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PORTUGUÊS
AULA 20
Texto I: Profundamente
Manuel Bandeira
Questão 1
Julgue as assertivas subsequentes quanto a aspectos morfossintáticos e quanto ao sentido do texto I.
I. Pode-se inferir do texto que o sentimento nostálgico do eu lírico o remete ao período de sua infância, levando-o à lembrança
de pessoas que não estão mais presentes em sua vida como na época relatada. Em razão disso, pode-se identificar a função
emotiva da linguagem como predominante.
II. Verifica-se que, no poema, é feita a comparação entre a sensação de solidão experimentada no dia em que o eu lírico, ainda
criança, adormeceu na festa de São João e aquela experimentada mais tarde, já adulto, sugerindo angústia.
III. Identifica-se, nas passagens “Cortava o silêncio/ Como um túnel.” (versos 14 e 15) e “Estavam todos deitados /
Dormindo / Profundamente.” (versos 22-24), o emprego das figuras de linguagem símile e eufemismo, respectivamente.
IV. Verifica-se, no fragmento “Onde estavam os que há pouco / Dançavam / Cantavam / E riam / Ao pé das fogueiras
acesas?” (versos 16-20), que o termo sublinhado deve ser classificado como conjunção integrante, introduzindo oração
subordinada com função predicativa.
DIPLOMACIA APLICADO
Questão 2
Quanto ao correto emprego dos verbos no texto I, julgue os itens seguintes.
I. Nos fragmentos “Quando ontem adormeci” (verso 1), “No meio da noite despertei” (verso 7) e “Apenas balões /
Passavam, errantes” (versos 9-10), verifica-se que todos os verbos destacados são intransitivos, constituindo predicados
verbais.
II. Caso o trecho “Não ouvi mais vozes nem risos” (verso 8) fosse reescrito na voz passiva, ele deveria apresentar-se da
seguinte forma: Mais vozes nem risos não foram ouvidos por mim.
III. Verifica-se que a forma verbal “estavam”, presente nos trechos “Estavam todos deitados” (verso 22) e “— Estavam todos
dormindo” (verso 21), deve ser classificada como verbo de ligação, visto que não expressa ideia de ação verbal.
IV. Na passagem “Havia alegria e rumor” (verso 3), o verbo encontra-se no singular, porque é lícita tanto a concordância
atrativa quanto a rígida no caso de verbo anteposto a sujeito composto.
Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou
de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval:
aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu.
Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas
palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina
esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi
nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que
não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois
ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao
meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.
BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.
Questão 3
Com base nas ideias contidas no texto II bem como na sua estrutura, assinale a alternativa correta.
(A) Nos três primeiros períodos do texto, o autor empregou o discurso direto, embora tenha omitido o verbo de elocução, que é
frequente nesse tipo de discurso.
(B) O emprego da preposição “de” na frase “Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu.” é evidência de que a avó desautoriza
a opção do neto pelo ateísmo.
(C) Os pronomes demonstrativos, empregados nas orações “Este é meu neto” e “aquele menino está fantasiado de
palhaço”, representam diferentes mecanismos de coesão.
(D) Usando o gênero narrativa de memórias, o autor aborda conteúdo gramatical referente ao emprego das preposições
relacionais e sua influência no sentido do texto.
(E) Pode-se afirmar que as palavras “Vó” e “Cabeludinho” foram escritas com letras maiúsculas porque exercem função de
vocativo.
Questão 4
Julgue as afirmativas abaixo, considerando os aspectos linguísticos e semânticos do texto II.
I. Pode-se depreender o sentido de causa do trecho “Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade”, por meio do
emprego da preposição “por” e do paralelismo semântico.
II. O trecho “Aquela que não pode mudar de lugar” relaciona-se como aposto do termo “palavra engavetada”, constituindo
exemplo de emprego da função metalinguística no texto.
III. O autor constrói dois campos semânticos relativos às palavras: um da subjetividade, composto pelo termo “perfume de
poesia” e pelos verbos brincar e entoar; e outro da objetividade, composto pelo termo “palavra engavetada” e pelos verbos
trabalhar e informar.
DIPLOMACIA APLICADO
IV. A preposição “a”, em “Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade”, também foi empregada de modo a conferir
intensidade à ação de cantar, portanto não haveria alteração semântica significativa caso ela fosse suprimida.
Questão 5
Considerando os aspectos sintáticos do texto II, julgue os itens subsequentes.
I. Os termos “à nossa quadra”, em “Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra”, “de palavras”
e “com elas”, em “Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas.”, foram empregadas como
complementos necessários dos verbos aos quais se referem.
II. O pronome “me”, nos trechos “Quando a Vó me recebeu nas férias” e “Ai morena, não me escreve”, exerce a mesma
função sintática, visto que, em ambas as ocorrências, ele é complemento preposicionado.
III. Embora haja diferença de sentido entre as frases, a palavra “ateu”, em “Ela disse que eu voltei de ateu.” e em Ela disse
que eu voltei ateu, funciona como núcleo do predicativo do sujeito.
IV. Os termos “de uma informação” e “um chiste”, em “Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma
informação um chiste.”, constituem-se como complementos do verbo fazer, que foi empregado como transitivo direto e indireto.
DIPLOMACIA APLICADO
GABARITO:
1. CCEE
2. EEEE
3. letra B
4. ECCE
5. CECE