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1971 by McGraw-Hill, Inc.
Capa de
Jairo Porfírio
1983
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2
Definição de Objetivos
Educacionais
Vimos, no Capítulo 1, que uma das pre- tanto, não abrangem todos os resultados
missas deste livro é que o ensino é um do ensino, pois, na maioria das matérias, é
processo que ajuda o aprendiz a se modifi- impossível prever a amplitude total dos
car de várias maneiras, algumas intencio- resultados. À medida que o curso progri-
nais, outras inteiramente não intencionais. de, freqüentemente surgem resultados
Diante desta premissa, uma das principais não esperados, alguns positivos, outros
tarefas que os administradores escolares e infelizmente negativos. Alguns deles evi-
os professores têm diante de si é decidir, denciam-se rapidamente; outros podem
tanto quanto possível, que mudanças passar despercebidos. As tentativas de es-
desejam promover no aluno e que papel pecificar de antemão todos os resultados
podem desempenhar a fim de auxiliá-lo podem exercer uma influência restritiva
neste processo. À medida que o ensino se tanto no ensino quanto na avaliação. Isto
processa e após seu término surge uma pode ocorrer se o professor tiver a impres-
segunda tarefa. Trata-se de determinar se são errônea de que somente os resultados
o aluno se modificou de acordo com o pre- planejados são importantes e, neste caso,
visto e tentar definir que tipos de resulta- ou desprezar outros resultados de seu en-
dos não esperados foram atingidos. sino, ou avaliar apenas aqueles explicita-
Os tipos de mudança que as autorida- dos de antemão.
des escolares desejam que se processem Isto não quer dizer que não se deva
DO aluno constituem os objetivos educa- fazer um exame cuidadoso, antes do início
ciDoais ou metas do ensino. Estas, no en- da instrução, dos resultados possíveis,
21
desejáveis e que, portanto, serão buscados ciência do professor e comparar progra-
de forma sistemática; pelo contrário, este mas. Alguns professores realizam a avalia-
passo é essencial para o ensino e para a ção somativa com muita freqüência.
avaliação e, neste capítulo, veremos como Podem desejar medir o rendimento do alu-
formular definições de objetivos educacio- no semanalmente ou ao final de cada ca-
nais que sejam as mais úteis possíveis. No pítulo ou unidade de ensino. Cabe um?
entanto, também é importante saber que distinção entre este tipo de avaliação
outros resultados importantes surgirão intermediária e a avaliação realizada ao
durante o processo de ensino, e o profes- final de um período de tempo maior, como
sor deve estar alerta para estas possibili- um curso ou um semestre. A avaliação
dades. Neste livro trataremos mais direta- somativa, a mais longo prazo, infere, atra-
mente da avaliação de metas previstas. vés de uma amostragem do modelo, a
Entretanto, desejamos ressaltar que as téc- extensão em que o aluno atingiu toda a
nicas da Sociologia, Antropologia, Etnolo- amplitude dos resultados contidos no mo-
gia e Economia podem também ser úteis delo. A avaliação somativa intermediária,
no exame de outros resultados do ensino. por outro lado, gira em torno de resultados
No Capítulo i, vimos que no planeja- mais diretos, menos generalizáveis, e
mento de objetivos educacionais é neces- menos passíveis de transferência.
sário decidir quanto ao que é possível e ao Tanto a avaliação somativa intermediá-
que é desejável. Vimos que as característi- ria como aquela a mais longo prazo são
cas do aluno e do professor devem ser le- importantes e não podem ser depreciadas.
vadas em conta ao se decidir se um obje- No entanto, se o papel da avaliação é o de
tivo é possível, e que o estudo da socie- trazer subsídios tanto para os processos de
dade atual e da filosofia da educação é útil ensino quanto para os de aprendizagem,
na determinação da desejabilidade de um ela deve ser realizada não só ao término
objetivo possível. Este capítulo versa destes processos mas também enquanto
sobre a formulação de definições de obje- ainda se encontram fluidos e passíveis de
tivos educacionais que sejam úteis, uma modificação. A avaliação formativa, como
vez estabelecido que se trata de um obje- o próprio nome indica, intervém durante a
tivo factível e desejável. Estas decisões formação do aluno, e não quando se supõe
não podem ser tomadas apressadamente que o processo chegou a seu término. Ela
nem desprezadas, e sugerimos que o leitor indica as áreas que necessitam ser recu-
retome, no Capítulo i, a discussão a res- peradas, de forma que o ensino e o estudo
peito dos vários procedimentos que se imediatamente subseqüentes possam ser
pode utilizar para chegar a elas. realizados de forma mais adequada e be-
Outra premissa proposta no Capítulo i, néfica. A avaliação formativa aplica-se
e presente em todo o livro, é de que a àquelas unidades menores do programa,
avaliação deve ser tanto formativa quanto comparativamente independentes, perten-
somativa. Esta distinção foi introduzida centes ao modelo de resultados apresen-
principalmente com a finalidade de apro- tado no Capítulo 1, permitindo avaliar em
ximar o processo de avaliação dos proces- profundidade um número relativamente
sos de ensino e de aprendizagem. Fre- pequeno de objetivos.
qüentemente, no passado, a avaliação era As avaliações formativa e somativa
de natureza exclusivamente somativa, encontram-se detalhadas nos Capítulos 6
sendo realizada apenas no final da uni- e 4, respectivamente. O presente capítulo
dade, capítulo, curso, ou semestre, quando refere-se à definição de objetivos para
já é tarde demais para se modificar qual- ambos os tipos de avaliação.
quer processo, pelo menos naquele grupo A definição de um objetivo é uma tenta-
específico de alunos. A avaliação somativa tiva do professor ou do planejador no sen-
tem como meta principal atribuir notas ou tido de esclarecer para si ou de comunicar
dar certificados aos alunos, julgar a efi- para outros as mudanças esperadas no
DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS EDUCACIONAIS 23
aprendiz. Para isto, é necessano que o aprendizagem. Achamos que uma vez de-
educador escolha palavras que tenham o finidos claramente, eles se tornam mo-
mesmo sentido para todos os possíveis lei- delos ou planos que ajudam a moldar e
tores. As definições de objetivos que pos- orientar os processos de instrução e avali-
sam ser interpretadas diferentemente por ação.
diferentes leitores não lhes oferecem dire- A fim de melhor avaliar os motivos que
ção alguma na seleção de materiais, na levaram à confusão a respeito da utilidade
organização do conteúdo, na descrição dos da definição de objetivos educacionais,
resultados obtidos, e nem uma base co- podemos colocar a seguinte questão: útil
mum para o ensino ou para a avaliação. para quê? Examinemos a utilidade que as
Assim, este capítulo aborda o problema da formas mais comuns de definições podem
obtenção de definições dos resultados assumir.
educacionais esperados que sejam com- As definições de objetivos educacionais
preensíveis e inequívocas, que possam formuladas por grupos ou comissões
servir como modelos para a avaliação for- nacionais de organização de currículos
mativa, para a avaliação somativa a médio são, com freqüência, de âmbito muito
e a longo prazo, e para o ensino. amplo - por ex., "uso mais adequado das
horas de lazer", "desenvolvimento da ci-
As diferentes posições na definição dadania consciente", "desenvolvimento
de objetivos educacionais de um reconhecimento do valor e do po-
der da Matemática numa sociedade tec-
No ensino norte-americano, a definição de nolóqica". Freqüentemente, conceitos
objetivos tem recebido muita atenção. Pro- muito amplos como estes são criticados,
vavelmente não existe aspecto do ensino a sob a alegação de que não oferecem indi-
respeito do qual se tenha escrito tanto. To- cação alguma a respeito de quais modifi-
dos os livros sobre métodos de ensino res- cações se espera que os alunos que supos-
saltam a importância da definição dos tamente atingiram as metas propostas
objetivos educacionais. Os profissionais apresentem. Tentativas como estas, reali-
encarregados dos cursos de treinamento zadas por comissões compostas de indiví-
de professores a exigem como parte dos duos privilegiados, ao mesmo tempo em
planejamentos de aulas preparados pelos que resultam em magníficas definições
futuros professores. Comissões nacionais, filosóficas de objetivos, que podem ofere-
grupos estaduais e locais de organização cer uma direção geral para um sistema
de currículos, bem como professores isola- escolar, são de natureza demasiadamente
dos, têm trabalhado longa e arduamente ambígua para que possam auxiliar o pro-
na definição de metas e objetivos educa- fessor no manejo diário do ensino. Em
cionais. Entretanto, quase sempre estes outras palavras, por serem muito vagas,
esforços exercem muito pouco impacto não podem servir como modelo ou plano
sobre as práticas de ensino ou de avalia- de instrução ou avaliação.
ção adotadas pelos professores. Este fato, Se o intuito destas proposições fosse o
por sua vez, levou a uma confusão quanto de norte ar o ensino e a avaliação, eviden-
à importância e ao valor das definições de temente esta crítica seria válida. Entre-
objetivos. Elas realmente ajudam a aper- tanto, esta não é a intenção. Elas são for-
feiçoar o processo de ensino, ou sua for- muladas principalmente com o intuito de
mulação seria meramente um rito de ini- imprimir uma direção à política educacio-
ciação para o principiante e um exercício nal a nível nacional, estadual e local. Ape-
ritualístico 'pare o educador mais experi- sar de pretenciosas, são suficientemente
ente? Neste livro defendemos a posição de explícitas para que sugiram certos tipos
que a formulação e utilização de objetivos de ação aos administradores e Secretarias
educacionais deveriam desempenhar um de Educação. Por ex., se uma Secretaria
papel central e essencial no ensino e na endossar o "desenvolvimento da cidada-
24 EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO
nia consciente" como definição de um vem acrescido do chavão: "O aluno capta
objetivo para as escolas por ela abrangi- muito mais do que aprende".
das, deverá então voltar-se para currí- Ora, ninguém poderá negar o fato de
culos, programas e atividades que levem à que existem muitos resultados a longo
consecução desta meta. prazo intangíveis ou não identificáveis,
Talvez fosse mais adequado chamar es- resultantes da instrução, sejam eles positi-
tas definições mais gerais de propósitos de vos ou negativos. Muitas vezes "muito
"metas" e não de "objetivos". Uma meta é mais é captado do que aprendido". Porém,
algo mais amplo, a mais longo prazo e sustentar que os objetivos intangíveis
mais visionário do que um objetivo. É sejam os únicos objetivos importantes para
o professor é adotar a mesma posição
. .. algo que, no presente, está fora de insustentável que consiste em não conse-
alcance, é algo pelo que se deve lutar, a que guir provar que algo já foi ensinado. Para
se deve dirigir, a se tornar. É um alvo ou pro-
fins de avaliação, pelo menos, os objetivos
pósito de tal forma colocado, que excita a
devem ser colocados em termos de resul-
imaginação e oferece à pessoa algo pelo que
tados ou de modificações mais facilmente
trabalhar, algo que ainda não sabe como
fazer, algo de que possa se orgulhar quando observáveis no aluno, de forma que se
tiver conseguido. possa determinar se ele está ou não pro-
(Kappel, 1960, p. 38) gredindo em relação à aprendizagem,
durante o curso. O restante deste capítulo
referir-se-á a estes objetivos mais imedia-
Evidentemente, as metas precisam ser tos do ensino. E esperamos que os resulta-
traduzidas em programas e atividades es- dos procurados no dia-a-dia do ensino
colares. Por outro lado, os comportamentos conduzam à consecução de metas a longo
explícitos que um programa ajudará o alu- prazo. No entanto, se fazem necessários
no a desenvolver são os objetivos imedia- dados longitudinais para que se determine
tos deste programa, estes, por sua vez, de- o sucesso final com que um programa es-
vem ter uma relação com a definição do colar atingiu suas definições mais amplas
objetivo a longo prazo que lhes deu ori- de propósitos.
