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A combinação de elementos tem forte aplicação


na engenharia

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fevereiro de 2016
Alexandra Alves

A
História sempre testemunhou estudadas e utilizadas atualmente para
a aplicação de materiais com- inspecionar e detectar defeitos em ma-
pósitos. No Egito Antigo, a teriais compósitos, como a termografia,
fabricação de tijolos ilustra uma das pri- radiografia, tomografia, shearografia e o
meiras utilizações dessa combinação de ultrassom (US). Porém, nenhuma delas
elementos. Outro exemplo ocorreu na é capaz de resolver todos os problemas
época do Império Romano, com a cons- de inspeção em campo. Cada ferramen-
trução de espadas medievais, feitas de ta tem suas vantagens e desvantagens.
cobre e outros tipos de metais. Atual- Considero que a shearografia tem exce-
mente, a mistura adequada de elemen- lente potencial para operação em cam-
tos, numa parceria em que uma garan- po’’, explica o pesquisador e especialista
ta a ligação e a outra a força, beneficia na técnica, Daniel Pedro Willemann.
principalmente a engenharia. A com- A shearografia, basicamente, mede
posição de materiais traz ganhos in- deformações. Trata-se de uma técnica Figura 1 A - Corpo de prova plano
discutíveis ao setor, sobretudo conside- interferométrica que utiliza a luz de um fabricado em alumínio e revestido com uma
rando o desempenho das máquinas, que laser para medir defeitos micrométricos camada de material compósito contendo quatro
aumentam a rigidez se tornando, con- na superfície de uma estrutura investi- defeitos internos
sequentemente, mais resistentes à fadiga. gada. “Sua aplicação como END deve-
Na área de inspeção, especificamen- -se ao fato de os defeitos encontrados
te, outra combinação vem dando mui- no interior de uma estrutura compósita
to certo: o uso de Ensaios Não Destru- provocarem padrões de deformação
tivos (ENDs) em materiais compósitos. irregulares na sua superfície. Portanto,
Acompanhe, a seguir, algumas aplica- as imagens resultantes da shearografia
ções bem-sucedidas. mostrarão anomalias que identificarão
O Laboratório de Metrologia e Au- a presença de defeitos na estrutura in-
tomatização da Universidade Federal vestigada’’, acrescenta o pesquisador.
de Santa Catarina (Labmetro), locali- As imagens a seguir dão uma ideia do
zado em Florianópolis, é especializado potencial de inspeção da ferramenta.
em métodos ópticos de medição e, há A Figura 1A mostra um corpo de pro-
dez anos, vem desenvolvendo equipa- va plano fabricado em alumínio e re-
mentos e técnicas para inspeção não vestido com uma camada de material
destrutiva de estruturas compósitas do compósito contendo quatro defeitos
setor de petróleo e gás. “Existem algu- internos (as marcações da Figura 1B in-
Figura 1 B - Resultado da inspeção realizada
mas técnicas de ENDs que estão sendo dicam as posições dos defeitos).
com shearografia

