Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
PESQUISA/AÇÃO DESENVOLVIDA NA
FAVELA ARGOLLO FERRÃO
(2007)
O projeto de intervenção social intitulado Rede de Desenvolvimento Comunitário
desenvolvido pelo Laboratório de Estudos da Violência e Segurança (LEVS/UNESP)
em parceria com a Faculdade de Ciências Humanas da Universidade de Marília
(Serviço Social/UNIMAR), o Comitê Gestor de Segurança e Qualidade de Vida da
Prefeitura Municipal de Marília e a Secretaria Municipal de Higiene e Saúde tem
como objetivo potencializar os talentos e recursos já existentes na comunidade, bem
como suas relações locais, fazendo-os assumir o papel de protagonistas de sua própria
transformação e mais capazes de bem aplicar recursos que venham de apoiadores
externos (governos e instituições sociais privadas).
Figura 1
Tempo Residência no Bairro
16 - 20 anos 2,5
11 - 15 anos 18,7
6 - 10 anos 34,5
2 - 5 anos 24,1
Figura 2
GO STA DA FAVELA?
Não
31%
Sim
69%
Gosta do Bairro?
Sim 84 68,29%
Não 39 31,71%
123 100,00%
Figura 4
NÃO GO STA DA FAVELA - MO TIVO S
outros 38,2%
drogas 8,8%
violência 20,6%
Sim;
66%
Figura 6
Preferência para Mudança
Fiqueirinha 1,3%
Santa Antonieta 3,8%
Alto Cafezal 5,0%
Vila Jardim 5,0%
Outra cidade 6,3%
Nova Marília e Região 12,5%
Argolo Ferrão e Região 13,8%
Sair da Favela (s/informar certo) 21,3%
Isso tudo indica os rumos que deverão tomar as políticas públicas urbanas.
Historicamente há indicações que os programas de desfavelamento e/ou urbanização
devem contemplar as necessidades e os desejos dos moradores que, via de regra, são
de permanência nas proximidades do local de origem, especialmente pelas raízes
sociais (parentesco, amizade e ocupação profissional).
Outros indicadores reafirmam essas percepções. Mesmo quando se investigam
os motivos que levaram as pessoas a residir naquela favela, as respostas não são
muito negativas. Analisando a Figura 7, apesar de mais da metade (51,1%) dos
moradores admitir que reside na favela por falta de condições de pagar aluguel, não se
percebe revolta com a situação. Ao contrário, comparando com as respostas da Figura
2 (69% gostam da favela), é perceptível a relação positiva com o local de residência,
mesmo a despeito das condições precárias de habitabilidade.
Figura 7
Foto 01
Outra variável da condição de vida é, sem dúvida, a renda familiar: metade das
famílias recebe em média 2,2 salários mínimos, perfazendo uma média de R$ 657,00.
Porém, 32% das famílias admitiram que não tinham renda e 18,5% vivem com uma
renda abaixo de um salário mínimo, com famílias compostas de muitos membros.
Muitas famílias compostas por crianças têm o benefício de programas institucionais
de complementação de renda (bolsa-escola, bolsa-família).
Figura 8
Renda Familiar
Essa relação afetiva com o espaço fica mais flagrante levando-se em conta a
condição degradante de vida no local. O aspecto físico que denota maior deterioração
na favela Argolo Ferrão é, sem dúvida, o que se refere ao escoamento de esgoto
realizado “à céu aberto” (Fotos 02 e 03) em 62% das moradias (Figura 7), conforme
informações do Pesquisa Mapa da Exclusão/Inclusão Social de Marília, desenvolvido
junto ao Projeto GUTO/UNESP.
Figura 8
Condições Escoamento Esgoto
Fossa 1,9
Rede 36,3
Foto 02
Figura 9
Destino do Lixo
Queimado/enterrado 11,7
%
Foto 04
SEGURANÇA
As condições das ruas são apontadas como problemas, também, nas questões
de segurança para a maior parte dos moradores. Solicitados a dar sugestões sobre a
prevenção criminal, 33,8% dos moradores se reportaram ao asfalto, o que, em uma
primeira aproximação parece estranho para a prevenção. Entretanto, na percepção
dos moradores, a falta de asfalto é um fator de imobilidade para a polícia em suas
ações preventivas/repressivas. A sugestão de asfalto para facilitar a ação da polícia
perde apenas para as solicitações de incremento da polícia e de postos policiais nas
proximidades da favela (37,4%), conforme Figura 10.
Figura 10
Asfalto 31,7%
Figura 11
Policiamento no Bairro
Raro 15,2
Regular 19,4
Frequente 62,4
S / r e sp. 3%
20%
5%
Sim
38%
Não
57% 77%
Sim
Não
S/ resp.
Figura 13
SAÚDE
A investigação sobre saúde foi apenas complementar, visto estarmos
acompanhando os agentes comunitários e também ser possível fazer o levantamento
de atendimentos nas fichas da UBS – Chico Mendes.
Por auto-declaração, tem-se 25% das pessoas com problemas de saúde, com
a predominância absurda para a hipertensão arterial, conforme a figura 14. As demais
moléstias relatadas estão bem distribuídas, sem outra concentração mais significativa
que mereça o desenvolvimento de um programa específico para a região.
Figura 14
Problemas de Saúde
Cirro se 3,2%
Depressão 3,2%
HIV 6,5%
Sinusite 6,5%
Diabete 16,1%
Outro voto de louvor à equipe da saúde, não apenas pelo apoio e envolvimento
com a nossa pesquisa, mas para o relevante trabalho de atendimento cotidiano
desenvolvido pelos agentes comunitários naquela região. Não fosse o apoio e a
presença dos agentes, pouco teríamos avançado no diagnóstico dessa população.