1 e2 T e1
e
e e ee e e
Transpondo ambos os termos:
e1 T σ T e2 = σe1 e1 T e2
e e e e e e
Como σ = σT , vem:
e
e e
e1 T σ e2 = σe1 e1 T e2
e
e e ee e e
Utilizando a relação (b) nesta última equação, obtemos:
e1 T σe2 e2 = σe1 e1 T e2
e e e e
o que resulta em:
e1 T e2 (σe2 − σe1 ) = 0
σe2 6= σe1 ,
e e
Como, em geral, devemos ter que:
e1 T e2 = 0 ⇒ e1 · e2 = 0 logo e1 ⊥e2 !
e e e e e e
Analogamente, podemos provar que:
e1 ⊥e3 e e2 ⊥e3
e e e e
donde conclui-se que as direções principais em torno de um ponto são ortogonais.
Logo,
T
ρn = σ1 l σ2 m σ3 n
f
A tensão normal neste plano vale:
σn = ρn · N = σ1 l 2 + σ2 m 2 + σ3 n 2
f e
Como l2 = 1 − m2 − n2 , podemos escrever:
σn = (1 − m2 − n2 )σ1 + m2 σ2 + n2 σ3
Para determinar os valores máximos (extremos) de σn , utilizamos as relações:
∂σn
= 0 ⇒ 2m(σ2 − σ1 ) = 0
∂m
∂σn = 0 ⇒ 2n(σ3 − σ1 ) = 0
∂n
2
Obtemos como solução: m = 0; n = 0 e l = 1 ⇒ l = ±1. Logo, a direção principal l = ±1 é uma direção na qual o
valor de σn é um extremo, mostrando que σ1 é um destes valores. Podemos eliminar m e n da equação de σn e obter
resultados similares, mostrando que σ1 , σ2 e σ3 são os valores extremos das tensões normais em torno de um ponto.
56 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
Estes valores são, então, denominados de invariantes do tensor de tensões o que resulta que valem as seguintes
relações:
a) Invariância de I1 :
σxx + σyy + σzz = σx0 x0 + σy0 y0 + σz0 z0 = σ1 + σ2 + σ3
b) Invariância de I2 :
σxx σxy σxx σxz σyy σyz
I2 =
σxy + +
σyy σxz σzz σyz σzz
σ 0 0 σx0 y0 σx0 x0 σx0 z0 σy0 y0 σy0 z0
= x x + +
σx0 y0 σy0 y0 σx0 z0 σz 0 z 0 σy 0 z 0 σz0 z0
= σ1 σ2 + σ2 σ3 + σ1 σ3
c) Invariância de I3 :
0 0 0
det σ xyz = det σ x y z = σ1 σ2 σ3
e
e e
e
l2 = 1 − m2 − n2
3.7. MÁXIMA TENSÃO CISALHANTE 57
Assim, obtemos:
A determinação dos valores extremos de τ, quando variamos m e n, pode ser obtido a partir da solução do sistema de
equações:
∂τ
=0
∂m
∂τ
=0
∂n
Derivando-se, primeiramente, com relação a m, vem:
∂τ
2τ = −2[(1 − m2 − n2 )σ12 + σ22 m2 + σ32 n2 ](−2mσ1 + 2mσ2 ) − 2mσ12 + 2mσ22
∂m
∂τ
τ = m(σ22 − σ12 ) − [m2 (σ2 − σ1 ) + n2 (σ3 − σ1 ) + σ1 ][2m(σ2 − σ1 )]
∂m
Que igualada a zero nos fornece:
−2nσ1 (σ3 − σ1 )
ou:
(σ3 − σ1 )
2n − m2 (σ2 − σ1 ) − n2 (σ3 − σ1 ) = 0
2
Temos, então, o seguinte sistema de equações não-lineares:
(σ2 − σ1 ) 2 2
m − m (σ 2 − σ 1 ) − n (σ 3 − σ 1 ) =0
2
(σ3 − σ1 ) 2 2
n − m (σ 2 − σ 1 ) − n (σ 3 − σ 1 ) =0
2
2
l + m2 + n2 = 1
m = 0; n = 0 ⇒ l = ±1
Estes são os cossenos diretores de um dos planos principais cuja tensão tangencial é nula, o que nos indica que uma outra
solução deve ser buscada. Assim uma outra solução que satisfaz a primeira destas equações é obtida substituindo-se
m=0 no termo entre colchetes da segunda equação:
(σ3 − σ1 )
− n2 (σ3 − σ1 ) = 0
2
cuja solução é dada por:
√
2 1 2
n = ⇒n=±
2 2
58 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
( √√
2 2
m = 0; l = ± ; n=±
2 2
Cada conjunto destes valores dene um plano bissetor dos planos principais em torno do ponto.