gem. São estes objetivos mais imediatos Como os objetivos educacionais têm
que devem ser suficientemente precisos sido definidos? No exemplo abaixo encon-
para que norteiem o ensino e a avaliação. tramos um dos tipos de abordagem:
Os educadores podem perder de vista a
relação entre os objetivos a curto prazo e Demonstrar as propriedades distributivas da
os propósitos a longo prazo. E é por isso multiplicação
que certos professores e administradores Demonstrar o teorema de Pitágoras
Discutir sobre os críticos do século XIX
afirmam que seus objetivos "reais" são
Ilustrar a lei de Bernoulli
intangíveis e não identificáveis e, por-
Indicar as causas da Guerra Civil
tanto, impossíveis de ser definidos em ter- Analisar sentenças compostas
mos de modificação do aluno. Argumenta-
-se que o aluno desenvolve certas atitu-
des, valores ou habilidades que não se Em todas estas definições, o verbo des-
evidenciam imediatamente e que podem creve uma ação do professor, o que ele
vir a surgir apenas num estágio muito pos- pretende fazer. Portanto, este plano ou
terior de sua vida, muito depois do tér- modelo é centrado no professor e não no
mino da escola. Muitas vezes o professor aluno. Conforme já discutimos anterior-
se utiliza do argumento de que, para ele, mente, uma das premissas básicas deste
estes são os únicos objetivos importantes, livro é de que o ensino é um processo sis-
e que ele não pode prever nem mesmo a temático que auxilia o aprendiz a se modi-
forma ou direção que estes resultados ficar nas várias direções previstas. Conse-
virão a assumir. Por vezes, este argumento qüentemente, as modificações que se quer
DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS EDUCACIONAIS 25
produzir no aluno tornam-se o ponto cen- não deveria se tornar um fim em ou para
tral da direção e da avaliação do ensino. si mesma. Sendo assim, as explicitações de
As definições dos objetivos do professor conteúdo, enquanto modelos de instrução e
são úteis ao planejamento das estratégias avaliação, são incompletas. Elas não só
de suas aulas somente depois dele haver não contêm as modificações que se espera
respondido à questão do porquê tais ações produzir nos alunos, como também, via de
estão sendo realizadas em primeiro lugar. regra, são pouco importantes ou banais
As atividades do professor são meios para em si mesmas e, na realidade, servem
atingir um fim e não fins em si mesmas. apenas como meros veículos para o desen-
Caso contrário, poderiam ser realizadas na volvimento de certas capacidades ou ha-
ausência dos alunos. Qualquer atividade bilidades nos alunos. Bruner (1966, p. 13)
de ensino que o professor realize tem coloca este problema da seguinte ma-
como objetivo auxiliar o aluno a se modifi- neira:
car de alguma maneira, auxiliá-lo a
desenvolver uma nova capacidade ou Deve-se começar por estabelecer o subs-
aperfeiçoar uma outra, já existente. É esta trato intelectual do que deverá ser ensinado,
a razão pela qual os professores testam, caso contrário não teremos a menor idéia do
planejam, demonstram, lêem, dão aulas que desafia e molda a curiosidade do aluno.
Porém, no exato momento em que cairmos
expositivas, e assim por diante; e o obje-
na tentação de "cobrir" o assunto, o ingre-
tivo, verdadeiro motivo da atividade do
diente da Pedagogia está a perigo. Pois é
professor, é a modificação do aluno. apenas no sentido o mais corriqueiro que ad-
Outro método de definição de objetivos ministramos um curso a fim de "cumprir
educacionais consiste em detalhar a ma- algo", meramente para transmitir informa-
téria a ser ministrada, como nos seguintes ção. Existem meios mais eficientes de se
exemplos: chegar a este fim do ensino. A menos que o
aprendiz também se domine, discipline seu
gosto, aprofunde sua visão do mundo, este
A lei da gravidade de Newton
"algo" que foi cumprido dificilmente justifica
O México
o esforço da transmissão.
As causas da Guerra Civil
Páginas 59-68 do texto
Hamlei Enquanto alguns superestimam o con-
The House of lhe Seven Gables teúdo a ser transmitido em suas definições
A Festa do Chá, em Boston de objetivos educacionais, outros superes-
timam o comportamento desejado do alu-
O professor que define objetivos desta no, dissociado do conteúdo. Definições
maneira tenderá a achar que o modelo foi como "desenvolver o pensamento crítico",
atingido se o conteúdo da área em questão "desenvolver habilidades de solução de
tiver sido mencionado ou "dado" em elas- problemas" e "aumentar no aluno a facili-
se ou através de tarefas. Porém, na dade de interpretação de dados", são por
medida em que a finalidade do ensino é vezes apresentadas como objetivos educa-
ajudar o aprendiz a se modificar de al- cionais. Estas definições descrevem os
guma forma intencional, as definições do comportamentos que se pretende atingir,
conteúdo a ser dado não descrevem as embora de uma forma vaga, mas são
várias formas pelas quais o conteúdo deve demasiadamente genencas para que
ser aprendido. ofereçam ao professor uma direção no pla-
O conteúdo por si só geralmente não nejamento do ensino e da avaliação. Sur-
tem sentido. A questão mais importante gem duas perguntas imediatas. A primeira
seria definir o que o aluno deva ser capaz é: Pensar criticamente a respeito do quê?
dê" A é .b-L?ç-üe.L7/e_ ../Ves/e casq o co.o/eúdo/f80"Sõ se../" &~&L7"':
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_ .eJé?_ .LZ7a/éJ7á
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~~~~~~~~~~~--é==-
_
26 EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO
vos de forma precisa e inequívoca, não Transcrito com permissão. Extraído do Webster's Seventh _,~
Collegiate Dictionary © 1967 por G. & C. Merriam Co., Edi....,.
basta especificar independentemente o do Merriam-Webster Dictionaries.
Tarefa 1 Tarefa 2
t r-
Ia Ib I
Dizer os passos e identificar Dar e usar a definição da
as propriedades pressupostas soma de dois números
na afirmação da veracidade inteiros, se pelo menos
de declarações que implicam uma das parcelas é um
na adição de números número inteiro
inteiros negativo
J
I'
lIa IIb
Identificar e usar as
propriedades que
Dar outros nomes para
números inteiros positivos em
enunciados de igualdade
- devem ser pressupostas
na afirmação da
veracidade de
enunciados de
igualdade na soma de
números inteiros
~ ~..
IIIa IIIb
Jr-
Va Vb
I
I J
Escrever a hora e Dizer as horas quando os
os minutos em Dizer as horas e os minutos
em seqüência, por exemplo, ponteiros se encontram na
seqüência; por ex., hora certa, porex., "sete
7:35 "sete horas e 35 minutos"
horas"
J I
I I I I
DI: Primeiro, dizer o
E6: Depois dizer o
A4: Primeiro, BI: A seguir, C1: Depois, E4: Primeiro, dizer o E5: Depois, dizer "e tan- número que o ponteiro m: Então dizer número indicado pelo
escrever os escrever dois escrever o número número que o ponteiro tos minutos" quando pequeno indica "horas" quando o ponteiro pequeno
números de horas pontos para de minutos que o de minutos indica o ponteiro grande não ponteiro de quando o ponteiro
quando o ponteiro de
indicado pelo separar as horas ponteiro grande quando está distante do está sobre o centro minutos está no grande está no centro
minutos está afastado
ponteiro pequeno dos minutos indica centro superior superior do relógio do centro superior centro superior superior
I J L
I
I E3:Associar"etantosminutos"comos
números que o ponteiro grande indica
I
quando não se encontra no centro
superior
I
EI: Associar "e
A3: Determinar o C6: Determinar o E2: Associar
número indicado tantos minutos" ao
número indicado "horas" ao número
pelo ponteiro número indicado
pelo ponteiro pelo ponteiro indicado pelo
pequeno grande ponteiro pequeno
grande
l I I
~
C5: Contar, no sentido do movimento
dos ponteiros, de5 em5 ede 1 em 1,
desde o zero, para determinar o
número indicado pelo ponteiro grande
1
t4.1: Ler o número no
mostrador do relógio
em que o ponteiro O: Contar, no sentido do O: Contar, no sentido do
pequeno está movimento dos ponteiros, de um movimento dos ponteiros, de cinco
indicando em um, todos os pontos, desde o em cinco, todos os pontos, desde o
zero, para determinar o número zero, para determinar o número
indicado pelo ponteiro qrande indicado pelo ponteiro orande
Como se processa a definição de um -se cada vez mais difícil chegar a formula-
objetivo educacional? Uma definição de ções altamente específicas. As definições
objetivo descreve as modificações que se dos objetivos esperados ao final de um
darão nos alunos através de sua interação curso ou de um ano transcenderiam os as-
com o processo e os materiais do ensino. pectos particUlares do conteúdo utilizado
Deveria ser expressa em termos do com- durante a instrução e descreveriam habili-
portamento que se deseja que o aluno dades mais generalizáveis e passíveis de
atinja e das áreas de conteúdo. E, o que é transferência. Por exemplo, "análise de
mais importante, deve conseguir comuni- obras dramáticas" poderia ser um objetivo
car o que o professor pretende. Uma co- a longo prazo. Note-se que a definição se
municação é bem sucedida quando qual- refere a todas, e não a uma única obra
quer pessoa especializada na mesma área, dramática. Para atingir esta meta, o pro-
observando o comportamento ou as pro- fessor poderia, sem sombra de dúvida,
duções de um aluno, é capaz de decidir se começar com uma determinada peça, tal-
o objetivo foi ou não atingido. De fato, vez uma em que o desenvolvimento do
Dodd (1943) sugeriu como índice de con- enredo e do personagem sejam bem níti-
fiabilidade ou clareza da definição o grau dos. A partir daí, ele poderá passar para
em que diferentes pessoas concordam que uma outra obra, mais complexa. No en-
uma determinada realização reflete uma tanto, o objetivo é a capacidade de anali-
definição operacional. sar vários tipos de obras dramáticas, e não
Entretanto, não se deve perder de vista apenas as duas ou três vistas em classe.
que o fato de se conseguir comunicar um Todas as excelentes tabelas de especifica-
objetivo não significa que o objetivo seja ções que constam da Parte II oferecem
necessariamente desejável ou possível. exemplos de objetivos a longo prazo. Por
Estes atributos devem ser determinados exemplo, a Análise dos princípios organi-
através dos critérios sugeridos no Capítulo zacionais da pontuação, na Tabela 21-1, a
1. A formulação adequada de um objetivo Tabela de Especificações para a Escrita
torna possível uma observação acurada (vide p. ), é uma definição geral, aplicável
mas não assegura necessariamente seu a uma série enorme de produções escritas,
valor educacional, nem garante que o alu- tais como cartas, ensaios e artigos.
no possa atingi-lo. Nas afirmações abaixo temos alguns
Existe muita divergência quanto ao exemplos de definições de objetivos a
grau de especificidade ou nível de preci- longo prazo:
são necessário à definição de um objetivo.
Nossa posição é de que isto deve ser Capacidade de aplicar generalizações e conclu-
determinado, pelo menos em parte, pelas sões das Ciências Sociais a problemas sociais
experiências de aprendizagem planejadas atuais.
