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MÓDULO II
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MÓDULO II
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material genético e, mais tarde, de que os genes poderiam ser moléculas, apesar de
não existir um consenso dentro da comunidade científica a respeito.
Em 1869, quando ainda não havia antibióticos e as infecções hospitalares
eram muito comuns, o médico, fisiólogo e químico orgânico suíço Friedrich Miescher
(1844-1895), trabalhando com células purulentas, extraiu uma substância, conhecida
hoje como o DNA, e chamou-a de nucleína. Contudo, a nucleína não era
considerada como portadora de informação genética, por isso seu trabalho foi pouco
relevante no meio científico da época. Na época, acreditava-se que a estrutura do
DNA era simples, e que as proteínas é que continham o material genético.
Apenas por volta de 1930 que se obteve o conhecimento de que todas as
células dos animais e das plantas possuíam tanto o DNA como o RNA, mas com
ideias ainda muito vagas sobre o papel dessas substâncias nas células.
Erwin Schrödinger, em 1944, sugeriu em seu livro What is Life? Que os
genes seriam formados por arranjos de diferentes elementos isômeros, ou seja,
nucleotídeos, em cujas variadas sequências seriam codificadas as diferentes
informações genéticas.
Três laboratórios trabalharam enfaticamente no entendimento de como o
grupo fosfato, o açúcar e a base nitrogenada se ligavam entre si. Eram eles: o do
Caltech (California Institute of Technology), em Pasadena, onde trabalhava Linus
Pauling; o do King´s College, de Londres, onde o grupo de Maurice Wilkins e seus
colaboradores – entre eles, destacando-se Rosalind Franklin – realizavam suas
pesquisas; e o Cavendish, na universidade de Cambridge, onde trabalhavam James
Watson e Francis Crick. Os pesquisadores dos três laboratórios buscavam a
proposição de um modelo para a estrutura do DNA, com o objetivo de entender sua
atuação biológica e merecer o reconhecimento da comunidade científica.
Watson e Crick, tiveram a percepção inventiva de que o emparelhamento
purina-pirimidina das bases nitrogenadas tinha sempre dimensões similares,
propondo a estrutura da molécula do DNA, publicada em um artigo de apenas 900
palavras e um diagrama simples, na Nature, em 25 de abril de 1953 (Figura 1).
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Figura 1. Watson e Crick com o protótipo da dupla hélice do DNA.
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nitrogenadas (parte hidrofóbica) ficam orientadas para o interior (Figura 2A). A
relação espacial entre as duas fitas cria um sulco principal e um sulco secundário.
As bases estão pareadas entre as duas fitas da molécula, mantendo sua
estrutura através de pontes de hidrogênio. O pareamento das bases de cada fita
sempre será entre uma purina e uma pirimidina, onde adenina sempre se ligará a
timina através de duas pontes de hidrogênio, e a citosina sempre se ligará a guanina
através de três pontes de hidrogênio (Figura 2B).
Esta característica de pareamento tem grande significância fisiológica e,
devido a ela, as duas fitas de DNA são ditas complementares. A complementaridade
garante a replicação precisa do DNA e a transmissão das informações genéticas via
transcrição, pois por meio do pareamento específico, o DNA serve como molde para
a síntese de novas moléculas complementares.
A B
Figura 2. (A) Modelo tridimensional da forma de dupla hélice da molécula de DNA, na qual o
grupo fosfato e o açúcar localizam-se externamente, como se fossem o corrimão de uma escada
circular e as bases nitrogenadas localizam-se internamente. (B) Pareamento das bases nitrogenadas
de cada fita, ilustrando a ligação entre adenina e timina através de duas pontes de hidrogênio, e entre
citosina e guanina através de três pontes de hidrogênio.
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Um segmento de DNA que contém a informação necessária para a síntese
de proteína ou RNA é chamado de gene. Logo, um gene é um fragmento de DNA
responsável pela produção de uma proteína específica. Os genes se localizam nos
cromossomos, que são enormes moléculas de DNA que contêm além dos genes,
longos segmentos de DNA sem função específica. Em eucariotos, dentro dos genes
também existem regiões que não codificam a proteína e são chamados de íntrons.
As regiões dentro do gene que codificam a proteína são chamadas de exón.
O conjunto de genes de um organismo é denominado de genoma e o
conjunto de proteínas produzidas por um organismo é denominado proteoma.
Conhecer os genes e as proteínas que compõem um organismo permite o
desenvolvimento de métodos novos para o diagnóstico de doenças e também de
novas terapias para seu tratamento.