√2
σ1 0 0 ± 2
ρn = σ N = 0 σ2 0 0
√
0 0 σ3 ± 2
f e
ee
2
n √ √ o
ρn = ± 2 2
2 σ1 0 ± 2 σ3
f
Cujo módulo vale:
σ12 + σ32
|ρn |2 =
f 2
A tensão normal neste plano é dada por:
σ1 + σ3
σn = ρn · N = σ1 l 2 + σ2 m 2 + σ3 n 2 =
f e 2
τ 2 = |ρn |2 − σn2
f
2 2
2 2
σ1 + σ3 σ1 + σ3
τ2 = −
2 2
σ1 − σ3
τ =±
2
√ √
2 2 σ2 − σ3 σ2 + σ3
Para: l = 0; m = ± ;n = ± ⇒ τ =± e σm =
2 2 2 2
√ √
2 2 σ1 − σ2 σ1 + σ2
Para: n = 0; l = ± ;m = ± ⇒ τ =± e σm =
2 2 2 2
3.8. TENSÕES OCTAÉDRICAS 59
A Fig. 3.24 ilustra 4 desses planos e o plano octaédrico referente a N 1oct ( 1o quadrante). O tensor de tensões referido
3
e
Os eixos 1, 2, 3 desta
1
principais em torno do ~Noct
ponto
2
1
Figura 3.24:
O cálculo da tensão total octaédrica no plano com N 1oct pode então ser obtida:
e
ρoct
n = σ N oct
1
e e
e e
√3
√3 σ 1
σ1 0 0 √3
ρoct
n = 0 σ2 0 3 = σ2
√3 3
0 0 σ3 σ2
e
3
3
60 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
resultando em:
σ1 + σ2 + σ3
σnoct =
3
Como σ1 + σ2 + σ3 é um invariante do tensor de tensões, podemos armar que:
Vericação : pela invariância da soma da diagonal principal do tensor de tensões, temos que:
σ1 + σ2 + σ3
0 0
3
σ1 + σ2 + σ3
σh = 0 0
3
σ1 + σ2 + σ3
f
0 0
f
3
e
σD = σ − σh
f e
e f
f f
Obs: A parcelaσh é responsável pela variação de volume, enquanto a parcela σD , chamada de tensor desviador,
f f
é responsável pela mudança de forma, como se verá no estudo das deformações.
f f
σxx τxy τxz
Concluindo, podemos armar que, se σ = τyx σyy τyz , então:
e
e τzx τzy σzz
1 0 0
σxx + σyy + σzz
σh = 0 1 0
3
f
f 0 0 1
e
σxx − p τxy τxz
σxx + σyy + σzz
σD = τyx σyy − p τyz com p=
3
f
f τzx τzy σzz − p
Solução:
a) Montagem e representação do estado de tensões dado:
200 100 300
σ = 100 0 0 MPa
e
e 300 0 0
1 0 0
I= 0 1 0 → Tensor identidade
e
e 0 0 1
Logo:
200 − σe 100 300
det 100 0 − σe 0 =0
300 0 0 − σe
I3 = det σ = 0
e
e
Logo, a equação característica é dada por:
Para o cálculo das direções principais, utilizaremos aproximações para σe1 e σe3 fazendo σe1 = 432 MPa e
σe3 = −232 MPa, apenas para facilitar as contas aqui apresentadas.
c.1) Para a primeira tensão principal σe1 = 432 MPa, a direção e1 dada pelos cossenos diretores l1 , m 1 e n1
deve satisfazer a:
e
σ − σe1 I e1 = 0 → Sistema de equações singular
e
e e
e e e
Isto é:
200 100 300 1 0 0 l1 0
100 0 0 − 432 0 1 0 m1 = 0
300 0 0 0 0 1 n1 0
432
l1 = n1
300
100
m1 = n1
300
2
como l1 + m21 + n21 = 1:
2 2
432 100
n1 + n1 + n21 = 1
300 300
l1 = ±0, 806
n1 = ±0, 560
m1 = ±0, 1865
e1 = +0, 806i + 0, 1865j + 0, 560k
e∗ e
e1 = −0, 806i − 0, 1865je − 0, 560k
e e
e e e e
∗ ∗
No entanto, observe que e1 = −e1 e que os planos normais a e1 e a e1 são os mesmos. Ou seja, tanto e1 quanto e∗1
denem o mesmo plano normal a estes vetores!