Capacidade de apresentar idéias (oralmente ou
para o aluno, e em parte por generalizar o
por escrito) em consonância com os princí-
comportamento pretendido. Se esperar-
pios de gramática.
mos que o aluno interaja quase que exclu- Capacidade de aplicar os princípios da propa-
sivamente com os materiais de aprendiza- ganda às discussões políticas.
gem contidos num texto programado ou Capacidade de aplicar os princípios do sistema
num computador, então os objetivos numérico.
devem ser definidos de maneira bem es- Capacidade de relacionar os princípios das
pecífica. Isto é verdade, se não por outra liberdades e dos direitos civis aos aconteci-
razão, porque estes materiais não podem mentos atuais.
ser elaborados sem uma descrição deta-
1hada da tarefa. No entanto, à medida que Cada uma destas afirmações engloba
aumentam as variáveis da situação de vários princípios básicos e literalmente
aprendizagem (professor, número de alu- milhões de aplicações. Os objetivos dei-
nos, tipos de material, entre outras), torna- xam subentendido que embora o aluno te-
DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS EDUCACIONAIS 37
nha tido oportunidade de praticar os ensão a capacidade do aluno de dizer de
vários princípios em apenas um número cor a Carta dos Direitos, ao passo que ou-
muito reduzido de exemplos, o resultado é tros solicitariam a aplicação de seus prin-
a aquisição de habilidades mais generali- cípios a situações não encontradas em sala
záveis e transferíveis, associadas aos pro- de aula. Se fosse usaria apenas a palavra
cessos mentais superiores descritos acima. "compreende", sem nenhuma especifica-
É claro que a especificidade do conteú- ção, dois professores de classes vizinhas
do e do comportamento pode variar. Oca- poderiam pensar que estão tentando reali-
sionalmente, a descrição do conteúdo de zar os mesmos objetivos, quando de fato
um objetivo a longo prazo vem relativa- tanto os resultados desejados quanto os
mente detalhada. Isto é particularmente resultados obtidos pelos alunos nas duas
verdadeiro em cursos administrados em classes são totalmente diferentes. Assim,
seqüência e que, portanto, exigem, em sua ao discutir um objetivo supostamente co-
elaboração, conhecimentos ou compreen- mum, dois professores poderiam perfeita-
são, na expectativa, talvez, do desenvolvi- mente dialogar sem se comunicar.
mento posterior de habilidades mais ge- A razão pela qual a comunicação falha
neralizáveis. Além disso, quando a é que muitos dos termos que o professor
matéria é considerada relativamente utiliza para descrever o comportamento do
fechada, e não sujeita a modificações no aluno estão sujeitos a várias interpreta-
futuro, os objetivos podem enfatizar o co- ções. As seguintes palavras são exemplos
nhecimento ou a compreensão. Quando, destes termos:
por outro lado, o conteúdo da disciplina
1. Conhecimento 10. Respeita
está em rápida expansão, os objetivos
2. Compreensão 11. Expande seus hori-
podem dar ênfase a capacidades passíveis
3. Pensamento crítico zontes
de transferência.
4. Entendimento 12. Trabalha eficiente-
É claro que, em última análise, o com- S. Apreciação mente
portamento generalizado, descrito em de- 6. Interessa -se por 13. Fala eficientemente
finições de objetivos a longo prazo, deve 7. Valoriza 14. Fala corretamente
ser operacionalizado, para fins de avalia- 8. Capta o signifi- 15. Lê com facilidade
ção. Alguns o fariam através de uma indi- cado de 16. Utiliza habilidades
cação precisa dos tipos de Iprovas que 9. Aprende básicas
aceitariam como indicativas da presença
do comportamento. Como já dissemos, o A dificuldade em relação a termos como
Projeto Nacional de Avaliação se utiliza os onze primeiros da lista acima é de que
desta técnica. os comportamentos por eles abrangidos
A descrição das manifestações observá- não podem ser diretamente observados.
veis do objetivo geral garante que os pro- Não é possível ver o "entendimento" ou
fessores estão de fato se comunicando a observar o "pensamento crítico" ou ainda
respeito do mesmo resultado. Por exem- ouvir ou sentir a "apreciação". A presença
plo, uma definição de objetivo muito ou ausência destas ações podem apenas
comum em Estudos Sociais é de que "O ser inferidas a partir de um desempenho
aluno compreenda a Carta de Direitos". O exteriorizado, observável ou de uma pro-
comportamento esperado é compreensão; dução manifesta do aluno. Com efeito,
o conteúdo, a Carta de Direitos. No pode-se afirmar: "Se, após a instrução,
entanto, se este objetivo fosse colocado a observo que o aluno faz algo que não con-
um grupo grande de professores de Estu- seguia fazer antes, denomino esta ação de
dos Sociais e lhes fosse solicitado que dis- conhecimento". Da mesma forma, poder-
sessem qual a prova que aceitariam de -se-ia dizer: "Aceitarei esta produção do
que o aluno "compreende", haveria quase aluno como prova da existência de pensa-
tantas interpretações quanto professores. mento crítico".
Alguns aceitariam como prova de compre- Nos exemplos 12 a 16, embora o com-
38 EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO
Subobjetivo (Mais específico): Discutir com outras pessoas as Observável, com alguma
----------------1 relações entre o Sol e a possibilidade de avaliação
Terra, usando terminologia da compreensão.
correta.
O
P Subobjetivo (Ainda mais Usar os termos órbita, eixo, e Observável; pode ser
E específico) elíptico de maneira comparado com outros
R significativa numa oração. desempenhos.
A
C
I Subobjetivo (Muito específico): Diferenciar corretamente Diretamente observável e
O termos como "translaçéo" e comparável; as
N "rotação" nas relações "autoridades"
Terra-Sol. concordariam, de modo
A ------------------------1 geral.
L
Fonte: J.P. Lysaught & C.M. Williams. A guide to programmed instruction. N. York: Wiley, 1963,
Figura 4-2. (Traduzido pela Livraria Pioneira Editora, Um Guia de Instrução Programada, 1974.)
pedir que os escreva utilizando a expan- especificamente estudada, por ex., numa
são da notação. O fato de que um sistema base três. A questão é que, na medida em
decimal funciona com qualquer base não que os comportamentos aceitos como evi-
precisa ser ensinado, não havendo tam- dência de conhecimento diferem, as
bém a necessidade de introduzir outras seqüências de instrução provavelmente
bases. Os comportamentos pretendidos também irão diferir, bem como a situação
pelo segundo professor exigiriam prática planejada para levar o aluno a demonstrar
num sistema de notação com uma base seu domínio do objetivo.
diferente, por ex., base dois ou sete, e Devemos ainda ressaltar que um profes-
também em adição. O procedimento de sor pode definir "conhece" utilizando-se
avaliação poderia solicitar que o aluno não apenas de um mas de múltiplos ver-
realizasse uma adição que envolvesse bos de ação. Por exemplo, um objetivo
uma série de numerais numa base não definido de maneira ampla, "O aluno co-
40 EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO
nhece as causas da Guerra Civil", poderia Gagné (1965, p. 34), resumindo o alto
ser melhor especificado da seguinte ma- grau de especificidade apresentado no
neira: trabalho de Mager (1962) e de Miller
(1961). desdobra uma definição de obje-
o aluno é capaz de arrolar as causas da Guerra tivo em quatro componentes básicos. Estes
Civil. quatro componentes estão presentes na
O aluno é capaz de distinguir causas falsas de seguinte sentença, transcrita de Gagné:
verdadeiras.
"Dados dois numerais ligados pelo sinal
O aluno é capaz de explicar as causas com suas
+ , o aluno deve dizer oralmente o número
próprias palavras.
correspondente à soma dos dois". Em pri-
meiro lugar, a afirmação contém palavras
Na medida em que estes comportamen- que indicam a situação-estímulo que dá
tos parecem diferir, cada um deles deveria início à realização ("Dados dois numerais
ser considerado separadamente no plane- conectados pelo sinal + "). Em segundo
jamento da instrução e na avaliação dos lugar, existe um verbo de ação ou verbo
resultados. Para determinarmos se de fato que indica o comportamento observável
são comportamentos não relacionados, ("dizer"). Em terceiro lugar, existe um
basta examinar o rendimento do aluno nos termo que indica o objeto sobre o qual se
itens destinados a medir cada um deles. age (que, por vezes, fica apenas implí-
Além da descrição do comportamento cito). Finalmente, há uma frase que indica
em termos de verbos operacionais, alguns as características do desempenho que
autores poderiam ir mais longe, exigindo determinam sua correção ("o número cor-
uma especificação ainda maior na defini- respondente à soma dos dois").
ção de objetivos. Por exemplo, Mager Evidentemente, não é necessário definir
(1962) apontou duas outras características todos os objetivos de forma tão precisa
de uma boa definição. A primeira delas é quanto a acima descrita. Nem todos re-
de que sejam descritas as condições mais querem o grau de especificidade exigido
impor.tantes sob as quais se espera que o nos quatro passos propostos por Gagné.
comportamento ocorra. Consideremos o Certamente, também não é necessário
seguinte objetivo: "Dado um mapa mun- seguir uma abordagem específica na defi-
dial esquematizado, o aprendiz deve ser nição de objetivos. (Outras abordagens
capaz de marcar corretamente no mapa, serão discutidas mais adiante, neste capí-
com flechas, as correntes marítimas". tulo; veja as páginas a ). Qual o nível
Neste caso, os detalhes da situação de de clareza necessário? O objetivo é sufi-
avaliação e o que é esperado do aluno cientemente específico quando tiver sido
estão contidos na definição do objetivo. operacionalizado de tal forma que permita
A segunda característica exigida por a qualquer leitor concordar, com se-
Mager é a indicação da precisão que o gurança, que o desempenho ou produção
desempenho deve ter. Assim, o objetivo do aluno atingiu o objetivo. Portanto, o cri-
anterior poderia ser mais especificado, se tério é a eficiência da comunicação. As
colocado desta forma: Dado um mapa afirmações abaixo são definições compor-
mundial esquematizado, ó aluno deve ser tamentais, com graus diversos de especifi-
capaz de marcar corretamente no mapa, cidade, utilizadas para especificar objeti-
com flechas, seis correntes marítimas, vos educacionais:
num intervalo de quinze minutos". Neste
caso, o número de respostas corretas vem
Transformar dados desorganizados em grupos,
indicado, juntamente com o tempo no qual
tabelas ou quadros.
o aluno deve cumpri-Ias. Descreve-se o Saber utilizar o relógio e ser capaz de dizer as
rendimento mínimo aceitável. o que horas em voz alta, com a precisão de inter-
empresta maior especificidade à definição valos de um minuto.
dos objetivos. O aluno é capaz de apontar as causas de alguns
DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS EDUCACIONAIS 41
dos atuais problemas da sociedade ameri- Existem, pois, vários níveis de precisão
cana. através dos quais é possível especificar
Escrever dois exemplos de verso em pentâme- um objetivo e, ao mesmo tempo, conseguir
tro iâmbico. comunicar a intenção da instrução.
Ler um termômetro oral corretamente, com a Nos exemplos acima, nem sempre é
precisão de 1/10 de grau.
possível determinar, a partir da definição
Estabelecer a correspondência entre determina-
apenas, se ela abrange um objetivo forma-
dos nomes e eventos da História americana.
tivo, somativo a longo prazo ou somativo a
O aluno é capaz de aplicar os princípios da
Física. médio prazo. Entretanto, geralmente as
.Dada uma situaçâo nova para o aluno, ele é definições de objetivos somativos a longo
capaz de resolvê-Ia corretamente, num pe- prazo são menos específicas em relação ao
ríodo escolar, aplicando os princípios da lei conteúdo e descrevem capacidades mais
da queda dos corpos, de Newton, aprendi- generalizadas e transferíveis do que os
dos previamente. objetivos formativos, que, por sua vez, de-
O aluno é capaz de escrever seu nome, man- finem de maneira muito mais explícita
tendo todas as letras entre as linhas do
tanto os comportamentos desejados
papel.
quanto o conteúdo exigido.
Dado um automóvel com algum defeito forjado
no motor, de tal forma que não se consiga
Além disso, na maioria das vezes, é
dar a partida, o aluno deve ser capaz de impossível distinguir as definições de
identificar o problema, requisitar as peças objetivos formativos das definições de
corretas, e realizar os devidos reparos, de objetivos somativos a curto prazo. A época
modo a fazer com que o carro esteja nova- estabelecida para a avaliação (enquanto a
mente funcionando num espaço de tempo instrução está em processo, e não após seu
correspondente a dois períodos de aula. término) e o motivo da avaliação (diagnós-
O aluno é capaz de montar e desmontar corre- tico, recuperação e planejamento, em vez
tamente um carburador no espaço de tempo
de classificação ou julgamento) devem ser
correspondente a um período de aula.
bem conhecidos para que possamos classi-
O aluno canta, durante o período de atividade
livre, as músicas aprendidas em classe. ficar uma definição como sendo de nature-
O aluno compõe suas próprias músicas. za formativa ou somativa a curto prazo.