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A Figura 2 (no rodapé) revela a ins- • Revestimentos de costados de na- natural, em uma plataforma de petró-
peção de um corpo de prova fabricado vios e plataformas. leo. O duto com diâmetro nominal de 16
com um segmento de tubo metálico de • Revestimentos internos de grandes polegadas foi revestido com compósito
seis polegadas revestido com material tanques de armazenamento de petró- de espessura aproximada de 17 mm. O
compósito. leo e derivados. sistema de shearografia foi acoplado ao
A Figura 3 (no rodapé) destaca um de- • Tubulações e acessórios fabricados duto por meio de cintas de amarração e
feito interno encontrado no revestimen- inteiramente em material compósito protegido do excesso de luz ambiente e
to compósito de uma tubulação metáli- como, por exemplo, Plástico Reforçado ventos. O carregamento térmico foi uti-
ca de 12 polegadas de diâmetro. com Fibra de Vidro (PRFV). Nessas tubu- lizado nos ensaios e foram detectadas
A shearografia é considerada, pelos lações, encontram-se juntas tipo ponta- pequenas delaminações na borda do
pesquisadores, uma ferramenta de teste -e-bolsa e laminadas. reparo. Os poucos defeitos encontrados
muito prática e robusta quando compa- • Estruturas pultrudadas* como gra- não comprometiam o reparo.
rada a outros métodos de ENDs por ge- des de pisos, guarda-corpos e escadas
rar, como resultado direto, a informação de marinheiro. 2. Testes de linhas em Fibras de Re-
do defeito. “É uma técnica sem contato ‘’As aplicações acima listadas são de forço Polimérico (FRP) de estaleiro
que permite a medição de áreas (não é extrema importância para a indústria As Figuras 5 A e 5 B (na página ao lado)
uma inspeção pontual) e possui altíssi- do petróleo, tornando-se imperioso o mostram o momento da amarração e o
ma sensibilidade, pois é sensível a des- processo de inspeção para garantia da equipamento já acoplado ao spool de 12
locamentos de nanômetros. Essas van- integridade das estruturas e da segu- polegadas para testes em juntas ponta-e-
tagens evidenciam sua grande utilidade rança daqueles que circulam nas suas -bolsa. A variação de pressão foi utilizada
em operações industriais’’, acrescenta vizinhanças. ’’ como carregamento.
Willemann. Conheça, a seguir, algumas inspeções A Tabela 1 (na página ao lado) apre-
Na indústria de petróleo e gás, a shea- com shearografia realizadas pela equipe senta os resultados de oito seções ins-
rografia é aplicada de formas diferentes do Labmetro. pecionadas em uma determinada junta.
para inspecionar materiais compósitos, Apenas um defeito foi encontrado
como: 1. Ensaio em plataforma de pe- (seta indicativa). A área dos retângulos
• Revestimentos compósitos aplica- tróleo marcados sobre as figuras é de aproxi-
dos no exterior de tubulações de aço A Figura 4 (na página ao lado) mostra madamente 145 mm x 60 mm. As Fi-
corroídas e com perda de espessura de o ensaio realizado no revestimento apli- guras 6 A e 6 B (na página 46) mostram
parede. cado em um riser de exportação de gás o resultado ampliado e a marcação do

Figura 2 – Resultado da inspeção de área sem defeito, resultado da inspeção Figura 3


de área com defeito interno e imagem do corpo de prova indicando
a posição do defeito

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Figura 5 A - Fixação do sistema ao duto

Figura 5 B - Sistema pronto para inspeção

Figura 4

Tabela 1 - Resultados obtidos em uma junta ponta-e-bolsa

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local do defeito sobre a junta no mo-


mento da inspeção. Na figura ampliada,
nota-se de maneira mais clara a pertur-
bação causada pelo defeito no padrão
de franjas (linhas claras e escuras), apro-
ximadamente paralelas, esperado para
uma junta sem falhas.

3. Ensaio em revestimento aplicado


a um tanque de armazenamento de
petróleo
Durante uma parada de manutenção, Figura 6 A - Anomalia com Figura 6 B - Indicação da posição da anomalia sobre a
foram realizados ensaios no fundo e aproximadamente 70 mm x 20 mm superfície real no momento da inspeção
costado de um tanque de armazena-
mento de petróleo revestido inter-
namente com material compósito de
espessura 3,5 mm. O carregamento
térmico com uma lâmpada halógena
de 500 W foi novamente utilizado. As
Figuras 7 A e 7 B mostram o momen-
to da inspeção e algumas pequenas fa-
lhas encontradas em uma área de apro-
ximadamente 350 mm x 450 mm.

4. Ensaios em revestimentos aplica-


dos a gasoduto
A Figura 8 A mostra um ensaio realiza-
do em campo sobre o reparo compósito, Figura 7 A - Ensaios em tanque revestido com Figura 7 B - Resultado obtido em uma
com espessura aproximada de 10 mm, material compósito.Equipamento das áreas inspecionadas
aplicado a um gasoduto de diâmetro montado sobre um tripé
de 20 polegadas. O reparo foi colocado
com o objetivo de reforço estrutural em
região de amassamento. As áreas inspe-
cionadas foram de aproximadamente
220 mm x 140 mm cada. Um dos resul-
tados obtidos é mostrado na Figura 8 B
e indica a presença de falhas de adesão
no revestimento. Esse revestimento foi
removido do duto após a realização dos
ensaios com shearografia.
Na indústria de petróleo, gás e ener-
gia, o histórico de falhas com materiais
compósitos é caracterizado predomi-
nantemente por defeitos de montagem
ou problemas durante a aplicação de
Figura 8 A - Ensaio em gasoduto revestido com
revestimentos no campo. É o caso típico material compósito em região de amassamento: Figura 8 B - Resultado obtido
de reparos e revestimentos protetores sistema de shearografia compacto em campo
de compósitos e das uniões entre tubos acoplado ao duto
de materiais compósitos. Nesses casos,