e e e e e e
100l1 + 0n1 = 432m1
300l1 − 432n1 = 0m1
2
como l1 + m21 + n21 = 1:
2 2
(4, 32m1 ) + m21 + (3m1 ) = 1
l1 = ±0, 806
m1 = ±0, 1867
n1 = ±0, 560
64 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
e1 = +0, 806i + 0, 1867j + 0, 560k
e e∗
e1 = −0, 806i − 0, 1867je − 0, 560k
e e
e e e e
Observe que diferenças no 4o algarismo signicativo (em m1 ) devem-se a aproximações usuais nestes casos.
−432m1 + 0n1 = −100l1
0m1 − 432n1 = −300l1
100 300
Da 1a temos : m1 = 432 l1 . Da 2a , obtemos : n1 = 432 l1 .
2
Usando l1 + m21 + n21 = 1:
2 2
100 300
l12 + l1 + l1 =1
432 432
m1 = ±0, 1865
l1 = ±0, 806
n1 = ±0, 560
2
com l2 + m22 + n22 = 1, obtemos:
02 + (−3n2 )2 + n22 = 1
i j k
e3 = l1 m1 n1 ou
e e e
e l2 m2 n2
3.10. EXEMPLOS NUMÉRICOS 65
m n1 i − l1n1 l1 m1
e3 = 1
j + k
e m2 n2 e l2 n2 e l2 m2 e
0, 1867 0, 560 0, 806 0, 560 0, 806 0, 560
e3 = i − j + k
e −0, 949 0, 316 e 0 0, 316 e 0
−0, 949 e
3.10.2 Exemplo 6
Idem ao Exemplo 5 para o tensor de tensões mostrado abaixo.
200 100 0
σ = 100 0 0 MPa
e
e 0 0 300
Equação característica:
3 2
σee − I1 σee + I2 σee − I3 = 0
3 2
σee − 500σee + 50000σee + 3000000 = 0
Identicamos na terceira linha da matriz de tensões que a única tensão não nula no plano onde atuam , τxz , τyz
e σzz é esta ultima o que caracteriza este plano como um plano principal e esta tensão como uma tensão principal.
Logo podemos fatorar a equação característica do terceiro grau de modo que utilizando o algoritmo de Briot Runi,
obtemos:
2
σee − 200σee − 10000 = 0
200 ± 282, 84 σee2 = 241, 42 MPa
σee =
2 σee3 = −41, 42 MPa
σ11 = 300MPa
σ22 = 241, 42MPa
σ33 = −41, 42MPa
-Direções principais -
1a direção: l1 , m1 , n1
200 − 300 100 0 l1
100 0 − 300 0 m1 = {0}
0 0 300 − 300 n1
−100l1 + 100m1 = 0 ⇒ m1 = l1
100l1 − 300m1 = 0
66 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
100l1 = 300m1 → l1 = m1 = 0
l12 + m21 + n21 =1 → n1 = ±1 → e1 = k
e e
eT1 · σ · e1 = 300 MPa
e e e e
2a direção: l2 , m2 , n2
200 − 241, 42 100 0 l2
100 0 − 241, 42 0 m2 = {0}
0 0 300 − 241, 42 n2
−41, 42l2 + 100m2 = 0
100l2 − 241, 42m2 = 0
58, 58n2 = 0 ∴ n2 = 0
m2 = 0, 4142l2
l22 + m22 + n22 = 1
l2 = ±0, 924
l22 + 0, 1716l22 = 1 ∴
m2 = ±0, 383
e2 = 0, 924i + 0, 383j
e e e
eT2 · σ · e2 = 241, 42 MPa
e e e e
3a direção: l3 , m3 , n3
200 + 41, 42 100 0 l3
100 0 + 41, 42 0 m3 = {0}
0 0 300 + 41, 42 n3
241, 42l3 + 100m3 = 0
100l3 + 41, 42m3 = 0
341, 42n3 = 0 ∴ n3 = 0
e3 = 0, 383i − 0, 924j
e e e
eT3 · σ · e3 = −41, 42 MPa
e e e e
3.11. APLICAÇÃO AO CASO DO ESTADO PLANO DE TENSÕES 67
3.11.1 Introdução
No ínicio deste capítulo sobre o estudo do estado triaxial de tensões e no Exemplo 2, abordamos um estado de tensões
simples denominado estado uniaxial de tensões (assim denominado por possuir apenas uma tensão normal não nula
quando utilizamos um sistema de eixos conforme o escolhido e apresentado em ambas situações). Mostramos nesse
caso como a tensão normal σn variava com a normal ao corte considerado (dada por sua inclinação α ou ϕ em cada
um dos casos citados). Por outro lado, na seção imediatamente anterior a esta, abordamos o caso geral do estado de
tensões num ponto, apresentando como esta mesma tensão normal σn varia com a direção de um plano corte qualquer,
sendo este denido pelos cossenos diretores do vetor normal.