O aluno é capaz de justificar sua preferência
por um determinado poema, mencionando
evidência de propriedades estruturais dentro A definição de objetivos nas equipes
da própria obra. nacionais de planejamento de currículo
Dadas cinqüenta questões, tipo verdadeiro-
-falso, em relação ao comunismo, o aluno é Nos últimos dez anos, vários grupos, com-
capaz de responder corretamente quarenta e postos por bolsistas universitários e profes-
cinco. sores especializados interessados por re-
O aluno é capaz de realizar vinte movimentos
formas curriculares, formularam novas de-
de levantar e abaixar em noventa segundos.
finições de objetivos para quase todas as
Dado um ditado, o aluno é capaz de transcrever
notas taquigrafadas na máquina de escrever
matérias ensinadas nas escolas de primei-
com um máximo de dois erros. ro e segundo graus. Os objetivos de al-
Dadas fórmulas aritméticas básicas para o cál- guns destes projetos curriculares são dis-
culo de área, volume e distância, o aluno é cutidos separadamente, nas diversas disci-
capaz de escolher uma versão adequada plinas, na Segunda Parte deste livro. No
entre as alternativas oferecidas. caso de alguns poucos projetos como, por
O aluno é capaz de desenvolver um número exemplo, a Conferência de Cambridge
expresso na base sete. Sobre a Matemática Escolar (1963), as
O aluno solicita mais referências sobre as obras
metas colocadas têm sido visionárias e a
de um autor.
longo prazo, de modo que os educadores
Dado um número expresso na base dois, o alu-
no é capaz de expressá-lo na base dez.
possam ter alguma boa noção da direção
que devem tomar. Contudo, na maioria
42 EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO
dos casos, estes grupos traduziram seus tornar mais fácil se os professores de um
objetivos em materiais curriculares a ser mesmo departamento ou de um mesmo
usados em sala de aula. grau de uma escola ou sistema trabalha-
Na medida em que muitos professores rem conjuntamente na definição dos obje-
estão utilizando estes materiais, surge a tivos. A cooperação entre colegas resulta
questão da relação entre os objetivos dos em, pelo menos, três vantagens:
professores e os objetivos de âmbito
nacional. Economia de tempo Um professor por si
Em primeiro lugar, as definições dos só raramente dispõe do tempo necessário
grupos nacionais de planejamento de cur- para escrever os objetivos de todos os seus
rículo servem como um quadro de referên- cursos com clareza e precisão; portanto,
cia para o professor, indicando o que uma um grupo de professores pode se benefi-
equipe selecionada de especialistas consi- ciar dividindo a carga do trabalho. Neste
dera importante em relação à matéria. O sentido, os objetivos formativos e somati-
professor poderá então comparar seus vos podem ser definidos de maneira mais
objetivos - o que ele julga importante - significativa, num período muito menor de
com os objetivos do grupo nacional, que tempo. Mais uma vez, gostaríamos de
lhe oferece uma base para uma escolha assinalar que é impossível, e muitas vezes
consciente. nem mesmo é desejável, definir comporta-
Em segundo lugar, é necessário que o mentalmente todos os objetivos de um
professor examine cuidadosamente os ob- curso. Muitos objetivos valiosos podem,
jetivos de um dado currículo à luz de sua quando muito, ser apenas formulados de
própria situação particular. Fatores tais modo incompleto, e outros se desenvol-
como conhecimento da instrução pregres- verão à medida que o curso tiver anda-
sa, tempo disponível para o ensino, neces- mento. No entanto, no planejamento do
sidades específicas de um determinado ensino e da avaliação, é desejável especi-
grupo de alunos, interesse ou qualificação ficar comportamentalmente o maior nú-
do professor podem militar individual ou mero possível de resultados. Um esforço
coletivamente contra a inclusão de deter- coletivo da parte dos professores poderá
minados objetivos contidos no currículo. diminuir o tempo e o trabalho exigidos na
Em terceiro lugar, na medida em que o especificação dos objetivos.
texto e os materiais são a concretização
dos objetivos do currículo, o professor Um núcleo comum de objetivos A par-
deveria examinar cuidadosamente o con- ticipação grupal na formulação de objeti-
teúdo. Recomendamos ao leitor o Capítulo vos também assegura que os alunos de um
6, onde se encontram descritas as técnicas mesmo sistema escolar, submetidos ao
de exploração da estrutura das unidades mesmo curso de estudos com diferentes
de ensino e, portanto, de descoberta dos professores, estarão trabalhando na conse-
objetivos reais nela contidos. cução de um núcleo idêntico de objetivos.
É muito freqüente encontrarmos classes
que freqüentam o "mesmo" curso, com
As vantagens da cooperação na diferentes professores, e apresentam com-
definição de objetivos portamentos totalmente diversos, no final.
Isto não quer dizer que não é mais possí-
Definir objetivos educacionais de modo a vel que cada professor possua seus pró-
que se tornem úteis para o planejamento e prios objetivos educacionais; no entanto, a
avaliação do ensino não é uma tarefa par- determinação de todos os objetivos de um
ticularmente fácil. Exige um grande inves- curso comum não pode ser deixada intei-
timento de reflexão e de análise cuidado- ramente nas mãos de cada instrutor. Den-
sas que, por sua vez, requerem grande in- tro do quadro de referências de um con-
vestimento de tempo. Esta tarefa pode se junto comum de objetivos, sobra ainda es-
DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS EDUCACIONAIS 43
paço suficiente para que o professor traba- mos anteriormente. Existem três outras
lhe em direção a certas metas, específicas estratégias que podem ser empregadas na
para uma determinada classe. Além disso, identificação e no detalhamento dos obje-
na própria consecução das metas comuns, tivos de um curso: a análise dos testes do
ele poderá seguir vários caminhos. Ter professor, observação em sala de aula e o
objetivos comuns não significa necessaria- uso das Taxonomias de Objetivos Educa-
mente adotar métodos comuns e, portanto, cionais.
não significa reprimir a criatividade do
professor. É possível que alguns educa- Análise dos testes do professor O grupo
dores, capazes e conscientes, não aprovem poderia perfeitamente começar por uma
abertamente a idéia de um núcleo idêntico análise dos testes utilizados por diversos
de objetivos. Pelo contrário, até reforcem a professores para avaliar os resultados do
diversidade e as diferenças entre seus pró- curso. Através da análise dos itens dos tes-
prios objetivos e os dos demais profes- tes, à luz das experiências de instrução
sores. Porém, na medida em que se dá dos alunos, é possível inferir os tipos de
valor à equivalência, a definição conjunta comportamentos que lhes são exigidos na
de objetivos é altamente recomendada. resposta à cada questão. É preciso deixar
claro que a validade destas inferências
Formação de um "pool" de itens Uma depende de um conhecimento preciso da
outra vantagem da participação grupal na "bagagem" com que o aluno se defronta
formulação de objetivos é de que a coo- com o item, pois o mesmo pode eliciar
peração pode levar à formação de um pool comportamentos completamente diferen-
comum de itens. Um pool de itens consiste tes de pessoa para pessoa. Por exemplo,
de um grande número de itens de teste, uma questão do teste pode requerer ape-
cada um deles codificado quanto à meta nas a simples lembrança de fatos memori-
comportamental, ao conteúdo e ao grau zados, de alunos que já tenham discutido
escolar aproximado, que são utilizados na aquele material específico em classe, ao
elaboração de testes de avaliação do ren- passo que pode exigir um alto nível de
dimento do aluno. No Capítulo 11 faremos análise e de aplicação, por parte de alunos
uma exposição detalhada sobre a constru- que nunca viram o material mas tiveram
ção e o uso de pools de itens. Por contato com os princípios relacionados
enquanto, é suficiente dizer que a coo- com a solução do problema, durante o
peração entre os professores na especifica- período de aprendizagem.
ção de objetivos é o primeiro passo neces- A despeito das diferenças de formação
sário no desenvolvimento de um pool de dos alunos, esta primeira estratégia pode
itens. trazer esclarecimentos sobre os comporta-
mentos que os professores querem atingir,
fornecendo, assim, algumas linhas mestras
Estratégias de desenvolvimento para a especificação dos objetivos.
de objetivos educacionais
Observação em sala de aula de resultados
Um grupo de professores que inicia a tare- imprevistos Uma outra forma de iniciar a
fa de reformular os objetivos comuns de formulação de objetivos é realizar obser-
um curso poderia começar com uma dis- vações nas classes, a fim de identificar as
cussão sobre os comportamentos finais e mudanças que realmente estão se proces-
as áreas de conteúdo, ou, como sugerimos sando no aluno. O rendimento real do alu-
no Capítulo 6, com uma análise do texto e no revela os objetivos do ensino. Freqüen-
dos materiais utilizados no curso. Isto pro- temente, estes se revelam muito diferentes
vavelmente resultará numa definição dos objetivos definidos no início do curso.
ampla de metas que, por sua vez, deverão Nesta estratégia, procura-se observar
ser mais bem especificadas, como mostra- não só os comportamentos finais espera-
44 EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO
dos mas também resultados não previstos. atitudes positivas em relação à Matemá-
O procedimento baseia-se na suposição de tica e também de um nível mais alto de
que na medida em que o texto ou materi- compreensão de sua estrutura e de suas
ais usados no curso têm validade de con- propriedades, até que o grupo voltado
teúdo, torna-se difícil imaginar de ante- para a Matemática "moderna" começou a
mão todos os comportamentos resultantes. levar em conta uma maior amplitude de
Com muita freqüência os resultados não comportamentos matemáticos. Assim, na
esperados, negativos ou positivos, são des- medida em que os resultados esperados
prezados porque a avaliação concentra-se freqüentemente podem ser realizados, o
exclusivamente nos objetivos previamente professor deveria sempre tentar determi-
formulados. É mais fácil aperfeiçoar o cur- nar os ganhos e perdas inesperados e de-
so quando o quadro de resultados está correntes de suas decisões em relação aos
completo. O Projeto Illinois de Ciências objetivos. A observação em sala de aula
Para a Escola Primária vale-se desta abor- pode dar ao professor este necessário dis-
dagem para avaliar pontos fracos e fortes. cernimento.