A dupla hélice é mantida unida por duas forças: pelas pontes de hidrogênio
formadas pelas bases complementares; e por interações hidrofóbicas, que
determinam a orientação interna das bases nitrogenadas na molécula.
2. Desnaturação e Renaturação
3. Tipos de DNA
Figura 3. Conformações mais comuns de DNA (B, A e Z). (a) Representação da estrutura
tridimensional da molécula de B-DNA, vista lateral e transversal, mostrando a posição das bases
nitrogenadas em relação ao eixo das hélices. (b) Representação da estrutura tridimensional da
molécula de A-DNA, vista lateral e transversal, mostrando a posição das bases nitrogenadas em
relação ao eixo das hélices. (c) Representação da estrutura tridimensional da molécula de Z-DNA,
vista lateral e transversal, mostrando a posição das bases nitrogenadas em relação ao eixo das
hélices.
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4. Estrutura do RNA
B C
A expressão gênica envolve a análise das regiões do DNA (genes) que são
ativadas para a produção de proteínas, bem como os mecanismos que controlam a
quantidade de proteína a ser produzida. O gene é expresso quando uma molécula
de mRNA usa este gene como molde e esta molécula de RNA serve como molde
para produção da proteína correspondente. As moléculas de RNA são sintetizadas
por um processo conhecido como transcrição, que é similar à replicação do DNA.
Todas as formas de RNA são sintetizadas por enzimas (RNA polimerases)
que obtêm informações em moldes de DNA. O rRNA é produzido pelo DNA da
região organizadora do nucléolo e, associado a proteínas, vai constituir os nucléolos.
Depois passa ao citoplasma para formar os ribossomos. O mRNA leva para o
citoplasma as informações para a síntese das proteínas. Existe um tipo de mRNA
para cada tipo de cadeia polipeptídica, que vai constituir uma proteína. O mRNA
transporta a informação genética na forma de códons, copiados do DNA; um códon
consiste em uma sequência de três nucleotídeos. O tRNA move-se do núcleo para o
citoplasma, onde se liga a aminoácidos, e deslocando-se até os ribossomos.
Apresenta regiões com pareamento de bases, que lhe conferem um aspecto de
trevo de três folhas (trinca). Cada molécula de tRNA apresenta uma extremidade
que se liga a diferentes tipos de aminoácidos e uma região com uma sequência de
três nucleotídeos, o anticódon, que pode parear com um dos códons do mRNA.
5. Replicação do DNA
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Figura 5. Representação do Dogma Central da Biologia: replicação, transcrição e tradução
do DNA em proteínas.
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Figura 6. Representação da replicação semiconservativa, na qual a molécula mãe funciona
como molde e as bases expostas paream com as bases complementares da molécula filha.
Os dois filamentos da dupla hélice que estão separados, vão sofrer a ação
da DNA-polimerase, que irá sintetizar um novo filamento complementar para cada
filamento parental que se separou. Um dos filamentos será sintetizado de forma
contínua, enquanto o outro será sintetizado de maneira descontínua, permanecendo
alguns trechos deste filamento incompletos. Estas falhas, posteriormente, serão
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reconstituídas pela ação da DNA-ligase. Durante este processo podem ocorrer,
também, alguns erros de inserção de bases; tais erros podem ser corrigidos pela
atuação da DNA-polimerase, que remove as bases mal pareadas. A ação da DNA-
polimerase, a enzima que refaz o novo filamento, só ocorre se existir, uma curta
região da dupla hélice que serve como iniciador ou primer.
6. Enzimas
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C
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A DNA-polimerase é a enzima que faz a síntese de uma nova fita de DNA.
Ela possui a capacidade de adicionar nucleotídeos na extremidade 3’OH de uma
região pareada do DNA, fazendo com que a cadeia se estenda no sentido 5’→3’.
As células eucarióticas apresentam vários tipos de DNA-polimerases como:
α, δ, β, ε, e , sendo que α, δ, β e ε estão localizadas no núcleo, e está localizada
na mitocôndria.
A polimerase δ é responsável pela replicação do genoma nuclear, enquanto
a polimerase α está envolvida na síntese do primer para o início da replicação e na
formação dos Fragmentos de Okazaki. As polimerases β e ε participam dos
processos de síntese durante a reparação do DNA. E a polimerase é responsável
pela replicação de DNA mitocondrial.
Em bactérias existem três tipos de polimerases: DNA polimerase I, DNA
polimerase II e a DNA polimerase III. A DNA polimerase I, possui baixa capacidade
de polimerização 5’→3’ e é a única que possui atividade exonucleásica 5’→3’em
DNA dupla fita.