Tratamos, agora, de um caso particular denominado de estado plano de tensões que ocorre, por exemplo, numa
chapa - corpo plano com pequena espessura - cuja hipótese de carregamento inclui somente cargas externas aplicadas
no seu plano médio. Se tomarmos o eixo z como sendo normal a este plano médio, este seria o plano xy , não existindo,
por hipótese, cargas nas faces desta chapa ou perpendiculares ao seu plano médio. Assim, é razoavel admitir que só
existam tensões σxx ; τxy ; e σyy . A Fig. 3.25 ilustra esta situação.
~q (x,y)
Figura 3.25: Peça em estado plano de tensões
Outra possível ocorrência de um estado plano de tensões ocorre quando todos os pontos de um corpo 3D estão
submetidos a um estado de tensões, conforme uma das três possibilidades mostradas na Fig. 3.26. Nesta gura estão
também indicados os tensores de tensões e as representações planas em cada caso particular.
Plano sem z y
yy
xy
[ ]
xx 0
xy
xx
~ xy 0
yy y
0 0 0 x
x
(a)
z z
zz
xz
[ ]
xx 0 xz
~ 0 0 0 xx
xz 0
y
zz x
Plano sem
x
(b)
z
z zz
yz
[ ]
0 0 0
0 yy yz Plano sem yy
~ 0 yz zz y
y
x
(c)
σxx τxy 0
σ = τxy σyy 0
e
e 0 0 0
O vetor normal N pode ser escrito segundo a representação ilustrada na Fig. 3.27.
e
N= lx ly lz = cos α senα 0
e
onde α é o ângulo formado entre N e o eixo x.
e
y
~N
x
xy
P x
xy
y
Figura 3.27:
Temos, então:
ρnx σxx τxy 0 cos α
ρny = τxy σyy 0 senα
ρnz 0 0 0 0
ρnx = σxx cos α + τxy senα
ρny = τxy cos α + σyy senα
ρnz = 0
Como:
1 + cos 2α
cos2 α =
2
sen2 α = 1 − cos 2α
2
3.11. APLICAÇÃO AO CASO DO ESTADO PLANO DE TENSÕES 69
Chegamos a:
q
τn = ρ2nx + ρ2ny − (ρnx cos α + ρny senα)2
Elevando ambos os membros ao quadrado e expandindo os termos entre parêntesis, temos que:
τn = (τxy cos α + σyy senα) cos α − (σxx cos α + τxy senα) senα
= τxy cos2 α + σyy senα cos α − (σxx cos α senα + τxy sen2 α)
σyy − σxx
τn = sen2α + τxy cos 2α (3.7)
2
σxx τxy
σ= ,
e τxy σyy
e
a equação característica que permite calcular as tensões principais escreve-se como:
det σ − σe I = 0
e
e e
e
1 0
onde σe é a tensão principal e Ié o tensor identidade de segunda ordem →I= .
e e 0 1
e e
Ficamos, então, com:
σxx − σe τxy
=0
τxy σyy − σe
2
(σxx − σe )(σyy − σe ) − τxy =0
Para a determinação do valor de σn no plano com α dado pela solução da equação trigonométrica acima,
construimos o triângulo mostrado na Fig. 3.28.
2
4 xy
2
yy
)
2 xy
( xx
2
xx yy
Figura 3.28:
Onde:
2τxy (σxx − σyy )
sen2α = q e cos 2α = q
(σxx − σyy )2 + 4τxy
2 (σxx − σyy )2 + 4τxy
2
Isto mostra que as tensões principais são os valores extremos (máximo e mínimo) entre todas as tensões normais
atuantes num ponto.
