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Militar e autor de Os Sertões: Flip 2019 homenageará Euclides da Cunha
Rodrigo Casarin
09/11/2018 18h00

Autor do clássico "Os Sertões", jornalista, engenheiro e integrante do exército nacional, Euclides da Cunha
será o homenageado da edição de 2019 da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que acontecerá
entre os dias 10 e 14 de julho. "A obra de Euclides tem qualidade literária indiscutível, é um clássico
brasileiro que nem sempre é lembrado. É também uma obra de não ficção e esse foi um dos aspectos que
ressaltei sobre a minha curadoria. Finalmente, a obra de Euclides, em especial 'Os Sertões', é de uma
atualidade assombrosa e serve como ponto de partida para debates em diversas áreas", diz Fernanda
Diamant, a nova curadora do evento, em entrevista ao blog.

A biografia de Euclides é marcada por múltiplas atividades. Em 1888, após tentar quebrar a própria*
baioneta durante uma visita do ministro da Guerra em protesto contra a monarquia, foi excluído do Exército,
para onde seria reconduzido após a proclamação da República, no dia 15 de novembro de 1889, e
chegaria ao posto de Segundo Tenente. Nem só de farda viveu, no entanto. Como engenheiro, trabalhou na
construção da Estrada de Ferro Central do Brasil. Como jornalista, fez história escrevendo para "A Província
de São Paulo", mais tarde transformado em "O Estado de São Paulo".

VÓ, A SENHORA É LÉSBICA? LEIA O CONTO QUE CAUSOU POLÊMICA NO ENEM

Pelo jornal que foi para o interior da Bahia no final da década de 1890 cobrir a revolta de Canudos.
Presenciando o massacre que os militares, sob a batuta do Estado, promoveram contra o movimento
encabeçado por Antônio Conselheiro, começou a colocar em xeque suas ideias e a plena fé no governo
republicano. Do trabalho como correspondente e do choque de realidade que presenciou que nasceu "Os
Sertões", clássico da literatura nacional publicado em 1902 e dividido em três partes: "A Terra", "O Homem"
e "A Luta".
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Membro da Academia Brasileira de Letras e também autor de livros como "Contraste e Confrontos" e "Peru
Versus Bolívia", Euclides nasceu em 1866 no Rio de Janeiro, onde morreu em 1909, aos 43 anos, após ser
baleado por Dilermando de Assis. Há tempos que Dilermando vinha tendo um caso com Ana, mulher de
Euclides, que resolveu se vingar dos dois à bala. Fracassou. Ele que acabou levando o tiro fatal e
Dilermando, que agira em legítima defesa, depois foi absolvido por um júri popular. "Sua vida e sua obra
são impressionantemente atuais, podemos tirar delas muitos assuntos para debater: política, filosofia,
história, jornalismo, ciência, racismo, religião, literatura, ecologia, guerra e violência", argumenta Fernanda,
a curadora, sobre sua escolha.

Fernanda Diamant. Foto: Nino Andres.

Por que a escolha do Euclides como homenageado?

A escolha foi feita em primeiro lugar porque a obra de Euclides da Cunha tem qualidade literária
indiscutível, é um clássico brasileiro que nem sempre é lembrado. É também uma obra de não ficção e
esse foi um dos aspectos que ressaltei sobre a minha curadoria. Finalmente, a obra de Euclides, em
especial "Os Sertões", é de uma atualidade assombrosa e serve como ponto de partida para debates em
diversas áreas.

Quais traços da obra e da biografia do Euclides mais chamam sua atenção? Por quê?
Euclides era do exército brasileiro, era engenheiro e jornalista. "Os Sertões" surge do trabalho dele como
correspondente de guerra. Ele é enviado pelo jornal "O Estado de São Paulo" para cobrir a revolta de
Canudos, no interior da Bahia. Vai com convicções políticas sobre a natureza do conflito que vão mudando
conforme entra em contato com a realidade local.

Depois de termos Lima Barreto e Hilda Hilst como homenageados, agora o Euclides, um nome que me
parece bem mais estabelecido em nosso cânone. O que isso simboliza? Sua curadoria da Flip se voltará
mais para a literatura que se aproxima, emula ou segue abertamente a tradição canônica?

