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Farto dos garridos reclamos e anúncios luminosos na cobertura de prédios lisboetas, que
segundo o presidente da CML desarmonizavam a estética da cidade e afastavam os turistas, o
executivo camarário de Lisboa apresentou à respectiva Assembleia Municipal uma proposta de
criação de uma Taxa Especial a incidir sobre todo e qualquer objeto e estrutura publicitária
colocado na cobertura ou telhado dos imóveis sitos nos bairros históricos do Castelo, Mouraria,
Príncipe Real e Chiado. Ainda de acordo com a proposta, o tributo deveria assentar sobre (i) o
valor tributário dos prédios e, sempre que este valor se revele manifestamente desatualizado, (ii)
sobre uma ponderação da média dos rendimentos sujeitos a IRS declarados pelos proprietários
desses imóveis. A referida proposta propunha também a criação de isenções específicas para (i)
os imóveis cujo valor patrimonial não excedesse os € 2500 e para (ii) as sedes dos partidos
políticos.
Deolinda Nunes, gerente da empresa “Lagoas e Mares, Lda”, com sede em Faro, está muito
apreensiva relativamente aos meses de setembro e outubro, já que a empresa suportou um valor
elevado de juros para financiar a sua sucursal em Loulé e pagou diversas coimas por infracções
cometidas no trânsito com as viaturas da empresa. Nesse período, o departamento financeiro da
empresa não efetuou sequer as retenções na fonte aos trabalhadores da empresa em relação
aos seus salários. E, por outro lado, em face das graves dificuldades financeiras da empresa,
não foram entregues as quotizações dos trabalhadores para a Segurança Social.
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Caso Prático n.º 3
Tributos e princípio da legalidade
Visando aproveitar o crescente afluxo de turistas ao país, o Governo cria, através de decreto-lei
simples, uma “Taxa sobre Turismo de Luxo”, que incide sobre o preço das refeições e das
estadias, respetivamente, em restaurantes e estabelecimentos hoteleiros de luxo.
Poucos dias depois, uma Portaria:
Após a outorga, por parte da Assembleia da República, de uma lei de autorização legislativa,
onde se permitia ao Governo «tributar em IRS todos os rendimentos pessoais que decorram de
uma relação de trabalho dependente», é aprovado um decreto-lei que prevê:
O imposto passa a ser calculado de acordo com o “valor objetivo” de cada imóvel, um valor a
fixar pelos serviços de finanças atendendo à sua “localização”, “equipamentos” e “antiguidade”,
bem como a “outros fatores relevantes” que a lei em si mesma não especifica. Por portaria do
Ministro das Finanças haver-se-ia de precisar melhor estes elementos e o peso relativo de cada
um no cálculo do valor tributável.
Ao valor assim determinado aplicar-se-ia uma taxa única de 2% nas grandes cidades, podendo,
fora delas, oscilar a taxa entre os 0,8% e 1%, consoante deliberação das assembleias
municipais, uma solução que a Federação dos Municípios Portugueses sustenta ser
inconstitucional por comprimir em demasia a autonomia financeira local.
A proposta da Federação era antes a de que na generalidade dos municípios a taxa pudesse
oscilar entre os 0,5% e os 5% e que por deliberação das assembleias municipais se pudessem
isentar de imposto todos os imóveis situados em “zonas degradadas”, tal como os próprios
municípios as definissem.
1. Aumentar a taxa do IVA para 25% com efeitos a partir do dia 1 de maio de 2015;
2. Aumentar a taxa máxima de IRS para as duas categorias mais elevadas em 5% com
efeitos nos rendimentos pessoais de 2015;
3. Aumentar a taxa de IRC para 27% para os rendimentos das pessoas coletivas com
efeitos no lucro tributável de 2015, e agravando a tributação autónoma das
despesas com veículos automóveis para 60%;
4. Estabelecer um adicional de 6% ao IRS apurado e liquidado em 2014;
5. Eliminar, com efeitos ao dia 1 de janeiro de 2014, os benefícios fiscais relativos à
contratação de jovens desempregados.