A determinação dos extremos é feita a partir do triângulo mostrado na Fig. 3.29 (similar ao apresentado
anteriormente):
2
4 xy
2
yy
)
( xx yy )
( xx
2
2 xy
Figura 3.29:
3.11. APLICAÇÃO AO CASO DO ESTADO PLANO DE TENSÕES 71
Onde:
−(σxx − σyy ) 2τxy
sen2α0 = q e cos 2α0 = q
(σxx − σyy )2 + 4τxy
2 (σxx − σyy )2 + 4τxy
2
2τxy
tg(2α0 ) =
σxx − σyy
σxx − σyy
tg(2α0 0 ) = −
2τxy
tg(2α0 ) tg(2α0 0 ) = −1
Elevando cada um dos termos das igualdades anteriores ao quadrado e somando-os obtém-se:
2
σxx − σyy
(σn − σm )2 + τn2 = 2
+ τxy
2
v !2
u
u σxx − σyy
Chamando σn = σ ; τn = τ e R= t 2 ,
+ τxy chegamos a:
2
(σ − σm )2 + τ 2 = R2
σxx + σyy
que é a equação de uma circunferência no plano (σ, τ ) com centro sobre o eixo σ no ponto σ = σm = e cujo
2
raio é o valor de R acima descrito e como mostra a Fig. 3.30.
n
M
n max R
C
min = 3
n = xx + yy
2
max= 1
Figura 3.30:
σ1 − σ3
τmax = R =
2
σ1 + σ3 σ1 − σ3
σ = + cos 2θ
n
2 2
σ1 − σ3
τn
=− sen2θ
2
Estas expressões são obtidas das expressões anteriormente vistas para σn e τn nas quais fez-se σxx = σ1 ,
σyy = σ3 , τxy = 0 e usamos θ no lugar de α. A Fig. 3.31 esclarece o signicado dessas expressões.
~N
principal 3
Plano onde
atuam n e n
1
3 principal 1
Figura 3.31:
3.11. APLICAÇÃO AO CASO DO ESTADO PLANO DE TENSÕES 73
σ1 + σ3
Chamando σm = , σn = σ , τn = τ e elevando ambas as expressões ao quadrado e somando-as, resulta
2
em:
2
2 2 σ1 − σ3
(σ − σm ) + τ =
2
ou
2 2
σ1 + σ3 σ1 − σ3
σ− + τ2 =
2 2
que descreve o mesmo círculo desenvolvido anteriormente, já que:
σxx + σyy = σ1 + σ3
s 2
σ1 − σ3 σxx − σyy 2 =R
= + τxy
2 2
Casos Particulares
Nesta seção, são mostrados alguns casos particulares do círculo de Mohr para o estado plano de tensões.
325,5
3 325,5
1
74 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
Assim, σ1 = σ3 = σ e τ = τmax = 0.
Tri-Círculo de Mohr
Estudamos agora a representação gráca das tensões normal e tangencial num plano qualquer em torno de um ponto
no estado triaxial de tensões.
Tomamos como ponto de partida a hipótese de que conhecemos as direções principais e as respectivas tensões
principais σ1 , σ2 σ3 , isto é:
e
σ1 0 0
σ = 0 σ2 0 → Tensor de tensões referido aos eixos 1, 2, 3 (ou direções 1, 2, 3)
e
e 0 0 σ3
Seja um plano genérico com posição conhecida (com relação a 1, 2, 3) dado por seu vetor normal N de compo-
nentes designadas aqui por l1 , l2 , l3 , como mostra a Fig. 3.32.
e
3
N (l 1 , l 2 , l 3 )
~n ~
1
2
2
3
1
Figura 3.32:
A
As tensões normal e tangencial neste plano são dadas por:
σn
= ρn · N
e e
q
τt = |ρ|2 − σn2
e
Donde obtemos:
σ1 l12 + σ2 l22 + σ3 l32
σn = p
τt = (σ1 l1 )2 + (σ2 l2 )2 + (σ3 l3 )2 − σn2
3 3
~N 3
~N1 ~N 2 ~N
2 2
proj12~N
1 1
Figura 3.33: Plano genérico com l3 =0 (planos k a direção 3 e ⊥ ao plano 1-2)
σn = σ1 cos2 α + σ2 sen2 α
resultando em:
σ1 + σ2 σ1 − σ2
σ = + cos 2α
n
2 2
τn σ2 − σ1
= sen2α
2
e que dá origem a um círculo de Mohr cuja equação é:
2 2
σ1 + σ2 σ1 − σ2
σn − + τn2 =
2 2
σ1 + σ2 σ1 − σ2
com centro em σ= e R = τmax = (ver Fig. 3.34).