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as condições de aplicação normalmen- atividades tecnológicas de hidrogênio do, são os de caracterização elétrica, in-
te não são favoráveis, aumentando a e sistemas de armazenamento energé- cluindo curvas de polarização, varredura
probabilidade de incidência de defeitos tico, incluindo baterias, células a com- de potencial, interrupção da corrente,
como falhas de adesão (nas interfaces bustível e alguns materiais dielétricos. medidas de condutividade elétrica e,
metal-compósito); delaminações (falhas Muitos desses sistemas são baseados em especial, as técnicas de espectros-
de adesão entre as camadas do compó- ou fazem uso de materiais compósitos. copia de impedância (EI). “Essas técni-
sito); inclusões (presença de bolhas e Pesquisador do Cepel, José Geraldo cas podem fornecer informações bas-
corpos estranhos entre as camadas do Furtado explica que, normalmente, é tante detalhadas acerca das interfaces e
compósito) e regiões de não homoge- necessário caracterizar e avaliar mate- constituintes materiais presentes no
neidade na distribuição das fibras no riais, componentes, dispositivos, equi- compósito, bem como dos mecanismos
compósito. Podem também aparecer de- pamentos e sistemas, sem que, com de transporte de cargas envolvidos, e
feitos na estrutura provocados pelo pro- isso, ocorra a destruição dos mesmos. do comportamento do sistema material
cesso de manufatura dos componentes. “Nessas áreas, as principais atividades como um todo. Também fazemos uso
De forma geral, defeitos em revesti- de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de Termografia, que proporciona im-
mentos e reparos protetores podem estão relacionadas ao aperfeiçoamento portantes informações sobre os perfis
comprometer a eficácia da proteção ou e à otimização dos materiais e disposi- térmicos dos sistemas avaliados, possi-
do reforço estrutural e, se não forem de- tivos, principalmente quanto ao incre- bilitando a identificação de heteroge-
tectados e corrigidos, podem evoluir e mento das densidades de energia e de neidades e falhas. ’’
levar a falhas operacionais, acarretando potência, bem como ao aumento da efi- Na Universidade de Campinas (Uni-
risco de vazamento de produtos. Assim, ciência, da vida útil e redução de custos. camp), uma equipe desenvolve experi-
no atual estado de emprego desses ma- Outro objetivo importante é compreen- ências com materiais biológicos, como
teriais, é imperioso proceder à inspeção der os mecanismos de ação e degrada- avaliação da degradação de colmos e
dos revestimentos e reparos aplicados ção dos sistemas materiais em questão. ripas de bambu expostas ao ataque de
em campo, bem como das uniões e jun- Como o desempenho e o comporta- fungos e de brocas; seleção de ripas de
tas em estruturas de compósitos. mento dos dispositivos são funções de bambu para a produção de bambu la-
“Além das vantagens quanto à segu- suas estruturas materiais, caracterizar os minado colado; pega e endurecimento
rança do trabalho em uma linha de pro- principais aspectos estruturais torna-se de compósitos de matrizes inorgânicas
dução, a inspeção periódica, realizada fundamental. Nesse sentido, os ENDs (cimento e gesso) e biomassa vegetal
com um END, é capaz de reduzir custos proporcionam boas abordagens e resul- e, finalmente, avaliação do comporta-
operacionais da indústria do petróleo, tados positivos’’, comenta Furtado. mento de matrizes cimentícias modi-
gás e energia. O valor de uma inspeção Os principais métodos de END empre- ficadas por pozolanas.
END em campo pode ser completa- gados nessas atividades, segundo Furta- Além da Unicamp, participam das
mente justificado quando comparado
ao gasto de mobilização para troca ou
reparo de um trecho de tubulação, por
exemplo. Além dos custos com mate-
rial e mão de obra, necessários ao re-
paro de uma eventual falha na linha de
produção, existe um gasto ainda maior
que é causado pela perda de produção
durante o período de paralisação da li-
nha. Somente isso já seria suficiente pa-
ra justificar a necessidade de inspeção
periódica nas linhas de produção’’, afir-
ma Willemann.
Outra instituição envolvida com tra-
balhos na área de END com materiais
compósitos é o Centro de Pesquisas de
Energia Elétrica (Cepel), que desenvolve