J. Myron Atkin (1963), então Diretor do
Projeto, disse o seguinte a respeito deste Taxonomia de Objetivos Educacionais
assunto: A terceira estratégia no desenvolvimento
de objetivos educacionais é o uso da Taxo-
o pessoal envolvido no projeto está dando nomia de Objetivos Educacionais (Bloom,
início a uma série de observações em sala -de 1956; Krathwohl, Bloom & Masia, 1964).
aula, numa tentativa de identificar modifica- As duas partes deste trabalho serão resu-
ções comportamentais imprevistas nos alu-
midas no apêndice da Segunda Parte
nos. Nos métodos tradicionais de planeja-
deste livro e serão tratadas com maiores
mento e avaliação de cursos, este procedi-
mento parece retrógrado. O procedimento
detalhes nos Capítulos r a 10 e no decor-
comum consiste em identificar as mudanças rer dos capítulos que integram a Segunda
que se deseja produzir no aluno, e então Parte. Contudo, faz-se necessária uma
verificar se o curso está sendo eficiente na breve descrição destes dois volumes.
produção destas modificações. Nós, pelo O Manual 1, Domínio Coqnitivo, foi
contrário, estamos observando as classes publicado em 1956. O Domínio Cognitivo
com o objetivo de identificar as modificações classifica objetivos referentes a tarefas in-
não previstas ou não ídentífícadas de início telectuais. Para atingir alguns destes obje-
(p.132).
tivos, o aluno tem pouco mais a fazer do
que memorizar; para outros, ele precisa
Assim, a observação em sala de aula determinar o problema essencial e então
não só ajuda a identificar os "objetivos" reorganizar um determinado material ou
post hoc, como também resulta numa combíná-lo com idéias, métodos ou proce-
avaliação mais abrangente e confiável. A dimentos aprendidos anteriormente. O
avaliação envolve uma descrição dos Manual 2, Domínio Aietivo, foi concluído
resultados do curso. Esta descrição só é em 1964, e categoriza objetivos que enfa-
válida se for completa. Deve detalhar não tizam sentimentos, emoções ou um certo
só em que medida os objetivos desejados grau de aceitação ou rejeição. Um terceiro
foram obtidos, como também os efeitos volume, sobre o domínio psicomotor,
negativos e positivos que sua realização ainda não foi iniciado.
exerceu sobre os alunos. Por exemplo, nos A Taxonomia resulta do trabalho de um
currículos "tradicionais" de Aritmética dos grupo de examinadores que atuavam no
anos 30 e 40, dava-se grande importância nível colegial e que desenvolverem o sis-
às habilidades de lidar com números e à tema de classificação de objetivos educa-
utilidade social destas habilidades. Não se cionais, a fim de facilitar a comunicação
notava que muito freqüentem ente esses entre si mesmos e com seus colegas a res-
objetivos eram obtidos em detrimento de peito dos objetivos, itens de testes e proce-
DEFINIÇÃO DE OBJETNOS EDUCACIONAIS 45
dimentos de avaliação por meio de testes. Taxonomia permite que o professor supere
Estavam conscientes de que a falta deste os problemas da definição de objetivos,
procedimento sistematicamente operacio- oferecendo-lhe um ponto de referência
nalizado de classificação era responsável comum sobre o qual poderá centralizar
por grande parcela da ambigüidade, dos suas discussões.
erros de interpretação e da falta de comu- Em segundo lugar, os itens dos testes na
nicação que permeavam as tentativas dos Taxonomia podem ser utilizados pelos
educadores no sentido de compartilhar professores como modelos para a elabora-
idéias a respeito dos objetivos e dos méto- ção de itens semelhantes, peculiares às
dos de testagem. necessidades do conteúdo de sua área. A
Como vimos, na definição de objetivos Taxonomia oferece inúmeros modelos de
educacionais, devem ser especificados itens destinados a medir todos os tipos de
tanto o comportamento quanto o conteú- comportamentos, dos mais simples até os
do. A Taxonomia coloca o aspecto compor- mais complexos. Geralmente osprofes-
tamental do objetivo dentro de um quadro sares não apresentam grande dificuldade
de referências hierárquico: supõe-se que em testar diretamente a memorização de
cada categoria contém um comportamento fatos, porém não se mostram tão inclina-
mais complexo, abstrato ou internalizado dos a elaborar itens que meçam processos
do que a categoria anterior. No Domínio mentais superiores ou resultados afetivos
Cognitivo estas categorias encontram-se do ensino. Uma das principais críticas que
distribuídas ao longo de um continuum. os professores fazem aos testes objetivos é
No Domínio Afetivo,o continuum se dá no de que eles examinam apenas habilidades
sentido da intemalízação, ou seja, a orde- muito simples. Os modelos de itens na Ta-
nação descreve o -processo pelo qual um xonomia poderiam dissuadi-los desta no-
determinado fenômeno ou valor evolui de ção e lhes dar uma direção na elaboração
um nível de quase inconsciência para uma de itens que meçam comportamentos mais
situação onde existe alguma capacidade complexos. Realmente, um dos principais
de orientação ou controle das ações de méritos da Taxonomia cognitiva foi o de
uma pessoa. chamar a atenção dos professores para o
Em ambos os volumes, cada categoria fato de que é possível medir objetivos
hierárquica vem acompanhada de exem- mais complexos do que a memorização
plos de objetivos educacionais tomados da dos fatos.
literatura, de uma descrição dos comporta- Em terceiro lugar, a Taxonomia pode
mentos envolvidos naquele nível, e de sugerir classes de objetivos não considera-
uma amostra de itens para medir os com- das anteriormente. Utilizada desta manei-
portamentos descritos. ra, torna-se um guia para uma avaliação
Os professores podem utilizar a Taxono- mais exaustiva dos resultados do curso,
mia de várias maneiras. Por exemplo, se propondo a busca de uma série de com-
um grupo de professores dispõe de um portamentos não previstos no início do
conjunto de objetivos definidos em termos curso. Isto resulta numa descrição mais
bem amplos, a Taxonomia pode ajudá-los válida dos resultados de uma determinada
a especificar seus objetivos operacional- seqüência de ensino que, por sua vez,
mente. Assim, se um dos objetivos for "O conduziria a um melhor ensino no futuro.
aluno compreende informações comer- Em quarto lugar, a Taxonomia pode ser
ciais, apresentadas sob a forma de gráfi- utilizada para ajudar o professor na análi-
cos", os professores poderão traduzir esta se de testes padronizados. Como disse
definição em termos mais precisos, esco- Krathwohl (1964). os professores sentem
lhendo os diversos comportamentos espe- que os testes padronizados são
cificados nas categorias da Taxonomia ou
utilizando os itens ilustrativos como defini- .. - elaborados por especialistas que sabem
ções operacionais. De qualquer forma, a mais do que eles, e embora possam sentir
46 EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO
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10
Técnicas de Avaliação de
Objetivos Afetivos
245
UNICAMP.
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
BIBLl01ÉCA
246 TÉCNICAS DE AVAUAÇÃO DE OBJETIVOS COGNITIVOS E AFETIVOS
mudanças afetivas - pelo contrário; estes p. 42) que não ensiná-los é "não só covar-
aspectos separados podem estar estreita- dia, mas incompetência, incompetên-
mente relacionados. Como B.O. Smith cia profissional". Quanto aos comporta-
aponta (1966, p. 53), "... ensinar qualquer mentos e conclusões morais ele afirma que
conceito, princípio ou teoria não é apenas há um imperativo moral em instruir nestas
ensinar a compreendê-Io, mas é também áreas de forma que os alunos não "ig-
ensinar uma atitude em relação a ele - a norem a força que existe por trás da mora-
sua aceitação ou rejeição como úteis, lidade subjacente às leis e às instituições
seguros e assim por diante". Na verdade que incorporam as virtudes e toleram os
certas técnicas pedagógicas comumente vícios desta nação" .
aceitas de produção de resultados cogniti- O ensino tanto dos valores cognitivos e
vos, satisfatórios podem destruir um senti- morais pode, entretanto, evitar a acusação
mento positivo que o aluno possa ter em de ser uma lavagem cerebral se se tiver
relação ao assunto. Basta dizer que é pos- em mente três pontos:
sível que um aluno entenda um determi-
nado assunto, seja bastante capaz na área 1. Ensinar como fatos apenas aquelas afirma-
e ainda assim tenha uma profunda aver- ções que podem ser objetivamente demons-
são ou outro sentimento negativo em rela- tradas ...; as demais ensinamos como hipóte-
ção à disciplina. Antes de discutir técnicas ses. Assim não violamos o direito dos outros
de fazer suas próprias escolhas quando a
de avaliação dos aspectos afetivos, exami-
escolha for racionalmente possível, nem seu
naremos algumas das razões pelas quais a
direito de conhecer a verdade nos casos em
educação americana não enfatizou estes que ela é conhecida.
aspectos.
2. O bom ensino não consiste basicamente na
exigência de memorização de conclusões
que o professor julga corretas, mas no desen-
Razões da negligência em relação aos volvimento das habilidades necessárias para
aspectos afetivos chegar a conclusões e testá-Ias ...
3. O fato de que certas conclusões possam ser
Medo da doutrinação agora vistas como conclusões demonstradas
não significa que elas jamais venham a se
Uma das razões pelas quais não se deu revelar incorretas ...
ênfase aos aspectos afetivos na instrução (Scriven, 1966, pp. 44-45)
decorre do tom orweliano que o ensino de
atitudes e voltado para os valores freqüen- Ao invés, então, de temer a acusação de
temente assume para os professores e lavagem cerebral ou de doutrinação, as
para o público. Podemos ensinar valores escolas têm a obrigação, se quisermos evi-
sem estarmos caindo na doutrinação ou tar os perigos de uma sociedade 1984, de
em técnicas de lavagem cerebral tão trabalhar no sentido de consecução dos
estranhas ao nosso conceito de educação? objetivos afetivos.
Scriven trata especificamente deste pro-
blema no seu excelente Student Values as
Educatíonal Objectives (1966). Ele faz uma Fracasso na avaliação dos resultados
distinção entre valores adquiridos junta- afetivos
mente com a aprendizagem cognitiva, tais
como a valorização da objetividade e dos Outras razões pelas quais os professores
métodos científicos e valores morais, como não deram ênfase à instrução dos objeti-
a empatia e a simpatia, que não podem vos afetivos, freqüentemente definidos,
ser ensinados juntamente com técnicas são semelhantes às razões do fracasso em
cognitivas. avaliar os alunos nestes aspectos. Os tes-
Em relação aos valores associados à tes feitos pelos professores para avaliar o
dimensão cognitiva Scriven ressalta (1966, desempenho do aluno são estruturados de
TÉCNICAS DE AVALlAçÃO DE OBJETIVOS AFETIVOS 247
forma a detectar quase que exclusiva- cias políticas, são questões de foro íntimo
mente resultados cognitivos. Os testes pa- e esta privacidade é garantida pela Cons-
dronizados usados pelas escolas com- tituição. Como uma pessoa dispõe do seu
param o desempenho do aluno com o de tempo de lazer, o tipo de literatura, arte,
algum outro grupo e dão ênfase a tarefas música ou cinema que prefere são ques-
intelectuais que implicam no reconheci- tões de preferência pessoal em nossa
mento ou lembrança de conhecimentos sociedade. Devido a esta característica de
previamente aprendidos e na reordenação privacidade da vida efetiva, os professores
ou aplicação destes conhecimentos para a hesitam em fazer julgamentos avaliatívos
solução de problemas apresentados pelo nestas áreas.
examinador. Estreitamente relacionado a este estado
Existem algumas explicações válidas de coisa está o fato de que muitos educa-
para as dificuldades verificadas na avalia- dores não acham apropriado dar uma nota
ção de aspectos afetivos. Em primeiro para atitudes, valores, interesses ou opi-
luqar, existe a suposição de que, ao con- niões dos alunos. Assim, embora estes
erário da maioria dos objetivos cognitivos, aspectos possam interferir, favorável ou
os objetivos afetivos não podem ser atingi- desfavoravelmente e de maneira não ofi-
dos num período de instrução relativa- cial, na nota que um aluno recebe pelo
mente curto de uma semana, um mês, um seu desempenho num teste cognitivo de
semestre, ou ano e que, portanto, eles não realização, para muitos professores seria
podem ser avaliados dentro da escola. impensável examíná-los diretamente, para
Esta crença está implícita nas afirmações fins de atribuição de uma nota.
de professores que dizem que estes objeti-
YOS são impalpáveis ou ocorrem num
tempo tão dilatado que as atitudes, valo- A necessidade de avaliar objetivos
res, interesses e apreciações que eles ten- afetivos
taram desenvolver em seus alunos podem
se revelar apenas muito mais tarde na A despeito das razões para a hesitação,
vida - muito depois de terminada a edu- acima mencionadas, se as intenções da
cação formal. Se esta suposição fosse cor- escola incluem, além dos objetivos cogniti-
reta seria realmente difícil avaliar objetivos vos resultados afetivos tais como "espírito
aietivos. Embora o tempo necessário para de pesquisa", "acatamento da lei e dos re-
que haja uma mudança no comporta- gulamentos da escola", "capacidade de
mento afetivo seja indubitavelmente uma apreciar a estrutura do sistema de nú-
runção da complexidade do comporta- meros reais", "ouvir com prazer boa mú-
mente que se tem em vista isto também sica" e "maior inclinação e 'gosto cres-
ocorre no caso de mudanças que se deseja cente pelo que é bom na literatura", ela
nrcduzír no comportamento cognitivo. tem por obrigação avaliar a eficácia do
Existem provas de que, do mesmo modo currículo na formação destes comporta-
que certos objetivos cognitivos, muitos ob- mentos. Se a escola não o fizer, não terá
:etivos afetivos podem ser alcançados com dados nos quais basear as modificações
relativa rapidez e são, portanto, passíveis em seu currículo e métodos pedagógicos.