A DNA polimerase II, possui uma capacidade de polimerização baixíssima e
o seu papel na célula ainda não foi muito bem elucidado. Já a DNA polimerase III, é
a principal responsável pela síntese das fitas de DNA devido a sua alta capacidade
de polimerização.
Após a síntese do primer de RNA, a DNA polimerase III pode começar a
polimerização no sentido 5’→ 3’. Além da polimerização, a DNA polimerase III possui
atividade exonucleásica 3’→5’, essa atividade permite que logo após serem
adicionados, os nucleotídeos sejam retirados e é conferido se o seu pareamento
está correto (A com T e C com G).
A replicação em procariotos segue o mesmo padrão que em eucariotos, a
maior das diferenças está nas enzimas polimerases que são cinco nos eucariotos,
sendo uma exclusivamente mitocondrial e as outras quatro nucleares, enquanto que
os procariotos apresentam três enzimas polimerases.
7. Forquilha de replicação
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A replicação do DNA começa de uma das extremidades da dupla fita de
DNA. A forquilha de replicação vai se abrindo à medida que, na frente, as duas fitas
antigas (molécula inicial) se desenovelam, enquanto que, mais embaixo, duas novas
fitas vão sendo sintetizadas e, por sua vez, se enovelam nas fitas antigas; formando
duas novas cadeias duplas de DNA, cada uma contendo uma fita nova e uma fita
velha (Figura 8).
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Figura 9. Representação esquemática da síntese dos fragmentos de Okazaki, na fita
descontínua da molécula de fita dupla do DNA.
A DNA polimerase não consegue estender uma nova fita de DNA se não
houver um pequeno trecho de DNA ou RNA pareado na fita molde acima (ou 5’) do
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segmento que será sintetizado. A consequência final deste mecanismo de adição de
primers antes da extensão das fitas novas é que haverá trechos de RNA entre
longos segmentos de DNA na fita descontínua. E mesmo na fita contínua haverá
pelo menos um primer de RNA seguido de toda a fita feita com DNA. Entretanto, os
primers precisam ser retirados da nova fita de DNA, e isso ocorre por meio da ação
corretora da enzima DNA polimerase I. A DNA polimerase I reconhece diversos
defeitos no DNA, inclusive a presença de RNA, mesmo que pareado ao DNA.
Através de uma atividade exonucleotídica 5’→3’, ela retira o primer, ao mesmo
tempo em que, empregando a hidroxila livre da extremidade 3’ do fragmento de
Okazaki já sintetizado e situado 5’ do sítio reparado, ressintetiza o espaço deixado,
desta vez com DNA. Então, a enzima ligase realiza a ligação entre os fragmentos de
Okazaki (Figura 10).
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despolimerizando a cadeia recém-sintetizada e, após algumas dezenas ou até
centenas de bases, recomece o trabalho. O processo é pouco econômico, mas a
integridade da informação genética garante a conservação da espécie.
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8. Mecanismos de revisão das polimerases
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formar estruturas tridimensionais variadas em virtude da possibilidade de formação
de pontes de H entre as várias G, diferentes do pareamento postulado por Watson-
Crick. Por exemplo, quatro G podem formar um quarteto por ligações tipo pontes de
H. Contudo, a estrutura real do telômero ainda é desconhecida.
As seqüências teloméricas, contudo, são conhecidas como sendo
adicionadas aos cromossomos por uma enzima contendo RNA chamada
telomerase, que atua como uma transcriptase reversa (enzima que, em alguns vírus,
converte RNA em DNA), pois leva uma pequena molécula de RNA, parte da qual
atua como um molde para a polimerização da unidade telomérica repetida que é
adicionada à ponta 3.
A observação que fibroblastos humanos em cultura mostram um progressivo
encurtamento dos telômeros até a sua morte final sugere correlação do telômero
com o envelhecimento.
Essa teoria parte do seguinte ponto:
¾ A maioria das células somáticas humanas não possui atividade de
telomerase. Assim, como esperado, à medida que a idade destas células aumenta, o
comprimento do telômero vai diminuindo.
¾ Quando cultivadas in vitro, se multiplicam apenas por um número
limitado de vezes (em geral de 20 a 70 gerações celulares) antes que ocorra
senescência e morte. As células com telômeros maiores passam por maior número
de multiplicações celulares.
¾ Ocasionalmente, células somáticas são observadas adquirindo
habilidade de proliferar em cultura indefinidamente, e estas células “imortais” têm
mostrado atividade de telomerase, ao contrário de suas genitoras.
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