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pesquisas as seguintes instituições: Fa- de pesquisa vêm desenvolvendo mé- maior desvantagem do EV é a impossi-
culdade de Tecnologia de São Paulo todos de ENDs, baseados na Termogra- bilidade de detectar pequenas fis-
(Fatec-SP), Serviço Autônomo de Água fia, para manter a qualidade na ope- suras no interior da pá. Já uma inspe-
e Esgoto (Saae), Universidade Estadual ração, evitar acidentes operacionais e ção de END baseada na tecnologia de
Paulista (Unesp) e Universidade Caxias impulsionar a produção. A Flir, espe- imagem térmica infravermelha ativa
do Sul (UCS). Os trabalhos são coorde- cializada na produção de termovisores, pode ser considerada uma boa alterna-
nados pelo especialista no uso de END vem apoiando essas atividades. “Exis- tiva. Em comparação com outras técni-
na avaliação da degradação de bambu, tem vários métodos para inspecionar as cas, a imagem térmica reduz a quanti-
em chapas de partículas prensadas e pás e detectar defeitos, incluindo conta- dade de esforço e tempo para digitalizar
em diversas misturas cimentícias, Anto- tos diretos e testes com US. Porém, cada objetos em grande escala e não é neces-
nio Ludovico Beraldo, coautor do livro procedimento tem seus pontos fortes sário o contato direto com os objetos
Bambu de corpo e alma. e fracos. O ultrassom, por exemplo, di- em inspeção. Além disso, a tecnologia
“Periodicamente, os trabalhos são ficulta a rápida detecção dos defeitos de imagem térmica é fácil de operar. ’’
avaliados com o uso de ultrassom (US)”, devido à disparidade da impedância de Segundo Goes, uma imagem térmica
informa Beraldo. Dependendo das ca- som a partir de materiais compósitos. identifica anomalias com antecedência,
racterísticas dos sensores eletroacústi- Além disso, ele revela áreas pequenas, o pois revela a heterogeneidade no objeto
cos utilizados, existe a possibilidade de que implica muito tempo e esforço para exibida pelas diferenças de temperatu-
avaliar, ao longo do tempo de exposi- inspecionar uma pá de pelo menos 100 ra. ‘’Com essa informação antecipada, é
ção, a degradação de materiais biológi- metros de comprimento, por exemplo’’, possível reparar ou substituir uma pá
cos, como bambu e madeiras, ou tam- afirma o gerente de vendas da Flir Amé- assim que o problema aparece. Além
bém de inspecionar in loco a condição rica Latina, Marcio Goes. disso, por ser a imagem térmica um mé-
de estruturas feitas com esses materiais, Em relação ao Ensaio Visual (EV), todo de inspeção sem contato, permite
como postes, cruzetas e dormentes. O Goes avalia que o contato direto re- a detecção de defeitos instantanea-
US aplicado aos corpos de prova tam- presentaria uma inspeção manual da pá, mente no local, sem a necessidade de
bém permite a escolha de tratamentos para a identificação de trincas. “Esse desmontar a peça’’, complementa.
físico e/ou químicos mais adequados pa- método é frequentemente usado com A seguir, imagens das inspeções feitas
ra obter a compatibilidade química en- o US, mas também é muito limitado. A com câmeras termográficas.
tre a biomassa vegetal e a matriz inor-
gânica, basicamente traduzida por uma
faixa aceitável de velocidade do pulso
ultrassônico (VPU), da ordem de 2 km/s.
“Outra utilização recente de END rela-
ciona-se à avaliação da eficiência da
compactação de blocos de solo-cimen-
to, permitindo alterar os parâmetros do
equipamento construído’’, explica.
O uso de materiais compósitos tam-
bém é muito comum em pás eólicas,
responsáveis pela conversão da força do
vento em energia elétrica, medindo de-
zenas de metros e pesando toneladas,
dependendo da capacidade de geração.
No entanto, esses equipamentos estão
continuamente sujeitos a quantidade
significativa de estresse durante o pro-
cesso de fabricação, testes e operação, o Figura 9 - Imagem visual do rotor de uma pá
que resulta em trincas. Para evitar o pro- Figura 10 - Resultado de uma inspeção por infravermelho
blema, fabricantes de pás e institutos mostrando pequena delaminação

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Figura 11 - Turbina Vestas V90 2 MW