de avaliação. Além disso, não os avaliar leva, como já
Uma segunda razão para a hesitação afirmamos, a um eventual descaso da di-
em avaliar aspectos afetivos é que as mensão afetiva da educação e a uma
características desta natureza, ao contrário ênfase excessiva na instrução verbal-
de capacidades de realização, são consi- -conceitual. A não 'avaliação dos aspectos
deradas mais como questões privadas do afetivos deve-se em parte a uma concep-
que públicas. A atitude de uma pessoa em ção estreita do conceito de avaliação e a
relação a problemas sociais, suas crenças um descaso em relação à distinção entre
reliqiosas ou a falta delas, suas preferên- avaliação somativa e avaliação forma tiva,
248 TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE OBJETIVOS COGNITNOS E AFETIVOS
do meramente fazer algo com ou em rela- ocorrer nas especificações dos objetivos
ção a alguns fenômenos. Implica em per- afetivos. "Apreciação de literatura" é um
cebê-los como dotados de valor e, conse- objetivo comum entre os professores de
qüentemente, em apresentar alguma con- Inglês e ilustra dois pontos. Primeiro, este
sistência nos comportamentos relaciona- objetivo precisa ser mais bem descrito em
dos a estes fenômenos. Um objetivo típico termos de comportamentos que serão
seria: "escreve cartas à imprensa sobre aceitos como prova de que o aluno gosta
assuntos que lhe causam uma forte im- de literatura. Em outras palavras, os obje-
pressão". tivos devem ser operacíonalízados, o
termo "apreciação" deve ser especificado
e definido de maneira mais completa. O
4.0 Organização A organização é defi- segundo ponto é contingente à melhor
nida como a conceituação dos valores e o operacionalização do objetivo: é preciso
emprego destes conceitos na .determína- indicar o grau de internalização. Isto por-
ção das inter-relações entre valores. Um que os comportamentos de apreciação
objetivo típico poderia ser: "começa a for- podem abranger pelo menos três cate-
mar juízos quanto às principais direções gorias taxonômicas de internalização.
que a sociedade americana deveria
tomar".
o Estudo de Oito Anos
1.0 Recepção
3.0 Avaliação
28. Nunca tive vontade de aperfeiçoar meus
conhecimentos de música. 42. Freqüentemente converso sobre assuntos
relativos à música.
2.0 Emissão de respostas 43. Se gosto de uma certa peça musical fre-
29. Freqüentemente converso a respeito de qüentemente a recomendo aos meus
assuntos relativos à música. amigos.
44. Várias vezes tentei convencer meus amigos
3.0 Avaliação de que deviam dedicar algum tempo à
30. Gosto de ouvir discos que tenham explica- audição de música.
ções ou discussão sobre a música tocada. 45. Muito freqüentemente leio artigos (sobre
música) com grande interesse.
4.0 Organização
31. Você alguma vez discutiu ou teve que
4.0 Organização
explicar (a questão): o que torna uma com-
posição musical imortal? 46. Quando ouço música geralmente tento jul-
gar a qualidade da execução.
(Lewy, 1966, pp. 160, 163, 165, itens 4, 43, 74, 77)
47. Freqüentemente comparo a execução de
uma música por diferentes músicos.
48. Gosto de trocar idéias sobre a qualidade da
Os itens abaixo, organizados pelo nível execução com outras pessoas que ouviram
taxonômico de internalização são outros o mesmo programa.
exemplos de questões de escolha- 49. Ao formar uma opinião sobre a execução,
-compulsória (é verdade - não é verdade) levo em consideração a técnica dos exe.cu-
selecionados por Lewy para medir aspec- tores.
tos de seus objetivos de música. (Lewy, 1966, pp. 160-66, extraído dos itens 1-86)
TÉCNICAS DE AVAliAÇÃO DE OBJETIVOS AFETIVOS 255
No campo da Matemática Lewy obser-
vou que os dois objetivos mais comuns são
os seguintes:
1.0 Recepção
50. As pessoas freqüentemente procuram
encontrar melhores formas de fazer as coi-
sas como, por exemplo, usando logaritmos
ou simplificando os cálculos aritméticos.
Você gostaria de ouvir uma explicação a
respeito disto? (Sim ou não).
3.0 Avaliação
52. Você dedicaria algum tempo ao estudo pro- 55. Você acha (qualquer) destes desenhos (é)
fundo do significado de um desenho com- atraente?
plexo? (Sim ou não). 56. Você gostaria de ver mais desenhos deste
tipo?
4.0 Organização 57. Você gostaria de conhecer mais coisas a
53. Você alguma vez pensou sobre o signifi- respeito deste tipo de desenho, como
cado da expressão "a beleza na Matemá- quando foram feitos, por quem, etc.?
tica"? (Sim ou não).
(Lewy, 1966, pp. 151-157, itens 15,40,42, 65) 2.0 Emissão de Respostas
Você provavelmente já teve que demonstrar
problemas geométricos como o seguinte.
Os itens 54 a 70 são questões adicionais Demonstre que, se um pentágono inscrito num
de escolha-compulsória (verdadeiro-falso círculo tem ângulos iguais, então seus lados são
e sim-não) escolhidas por Lewy para iguais.
medir aspectos de seus objetivos afetivos 58. Você via de regra deseja não ter que se
no campo da Matemática. Os itens estão aborrecer com problemas deste tipo?
dispostos segundo os níveis taxonômicos 59. Raramente você tenta resolver problemas
de internalização. como este por livre e espontânea vontade?
60. Você gostaria de ajudar alunos a resol-
verem problemas como este?
1.0 Recepção 61. Você se aborrece quando lhe falam de pro-
54. Você acha que (os desenhos mostrados) são blemas como este?
apenas um monte de linhas e formas sem 62. Você já leu algum livro de divulgação sobre
interesse? Matemática?
256 TÉCNICAS DE AVAUAÇÃO DE OBJETIVOS COGNITIVOS E AFETIVOS
74. Qual é a coisa mais importante que você perada pelo entrevistador. Obviamente, a
aprendeu em seu curso de russo? entrevista aberta é mais longa do que a
a) Nem todos os professores são ruins entrevista estruturada. Apesar disso, o ins-
b) Um bom professor pode tornar o assunto trumento aberto pode dar ao professor
interessante uma informação impossível de ser con-
c) Resposta de conteúdo seguida de outro modo.
d) Posso fazer bem alguma coisa Além disso, a técnica não estruturada
e) Um novo respeito pela escola pode ser usada de três maneiras: primeiro,
f) Uma nova compreensão de outros
pode sugerir idéias para a elaboração de
aspectos da escola
itens estruturados; segundo, quando
g) Uma melhor compreensão de eventos
atuais usada numa pequena amostra juntamente
h) A relação entre o que acontece dentro e· com uma técnica de entrevista estrutura-
fora da escola da, permite ao investigador aferir a vali-
i) dade dos dados estruturados, finalmente,
pode trazer vida aó esqueleto conseguido
75. O que os outros alunos do curso acham através da abordagem estruturada.
dele?
a) Gostam
b) Não gostam
A questão aberta
c) Indiferente
d) Não falam nisso
e) Têm medo de dizer A questão aberta ou para completar
76. O que os alunos que não são do curso requer que o aluno escreva algo que pode
acham dele? variar em tamanho. Raths, Harrnin e Si-
a) Uma boa idéia
mon (1966) enumeram algumas questões
b) Gostariam de ter um curso como este para completar que se mostraram eficazes
c) Nunca me disseram na apreensão de atitudes, crenças, ativida-
d) Não gostam des e valores:
e)
77. Com um presente de 100 dólares eu
Na entrevista aberta elabora-se um nú- 78. Se este próximo fim de semana fosse um
mero limitado de questões-chave sobre os fim de semana de três dias eu gostaria
tópicos de interesse, de forma a maximizar de ...
o valor analítico das respostas, mas dentro 79. Posso contar com meus melhores amigos
para ...
destes limites o entrevistador mais ouve e
80. Meus dias mais tristes são
aprofunda do que dirige. A abordagem é
81. Eu mal posso esperar ser capaz de
não-diretiva e o entrevistado r tem liber- 82. Meus filhos não vão ter que
dade quase limitada de explorar nuances Porque ...
sutis para esclarecer as respostas do entre- 83. As pessoas podem me magoar muito
vistado. Esta técnica amplia e aprofunda a quando ...
informação avaliativa, mediante o encora- 84. Se eu tivesse um carro meu ...
jamento de uma expressão de atitudes 85. Finalmente resolvi aprender a ..
mais espontânea e diretamente pessoal 86. Se eu pudesse ganhar uma assinatura de
por parte do aluno. Permite que ele indi- duas revistas eu escolheria . . .
Porque ...
que os "como" e os "porquês" dos valores
87. Algumas pessoas parecem querer só
que expressa e das atitudes que reflete.
88. A noite em que eu fiquei acordado até mais
Ao empregar a entrevista aberta para a tarde em minha vida eu . . .
coleta de informações sobre objetivos afe- 89. Se eu pudesse ter sete desejos
tivos o professor deve ter cuidado para 90. Eu creio ...
não dirigir ou influenciar o entrevistado, 91. Secretamente desejo ...
evitando, assim , que ele dê a resposta 92. Meu conselho para o mundo seria
que considera como sendo a resposta es- (Raths, Harmin e Simon, pp. 137·38, itens 1-16)
TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE OBJETIVOS AFETIVOS 259
o questionário de questões para com- versões são usadas, as respostas de um
pletar foi muito usado na mensuração da aluno podem ser classificadas como positi-
socialização e da estrutura das atitudes. vas ou negativas. O escore é o número de
Getzels e Walsh (1958) relatam 'uma téc- respostas negativas. A proporção de res-
nica interessante que pode ser usada não postas negativas na versão projetiva em
só para medir socialização, mas também relação às respostas positivas no instru-
para reduzir a tendência dos respondentes mento direto dá uma medida de discre-
de indicar atitudes mais favoráveis do que pância entre hipóteses pessoais e reações
as que verdadeiramente possuem. A abor- expressas. Esta técnica, além de assegurar
dagem destes autores ao questionário de ao respondente que suas respostas são
questões para completar abrange o uso de confidenciais, pode ajudar a construir um
dois instrumentos: os questionários "dire- quadro mais real do impacto do currículo
to" e "projetivo". No questionário direto, nas atitudes.
cada item é formulado na primeira pessoa; A técnica de questões para completar
no questionário projetivo os mesmos itens tem duas vantagens principais do ponto
são formulados na terceira pessoa. de vista da avaliação. Primeiro, é um
Ao responder ao instrumento direto o excelente instrumento de avaliação tanto
sujeito está plenamente consciente da do currículo como do aluno. As respostas
natureza auto-reveladora e possivelmente dos alunos às questões para completar
avaliativa de suas respostas. Por isso sua podem indicar ao professor áreas de con-
resposta representa "o nível de comporta- senso, pontos de equívoco, e interesses e
mento em que o indivíduo permite que a atitudes por parte da classe que podem re-
sociedade o veja" (Getzels e Walsh, 1958, ceber então uma maior ênfase dentro da
p. 3). O questionário projetivo, por outro flexibilidade do currículo. Quando o aluno
lado, não tem referência pessoal e per- está consciente dos objetivos do professor,
mite, portanto, uma medida mais real das sabe que é livre para responder ou não às
crenças do sujeito. Na monografia de Get- questões e sabe que não receberá 'uma
zels e Walsh podem ser encontrados nota por estas opiniões, as questões
vários itens ilustrativos: podem lhe possibilitar um valioso discer-
nimento a respeito do seu comportamento
93. Quando eu que- 93a. Quando Alice que- afetivo. Numa avaliação formativa do alu-
bro um vidro en- brou um vidro én- no, Raths, Harmin e Simon (1966) obser-
quanto estou brin- quanto estava brin- vam que o professor pode pedir que ele
cando, eu ... cando, ela ... esclareça mais sua resposta,. apontar
94. Quando me pedem 94a. Quando pedem a inconsistências ou suposições que foram
para me respon- Frida que se res- feitas, salientar afirmações extremadas e
sabilizar, eu . . . ponsabilize, ela ... perguntar ao aluno coisas como "Você fez
95. Se o professor me 95a. Se o professor pe- alguma coisa a este respeito"?, em relação'
pegasse colando na gasse a Bia colan- às suas respostas. Todas estas atividades
prova, eu ... do na prova, ela . . .
do professor fornecem ao aluno informa-
(Getzels e Walsh, 1958, pp. 29-33, itens 5, 23, 36; pp.