6. Prever a tributação imediata em IRS de todas as mais-valias mobiliárias,
independentemente do momento da aquisição das ações e do período de detenção.
Por entre mais uma “crise das instituições democráticas”, a Assembleia da República aprova um
novo pacote de medidas de luta contra a fraude e a evasão fiscais.
Antes do mais, todas as empresas passam a estar sujeitas a uma coleta mínima no valor anual
de mil euros, a aplicar já relativamente ao ano em curso e independentemente dos lucros que
resultem da sua atividade. Trata-se de uma medida com um propósito elementar de moralização
a que se soma a eliminação de todos os benefícios fiscais relativos a cooperativas, fundações e
instituições de utilidade pública, dados os abusos que nesta matéria têm vindo a ser constatados
pela Administração.
Depois, estabelece-se que sempre que os contribuintes singulares possuam determinados sinais
exteriores de riqueza se presuma, para efeitos de IRS, que são titulares de um determinado
rendimento, a menos que façam prova do contrário. A tabela a usar para o cálculo deste
rendimento presumido é a seguinte:
Enfim, por modo a reforçar a moralização do sistema, determina-se que todos os rendimentos
provenientes de práticas ilícitas fiquem sujeitos a uma taxa agravada de IRS ou de IRC de 60%
e que as despesas suportadas com práticas ilícitas não sejam dedutíveis ao rendimento de
empresas e profissionais.
Contudo, a vida não é fácil. Foram elevadas as despesas de saúde e de educação dos três
filhos, e ainda tiveram a seu cargo o pai de António, que vive com eles e recebe apenas a
pensão mínima.
Joaquim, administrador de uma empresa de contabilidade, utilizava para uso pessoal um carro
que a sua entidade patronal, a sociedade Átila & Irmãos, lhe havia disponibilizado, bem como
recebia subsídio de almoço e subsídio de residência. A entidade patronal pagou ainda uma
viagem de férias ao Dubai a Joaquim e a toda a sua família. Contudo, e na sequência da
epidemia que se abateu sobre o País e estando a Átila & Irmãos com dificuldades financeiras,
decidiu deixar de entregar os montantes retidos aos seus funcionários aquando do pagamento
dos salários junto das Autoridades Fiscais Portuguesas.
A sociedade anónima H, que vende veículos automóveis, recebeu a visita de uma equipa de
inspeção tributária.
A equipa fez as seguintes correções ao balanço fiscal, que apresentava um resultado líquido
positivo de 10 milhões de euros no ano de 2008 e um valor bruto de vendas de 100 milhões de
euros:
A equipa de inspecção defende ainda a desconsideração da contabilidade por (a) ser inviável em
face do número de correcções detectadas, (b) por haver sociedades concorrente no mesmo
sector de actividade a facturar 50% mais do que a sociedade H e (c) por ter ocorrido uma
redução em 35% do volume de receitas face ao ano anterior.
Por conseguinte, a equipa decidiu-se pela aplicação de uma margem de 30% sobre o valor bruto
das vendas registado em empresas concorrentes nesse ano – que se situavam, em média, em
200 milhões de euros. Apurou-se, assim, um resultado líquido de 60 milhões e a subsequente
liquidação de IRC no valor de 12 milhões de euros.
Quid iuris?
Caso Prático n.º 10
IRC, normas especiais antiabuso e cláusula geral antiabuso
Os administradores da sociedade não sabem o que pensar de tudo isto, enquanto o Revisor
Oficial de Contas (ROC) da sociedade, por seu lado, não está minimamente convencido com a
análise. Em particular, o ROC acha que a proposta não vai resultar e que vai trazer até mais
encargos em IRS e IRC do que se nada se fizesse.
Quem tem razão?