A escolha não teve esse critério. Euclides me parece a homenagem ideal nesse momento do Brasil. Sua
obra discute uma série de temas que dizem respeito ao que estamos vivendo. Faz parte do cânone mas
não é um autor popular, então acho que fazer sua obra mais acessível também será importante. Ainda, é
um autor de não ficção, outra característica que considerei.
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LIVRO DE NEY MATOGROSSO TEM AMOR NO QUARTEL E ATAQUE À ONDA CONSERVADORA

Quando você foi anunciada curadora, falou sobre o papel que a não ficção tem e teria em seu trabalho. "Os
Sertões", a grande obra de Euclides, segue essa linha. Essa escolha é mais uma sinalização no sentido de
privilegiar a não ficção?

Quero apenas deixar claro que a ficção também terá bastante espaço na Flip, apenas quero dar mais
espaço para a não ficção.

Aliás, há quem torça o nariz para a literatura de não ficção e pense que a Flip deveria preencher boa parte
das cadeiras de suas mesas com autores de ficção literária – e dando preferência para nomes nacionais. O
que você pensa disso?

Eu não tenho essa impressão, acho que a Flip tem espaço suficiente para os dois gêneros e público idem.
Conheço muitos leitores vorazes que só consomem não ficção de qualidade. Percebo isso também como
editora da [revista] Quatro Cinco Um, que cobre os dois gêneros.

Euclides morreu baleado em uma troca de tiros, após ele mesmo balear um amante de sua mulher. Como
você encara esse episódio final da vida do escritor? Me parece simbólico termos a homenagem a um autor
que morreu numa situação dessas ao mesmo tempo em que o Brasil promete facilitar as leis para que a
população tenha novamente acesso amplo às armas.

Ainda não tinha feito essa associação com a biografia do autor, mas apenas confirma minha tese. Sua vida
e sua obra são impressionantemente atuais, podemos tirar delas muitos assuntos para debater: política,
filosofia, história, jornalismo, ciência, racismo, religião, literatura, ecologia, guerra e violência.

Já tem em mente quais eixos temáticos deverão nortear a Flip do ano que vem?

Todos esses assuntos [mencionados na resposta anterior], espero, terão espaço na programação.

*Atualizado às 12h32 do dia 10/11/2018. Antes o texto informava que Euclides tentara quebrar a baioneta
do ministro, não a própria arma.

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S O B R E O AU TO R

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras
que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

SOBRE O BLOG

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras
com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.

9 Comentários

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Vetão
 16 horas atrás

Grande obra. Merece ser lido por todos. Mostra como o Estado brasileiro pode ser covarde contra a sua própria população. A oposição sendo
vencida à força.
2  Responder 

Ana Claudia P
 3 horas atrás

A "atualidade assombrosa" ela não quis explicar. Atualidade nenhuma. O Brasil viveu um sem número de revoltas e rebeliões locais /regionais
que foram esmagadas. Ponto. A unificação da Alemanha e dos EUA e de todos os outros até a formação dos estados nacionais não se deu sem
lutas, muitas delas bem mais violentas. Isso é História e não tem qualquer atualidade.
1  Responder 

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Página Cinco
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Crânio da computação alerta: rede social está te transformando em um


babaca
Rodrigo Casarin
08/11/2018 10h42
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Não foi fácil passar todo o período da campanha eleitoral vendo pessoas queridas (ou até então queridas)
compartilhando um mundo de bobagens e destilando ignorância e preconceitos diversos principalmente
por WhatsApp e Facebook. Tenho certeza de que não fui o único a ter vivido esse desgosto.

Na mesma semana em que Jair Bolsonaro foi eleito presidente, caiu-me nas mãos um livro que veio muito
bem a calhar (se não para colocar em prática imediatamente o que prega o título, ao menos para refletir): o
recém-lançado "Dez Argumentos Para Você Deletar Agora Suas Redes Sociais" (Intrínseca), de Jaron
Lanier, que há anos se tornou um crítico dos caminhos que a internet tem trilhado.

Cientista da computação, Jaron fundou nos anos 1980 a VLP Research, uma das precursoras da realidade
virtual. Nome dos mais respeitados do Vale do Silício, é autor também de livros como "Bem Vindo ao Futuro"
e "Gadget – Você não é um Aplicativo", já foi apontado pela revista Time como uma das 100 pessoas mais
influentes do mundo e hoje presta serviços para a Microsoft. Ou seja, é alguém um tanto gabaritado para
falar sobre o tema, pode acreditar.