2 2
( 1 +
2
2 , 1 -
2
2
)
max R
C
( 1 +
2
2 , 0)
Figura 3.34: Círculo de Mohr com os pares (σn , τn ) para os planos paralelos a direção 3
σ1 l12 + σ3 l32
σn =
p
τt = (σ1 l1 )2 + (σ3 l3 )2 − σn2
σn = σ1 cos2 β + σ3 sen2 β
resultando em:
σ1 + σ3 σ1 − σ3
σ = + cos 2β
n
2 2
τn σ1 − σ3
= sen2β
2
76 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
3 3
~N1
proj13~N ~N ~N 2
~N 3
2 2
1 1
Figura 3.35: Plano genérico com l2 =0 (planos k a direção 2 e ⊥ ao plano 1-3)
2 2
σ1 + σ3 σ1 − σ3
σn − + τn2 =
2 2
σ1 + σ3 σ1 − σ3
com centro em σ= e R = τmax = (ver Fig. 3.36).
2 2
( 1 +
2
3 , 1 -
2
3
)
max R
( 3 ,0 ) ( 1 ,0 )
C ( 1 -
2
3 , 0)
3 1
Figura 3.36: Círculo de Mohr com os pares (σn , τn ) para os planos paralelos a direção 2
Vejamos, nalmente, um último conjunto de planos particulares agora com l1 = 0. Neste caso, teríamos:
σ2 l22 + σ3 l32
σn =
p
τt = (σ2 l2 )2 + (σ3 l3 )2 − σn2
3 3
proj23~N
~N1
~N N 3
~N 2
~
2 2
1 1
Figura 3.37: Plano genérico com l1 =0 (planos k a direção 1 e ⊥ ao plano 2-3)
Para este caso vemos que l2 = cos γ e l3 = senγ , o que nos leva a
σ2 cos2 γ + σ3 sen2 γ
σn =
2
τt = (σ2 cos γ)2 + (σ3 senγ)2 − σn2
resultando em:
σ2 + σ3 σ2 − σ3
σ = + cos 2γ
n
2 2
τn σ2 − σ3
= sen2γ
2
3.11. APLICAÇÃO AO CASO DO ESTADO PLANO DE TENSÕES 77
2 2
σ2 + σ3 σ2 − σ3
σn − + τn2 =
2 2
σ2 + σ3 σ2 − σ3
com centro em σ= e R = τmax = .
2 2
( 2 +
2
3 , 2 -
2
3
)
max
( 2 ,0 )
C ( 2 -
2
3 , 0)
919
3 483,98
2
Figura 3.38: Círculo de Mohr com os pares (σn , τn ) para os planos paralelos a direção 1
Os pontos em cada um dos círculos de Mohr obtidos anteriormente representam as tensão normal e tangencial em
planos particulares conforme visto, isto é:
O que nos indica que, ao círculo 1, para se obter a expressão geral para σn , seria preciso acrescentar na
expressão de σn e τn a parcela σ3 l32 , do mesmo modo que ao círculo 2, precisaríamos acrescentar em σn a parcela
σ2 l22 , e ao círculo 3, precisaríamos acrescentar em σn a parcela σ1 l12 .
É possível demonstrar que os pares (σn , τn ) obtidos a partir de cada uma destas complementações estão na parte
hachurada da Fig.3.39 entre estes três círculos particulares.
2
( l 2 = 0)
Figura 3.39:
78 CAPÍTULO 3. ESTADO TRIAXIAL DE TENSÕES
x, y, z → Ponto genérico do plano π
xp , yp , zp → ponto genérico do plano (P) dado
N = x i + y j + z k → Vetor normal ao plano (não necessariamente unitário!)
n n n
e e e e
~N
P ( xp , yp , z p )
(x,y,z) P
Figura 3.40:
xn x + yn y + zn z + (xp xn − yp yn − zp zn ) = 0
Como a equação genérica do plano é Ax + By + Cz = D, dada esta equação, é possível obter um vetor normal
a este como v = Ai + Bj + Ck (não unitário).
e e e e