Figura 12 - Pá com defeitos Figura 13 - Pá sem defeitos

Figura 14 - Inclusão detectada na cauda de uma pá

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oneworld
Marketing Toolkit
Além da aplicação nas pás eólicas, décimo do período gasto com outros que matou 239 pessoas em março de
a termografia também é utilizada em métodos tradicionais de verificação ma- 2014. Segundo análise do especialista
inspeções na fuselagem de aeronaves. nual, como Tap Test, por exemplo. Para australiano em aviação, Geoffrey Tho-
Aprovada pela Administração Federal se ter uma ideia, em 100 horas de traba- mas, entre os destroços encontrados,
de Aviação (FAA), o método faz parte lho pode-se inspecionar a fuselagem partes relacionadas ao flap mostravam
da área de manutenção de empresas inteira de um Boeing 737 empregando evidentes delaminações que poderiam
como Boeing, Lufthansa e Airbus. “Mui- a Termografia Ativa. Um acidente aéreo ter sido detectadas previamente com
tos usuários afirmam que conseguem de grande repercussão mundial foi a a aplicação do método”, acrescenta
reduzir o tempo de inspeção a até um queda do avião da Malaysia Airlines, Goes.

Nos destroços da aeronave da Malaysia Airlines que caiu em março de 2014,


matando 239 pessoas, partes relacionadas ao flap mostravam delaminações
que poderiam ter sido detectadas previamente com a aplicação do método.

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operação de um sistema inteiro. É exata-
mente aí que os ENDs entram, fazendo
o controle da integridade dos materiais
aplicados em tempo real, sem paradas,
poupando o tempo que seria gasto em
reparos e evitando os custos de pausa
para manutenção’’, complementa.
Autor de pesquisas na área, desenvol-
vidas no Laboratório na Coppe/UFRJ (o
instituto de pós-graduação e pesquisa
Figura 15 - Termografia Passiva Figura 16 - Termografia Ativa por em engenharia da Universidade Federal
Lock-In mostra defeitos
do Rio de Janeiro), Souza estudou a apli-
cação de Emissão Acústica (EA) e US em
juntas de dutos PRFV (Polímero Reforça-
do por Fibra de Vidro), muito utilizados
em plataformas de petróleo, especifica-
mente em linhas de água de injeção, es-
senciais para a manutenção da pressão
do poço de petróleo. ‘’O ultrassom, por
ser uma técnica de contato, ainda pos-
sui algumas limitações devido à super-
fície de alguns materiais que dificultam
o acoplamento. Entretanto, uma saída
pode ser o método de imersão local ou
até a usinagem de superfície de inspe-
ção’’, salienta.
Em relação à termografia, acrescenta
Souza, quando utilizada para detecção
de pontos quentes não é muito eficien-
te. “A termografia é uma técnica muito
limpa, sem contato e de resultados rápi-
dos, mas, para o caso da caracterização
Figura 17 - Resultado da inspeção mostra infiltrações de água pelos ENDs, necessita de um conheci-
na fuselagem de um avião mento, até mesmo matemático, mais
aprofundado por parte dos profissionais
Acima, imagens resultantes de ensaios. ponsabilidade estrutural. O conheci- que, para aplicá-la, deverão entender de
O diretor de soluções portáteis da mento gerado nesse setor pode, com domínio de frequência e serem capazes
M2M do Brasil, Marcos Paulo de Souza, é certeza, ser estendido ao óleo e gás, ge- de interpretar os dados com segurança
outro especialista na aplicação de ENDs ração de energia e outros. ’’ e gerar resultados confiáveis”. A imagem
em materiais compósitos. “Tanto em ter- Segundo Souza, muitos materiais na página seguinte mostra que o sim-
mos de propriedades de materiais quan- compósitos são trocados apenas quan- ples monitoramento de um objeto cerâ-
to em custo, os ganhos dos compósitos do falham, devido ao baixo preço ou à mico com uma câmera termográfica não
são inegáveis. Um grande exemplo dis- facilidade de aplicação. ‘’Mas quando é capaz de detectar os defeitos. Já a trans-
so é o setor aeronáutico, que os utiliza se têm milhares de juntas aplicadas formação deste mesmo monitoramento
frequentemente em aplicações de alta numa plataforma, por exemplo, pode para o domínio de frequência, com da-
performance. Seja na aviação militar ou não ser eficiente trabalhar com este dos matemáticos específicos, possibilita
na comercial, já existem aeronaves com tipo de reparo, que requer o fechamen- a obtenção das imagens de fase que,
um percentual muito alto de materiais to temporário de linhas para ser reali- além de ressaltarem os defeitos, possi-
compósitos em peças de grande res- zado, ou até mesmo a interrupção da bilitam seu dimensionamento.

