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DIPLOMACIA APLICADO

PORTUGUÊS

AULA 20

Texto I: Profundamente
Manuel Bandeira

1 Quando ontem adormeci


***
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
25 Quando eu tinha seis anos
Estrondos de bombas luzes de Bengala
5 Vozes, cantigas e risos Não pude ver o fim da festa de São João
Ao pé das fogueiras acesas. Porque adormeci

No meio da noite despertei


Não ouvi mais vozes nem risos Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Apenas balões Minha avó
10 Passavam, errantes 30 Meu avô
Silenciosamente Totônio Rodrigues
Apenas de vez em quando
Tomásia
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio Rosa
15 Como um túnel. Onde estão todos eles?
Onde estavam os que há pouco 35 — Estão todos dormindo
Dançavam Estão todos deitados
Cantavam Dormindo
E riam 38 Profundamente.
20 Ao pé das fogueiras acesas?
(In: Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro:
— Estavam todos dormindo José Olympio Ed., 1987.)
Estavam todos deitados
Dormindo
24 Profundamente.

Questão 1
Julgue as assertivas subsequentes quanto a aspectos morfossintáticos e quanto ao sentido do texto I.

I. Pode-se inferir do texto que o sentimento nostálgico do eu lírico o remete ao período de sua infância, levando-o à lembrança
de pessoas que não estão mais presentes em sua vida como na época relatada. Em razão disso, pode-se identificar a função
emotiva da linguagem como predominante.
II. Verifica-se que, no poema, é feita a comparação entre a sensação de solidão experimentada no dia em que o eu lírico, ainda
criança, adormeceu na festa de São João e aquela experimentada mais tarde, já adulto, sugerindo angústia.
III. Identifica-se, nas passagens “Cortava o silêncio/ Como um túnel.” (versos 14 e 15) e “Estavam todos deitados /
Dormindo / Profundamente.” (versos 22-24), o emprego das figuras de linguagem símile e eufemismo, respectivamente.
IV. Verifica-se, no fragmento “Onde estavam os que há pouco / Dançavam / Cantavam / E riam / Ao pé das fogueiras
acesas?” (versos 16-20), que o termo sublinhado deve ser classificado como conjunção integrante, introduzindo oração
subordinada com função predicativa.
DIPLOMACIA APLICADO
Questão 2
Quanto ao correto emprego dos verbos no texto I, julgue os itens seguintes.

I. Nos fragmentos “Quando ontem adormeci” (verso 1), “No meio da noite despertei” (verso 7) e “Apenas balões /
Passavam, errantes” (versos 9-10), verifica-se que todos os verbos destacados são intransitivos, constituindo predicados
verbais.
II. Caso o trecho “Não ouvi mais vozes nem risos” (verso 8) fosse reescrito na voz passiva, ele deveria apresentar-se da
seguinte forma: Mais vozes nem risos não foram ouvidos por mim.
III. Verifica-se que a forma verbal “estavam”, presente nos trechos “Estavam todos deitados” (verso 22) e “— Estavam todos
dormindo” (verso 21), deve ser classificada como verbo de ligação, visto que não expressa ideia de ação verbal.
IV. Na passagem “Havia alegria e rumor” (verso 3), o verbo encontra-se no singular, porque é lícita tanto a concordância
atrativa quanto a rígida no caso de verbo anteposto a sujeito composto.

Texto II: Cabeludinho


Manoel de Barros

Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou
de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval:
aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu.
Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas
palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina
esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi
nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que
não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois
ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao
meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.
BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.

Questão 3
Com base nas ideias contidas no texto II bem como na sua estrutura, assinale a alternativa correta.

(A) Nos três primeiros períodos do texto, o autor empregou o discurso direto, embora tenha omitido o verbo de elocução, que é
frequente nesse tipo de discurso.
(B) O emprego da preposição “de” na frase “Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu.” é evidência de que a avó desautoriza
a opção do neto pelo ateísmo.
(C) Os pronomes demonstrativos, empregados nas orações “Este é meu neto” e “aquele menino está fantasiado de
palhaço”, representam diferentes mecanismos de coesão.
(D) Usando o gênero narrativa de memórias, o autor aborda conteúdo gramatical referente ao emprego das preposições
relacionais e sua influência no sentido do texto.
(E) Pode-se afirmar que as palavras “Vó” e “Cabeludinho” foram escritas com letras maiúsculas porque exercem função de
vocativo.

Questão 4
Julgue as afirmativas abaixo, considerando os aspectos linguísticos e semânticos do texto II.

I. Pode-se depreender o sentido de causa do trecho “Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade”, por meio do
emprego da preposição “por” e do paralelismo semântico.
II. O trecho “Aquela que não pode mudar de lugar” relaciona-se como aposto do termo “palavra engavetada”, constituindo
exemplo de emprego da função metalinguística no texto.
III. O autor constrói dois campos semânticos relativos às palavras: um da subjetividade, composto pelo termo “perfume de
poesia” e pelos verbos brincar e entoar; e outro da objetividade, composto pelo termo “palavra engavetada” e pelos verbos
trabalhar e informar.
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IV. A preposição “a”, em “Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade”, também foi empregada de modo a conferir
intensidade à ação de cantar, portanto não haveria alteração semântica significativa caso ela fosse suprimida.

Questão 5
Considerando os aspectos sintáticos do texto II, julgue os itens subsequentes.

I. Os termos “à nossa quadra”, em “Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra”, “de palavras”
e “com elas”, em “Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas.”, foram empregadas como
complementos necessários dos verbos aos quais se referem.
II. O pronome “me”, nos trechos “Quando a Vó me recebeu nas férias” e “Ai morena, não me escreve”, exerce a mesma
função sintática, visto que, em ambas as ocorrências, ele é complemento preposicionado.
III. Embora haja diferença de sentido entre as frases, a palavra “ateu”, em “Ela disse que eu voltei de ateu.” e em Ela disse
que eu voltei ateu, funciona como núcleo do predicativo do sujeito.
IV. Os termos “de uma informação” e “um chiste”, em “Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma
informação um chiste.”, constituem-se como complementos do verbo fazer, que foi empregado como transitivo direto e indireto.
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GABARITO:

1. CCEE
2. EEEE
3. letra B
4. ECCE
5. CECE

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