ções sobre o estado atual, o crescimento
32-6, itens 23, 13, 36)
ou o desenvolvimento de características
como seus interesses, atitudes e valores.
A segunda vantagem da questão para
Quando usada na avaliação formativa completar é semelhante à vantagem da
ou somativa de um currículo que tem por entrevista aberta, já descrita: as respostas
objetivo mudar atitudes, a versão "proje- dos alunos se constituem numa rica fonte
tíva" reduz as tendências conscientes e de respostas alternativas para Um questio-
inconscientes que os alunos têm de dar a nário estruturado. A técnica de questões
resposta que consideram socialmente para completar permite que o respondente
aceitável. Além disso, quando ambas as seja livre e espontâneo, mas é mais
260 TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE OBJETIVOS COGNITIVOS E AFETIVOS
Com que freqüência, em média, você tem lido Existem doze escalas de dezesseis itens
cada um dos seguintes tipos de REVISTAS? cada que dão uma medida do interesse do
105. Revistas literárias como Atlantic Monthly aluno por Inglês, Artes, Matemática, Ciên-
A. Raramente ou nunca. cias Sociais, Secretariado, Ciências Físi-
B. Ocasionalmente' cas, Línguas Estrangeiras, Música, Enge-
C. Regularmente' nharia, Economia Doméstica e Admínis-
• Cite uma tração. Os seguintes itens ilustram este
(Maier e Anderson, 1964, Apêndice B, pp. 1-14, itens tipo de questão:
6, 16, 92.)
111. Escrever histórias (Inglês)
o San Dieqo County Inventory oi Rea- 112. Trabalhar com argila (Artes)
ding Attitude contém exemplos de ques- 113. Participar de um clube de Matemática
tões que os professores poderiam elaborar (Matemática)
para uma avaliação formativa das atitudes 114. Bater à máquina cartas comerciais (Secre-
do aluno em relação à leitura, bem como o tariado)
interesse por este tipo de atividade ou 115. Descobrir como bactérias perigosas podem
para uma avaliação formativa e somatíva ser evitadas na água, leite e outros ali-
de modificações curriculares. mentos (Biologia)
(Educational Testing Service, 1963, pp. 2 e 5, itens 2, 6,
Faça um círculo em torno da palavra SIM ou 16, 18, 82.)
NÃO, a cada pergunta para indicar sua res-
posta. Outro tipo de questão que mede a
SIM NÃO 106. Você gosta de ler antes de ir intensidade da resposta afetiva é o que
para a cama? solicita que o aluno indique se está muito
SIM NÃO 107. Você acha que lê pouco? de acordo (SA). de acordo (A). se está inde-
SIM NÃO 108. Você se interessa pelo que ciso (?). discorda (D), ou está em completo
outras pessoas leram? desacordo (SD) com uma dada afirmação.
SIM NÃO 109. Você gosta de ler quando. seus Os seguintes itens, elaborados para medir
pais estão lendo? a atitude geral em relação à escola são
SIM NÃO 110. A leitura é seu assunto favori- deste tipo:
to na escola?
(San Diego Country, sem data, itens 1-5). SA A ? D SD 116. Qualquer pessoa é
capaz de aprender, se
estudar
Muitas vezes pode ser importante co-
nhecer a intensidade da afetividade do SA A D SD 117. A escola não ensina
nada de bom
aluno em relação a um fenômeno. Há
várias formas de resposta que tornam isso SA A D SD 118. Você deve dar tudo
6 7 8 9
A versão de Terwilliger poderia ser
I,
I
Tenho um
pouco mais
de interesse
Tenho muito
maisin-
teresse que
Tenho muí-
tíssimo mais
interesse
Meuin-
teresse COI-
responde ao
modificada para o exame de outras áreas,
i que a maio- a maioria que a maio- do grupo além do interesse vocacional. Por exem-
ria das pes- das pessoas. ria das pes- mais alto
plo, poder-se-ia perguntar ao aluno sobre
I soas. soas. nesta área.
a sua vontade de escolher determinados
cursos mediante a inclusão do nome de
um certo curso ao invés de uma ocupação.
Este tipo de questão pode se referir a Às vezes é desejável combinar as vanta-
qualquer conceito, de modo que mudando gens das questões para completar e das
a descrição de "interesse artístico" para, questões fechadas. Esta técnica fornece ao
por exemplo, "capacidade de pensar por avaliador informações tanto quantitativas
si mesmo", o professor pode obter dados como qualitativas, ao mesmo tempo em
sobre a maneira como o aluno se classifica que lhe permite verificar a validade dos
em relação a vários constructos. O uso instrumentos. O exemplo seguinte, extraí-
destas escalas como pré e pós-teste pode do do Independent Activities Questionnai-
indicar ao professor como o ensino por ele re do Educational Testing Service (1965)
ministrado está influenciando a autoclassi- ilustra esta combinação.
ficação do aluno no traço em questão.
Terwilliger (1966) sugere um método 127. Durante o ano passado você leu NÃO SIM
curioso, criado para medir intensidades ou até o fim algum outro livro de fie- O O
"níveis" de interesse ocupacional. Em sua ção ou de não-ficção, que não
técnica, são as afirmações (itens), e não as fosse obrigatório para o curso?
/FOWCAS LlE A 0UL4ÇXO LlEOB/El7VOSCOGNfl7VOS E AFE77VOS
temas repetidos no texto. Cada palavra de leitor que examine a lista, muito útil, de
um texto é examinada em termos de uma palavras-chave existente nessa obra.
possível relevância para uma lista de con-
ceitos que interessam ao avaliador. Atual- Sumário
mente o pesquisador dispõe de pelo
menos quatorze dicionários, se bem que Os objetivos afetivos podem e devem se
bastante especializados. Como esta prá- tornar metas integrantes da educação
tica está se expandindo, um sistema americana. A eficiência das escolas na
escolar, trabalhando em conjunto com o produção de objetivos afetivos desejáveis
pessoal e o equipamento de uma universi- pode e deveria ser avaliada. Os perigos
dade, pode desenvolver seu próprio dicio- reais e imaginários associados à avaliação
nário, específico às suas necessidades de destes aspectos se reduzem quando se faz
avaliação. Em Values and Teachinq, uma distinção entre avaliação formativa e
Raths, Harmin e Simon (1966) descrevem somativa do aluno e do currículo. Asse-
frases e palavras-chave indicadoras de in- gurar aos alunos o anonimato ou a não
teresses, atividades, aspirações, atitudes e atribuição de nota ou de punição às suas
propósitos. Não há razão para supor que respostas pode resultar em dados válidos
listas como esta não possam, com o tempo, sobre seus aspectos afetivos.
vir a ser codificadas, com vistas à sua apli- Deste modo, os abusos freqüentemente
cação num programa como o discutido em associados à avaliação afetiva podem ser
The General Inquirer. Neste sentido, po- evitados. O professor ou a escola que qui-
der-se-ia instruir o computador para guar- serem assumir o dever de avaliar os im-
dar e enumerar todas as ocorrências de portantes componentes afetivos do currí-
frases críticas como "Eu sou a favor...", culo, anteriormente negligenciados, dis-
"Eu sou contra .;" , "Se você me pergun- põem de modelos de objetivos afetivos
tar..;' e "Na minha opinião ...", sugeridas bem definidos e de uma grande variedade
em Values and Teachiiiq. Sugere-se ao de técnicas para a sua avaliação.
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1.3. Chicago: ACE, 1941.
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Geizels, J. W., & Walsh, J. J. The method of paired direct and projective questionnaires in the study 01
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Krathwohl, D. R, Bloom, B. S., & Masia, B. B. Taxonomy of educational objectives: The classification of
educational goals. Handbook 2. Affective domain. Nova York: McKay, 1964.
Apêndice
Versão Condensada da
Taxonomia de Objetivos
Edu ca cion ais 1
295
296 SISTEMAS DE AVAUAÇÃO
objeto ou estado de coisas, mesmo quando 2.0 Emissão de Respostas. Este. nível
se deve reconhecer que elas têm um efei- diz respeito a respostas que vão além da
to. É provável que o indivíduo não seja atenção aos fenômenos. O aluno está sufi-
capaz de verbalizar os aspectos do estí- ci~ntemente motivado para não estar sim-
mulo que provocam a consciência. plesmente com 1.2 Disposição para prestar
atenção (receber); talvez seja correto dizer
1.2 Disposição para receber. Nesta que ele presta atenção ativamente. Numa
categoria atingimos um escalão mais alto, primeira etapa de um processo de "apren-
mas aparentemente estamos lidando ainda der fazendo" o aluno se compromete,
com um comportamento cognitivo. Em seu ainda que pouco, com os fenômenos pre-
nível mais baixo, este comportamento sentes. Trata-se de um nível bastante bai-
pode ser descrito como uma disposição a xo de comprometimento e não diríamos
tolerar um dado estímulo, a não evitá-lo, que se trata de "um valor próprio do alu-
Tal como a Consciência, envolve uma no" ou que ele teve "tal ou qual atitude".
neutralidade ou suspensão de julgamento Estes termos se aplicam a um nível mais
em relação ao estímulo. Neste nível do alto que descreveremos a seguir. Mas po-
contínuo, o professor não espera que o deríamos dizer que ele está fazendo
aluno procure o estímulo, nem que, num alguma coisa com ou a respeito do fenô-
ambiente repleto de outros estímulos, o meno, além de meramente percebê-lo, o
aluno necessariamente se dê conta do que seria característico do nível anterior
estímulo. Espera, na pior das' hipóteses, 1.3 Atenção controlada ou seletiva.