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Figura 18 - Termografia: imagem radiométrica sem defeitos e imagem de fase realçando defeito

O mestre em ENDs e Soldagem pela Em relação à inspeção, Bartholo desta- Os principais tipos de ENDs aplicados
URFJ e sócio-diretor da Check Mat, Pablo ca que a aplicação de ENDs nesse tipo de em vasos de pressão de materiais com-
Uchôa Bartholo, destaca os benefícios equipamento é tão fundamental quan- pósitos são US, Termografia, EA e Radio-
da utilização de materiais compósitos to a de um vaso de pressão em aço-car- grafia. ‘’Porém, a aplicação em campo
na fabricação de vasos de pressão. “Para bono. “É importante destacar que a se- de muitos desses ensaios acaba sendo
algumas condições operacionais, os va- gurança dos trabalhadores é de suma inviável por diversas razões. Para isso,
sos fabricados com materiais compósi- importância e a Norma Regulamenta- a seleção da técnica correta e sua res-
tos são mais vantajosos, principalmente dora 13 (NR-13) inclui vasos de pressão pectiva eficácia dependem da interpre-
no controle da corrosão. Uma vez que o de compósitos no seu escopo. Atual- tação das condições operacionais e do
fluido de processo não degrade o mate- mente, no mercado de óleo e gás não há conhecimento das técnicas e de suas
rial por incompatibilidade química, não difusão adequada da existência desse limitações’’, alerta Bartholo.
há a preocupação com a perda de espes- tipo de material, nem de como realizar Em casos de vasos de pressão de pe-
sura por corrosão. Outro fator que favo- sua respectiva inspeção. A metodologia queno porte, que não permitem a en-
rece a utilização desse tipo de equipa- a ser aplicada é responsabilidade do trada do inspetor, a Emissão Acústica é
mento é o baixo custo de fabricação, Profissional Habilitado (PH) que, muitas considerada uma excelente ferramenta
por conta da matéria-prima e produção vezes, não sabe proceder da melhor for- durante a inspeção, assim como o Teste
em série. ’’ ma nesse tipo de inspeção’’, argumenta. Hidrostático.

Figura 19 - Vasos de pressão fabricados em materiais compósitos

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Muitos desses equipamentos pos- neira complementar, desde que o calor de materiais compósitos industriais,
suem dispositivos internos, como mem- necessário não comprometa a integri- principalmente em solicitações es-
branas, que seriam danificadas com dade física do equipamento. Em relação truturais, é uma demanda ainda bem
pressões acima da PMTA (Pressão Má- à radiografia, os resultados também são recente se comparada principalmente
xima de Trabalho Admissível) utilizadas muito eficazes, porém, a sua realização ao uso dos materiais metálicos. Eles já
no teste hidrostático (equivalentes a em campo pode exigir preparações es- são uma realidade mundo afora e os
30% acima da PMTA). Aplicando a EA peciais, relacionadas à segurança, logís- ganhos possíveis, tanto em termos de
é possível pressurizar o vaso até a sua tica etc. Por último, o ultrassom é tido propriedades de materiais quanto em
PMTA e monitorar as respostas duran- como uma ferramenta poderosa na ins- custo, são inegáveis. Muito já foi ge-
te um período de tempo. A figura logo peção de compósitos; entretanto, a ne- rado em termos de conhecimento e
abaixo mostra um esquema para a ins- cessidade de um bloco de calibração no muitas aplicações já estão consolida-
talação dos sensores de emissão acústi- mesmo material acaba inviabilizando, das, mesmo que em setores distintos,
ca no vaso. muitas vezes, sua aplicação’’, explica e isso deve ser aproveitado. Interdisci-
‘’Nesses casos, a EA pode trazer re- Bartholo. plinaridade e colaboração podem ser
sultados como rompimento de fibras, Questionado sobre o futuro da utili- as chaves para um futuro ainda mais
regiões heterogêneas, entre outros. Já zação dos materiais compósitos, Mar- empolgante dos materiais compósitos
a termografia deve ser aplicada de ma- cos Paulo de Souza avalia: “A aplicação na indústria brasileira”. a

Figura 20 – Esquema da instalação dos sensores de emissão acústica

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