"Como permanecer independente em um mundo onde você está sob vigilância contínua e é
consequentemente estimulado por algorítimos operados por algumas das corporações mais ricas da
história, cuja única forma de ganhar dinheiro é manipulando o seu comportamento?", questiona o autor. A
saída encontrada por Jaron foi deixar as redes sociais, única forma de realmente proteger seus dados
pessoais e ficar distante das manipulações que ele explica ao longo da obra.

VÓ, A SENHORA É LÉSBICA? LEIA O CONTO QUE CAUSOU POLÊMICA NO ENEM

Com estímulos individualizados e continuamente ajustados, as redes sociais, compara, transformam os


usuários em cachorros adestrados. Curtidas, compartilhamentos, comentários, emojis e afins são o biscoito
que cada um ganha quando se porta direitinho nesses ambientes, enquanto seu comportamento vai sendo
mapeado. Os algorítimos, por sua vez, não param de mudar. Estão sempre em busca da melhor maneira de
prender o indivíduo à matilha e, ao mesmo tempo, torná-lo cada vez mais suscetível a diversos tipos de
propagandas – que vão desde de produtos banais até ideologias bizarras.
Além disso, as redes também minam a felicidade das pessoas, diz o autor, o que muita gente por aí
também já deve ter comprovado. "Sua capacidade de conhecer o mundo, de saber a verdade, tem sido
degradada, assim como a capacidade do mundo em conhecê-lo. A política e a economia ultrapassaram os
limites da realidade; a primeira assumiu uma condição assustadora, enquanto a segunda se tornou
insustentável: os dois lados da mesma moeda". Familiar, não?

Olha esse outro trecho, então: "As pessoas estão aglomeradas em grupos paranoicos porque podem ser
mais fácil e previsivelmente influenciadas. A aglomeração é automática, estéril e, como sempre,
estranhamente inocente […]. A paranoia acaba sendo, como de costume, uma maneira eficiente de reunir a
atenção".

Ouvir

Como um exemplo drástico de onde essa paranoia chegou, Jaron recorda do caso nos Estados Unidos em
que uma pessoa disparou tiros em uma pizzaria por acreditar no boato espalhado pela internet de que uma
rede de prostituição infantil operava a partir do porão do lugar. Se antes loucuras do tipo aconteciam aqui e
ali, hoje elas estão cada vez mais frequentes. "A velocidade, o idiotismo e o crescimento exponencial das
falsas percepções sociais têm sido amplificados a ponto de as pessoas com frequência parecerem já não
estar vivendo no mesmo mundo, o real".

Amontoando-se em ambientes onde emoções negativas como o medo e a raiva são as mais amplificadas
porque geraram engajamento de maneira mais fácil, o cientista argumenta que comportamentos tribais
acabam sendo fortalecidos, as pessoas, como já disse, perdem-se enquanto indivíduos e passam a
alimentar um sistema que apela para nossos sentimentos mais primitivos, tudo isso em troca de atenção.
"Sem outra riqueza a ser conquistada além da atenção, as pessoas comuns tendem a se tornar imbecis, já
que os holofotes sempre apontam primeiro para os mais babacas".

ERA DAS FAKE NEWS? ESTAMOS VIVENDO A "ERA DA BURRICE", ISSO SIM

O apelo que Jaron faz – e embasa muito bem ao longo das quase 200 páginas da obra – é bastante
incisivo: "Não conheço você. Não estou dizendo que você pessoalmente está virando um completo imbecil,
mas muitas pessoas estão, e mesmo assim elas parecem acreditar que isso só está acontecendo com os
outros. Eu vi que estava me tornando um babaca na internet e fiquei muito mal, foi assustador. Portanto, o
que eu deveria dizer é algo como 'você corre o risco de se tornar aos poucos um babaca, ou, segundo as
estatísticas, você pode muito bem se tornar um babaca. Assim sendo, não se ofenda, mas, por favor, leve a
sério essa possibilidade".

Eis os dez argumentos contra as redes sociais que o autor destrincha ao longo do livro:

– Você está perdendo seu livre-arbítrio


– Largar as redes sociais é a maneira mais certeira de resistir à insanidade dos nossos tempos
– As redes sociais estão tornando você um babaca
– As redes sociais minam a verdade
– As redes sociais transformam o que você diz em algo sem sentido
– As redes sociais destroem sua capacidade de empatia
– As redes sociais deixam você infeliz
– As redes sociais não querem que você tenha dignidade econômica
–Ouvir
As redes sociais tornam a política impossível
– As redes sociais odeiam sua alma

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