que dada uma oportunidade de se aperce- Esta categoria é a que melhor descreve,
ber do estímulo num campo com relativa- segundo os professores, seus objetivos re-
mente poucos estímulos competidores, o ferentes ao "interesse". Geralmente este
aluno não procure ativamente evitá-lo. Na termo é utilizado para indicar o desejo de
melhor das hipóteses, espera-se que ele que uma criança se envolva ou se compro-
esteja disposto a perceber o estímulo e meta com um fenômeno, assunto, ou ativi-
dirigir-lhe atenção. dade o suficiente para procurá-lo e sentir-
-se satisfeita em se dedicar a ele ou traba-
1.3 Atenção controlada ou seletiva. lhar com ele.
Num nível mais alto, estamos interessa-
dos num novo fenômeno, a diferencia- 2.1 Aquiescência ou consentimento em
ção de um dado estímulo em termos de responder. Poderíamos usar o termo
figura e fundo, num nível consciente ou "obediência" ou "anuência" para descre-
talvez semiconsciente - a diferenciação de ver este comportamento. Como ambos in-
aspectos de um estímulo, percebido niti- dicam, existe uma passividade no que diz
damente como destacado de impressões respeito à iniciação do comportamento e o
adjacentes. A percepção ainda carece de estímulo que o produz não é sutil. Anuên-
tensão ou de avaliação do objeto e o aluno cia é talvez um termo melhor que obe-
pode não conhecer os termos técnicos ou diência, uma vez que contém mais um ele-
símbolos com que o descreveria correta ou mento de reação a uma sugestão e menos
precisamente. Em algumas circunstâncias uma resistência ou rendição a contra-
este nível pode se referir não tanto à sele- gosto. O aluno responde, embora não
tividade da atenção, mas ao controle da tenha aceito totalmente a necessidade de
atenção, de forma que quando certos estí- fazê-lo,
mulos estão presentes o aluno atentará
para eles. Existe aqui um elemento de 2.2 Disposição para responder. A
controle de atenção pelo aluno de modo chave deste nível é o termo "disposição",
que o estímulo favorecido é selecionado e com sua conotação de capacidade para a
recebe atenção, a despeito da presença de atividade voluntária. Entende-se que o
estímulos competitivos aluno está comprometido com a emissão
VERSÃO CONDENSADA DA TAXONOMIA DE OBJETIVOS EDUCACIONAIS 299
do comportamento, de que ele o faz não 3.0 Valorização. Esta é a única cate-
apenas por medo de punição, mas por goria cuja denominação é um termo vul-
vontade própria. É importante notar que o garmente usado pelos professores na ex-
elemento de resistência ou de rendição a pressão de objetivos. Além disso, ele é
contragosto, que provavelmente está pre- usado no sentido habitual: que uma coisa,
sente no nível anterior, é aqui substituído fenômeno, ou comportamento tem valor.
pelo consentimento ou pelo procedimento Este conceito abstrato de valor resulta em
voluntário. parte da valorização ou avaliação do pró-
prio indivíduo, mas é sobretudo um pro-
duto social que foi lentamente internali-
2.3 Satisfação em responder. o ele- zado ou aceito e passou a ser usado pelo
mento novo no passo superior à Disposi- aluno como critério próprio de valor.
ção para responder, consentimento, assen- O comportamento classificado neste ní-
timento em responder ou resposta volun- vel é suficientemente consistente e estável
tária, reside no fato de que o comporta- para ter adquirido as características de
mento é acompanhado por um sentimento uma crença ou atitude. O aluno exibe este
de satisfação, uma resposta emocional comportamento com suficiente consistên-
geralmente de prazer, deleite ou diverti- cia em situações apropriadas, de tal forma
mento. A localização desta categoria na que é possível considerá-lo como a mani-
hierarquia nos deu muito trabalho. Foi di- festação de um valor do aluno. Neste
fícil determinar exatamente onde, no pro- nível, não estamos interessados nas rela-
cesso de internalização, ocorre a associa- ções entre os valores, mas na internaliza-
ção de uma resposta emocional a um com- ção de um conjunto específico de valores
portamento. A este respeito, existe uma e idéias. Sob outro ponto de vista, os obje-
certa dúvida, pois o nível de internaliza- tivos classificados aqui são a matéria-pri-
ção em que esta associação ocorre talvez ma a partir da qual a consciência indivi-
dependa de cada comportamento epecí- dual se transforma em controle ativo do
fico. Nós questionamos até mesmo se esta comportamento.
deveria ser uma categoria. Para que nossa Esta categoria aplica-se a muitos objeti-
estrutura seja uma hierarquia, cada cate- vos que usam o termo "atitude" (bem
goria tem que incluir o comportamento do como, naturalmente, "valor").
nível imediatamente anterior. O compo- Uma característica importante do com-
nente emocional aparece gradualmente ao portamento caracterizado como Valoriza-
longo da série de categorias de internali- ção é que ele é motivado não pelo desejo
zação, A tentativa de especificar uma de obedecer ou concordar, mas pelo com-
dada posição na hierarquia como sendo a promisso do indivíduo com os valores sub-
posição em que aparece o componente jacentes que orientam seu comporta-
eraocíonal está destinada ao fracasso. mento.
Esta categoria foi colocada arbitraria-
=ente neste ponto da hierarquia, onde ela 3.1 Aceitação de um valor. Este nível
aparece mais freqüentemente e onde diz respeito à atribuição de valor a um
aoarece como um componente importante fenômeno, comportamento, objeto, etc. O
c.::,sobjetivos neste nível do contínuo. A termo "crença", definido como "aceitação
=,2.usão da categoria neste ponto serve ao emocional de uma proposição ou doutrina
::::-:':Jósitopragmático de nos lembrar da que se considera implicitamente bem fu-
;:-e~ença do componente emocional e do damentada"... descreve bastante bem o
se; valor na formação de comportamentos que pode ser considerado como caracterís-
~e:::-;:s_ ~fas não se deve pensar que ela tica dominante neste nível. As crenças
:.===ê. semente neste ponto contínuo, o têm graus variados de certeza. Os níveis
~..:e ::e",_ .iir;a a hierarquia que estamos mais baixos de Valorização correspondem
aos níveis mais baixos de certeza, ou seja,
300 SISTEMAS DE AVAUAÇÃO
a pessoa tem uma disposição maior para e procura convertidos à sua causa. Existe,
reavaliar sua posição do que nos níveis neste nível, uma tensão que precisa ser
mais altos. Trata-se de uma posição provi- satisfeita; a ação é o resultado de uma
sória, em certa medida. necessidade ou impulso presentes. Há
Uma das características distintivas deste uma real motivação para emitir o compor-
comportamento é a consistência entre a tamento.
resposta e a classe de objetos, fenômenos,
etc., com que a crença ou atitude estão 4.0 Organização. À medida em que o
identificadas. Esta consistência é sufi- aluno internaliza sucessivamente os valo-
ciente para levar as outras pessoas a per- res, ele encontra situações nas quais mais
ceberem que o sujeito possui um valor ou de um valor é relevante. Portanto, surge a
uma crença. Neste nível, a pessoa é coe- necessidade de a) organizar os valores
rente o bastante para que os outros identi- num sistema, de b) determinar as suas in-
fiquem o valor e ela está suficientemente ter-relações e c) estabelecer quais são os
comprometida com este valor para não se mais dominantes e difundidos. Um sistema
incomodar com esta identificação. deste tipo é construído gradualmente, e
está sujeito a mudanças à medida em que
3.2 Preferência por um valor. A novos valores são incorporados. Esta cate-
inclusão desta categoria deve-se à impres- goria oferece uma classificação adequada
são que temos de que existem objetivos para objetivos que descrevem os primór-
que expressam um nível de internalização dios da elaboração de um sistema de
intermediário entre a mera aceitação de valores ...
um valor e o compromisso ou convicção,
na acepção comum de "profundo envolvi- 4.1 Conceptualização de um valor.
mente". Neste nível, o comportamento Na categoria 3.0, Valorização, observamos
implica não só na aceitação do valor a que a coerência e a estabilidade eram as
ponto de não se incomodar em ser identifi- características essenciais de um valor ou
cado com ele, mas em que o indivíduo crença particulares.
está tão comprometido com ele que o Neste nível (4.1) acrescenta-se a quali-
quer, procura, persegue. dade de abstração ou conceptualização.
Isto permite ao indivíduo perceber como o
3.3 Compromisso. A crença, neste valor se relaciona com os valores que já
nível, envolve um alto grau de certeza, possuí; ou com os novos valores que está
segurança. As expressões "convicção" e em vias de adotar.
"certeza, sem sombra de dúvida" ajudam A conceptualização será abstrata e, nes-
a transmitir a idéia do nível de comporta- se sentido, simbólica. Os símbolos, porém,
mento que se procura. Em algumas cir- não precisam ser verbais. É discutível se a
cunstâncias, o compromisso pode chegar conceptualização começa a aparecer neste
às raias da fé, no sentido de que é uma ponto do contínuo afetivo ...
firme aceitação emocional de uma crença,
sobre bases claramente não racionais. A 4.2 Organização de um sistema de
lealdade a uma posição, grupo ou causa valores. Os objetivos classificados nesta
também pode ser incluída nesta categoria. categoria são os que exigem que o aluno
A pessoa que emite um comportamento reúna um conjunto de valores, possivel-
neste nível é claramente percebida como mente diferentes, e os organize em termos
alguém que mantém o valor. Ela age para de uma relação ordenada entre eles. O
promover de algum modo a coisa valori- ideal é que a relação seja harmoniosa e
zada, para aumentar as possibilidades de tenha coerência interna. Esta é a meta dos
desenvolvê-Ia, para aprofundar seu enga- objetivos que pretendem levar o aluno a
jamento com ela e com as coisas que a re- formular uma filosofia de vida. Na reali-
presentam. Ela tenta convencer os outros dade, a integração pode não ser inteira-
VERSÃO CONDENSADA DA TAXONOMIA DE OBJETIVOS EDUCACIONAIS 301
mente harmoniosa. Talvez a maneira mais A tendência generalizada é uma resposta
adequada de descrever esta relação é a fenômenos altamente generalizados. É
como uma espécie de equilíbrio dinâmico, uma resposta persistente e coerente a uma
parcialmente dependente dos aspectos do família de situações ou objetos relaciona-
ambiente mais salientes num dado mo- dos. Freqüentemente, assume a forma de
mento. Em muitos casos a organização de tendência inconsciente que orienta a ação
valores pode resultar, em sua síntese, em sem qualquer planejamento consciente. A
novo valor, ou num conjunto mais comple- tendência generalizada pode ser vista
xo de valores. como intimamente relacionada com a
idéia de um grupo de atitudes, que tem
como unidade básica características do
5.0 Caracterização. Segundo um valor
comportamento e não do objeto da ati-
ou conjunto de valores. Neste nível de
tude. A tendência generalizada é uma ori-
internalização, os valores já ocupam um
entação básica que permite ao indivíduo
lugar na hierarquia de valores do indiví-
compreender e ordenar seu complexo
duo, estão organizados em algum sistema
mundo ambiente e atuar de forma coe-
que possui coerência e têm exercido con-
rente e eficaz.
trole sobre o comportamento do indivíduo
durante um tempo suficientemente longo
5.2 Caracterização. Este é o ápice do
para que ele já tenha se adaptado a esta
processo de internalização e inclui os
forma de se comportar; a estimulação do
objetivos mais amplos com respeito tanto
comportamento não mais emociona ou
aos fenômenos abrangidos, como à faixa
afeta o indivíduo, exceto quando ele se vê
de comportamentos que abarcam. É aqui
ameaçado ou desafiado.
que se situam os objetivos relativos à visão
O indivíduo age consistentemente de
que o indivíduo tem do universo, sua filo-
acordo com os valores que internalizou e
sofia de vida, sua Weltanschauung - um
nesse nível nosso objetivo é indicar duas
sistema de valores que tem como objeto o
coisas: a) a generalização deste controle
conjunto que é conhecido ou passível de
sobre aspectos suficientemente amplos do
conhecimento.
comportamento do sujeito, de forma que
Os objetivos classificados nesta cate-
este é descrito e caracterizado como pes-
goria são mais que tendências generaliza-
soa através da referência a estas tendên-
das, pois implicam numa maior inclusivi-
cias de controle e b) a integração destas
dade e, dentro do grupo de atitudes, com-
crenças, idéias e atitudes em uma filosofia
portamentos, crenças ou idéias, numa
ou visão global de mundo. Estes dois
ênfase na coerência interna. Embora esta
aspectos constituem as subcategorias.
coerência interna possa não estar sempre
presente em termos comportamentais nos
5.1 Tendência generalizada. A ten- alunos para os quais o objetivo se destina
dência generalizada é o que confere uma e em razão do qual categorizamos os obje-
coerência interna ao sistema de atitudes e tivos dos professores, esta coerência
valores, em qualquer momento. Trata-e de interna será sempre um componente dos
uma resposta seletiva de nível muito alto. objetivos de Caracterização.
Algumas vezes é considerada como uma Como o título da categoria deixa entre-
tendência determinante, uma orientação ver, estes objetivos são tão abrangentes
em relação aos fenômenos ou uma predis- que tendem a caracterizar quase que to-
posição a agir de uma determinada forma. talmente o indivíduo.